quarta-feira, 31 de outubro de 2018

31 de outubro - São Quintino de Vermand


São Quintino foi um desses jovens romanos que começaram a pregar o Evangelho na Gália (atual França), comunicando ao povo local os tesouros da fé que haviam recebido. A cidade de Amiens foi o centro de seu apostolado. Os milagres que lá aconteciam confirmavam seus ensinamentos: ele traçava o sinal da Cruz sobre os olhos dos cegos e eles começavam a enxergar; ele fazia os mudos falarem, os surdos ouvirem, os paralíticos caminharem.

Esses prodígios maravilhosos atraíam a admiração de uns e a fúria de outros. Quintino logo foi denunciado a Rictiovarus, governador romano, e conduzido diante dele: 
“Como você se chama?” Indagou-lhe o governador. 
“Eu me chamo cristão. Meu pai é senador de Roma; eu recebi o nome de Quintino.” 

“O que? Como um homem de tal nobreza pôde descer a tão miseráveis superstições?” 
“A verdadeira nobreza consiste em servir a Deus; a religião cristã não é uma superstição, ela nos eleva à felicidade perfeita pelo conhecimento de Deus Pai Todo Poderoso e de Seu Filho, gerado antes de todos os séculos.”

“Deixe essas maluquices e sacrifique aos deuses!”
“Jamais! Teus deuses são demônios ; a verdadeira loucura consiste em adorá-los.” 

“Sacrifique, ou vou atormentá-lo até a morte!” 
“Eu não temo nada; você tem todo o poder sobre o meu corpo, mas Cristo salvará a minha alma.”

Esta generosa profissão de fé é seguida de cruéis suplícios; mas Deus sustentou Seu mártir, e pôde-se ouvir uma voz celeste dizendo: 
“Quintino, persevere até o fim, Eu estarei sempre junto de ti.”

Ao mesmo tempo, seus algozes sempre caíam para trás. Lançado num calabouço escuro, Quintino foi libertado duas vezes por um Anjo, indo pregar no meio da cidade, batizando seiscentas pessoas.

Após novos e ainda mais cruéis suplícios, Quintino foi decapitado em Vermand, cidade que posteriormente receberia seu nome – Saint Quentin. Aqueles que assistiam ao seu martírio final viram sua alma voar para o Céu sob a forma de uma pomba branca.



31 de outubro - Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Lc 13,24


Meditemos sobre o tema da salvação. Lucas narra que Jesus está em viagem rumo a Jerusalém, e durante o percurso aproxima-se uma pessoa que lhe faz a seguinte pergunta: “Senhor, são poucos os homens que se salvam?” Jesus não dá uma resposta direta, mas desvia o debate para outro plano, com uma linguagem sugestiva, que no início os discípulos talvez não tenham entendido: “Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não conseguirão”. Mediante a imagem da porta, Ele quer levar os seus ouvintes a entender que não se trata de uma questão de número — quantos se salvarão — não importa saber quantos, mas é importante que todos saibam qual é o caminho que leva à salvação.

Este percurso prevê que atravessemos uma porta. Mas onde está a porta? Como é a porta? Quem é a porta? O próprio Jesus é a porta, como Ele mesmo diz no Evangelho de João: “Eu sou a porta”. Ele guia-nos para a comunhão com o Pai, onde encontramos amor, compreensão e amparo. Mas podemos interrogar-nos por que motivo esta porta é estreita? Por que diz Ele que ela é estreita? Trata-se de uma porta estreita, não porque é opressiva, mas porque exige que limitemos e contenhamos o nosso orgulho e o nosso medo, para nos abrirmos a Ele com coração humilde e confiante, reconhecendo-nos pecadores, necessitados do seu perdão. Por isso é estreita: para conter o nosso orgulho, que nos incha. A porta da misericórdia de Deus é estreita, mas permanece sempre escancarada para todos! Deus não tem preferências, mas acolhe sempre todos, sem distinções. Uma porta estreita para restringir o nosso orgulho e o nosso medo, uma porta aberta de par em par, porque Deus nos recebe sem distinções. E a salvação que Ele nos concede é um fluxo incessante de misericórdia, que derruba qualquer barreira e abre surpreendentes perspectivas de luz e de paz. Porta estreita, mas sempre escancarada: não vos esqueçais disto!

Hoje Jesus dirige-nos, mais uma vez, um convite urgente a ir ao seu encontro, a passar pela porta da vida plena, reconciliada e feliz. Ele espera cada um de nós, independentemente de qualquer pecado que tenhamos cometido, para nos abraçar e para nos conceder o seu perdão. Só Ele pode transformar o nosso coração, somente Ele pode dar sentido pleno à nossa existência, oferecendo-nos a verdadeira alegria. Entrando pela porta de Jesus, pela porta da fé e do Evangelho, podemos sair das atitudes mundanas, dos maus hábitos, dos egoísmos e dos fechamentos. Quando existe o contato com o amor e a misericórdia de Deus, verifica-se a mudança autêntica. E a nossa vida é iluminada pela luz do Espírito Santo: uma luz inextinguível!

Gostaria de vos fazer uma proposta. Pensemos agora, em silêncio por um instante, naquilo que temos dentro de nós e que nos impede de atravessar a porta: o meu orgulho, a minha soberba, os meus pecados. E depois pensemos na outra porta, naquela porta aberta de par em par, da misericórdia de Deus, que do outro lado nos espera para nos conceder o perdão.

O Senhor oferece-nos muitas ocasiões para nos salvar e nos fazer passar pela porta da salvação. Esta porta é uma ocasião que não deve ser desperdiçada: não podemos proferir discursos acadêmicos sobre a salvação, como aquela pessoa que se dirigiu a Jesus, mas devemos aproveitar as ocasiões de salvação. Porque num determinado momento “o Senhor entrará e fechará a porta”, como nos recordou o Evangelho. Mas se Deus é bom e nos ama, por que razão numa certa altura fechará a porta? Porque a nossa vida não é um videojogo, nem uma telenovela; a nossa vida é séria, e o objetivo a alcançar é importante: a salvação eterna.

Papa Francisco – 21 de agosto de 2016

Hoje celebramos:

terça-feira, 30 de outubro de 2018

30 de outubro - São Germano de Cápua


Germano quer dizer 'irmão'. Nasceu em 378 na França. Foi muito cedo para os estudos e acabou estudando Direito em Roma. Mas, seu grande desejo, era o de viver o Santo Evangelho. E foi pautando a sua vida na Palavra do Senhor. Homem de oração e escuta, era dócil e pronto para renunciar a si mesmo e optar pelo querer de Deus.
Germano foi visitado pela Divina Providência. 

Foi eleito governador da alta Itália mas, de repente, com a morte do Bispo em sua terra natal, o povo e o clero o escolheram Bispo. São Germano renunciou à sua vontade e quis a vontade de Deus para sua vida. Promoveu a vida monástica e a evangelização na França. Foi um apóstolo de Jesus Cristo, cheio do Espírito Santo.

São Germano foi bispo de Cápua de 516 a 540-541 e era amigo de São Bento.
O Liber Pontificallis menciona que foi enviado pelo Papa Hormisda (514-523) a Constantinopla para administrar o Cisma do patriarca Acácio, excomungado pelo Papa em 484. Acácio difundira em 482 um documento conhecido como “Henoticonche” que pretendia reconciliar a heresia monofisita – que atribuía ao Cristo somente a natureza divina – com a posição teológica oficial da Igreja de Roma, estabelecida no Concílio de Calcedônia e que reconhecia a coexistência das naturezas humana e divina no Cristo.  

Germano foi posto à frente desta terceira delegação e isto mostra o respeito que gozava sua doutrina, sabedoria e virtude. As cartas de vários testemunhos deste evento permitem reconstituir muito bem a ocasião.

Em Constantinopla, a comissão papal foi muito bem recebida. Após ter sido recebido em audiência pelo imperador Justino, leu o famoso libelo de Hormisda, e os bispos presentes concordaram com sua argumentação em defesa da posição romana. O então patriarca João aceitou a fórmula do Papa, rejeitando as colocações de Acácio e assim terminou o cisma. A comissão papal permaneceu em Bizâncio, por mais de um ano para consolidar os resultados do processo de conciliação em outras igrejas e dissipar mal entendidos e dificuldades causadas por alguns monges rebeldes, e em seguida, retornou a Roma.

São Gregório Magno falou muito bem de São Germano, e relatou a história de uma notável visão de São Bento, em Monte Cassino, que mostrava Germano chegando ao céu transportado por anjos. Após esta visão São Bento mandou imediatamente pessoas de sua confiança a Cápua e recebeu a confirmação de que no momento da visão Germano havia serenamente falecido. Era dia 30 de outubro de 540.

O Santo Bispo foi enterrado em Cápua Vetere, na Igreja de Santo Estevão, e posteriormente transladado para a catedral, quando foi construída a nova cidade, a atual Santa Maria Cápua Vetere.

Em 866, o imperador Ludovico II viveu por cerca de um ano em Cápua e quando ele partiu levou consigo os restos mortais de São Germano, deixando no entanto uma parte na vila fundada pelo abade Bertário, no sopé do Monte Cassino, que levou o nome de São Germano. A vila manteve este nome até 1863, quando foi mudado para Cassino.

30 de outubro - A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? Lc 13,18


Mas como posso explicar o Reino de Deus? Com o que o posso comparar? Jesus utiliza dois exemplos da vida diária: o grão de mostarda e o fermento. Ambos são pequenos, parecem inócuos, mas quando entram em movimento, têm dentro de si um poder que sai e cresce, vai além, até mais do que se possa imaginar. É precisamente este o mistério do Reino.

De fato, a realidade é que o grão tem um poder interno, assim como o fermento, e também o poder do Reino de Deus vem de dentro; a força vem de dentro, o crescimento vem do interior.

E por isso Jesus diz: Dentro do grão de mostarda, daquela semente pequenina, existe a força que desencadeia um crescimento inimaginável.
Eis então a realidade prefigurada pela parábola: Dentro de nós e na criação — porque vamos juntos rumo à glória — existe uma força que desencadeia: é o Espírito Santo. Aquele que nos dá a esperança. E, viver na esperança significa deixar que estas forças do Espírito vão em frente e nos ajudem a crescer rumo a esta plenitude que nos espera na glória.

Analisemos outro aspeto, porque na parábola se diz também que o grão de mostarda é tomado e lançado. Um homem pegou nele e lançou-o ao jardim e que o fermento não foi deixado inerme: uma mulher pegou nele e misturou-o. Isto é, compreende-se que se o grão não for pego e lançado, se o fermento não for pego e misturado, permanecem ali e a força interior que possuem fica ali. Do mesmo modo, se quisermos conservar para nós o grão, será só um grão. Se não o misturarmos com a vida, com a farinha da vida, o fermento permanece só fermento. Por conseguinte, é preciso lançar, misturar a coragem da esperança. Que cresce, porque o Reino de Deus cresce a partir de dentro, não por proselitismo. Cresce com a força do Espírito Santo.
A Igreja teve sempre quer a coragem de pegar e lançar, de tomar e misturar, quer o medo de o fazer. Muitas vezes vemos que se prefere uma pastoral de conservação em vez de deixar que o reino cresça. Quando acontece isto permanecemos o que somos, pequeninos, talvez nos sintamos seguros mas o Reino não cresce. Mas para que o reino cresça é preciso coragem: lançar o grão, misturar o fermento.

Alguém poderia objetar: Se eu lançar o grão, perco-o. Mas esta é a realidade: haverá sempre alguma perda, ao semear o reino de Deus. Se eu misturar o fermento sujo as mãos: graças a Deus! Ai daqueles que pregam o reino de Deus com a ilusão de não sujar as mãos.

Papa Francisco – 31 de outubro de 2017

Hoje celebramos:

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

29 de outubro - Jesus colocou as mãos sobre ela, e imediatamente a mulher se endireitou. Lc 13,13


Hoje encontramos Jesus não pelo caminho como era seu costume, mas na sinagoga: ao sábado a comunidade vai à Sinagoga rezar, ouvir a palavra de Deus e também a pregação; e Jesus estava ali, ouvindo a palavra de Deus. Mas também ensinava, e dado que tinha autoridade — uma autoridade moral muito grande — convidavam-no a tomar a palavra, precisamente para ensinar às pessoas. E na sinagoga havia uma mulher que andava curvada, completamente curvada, pobrezinha, e não conseguia endireitar-se: uma doença da coluna que há anos a mantinha assim.

E o que fez Jesus? Surpreende-me os verbos que usa o evangelista para dizer o que fez Jesus: “viu”, viu-a; “chamou”, chamou-a, “disse-lhe”; “Impôs as mãos sobre ela e curou-a”. São cinco verbos de proximidade.
Em primeiro lugar, Jesus aproximou-se dela: a atitude do bom pastor, a proximidade.

Aliás, o bom pastor não pode estar distante do seu povo e este é o sinal de um bom pastor: a proximidade. Ao contrário, os outros, aquele pequeno grupo de clérigos, doutores da lei, alguns fariseus, saduceus, os ilustres, viviam separados do povo, repreendendo-o constantemente. Mas, eles não eram bons pastores, estavam fechados no próprio grupo e não se importavam com o povo: talvez, se importassem, quando terminava o serviço religioso, de ir ver quanto dinheiro tinha sido recolhido com as ofertas, importavam-se com isso, mas não estavam próximos do povo, não estavam próximo da gente.

Jesus está sempre ali com as pessoas descartadas por aquele pequeno grupo clerical: ali estavam os pobres, os doentes, os pecadores, os leprosos: estavam todos ali, porque Jesus tinha esta capacidade de se comover diante da doença, era um bom pastor. E um bom pastor aproxima-se e tem a capacidade de se comover.

Diria que a terceira caraterística de um bom pastor consiste em não se envergonhar da carne, tocar a carne ferida, como fez Jesus com esta mulher: “tocou”, “impôs as mãos”, tocou os leprosos, tocou os pecadores. É uma proximidade muito concreta. Portanto, tocar a carne.

O bom pastor faz o que fez Deus Pai, aproximar-se, por compaixão, por misericórdia, da carne do seu Filho, é isto que significa ser um bom pastor. E o grande pastor, o Pai, ensinou-nos como ser bons pastores: abaixou-se, esvaziou-se, esvaziou-se de si mesmo, aniquilou-se, assumiu a condição de servo.
Papa Francisco – 30 de outubro de 2017

Hoje celebramos:

29 de outubro - São Narciso de Jerusalem

Diz a tradição que Narciso nasceu na Grécia por volta do ano 96 e que tinha quase 100 anos de idade quando foi nomeado o décimo-terceiro Bispo de Jerusalém, no ano 186.

Mais de um século havia se passado desde que a cidade fora destruída pelos romanos e reconstruída com o nome de Élia Capitolina pelo imperador Adriano.

Como sacerdote, São Narciso realizou um trabalho notável dedicado aos doentes e pobres da cidade de Jerusalém. Este trabalho foi tão intenso que os cristãos da Cidade Santa quiseram que ele assumisse a paróquia dedicada a São Tiago. Nesta paróquia, ele dedicou-se à caridade para com os necessitados e à evangelização. Nesta missão, ele arrebanhou multidões.


Quando a diocese de Jerusalém perdeu seu bispo, por volta do ano 186, os cristãos, em unanimidade, quiseram que São Narciso assumisse o comando da diocese. Por isso, ele foi sagrado bispo de Jerusalém. Ele contava, então, com quase cem anos de idade. Mesmo assim, a idade tão avançada não lhe pesou. Ao contrário, ele teve forças para governar a diocese com firmeza por quase dezesseis anos.

Narciso, junto com Teófilo, bispo de Cesareia, Síria Palestina, presidiu ao concílio de Cesareia onde foi aprovada a determinação de se celebrar a Páscoa sempre no Domingo, diferenciando-a assim da Páscoa judaica. Desta forma, ele foi contra o costume dos bispos da Ásia Menor e dos judeu-cristãos que celebravam a Páscoa no 14 de Nisan. 

De acordo com Eusébio de Cesareia, encabeçou a lista de assinaturas de uma carta que o episcopado da Palestina enviara ao papa Vítor I. Nela, os bispos declaravam observar os rito e usos da Igreja romana.

O final da vida de São Narciso teve uma marca trágica. Ele foi acusado injustamente por três indivíduos. Estes afirmaram que o viram praticando atos ilícitos e fizeram juramentos:

O primeiro, disse: “Que eu seja queimado vivo se estiver mentindo!”
O segundo disse: “Que a lepra me devore se eu não estiver falando a verdade!”
E o terceiro afirmou: “Que eu fique cego se não for verdade o que digo!”

São Narciso afirmou sua inocência e que perdoava seus acusadores, mas depois da acusação, preferiu isolar-se no deserto. Pouco tempo depois, seus acusadores receberam o castigo tal qual tinham jurado. O primeiro, morreu queimado num incêndio. O segundo, tornou-se leproso e o terceiro, após ter chorado bastante diante dos cristãos, arrependido e confessando o crime cometido, ficou cego.

O povo saiu em busca de São Narciso para que reassumisse seu cargo. Porém, não o encontraram e pensaram que ele tivesse falecido e passaram a trata-lo como santo. Por isso, outros três bispos assumiram em seu lugar.
Alguns anos mais tarde, porém, eis que São Narciso reapareceu. O povo o acolheu com grande alegria e surpresa e fez com que ele reassumisse suas funções.

Narciso aceitou, mas quis ter a seu lado um coadjutor escolhido por ele. Assim pôde confiar a cura pastoral ao amigo Alexandre, então bispo na Capadócia, que ficou junto dele nos seus últimos dez anos de vida.

Por meio de uma carta do bispo Alexandre aos fiéis de Antínoe, no Egito, ficamos sabendo da longevidade de Narciso. Nela se lê:

 “Saúda-vos Narciso, que antes de mim ocupou esta sede episcopal e agora está colocado na mesma categoria que eu nas orações. Ele agora completou 116 anos e vos exorta, como eu, à concórdia”.



domingo, 28 de outubro de 2018

28 de outubro - Beata Maria Assunção Gonzalez Trujillano


Nasceu em El Barco de Ávila no dia 19 de junho de 1881, filha de Anacleto González e Maria do Rosário Trujillano, que lhe deram o nome de Juliana. Ela foi crismada na sua paróquia natal em 18 de junho de 1885. 

Quinze anos depois, em 1900, instalou-se na freguesia de El Barco de Ávila uma comunidade das Terciarias Franciscanas da Divina Pastora, fundada em 1805 por Madre Maria Ana Mogas Fontcuberta, agora conhecida como Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor. Elas trabalhavam numa escola para a educação de crianças e jovens, dando especial atenção aos mais necessitados.

Juliana logo se identificou com elas e sentiu-se chamada a seguir o seu estilo de vida. Em 18 de fevereiro de 1903, entrou para o noviciado e mudou seu nome para Irmã Maria Assunção. Fez seus votos em 1905, na Casa Generalícia de Madrid, onde tinha completado o noviciado, mas professou os votos perpétuos na Casa de La Coruña, em 1910.

Juntamente com uma coirmã, Irmã Assunção fundou uma escola em Arenas de San Pedro, onde permaneceu por três anos. Como professora de economia doméstica ensinava às meninas corte e costura. Novamente na Casa Mãe, ela ocupou o cargo de sacristã, distinguindo-se pela precisão no dever, espírito de sacrifício e uma crescente intimidade com Nosso Senhor.

Em julho de 1936, diante das perseguições contra os religiosos, seguindo as indicações da Madre Geral Maria das Vitórias Lage Castrillón, abandonou a casa e refugiou-se com ela na Rua Barquillo 3, junto ao casal Adolfo Cadaval y Muñoz del Monte e Amália Garcia Lara.

Em 20 de outubro de 1936, ela se dirigiu a uma embaixada, talvez a do Chile, juntamente com o casal, pois queria depositar o seu dote e o das outras freiras. No entanto, logo na entrada da embaixada os três foram capturados por alguns milicianos e levados para uma "checa", ou seja, um local de prisão e tortura, situado na Rua Fomento.

Na cela onde a Irmã Assunção foi presa estava também a Madre Provincial das Irmãs das Escolas Pias. Esta viu com seus próprios olhos que ela não se sentou, mas começou a ir e vir, rezando. De vez em quando a ouvia dizer em um tom de angústia: "Me matam". 

Às duas horas da tarde entrou na cela um miliciano com um envelope azul que disse: "Você tem a liberdade". Isto a tranquilizou, de modo que quando foi chamada saiu calmamente. Pouco depois, saiu a Sra. Amália Garcia, que chorava dizendo querer dar adeus a seu marido, mas foi dito: "Agora você vai ver o seu marido". Na realidade, era tudo falso, eles não tinham sido libertados, mas estavam sendo conduzidos ao fuzilamento. Era o dia 28 de outubro de 1936.

O processo canônico para a avaliação de sua morte por ódio à fé, unido aos de suas coirmãs Isabel (nascida Maria do Consolo) Remiñán Carracedo e Gertrudes (Doroteia) Llamazares Fernández, foi iniciado a partir de 27 de setembro de 1999 junto à Arquidiocese de Madrid e as três foram beatificadas em Tarragona em 13 de outubro de 2013, incluídas no grupo de 522 mártires que morreram durante a Guerra Civil Espanhola.


28 de outubro - Então Jesus lhe perguntou: 'O que queres que eu te faça?' Mc 10,51


Um dia, Jesus, aproximando-se da cidade de Jericó, realizou o milagre de restituir a visão a um cego que mendigava ao longo do caminho.
Enquanto o cego grita invocando Jesus, o povo o repreende para fazê-lo calar, como se não tivesse o direito de falar. Não tem compaixão dele, ao contrário, fica cansado com os seus gritos.

Diferente da multidão, este cego vê com os olhos da fé. Graças a essa fé, a sua súplica tem uma poderosa eficácia. De fato, ao ouvi-lo, “Jesus parou e ordenou que o levassem a ele”. Assim fazendo, Jesus tira o cego da margem do caminho e o coloca no centro da atenção dos seus discípulos e da multidão.

Jesus se dirige ao cego e lhe pergunta: “O que queres que eu faça por ti?” Essas palavras de Jesus são impressionantes: o Filho de Deus agora está diante do cego como humilde servo. Ele, Jesus, diz: “Como tu queres que eu te sirva?”. Deus se faz servo do homem pecador. E o cego responde a Jesus não mais chamando-o “Filho de Davi”, mas “Senhor”, o título que a Igreja, desde o início, aplica a Jesus Ressuscitado. O cego pede para poder ver de novo e o seu desejo é concedido: “Tenha de novo a sua visão! A tua fé te salvou”. Ele mostrou a sua fé invocando Jesus e querendo absolutamente encontrá-lo, e isso o levou o dom da salvação. Graças à fé agora pode ver e, sobretudo, se sente amado por Jesus. Por isso a passagem termina referindo que o cego “começou a segui-Lo glorificando a Deus”: se faz discípulo. De mendigo a discípulo, também essa é o nosso caminho: todos nós somos mendigos, todos.

Sempre precisamos de salvação. E todos nós, todos os dias, devemos dar esse passo: de mendigos a discípulos. E assim, o cego caminha atrás do Senhor e se torna parte da sua comunidade. Acontece um segundo milagre: isso que aconteceu ao cego faz com que também o povo finalmente veja. A mesma luz ilumina todos unindo-os na oração de louvor. Assim Jesus infunde a sua misericórdia sobre todos aqueles que encontra: chama-os, faz com que venham a si, reúne-os, cura-os e os ilumina, criando um novo povo que celebra as maravilhas do seu amor misericordioso. Deixemos também nós chamar por Jesus e deixemo-nos curar por Jesus, perdoar por Jesus e vamos atrás de Jesus louvando a Deus.

Papa Francisco – 15 de junho de 2016

Hoje celebramos:


sábado, 27 de outubro de 2018

27 de outubro - Santos Vicente, Sabina e Cristela


Por volta do ano 303, na Espanha, no período em que Diocleciano era imperador romano, os irmãos Vicente, Sabina e Cristela, naturais de Évora, foram torturados cruelmente. Tiveram os membros desconjuntados e as cabeças esmagadas. Pelo que podemos conferir nos anais de seu martírio, São Vicente foi feito prisioneiro antes de suas irmãs Sabina e Cristela.

Educado na fé cristã, o jovem Vicente vivia uma vida virtuosa. Praticava o culto cristão apesar das proibições. Por este motivo, foi delatado para Daciano. Este ordena que o coloquem diante de uma estátua de Júpiter para obrigá-lo a prestar o culto imperial. Os guardas levam de casa com este objetivo, porém, segundo a tradição, no caminho ocorre um prodígio: uma pedra amolece, prendendo os pés e o báculo de Vicente. Diante disto, os guardas o deixam.

Ao retornar para casa, Vicente foge com suas irmãs Sabina e Cristeta através da serra que hoje tem seu nome. Daciano ordena sua busca. Os três foram capturados perto de Ávila.

Tendo sido levado a presença do magistrado romano Daciano, que o interrogou: “… Perdoo a tua juventude essas liberdades, pois sei que não chegaste ainda à idade de uma prudência completa, pelo que te devo aconselhar que me ouças como pai, e como tal ordeno que sacrifiques aos deuses imperiais”.

O jovem Vicente assim respondeu: “Careceria de sólido juízo, se, desprezando o verdadeiro Deus que criou o céu e a terra, penetrou os abismos e circundou os mares, desse culto aos falsos deuses de pau e de pedra, representados em estátuas vãs”.

Por recusarem o culto aos deuses imperiais, foram cruelmente martirizados. Seus restos mortais encontram-se na Basílica de São Vicente de Ávila. Seu sepulcro constitui um belo monumento da arte românica espanhola. Nela estão esculpidas passagens da vida destes mártires.

27 de outubro - Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo. Lc 13,3


Jesus recorda dois episódios de crônica:  uma repressão brutal da polícia romana dentro do templo e a tragédia dos dezoito mortos devido ao desabamento da torre de Siloé. O povo interpreta estes acontecimentos como uma punição divina pelos pecados daquelas vítimas e, considerando-se justo, pensa que não está sujeito a estes desastres, acreditando que nada tem para converter na própria vida. Mas Jesus denuncia esta atitude como uma ilusão:  "Julgais que estes Galileus eram maiores pecadores que todos os outros galileus, por terem assim sofrido? Não, digo-vos Eu; mas se não vos arrependerdes, perecereis todos igualmente". E convida a refletir sobre aqueles fatos, para um maior compromisso no caminho de conversão, porque é precisamente o fechamento ao Senhor, o não percorrer o caminho da conversão de si mesmo, que leva à morte, à morte da alma. Cada um de nós é convidado por Deus a fazer uma mudança na própria existência pensando e vivendo segundo o Evangelho, corrigindo algo no próprio modo de rezar, de agir, de trabalhar e nas relações com os outros. Jesus dirige-nos este apelo não com uma severidade finalizada para si mesma, mas precisamente porque se preocupa com o nosso bem, com a nossa felicidade e salvação. Por nosso lado, devemos responder-lhe com um sincero esforço interior, pedindo-lhe que nos faça compreender sobretudo em que pontos nos devemos converter.

A conclusão do trecho evangélico retoma a perspectiva da misericórdia, mostrando a necessidade e a urgência de voltar para Deus, de renovar a vida segundo Deus. Referindo-se a um costume do seu tempo, Jesus apresenta a parábola de uma figueira plantada numa vinha; esta figueira, contudo, é estéril, não dá frutos. O diálogo que se desenvolve entre o dono e o vinhateiro, manifesta, por um lado, a misericórdia de Deus, que é paciente e deixa ao homem, a todos nós, um tempo para a conversão; e, por outro, a necessidade de iniciar imediatamente a mudança interior e exterior da vida para não perder as ocasiões que a misericórdia de Deus nos oferece para superar a nossa preguiça espiritual e corresponder ao amor de Deus com o nosso amor filial.

Papa Bento XVI – 07 de março de 2010

Hoje celebramos:



sexta-feira, 26 de outubro de 2018

26 de outubro - Beato Damiano de Finale


Damiano, filho de Antonio Furcheri, de uma família nobre, nasceu em Finale na Itália. Ainda criança foi milagrosamente libertado das mãos de um louco que o sequestrou. Na adolescência, vencendo a resistência de parentes que não conseguiam resignar-se a perdê-lo, ele vestiu o hábito Dominicano que honrou com o esplendor da doutrina e da santidade. Estudou assídua e amorosamente as divinas Escrituras, das quais ele foi capaz de extrair a doutrina pura e substancial da sua pregação poderosa e frutífera foi tecida. Ele viveu em conventos reformados, como Bolonha e San Marco, em Florença.

Ele então passou para o povo de Liguria, Lombardia, Emilia, os tesouros de santidade e doutrina acumulados na observância fiel da Regra. Antes do convento de San Domenico em Veneza (1458) e de Finale (1479), ele atraiu a estima universal.

É lembrado como um homem afável com todos e um pregador zeloso pela honra de Deus, era um religioso de grande virtude, doutrina e caridade. Como pregador, ele viajou uma grande parte do norte da Itália; alguns de seus escritos atestam isso.

Muitas vezes sentiu-se a irromper nesta expressão ardente: "Renuncie a si mesmo e siga seu Redentor". Para traduzi-lo em prática, seus meios infalíveis eram a oração íntima e fervorosa, à qual ele se aplicava com crescente ardor. Nos últimos anos de sua vida retirou-se para o convento de Reggio Emilia onde mergulhou mais e mais em contato profundo com Deus e preparou-se para o seu abraço, que aconteceu em 1484. Seu corpo está preservado na igreja de San Domenico naquela cidade.

Em 4 de agosto de 1848, Pio IX confirmou o culto, fixando para celebrar a data de 26 de outubro.

26 de outubro - Como é que não sabeis interpretar o tempo presente? Lc 12,56


Os tempos mudam. É próprio da sabedoria cristã conhecer estas mudanças, os diversos tempos e os sinais dos tempos. O que significa uma coisa e o que significa outra. Sem dúvida, o Papa está ciente de que isto não é fácil. Porque nós ouvimos tantos comentários: “Ouvi dizer que o que aconteceu ali é isto ou aquilo que acontece acolá é outra coisa; li isso, disseram-me isto...” Mas, eu sou livre, devo formar a minha opinião e compreender o que tudo isto significa. Mas isto é um trabalho que normalmente não fazemos: conformamo-nos, tranquilizamo-nos com “disseram-me; ouvi dizer; as pessoas dizem; li...”. E assim estamos tranquilos. Quando, ao contrário, deveríamos perguntar-nos: Qual é a verdade? Qual é a mensagem que o Senhor me quer transmitir com aquele sinal dos tempos?

Para compreender os sinais dos tempos, antes de tudo, é necessário o silêncio: fazer silêncio e olhar, observar. E depois refletir dentro de nós. Um exemplo: por que há tantas guerras agora? Por que aconteceu isto? E rezar. Por conseguinte, silêncio, reflexão e oração. Só assim poderemos compreender os sinais dos tempos, o que Jesus nos quer dizer.

E neste sentido não há álibis. Com efeito, mesmo se cada um de nós pode ser tentado a dizer: Mas, eu não estudei muito... Não frequentei a universidade, nem sequer a escola média..., as palavras de Jesus não deixam espaço a dúvidas. Com efeito, ele não diz: Vede como fazem os universitários, reparai como fazem os doutores, vede como fazem os intelectuais... Ao contrário, diz: Olhai para os camponeses, para os simples: eles, na sua simplicidade, compreendem quando chega a chuva, como cresce a erva; sabem distinguir o trigo do joio. Por conseguinte aquela simplicidade — se for acompanhada pelo silêncio, pela reflexão e pela oração — far-nos-á compreender os sinais dos tempos. Porque, os tempos mudam e nós cristãos devemos mudar continuamente. Devemos mudar firmes na fé em Jesus Cristo, firmes na verdade do Evangelho, mas a nossa atitude deve mover-se continuamente segundo os sinais dos tempos.

Somos livres pelo dom da liberdade que Jesus Cristo nos concedeu. Mas o nosso trabalho é examinar o que acontece dentro de nós, discernir os nossos sentimentos, os nossos pensamentos; e analisar o que acontece fora de nós, discernir os sinais dos tempos. Como? Com o silêncio, com a reflexão e com a oração.

Papa Francisco – 23 de outubro de 2015

Hoje celebramos:

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

25 de outubro - Santa Dária e São Crisanto


Santa Daria e seu esposo São Crisanto viveram e morreram no século III, sendo que o ano do martírio se supõe tenha sido 283.
Uma “passio” nas versões em latim e em grego já existia no século VI, pois era conhecida de São Gregório de Tours (538-594), bispo francês e grande historiador da época. São Gregório de Tours refere que os cristãos costumavam reunir-se na gruta onde estavam enterrados os corpos dos Santos. Em certa ocasião, quando muitos fiéis lá se encontravam, o prefeito da cidade mandou cercar o lugar e todos morreram pela fé.

Crisanto era filho de um certo Polemio, de origem alexandrina, que foi para Roma para estudar filosofia no tempo do imperador Numeriano (283-284). Vivendo em Roma, deu por acaso com as escrituras e escritos cristãos.
Estes textos faziam mais sentido para ele do que os seus estudos anteriores, e ele converteu-se ao cristianismo, procurando alguém para que o ensinasse mais.
Um ermitão chamado Carpóforo instruiu-o mais plenamente na fé e batizou em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

O pai de Crisanto, Polemius, era um soldado de alta patente. Ele desprezava a covardia e o cristianismo.

Como poderia um homem crucificado ser Deus?

Ele exigiu o retorno do seu filho Crisanto ao culto dos deuses antigos e quando o seu filho respeitosamente recusou, Polemius trancou numa pequena dispensa de víveres por muitos dias. Crisanto apenas ficou mais forte em sua determinação de seguir a Cristo. Um homem cheio da experiência da vida aconselhou Polemius sobre Daria.

Essa menina era uma bela virgem, dedicada à deusa Minerva. Ela era conhecida não apenas pela sua beleza, mas também pela sua inteligência.

Arranje um casamento entre Crisanto e Daria e essa rapariga seria capaz de tirá-lo da loucura, sugeriu-lhe esse homem.
Mas Crisanto consegue converter Daria e de comum acordo eles simulam um casamento para poderem ser deixados livres para pregar, convertendo muitos outros romanos ao Cristianismo.

Quando faleceu o pai de Crisanto, a casa do jovem casal tornou-se um lugar de refúgio e abrigo aos cristãos. Mais tarde, Crisanto e Daria foram denunciados ao magistrado romano Claudio como seguidores do cristianismo.

Testemunhando como suportavam os cruéis suplícios, e os milagres que operavam, Claudio também converteu-se ao cristianismo com sua esposa Hilária e seus filhos Jason e Mauro.

Por ordem do imperador, Claudio foi afogado com uma pedra atada ao pescoço e os filhos foram decapitados. A mãe, Hilária, viu suas tumbas antes de ser martirizada.

Crisanto e Daria, depois de sofrerem horríveis suplícios, foram enterrados vivos.

Mais tarde os cristãos de Roma reuniram-se em uma caverna próxima ao lugar do martírio para homenageá-los; os pagãos, ao saberem disso, obstruíram a entrada da caverna e todos os que estavam lá dentro morreram de fome.

Dentre os que morreram nomeiam-se o presbítero Deodoro e o diácono Mariano.


25 de outubro - Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! Lc 12,49

Jesus exprime-a com as seguintes palavras: Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! O fogo de que Jesus fala é a chama do Espírito Santo, presença viva e concreta em nós, a partir do dia do nosso Batismo. Ele — o fogo — é uma força criadora que purifica e renova, queima toda a miséria humana, todo o egoísmo e todo o pecado, transforma-nos a partir de dentro, regenera-nos e torna-nos capazes de amar. Jesus deseja que o Espírito Santo se propague como fogo no nosso coração, porque só começando a partir do coração o incêndio do amor divino poderá difundir-se e fazer progredir o Reino de Deus. Não começa na cabeça, mas no coração. E por isso, Jesus quer que o fogo entre no nosso coração. Se nos abrirmos completamente à ação deste fogo, que é o Espírito Santo, Ele infundir-nos-á a audácia e o fervor para anunciar a todos Jesus e a sua consoladora mensagem de misericórdia e de salvação, navegando em alto mar, sem receio.

No cumprimento da sua missão no mundo, a Igreja — ou seja, todos nós que somos a Igreja — tem necessidade da ajuda do Espírito Santo para não se deter pelo medo nem pelo cálculo, para não se acostumar a caminhar dentro de limites seguros. Estas duas atitudes levam a Igreja a ser uma Igreja funcional, que nunca corre riscos. Ao contrário, a intrepidez apostólica que o Espírito Santo acende em nós como um fogo ajuda-nos a superar os muros e as barreiras, torna-nos criativos e estimula-nos a pôr-nos em movimento para percorrer inclusive caminhos inexplorados ou desalentadores, oferecendo esperança a quantos encontramos. Mediante este fogo do Espírito Santo somos chamados a tornar-nos cada vez mais comunidades de pessoas orientadas e transformadas, cheias de compreensão, pessoas com um coração dilatado e com um semblante jubiloso.
Hoje mais do que nunca há necessidade de sacerdotes, de consagrados e de fiéis leigos com o olhar atento do apóstolo, para se comover e para se deter diante das dificuldades e das pobrezas materiais e espirituais, caracterizando assim o caminho da evangelização e da missão com o ritmo purificador da proximidade. É exatamente o fogo do Espírito Santo que nos leva a tornarmo-nos próximos dos outros: das pessoas que sofrem, dos necessitados, de tantas misérias humanas, de tantos problemas, dos refugiados, dos deserdados, daqueles que sofrem. Aquele fogo que deriva do coração. O fogo!

Se a Igreja não receber este fogo, ou se não o deixar entrar em si, tornar-se-á uma Igreja arrefecida, ou apenas tíbia, incapaz de dar vida porque feita de cristãos frios e mornos. Hoje, far-nos-á bem pensar cinco minutos e perguntar-nos: Mas como está o meu coração? É frio, é tíbio? É capaz de receber este fogo? Pensemos cinco minutos nisto. Fará bem a todos nós.

Papa Francisco – 14 de agosto de 2016

Hoje celebramos:


quarta-feira, 24 de outubro de 2018

24 de outubro - Vós também ficai preparados! Lc 12,40

A Igreja, que é mãe, quer que cada um pense em sua própria morte. Todos estão acostumados à normalidade da vida: horários, compromissos, trabalho, momentos de descanso e pensam que será sempre assim. Mas um dia, Jesus chamará e dirá: ‘Vem!’ Para alguns, este chamado será repentino, para outros, virá depois de uma longa doença, não se sabe.

No entanto, o chamado virá e será uma surpresa, mas depois, virá ainda outra surpresa do Senhor: a vida eterna. Por isso, a Igreja convida a parar e pensar na morte.
Isto faz bem diante do início de um novo dia de trabalho, por exemplo, se pode pensar: ‘Hoje talvez será o último dia, não sei, mas farei bem meu trabalho’. E o mesmo nas relações de família ou quando se vai ao médico.

Pensar na morte não é uma fantasia ruim, é uma realidade. Se é feia ou não feia, depende de mim, como eu a penso, mas que ela chegará, chegará. E ali será o encontro com o Senhor, esta será a beleza da morte, será o encontro com o Senhor, será Ele a vir ao seu encontro, será Ele a dizer: ‘Venha, venha, abençoado do meu Pai, venha comigo’.

E ao chamado do Senhor não haverá mais tempo para resolver as coisas. Façamos de tudo, mas sempre olhando para lá, para o dia em que “o Senhor virá me buscar para ir com Ele”.

Papa Francisco – 17 de novembro de 2017

Hoje celebramos:

24 de outubro - Beato Pedro María Ramírez Ramos


Com Nossa Autoridade Apostólica declaramos que os Veneráveis Servos de Deus: Jesús Emilio Jaramillo Monsalve, do Instituto de Missões Estrangeiras de Yarumal, Bispo de Arauca, e Pedro María Ramírez Ramos, sacerdote diocesano, Pároco de Armero, mártires, que, como pastores segundo o coração de Cristo e coerentes testemunhas do Evangelho, derramaram o sangue por amor ao rebanho que lhes foi confiado, de agora em diante, sejam chamados Beatos, e se poderá celebrar sua festa cada ano, nos lugares e no modo estabelecido pelo Direito, em 3 e 24 de outubro, respectivamente.

Papa Francisco – 09 de setembro de 2017

Pedro María Ramírez Ramos nasceu em 23 de outubro de 1899 no município de La Plata (Huila), na Colômbia. Seus pais eram Ramón Ramírez e Isabel Ramos. Ele fez o ensino fundamental em sua cidade e entrou para o ensino médio no Seminário Menor São Luís Gonzaga em Elías.

Após esse período de estudo juvenil, ingressou no seminário de Maria Imaculada em Garzón, recebendo ordens menores em 1917. Devido a dúvidas vocacionais, retirou-se do seminário em 1920, mas oito anos depois retornou ao seminário, desta vez em Ibagué (Tolima). Em 1931 ele foi ordenado sacerdote. Foi pároco de Chaparral, em 1931, depois de Cunday, em 1934, de Fresno, em 1943, e finalmente em 1948, em Armero, onde deu seu testemunho de sangue por Cristo.

Relato de seu martírio:

Em 9 de abril de 1948, Padre Armero ouviu a notícia da morte de Jorge Eliecer Gaitán, ocorrida em Bogotá, e imediatamente as turbas revolucionárias atacaram a sua casa e a igreja. Padre Pedro María Ramírez Ramos, estava na capela do Colégio, junto com os religiosos e algumas outras pessoas da paróquia, rezando o Santo Rosário. As orações estavam quase no fim, quando ouviram rumores do lado de fora da casa. Era um grupo de rebeldes atirando pedras contra portas e janelas e do outro lado atacando a igreja paroquial. O padre, entrou no escritório, classificou os papéis, alguns sem maior importância queimou e com outros, organizou um pacote, que depois à superiora do colégio, a quem ele disse: "Se eu desaparecer, Vossa Reverência colocará pessoalmente este pacote nas mãos do Bispo."

À tarde, a multidão entrou na casa, porque com machados e facões conseguiram destruir portas e janelas, e destruiu as pinturas e utensílios domésticos.

Houve uma pequena pausa no ataque, mas voltou a ser feito depois das 5 da tarde. A maioria dos agressores estava bêbada e encorajada, lançando imprecações, insultos e blasfêmias, com palavras profanas contra o padre, eles tomaram a casa e quebraram a porta que se comunicava com o Colégio.
Encontrando as freiras, eles exigiram que entregassem as armas que escondiam lá. Com essa desculpa, eles invadiram até os quartos e não encontraram nada. 
O padre estava na capela, rezando diante do Santíssimo Sacramento. 

Um dos marginais chega na frente da porta fechada e pergunta: Quem está dentro? A Superiora respondeu: "O Santíssimo e o Senhor Padre, que está em oração". Eles ordenam que a porta seja aberta. A madre abre a porta, mas exige a promessa de não fazer nada ao Padre e de respeitar o Santíssimo Sacramento. Ao ver o Padre, que permaneceu imóvel e calmo ao lado do altar, um dos mais insensíveis coloca seu revólver e finge mirar o padre. A Superiora coloca um Crucifixo no peito, implorando: "Por Deus, meu filho, você está bêbado e não sabe o que está fazendo, não cometa esse crime, pelo amor de Deus, não o faça.”
O Padre, ao vê-lo entrar, disse com muita serenidade: "Lá, respeite-o, indique-o ao tabernáculo, faça o que quiser comigo". O intruso disse a ele que ele só queria procurar armas. O padre mostrou-lhe a capela e não havia nada que ele estivesse procurando. 

A maior preocupação do Padre Pedro María Ramírez era que eles profanassem o templo e os objetos sagrados. Ele foi ao templo e pediu que ajudassem a levar os itens para a casa das Irmãs. 
Ele comentou com as Irmãs: “Estou pronto para morrer, confessei-me recentemente, não temo a morte, tenho tudo acertado.”

Na madrugada de sábado, 10 de abril, celebrou a missa na Capela das Irmãs. Parece que ele sentia que esta era sua última Eucaristia. Nas ruas as pessoas gritavam em seu caminho: Levem o padre para a cadeia! Abaixo os padres!

Quando chegou à escola, planejou com o sacristão uma rota de fuga, para que em caso de emergência as freiras saíssem. A Superiora disse a ele: "Padre, sua reverência deve ser o primeiro a fugir". Ele respondeu imediatamente: "De jeito nenhum, eu não fujo, quantas vezes eu entro na capela lá e consulto meu amigo, Ele me diz para ficar aqui. Você, madre, deve tomar as medidas necessárias ". 
Ele entrou reunião as irmãs e deu-lhes as hóstias consagradas e ele mesmo tomou. Ele deixou apenas uma e avisou que, em caso de perigo de profanação, qualquer um poderia consumi-la. 

De tarde ele pediu papel e lápis e escreveu seu testamento:

"De minha parte desejo morrer por Cristo e sua fé. A Sua Excelência o Bispo, minha imensa gratidão, porque sem mérito ele me fez Ministro do Altíssimo, Sacerdote de Deus e pároco da cidade de Armero, para quem quero derramar meu sangue. Menções especiais para meu conselheiro, o santo padre Dávila. Aos meus parentes, vou à frente para que sigam o exemplo da morte por Cristo, com especial carinho olharei por eles do céu. Profundamente grato às Irmãs Eucarísticas, do céu cuidarei delas, especialmente da Madre Miguelina. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Armero, 10 de abril de 1948. Pedro María Ramírez Ramos, Presbítero"

Às quatro e alguns minutos daquele dia, uma explosão foi ouvida na igreja. As pessoas entraram desordenadamente em um tremendo tumulto. O Padre entra rapidamente e consome a última hóstia consagrada que fora deixada pela manhã. As religiosas saltam sobre um telhado para a casa vizinha, o Padre as ajuda. Então ele se ajoelha, estende os braços em uma cruz e reza com profunda intensidade. No telhado aparece Camilo Leal Bocanegra, apelidado de Manoñeque. O padre entende que se ele cair, as freiras estarão em perigo e ele grita: "Não desça, irmão, eu subo" Manoñeque leva o padre à praça. 

Padre Pedro para, remove a túnica e a estola e as entrega a uma dama para que esses paramentos não fossem profanados. Chegando na praça Manoñeque grita: "Aqui eu trago você a Padre" Um bandido avança com um revólver na mão, mas ele diz: "Não, não é assim". A multidão joga nele pedras, paus e golpes com os cabos dos facões. Um grito é ouvido: "Não mais o cabo, dê-lhe com vontade." Sem esperar por uma segunda ordem, um dos assassinos descarrega seu facão na cabeça do Mártir. Ele cai no chão, mas com esforço supremo ele se ajoelha e enxuga o sangue que cobre seu rosto com a mão. 
As últimas palavras que seus lábios proferiram foi para perdoar e abençoar: "Pai, perdoa-lhes! Tudo por Cristo!