“Cada ano novo traz
consigo a expectativa de um mundo melhor. Nesta perspectiva, peço a Deus, Pai
da humanidade, que nos conceda a concórdia e a paz a fim de que possam
tornar-se realidade, para todos, as aspirações duma vida feliz e próspera.”
Papa
Bento XVI
A passagem de um
ano para o outro é marcada pelas confraternizações em famílias, as festas em
praias e a queima de fogos de artifício, celebrando a chegada do novo ano
civil. Mas outra marca deste momento são as diversas superstições que cercam o
imaginário popular brasileiro visando realizações e conquistas. O sucesso será
alcançado, de acordo com esses costumes, caso sejam ingeridos determinados
alimentos, dependendo da cor da roupa ou de gestos que devem ser repetidos após
a meia noite. Para os cristãos, o que significa esta prática?
O Catecismo da
Igreja Católica alerta para as superstições e a idolatria. O parágrafo 2111
afirma “A superstição é o desvio do sentimento religioso e das práticas que
ele impõe. Pode afetar também o culto que prestamos ao verdadeiro Deus, por
exemplo: quando atribuímos uma importância de alguma maneira mágica a certas
práticas, em si mesma legítimas ou necessárias. Atribuir eficácia
exclusivamente à materialidade das orações ou dos sinais sacramentais, sem
levar em conta as disposições interiores que exigem, é cair na superstição”.
Dom Odilo Pedro
Scherer nos adverte:
Pode haver
cristãos, que vivem como se o Batismo nada tivesse modificado em suas vidas:
vivem como se não fossem cristãos. Ou pode haver aqueles que procuram praticar
a religião apenas de forma exterior e ritual, sem que a orientação de sua vida
e seu comportamento sejam impregnados por Cristo e pelo seu Evangelho.
A liberdade dos
cristãos está em viver livres do temor, “confiantes em Deus”. Paulo vai logo às
consequências: ‘não se deixem escravizar novamente!’.
Não abandonar a
graça imensa da fé em Cristo, para submeter-se de novo a práticas que
escravizam e tiram a soberana liberdade de filhos de Deus, mediante uma
religião do temor, ou uma religião feita apenas de práticas humanas, sem contar
com a graça de Deus e a ação do Espírito de Cristo; ou então, deixar-se
escravizar pelas paixões humanas desordenadas e pelos vícios.
As práticas e
paixões humanas que escravizam um considerável número de católicos que recorrem
a tais costumes, às vezes até com sincretismo religioso, dão força de solução e
de poder, a energias desconhecidas, poderes misteriosos e, no caso a maus
acontecimentos, a espíritos malfazejos.
O ser cristão,
portanto, aparece numa forma nova de viver que, de um lado, é graça de Deus e,
de outro, fruto do esforço coerente para orientar a vida para Deus, conforme o
exemplo e o ensinamento de Cristo. O viver cristão é “uma proposta de ‘vida
nova’, orientada pelo Espírito de Cristo”. Isso requer a superação dos vícios e
das práticas contrárias a Deus e ao próximo, ou contra a própria dignidade; ao
mesmo tempo, a vida cristã floresce em todo tipo de belas virtudes, que tornam
o viver nobre e santo.