Hoje a Igreja celebra a
memória dos cristãos que sofreram o martírio durante a perseguição de Nero, no
ano 64.
A culpa do incêndio de Roma recaiu sobre os cristãos, os quais foram
cruelmente martirizados. Do lado Sul da Basílica Vaticana há um recinto
pequeno, chamado ainda hoje Praça dos Protomártires (primeiros mártires)
Romanos.
As iluminações que lá se vêem na noite de 26 de Junho, evocam as
fogueiras que, pelos anos 64 e 65 extinguiram, ou sublimaram, humildes e
heróicas vidas humanas. Roma ardera seis dias e sete noites.
Prendem-se
primeiro os que são suspeitos de seguir o cristianismo, e depois, conforme as
denúncias que se vão fazendo, prendem-se outros em massa, condenados menos pelo
crime de incêndio, do que pelo ódio que outros lhes têm. Aos tormentos
juntam-se as mofas, homens envolvidos em peles de animais morrem despedaçados
pelos cães, ou são presos a cruzes, ou destinados a ser abrasados e acendidos,
à maneira luz noturna ao anoitecer ...
Nero oferece os seus jardins para este espetáculo;
vestido de cocheiro, corre misturado com a multidão, ou em cima dum carro. A
perseguição movida por Nero prolongou-se até ao ano 67. E entre os mártires
mais ilustres estavam São Pedro e São Paulo.
Os mártires de hoje:
No Evangelho , Jesus anuncia
aos discípulos o Espírito Santo: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas não
podeis agora suportar. Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à
verdade plena” (Jo 15,26).
O Senhor, explicou o Papa,
“fala do futuro, da cruz que nos espera e nos fala do Espírito, que nos prepara
a dar o testemunho cristão”. Portanto, fala “do escândalo das perseguições”, do
“escândalo da Cruz”.
“A vida da Igreja – observou
– é um caminho guiado pelo Espírito”, que nos recorda as palavras de Jesus e
“nos ensina as coisas que Ele ainda não pôde nos dizer”: “é companheiro de
caminhada” e “nos defende também” do “escândalo da Cruz”. A Cruz, de fato, é um
escândalo para os judeus e uma loucura para “os gregos, isto é, os pagãos”. Os
cristãos, ao invés, pregam Cristo crucificado. Assim, Jesus prepara os
discípulos para que não se escandalizem com a Cruz de Cristo: “Expulsar-vos-ão
das sinagogas – afirma Jesus – E mais: virá a hora em que aquele que vos matar
julgará realizar um ato de culto a Deus”:
“Hoje somos testemunhas dessas pessoas que matam os
cristãos em nome de Deus, porque são infiéis, segundo eles. Esta é Cruz de
Cristo: ‘E isso farão porque não reconheceram o Pai nem a mim’. ‘O que
aconteceu a mim – afirma Jesus – acontecerá também a vós – as perseguições, as
tribulações – mas, por favor, não vos escandalizeis: será o Espírito a
guiar-nos e a fazer-nos entender’”.
Neste contexto, o Papa
recordou o telefonema que recebeu no domingo (10/05) do Patriarca copta
Tawadros, “porque era o dia da amizade copta-católica”:
“Eu recordei os seus fiéis, que foram degolados na praia
porque cristãos. Esses fiéis, pela força que lhes deu o Espírito Santo, não se
escandalizaram. Morreram com o nome de Jesus nos lábios. É a força do Espírito.
O testemunho. É verdade, a força do Espírito. O testemunho. É verdade, o
martírio é justamente isso, o testemunho supremo”.
“Mas há também o testemunho de todos os dias – prosseguiu
–, o testemunho de tornar presente a fecundidade da Páscoa” que “nos dá o
Espírito Santo, que nos guia rumo à verdade plena, à verdade inteira, e nos faz
recordar o que Jesus nos diz”:
“Um cristão que não leva a sério esta dimensão de martírio
da vida não entendeu ainda o caminho que Jesus nos ensinou: o caminho do
martírio de todos os dias; de defender os direitos das pessoas; dos filhos: pai
e mãe que defendem sua família; o caminho do martírio de tantos, tantos doentes
que sofrem por amor de Jesus. Todos nós temos a possibilidade de levar avante
esta fecundidade pascal no caminho do martírio, sem nos escandalizar”.
O Papa concluiu com esta
oração:
“Peçamos ao Senhor a graça de receber o Espírito Santo, que nos fará
recordar as coisas de Jesus, que nos guiará rumo a toda a verdade e nos
preparará a cada dia para oferecer este testemunho, para oferecer este pequeno
martírio de todos os dias ou um grande martírio, segundo a vontade do Senhor”.
11/05/2015
- Papa Francisco