domingo, 31 de março de 2019

31 de março - Beato Boaventura de Forli


Boaventura nasceu em Forlì em 1410 e jovem sentiu o chamado à vida religiosa, grande devoto de Nossa Senhora, entrou no convento dos Servos de Maria de sua cidade. Seus talentos intelectuais eram notáveis ​​e em 1448 ele foi enviado para Veneza para continuar seus estudos. Por seis anos foi a ocupação principal, conquistando o título de mestre em teologia. 

"Pequeno e magro e abatido, mas muito eloquente da ciência", nos conta uma crônica antiga, ele começou então uma atividade extraordinária como pregador inspirado no apóstolo Paulo. Nas várias cidades ele reuniu uma vasta audiência, recomendando a participação frequente nos sacramentos e caridade para com os doentes e necessitados. 
Apesar da aparência austera e certamente com conteúdo firme e às vezes corajoso das homilias, ele incutiu confiança e simpatia, tanto que ele foi apelidado de "Frei barbudo". Talvez por essa razão sua mensagem fosse mais incisiva, incitando os muitos fiéis que vieram para ouvir a penitência. Entre as suas famosas pregações lembramos que em frente ao Senado da República de Veneza, realizada em 25 de março de 1468 (e em 1482) e que de 1488 na Basílica de São Marcos. 

A atividade do Beato na Ordem foi frutífera. Procurador em 1482, ele teria adquirido o convento de Piobbico (Urbino) e de Forlimpopoli. Em 31 de maio de 1483, quando era prior de San Marcello em Roma, o Papa Sisto IV deu-lhe a faculdade de se retirar para um eremitério com seis companheiros, mantendo o posto de pregador apostólico que lhe permitia viajar por toda a Itália. Por isso, ele amava a oração pessoal e contemplativa, pela qual frequentemente se retirava para Montesenario, nos degraus dos Sete Sagrados Fundadores, e para Montegranaro. 

O incansável frade idoso acusou um mal-estar durante a pregação de uma Quaresma em Udine, no convento de S. Maria delle Grazie. Ele morreu na Quinta-feira Santa em 31 de março de 1491, por volta dos oitenta anos de idade. 
O culto em torno de sua pessoa nasceu espontaneamente e alguns milagres ocorreram que foram registrados por notários. Os fiéis também mantinham os pelos da barba como relíquias. 
Seu culto foi confirmado em 6 de setembro de 1911 por São Pio X com uma festa litúrgica em 31 de março. Entre as antigas representações iconográficas do beato Bonaventura está o da igreja dos Servos de Orvieto.

31 de março - Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Lc 15,2


É bom pensar que em todo o mundo, onde quer que a comunidade cristã se reúna para celebrar a Eucaristia dominical, ressoe neste dia, esta Boa Nova de verdade e de salvação: Deus é amor misericordioso. 

Meditemos a célebre parábola do Pai misericordioso, também conhecida como a do "filho pródigo". Nesta página evangélica, quase se ouve a voz de Jesus, que nos revela o rosto do seu Pai e nosso Pai. Foi realmente para isto que Ele veio ao mundo: para nos falar do Pai; para o dar a conhecer a nós, filhos desviados, e dar novamente aos nossos corações a alegria de pertencer a Ele, a esperança de ser perdoados e restituir à nossa plena dignidade, o desejo de habitar para sempre na sua casa, que também é a nossa casa.

Ele explicou, com a sua linguagem característica, que Deus não quer que se perca sequer um dos seus filhos e a sua alma transborda de alegria quando um pecador se converte. A verdadeira religião consiste, portanto, no entrar em sintonia com este Coração "rico de misericórdia", que nos pede para amar a todos, mesmo os distantes e os inimigos, imitando o Pai celeste que respeita a liberdade de cada um e atrai todos a si com a força invencível da sua fidelidade.

Este é o caminho que Jesus mostra a quantos desejam ser seus discípulos: "Não julgueis... não condeneis... perdoai e sereis perdoados; dai e vos será dado... Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso". Nestas palavras encontramos indicações claras para o nosso comportamento quotidiano de crentes.


Papa Bento XVI – 16 de setembro de 2007

Hoje celebramos:

sábado, 30 de março de 2019

30 de março - São Luis de Casoria


Saúdo o Beato Luis de Casoria, singular figura dos Frades Menores e ardorosa testemunha da caridade de Cristo. Somos movidos pelas palavras do seu testamento: "O Senhor chamou-me a ele com um amor muito doce, e com infinita caridade me guiou e dirigiu o caminho da minha vida". 
A força desse amor levou, um valioso estudioso e professor, a se dedicar aos mais pobres: aos sacerdotes doentes, aos imigrantes africanos, aos mudos, aos cegos, aos velhos, aos órfãos. Beato Luis, grande filho da Igreja de Nápoles, fez o seu o carisma de Francisco de Assis e viveu-o na sociedade do seu tempo, no sul da Itália do século passado, assumindo a responsabilidade ativa para com as formas mais graves de pobreza, descendo com compaixão cristã para a concretude da história do seu povo e seus dramas diários.

A amplitude do escopo do seu apostolado nos deixa quase incrédulos, e naturalmente lhe perguntamos: como você pode se aproximar de tantas misérias, com tanta "imaginação" na promoção humana? E novamente suas palavras nos respondem: "O amor de Cristo feriu meu coração"
Peçamos-lhe que nos ensine também a viver para os outros e a ser construtores de autênticas comunidades eclesiais, nas quais a caridade floresce com alegria e com uma esperança diligente. Jesus nos disse: "Pobres sempre o tereis" (Mt 26:11). Abençoado Luis, ajude-nos a descobri-los, amá-los, servi-los com aquele ardor que fez maravilhas em você.
Papa João Paulo II – Homilia de beatificação – 18 de abril de 1993

Luis nasceu a 11 de março de 1814, em Casória (Nápoles), filho de Vicente Palmentiéri e de Cândida Zenha. Colocado como aprendiz em casa de um entalhador napolitano, pouco tempo ali viveu desde que pôde reiniciar os estudos para o sacerdócio. A pobreza dos pais orientou-o para a vida religiosa, e em 1832 foi aceito na ordem dos frades menores. Fez o noviciado em Lauro, perto de Nola, onde permaneceu até à ordenação sacerdotal. Em 1841 encarregaram-no de ensinar filosofia, matemática, física e química. Uma ocasião em que orava numa igreja de Nápoles, sofreu uma síncope, caindo no chão sem sentidos. Daí em diante dedicou-se às mais variadas obras de assistência e caridade. Fundou uma enfermaria e uma farmácia para os franciscanos doentes.   Empenhou-se na difusão da ordem terceira na Campânia, dando especial relevo às obras de caridade, pois, dizia, “uma ordem terceira sem obras de caridade, não me agrada nem a quero”.

Em 1854 o sacerdote genovês João Batista Oliviéri sugeriu-lhe uma obra destinada ao resgate e à formação cristã de crianças africanas vendidas como escravas. Luís dedicou-se a esse empreendimento com entusiasmo e paixão, e nesse mesmo ano começou a acolher os primeiros negros recomendados pelo P. Oliviéri, a quem educou em sua casa, com resultados promissores. Essa primeira experiência levou-o a projetar o envio de missionários para a África, porque “é a África que deve converter a África”. Em agosto de 1856 já tinha reunido nove meninos negros, cinco dos quais foram batizados pelo cardeal de Nápoles. No ano seguinte embarcou para o Cairo, visitou a Terra Santa e regressou de Alexandria com outros doze pequenos escravos negros. Este núcleo familiar de futuros missionários indígenas aumentou tanto, que em 1858 já eram 38, em 1859 eram 45, e posteriormente chegaram a 64.

Projeto semelhante realizou também para meninas em condições idênticas. Ajudado pela Beata Ana Maria Lapíni, fundadora das irmãs estigmatinas, instituiu um colégio para meninas negras em Florença e outro em Nápoles. Nesta cidade fundou também uma academia de religião e ciências, para qual obteve o apoio de ilustres escritores, e iniciou a publicação do periódico La Carità. Estas generosas iniciativas granjearam-lhe a admiração de muitos, até mesmo de alguns anticlericais, e foi condecorado com a cruz da ordem dos santos Maurício e Lázaro.

Promoveu ainda numerosas obras de beneficência em favor de órfãos, surdos mudos, raquíticos, deficientes, para os quais fundou diversos institutos que de preferência confiou às duas congregações por ele fundadas: os terceiros franciscanos regulares, apelidados Frati Bigi (irmãos cinzentos) da Caridade, para os homens; e as irmãs cinzentas Elisabetinas para mulheres. Para residência dos seus missionários, a congregação da propagação da fé concedeu-lhe a estação africana de Scellal, onde foi pessoalmente tomar posse a 12 de novembro de 1875.

Encomendou aos seus irmãos cinzentos a obra de educação dos meninos negros. E pôde então dedicar-se mais à vida espiritual de oração e íntima união com Deus, que sempre aliás soubera conciliar com o seu maravilhoso apostolado de caridade. Com 71 anos recebeu a visita da irmã morte, na manhã de 30 de março de 1885.

Foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 18 de abril de 1993 e canonizado pelo Papa Francisco em 23 novembro de 2014.

Hoje a Igreja põe à nossa frente modelos como os novos Santos que, precisamente mediante as obras de uma generosa dedicação a Deus e aos irmãos, serviram, cada um no seu âmbito, o reino de Deus e dele se tornaram herdeiros. Cada um deles respondeu com extraordinária criatividade ao mandamento do amor de Deus e do próximo. Dedicaram-se incansavelmente ao serviço dos últimos, assistindo indigentes, doentes, idosos e peregrinos. A sua predilecção pelos pequeninos e pelos pobres era o reflexo e a medida do amor incondicional a Deus. Com efeito, procuraram e descobriram a caridade na relação forte e pessoal com Deus, da qual se liberta o amor verdadeiro ao próximo. Por isso, no momento do juízo, ouviram este doce convite: "Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" (Mt 25, 34).
Papa Francisco – Homilia de Canonização – 23 de novembro de 2014

30 de março - Dois homens subiram ao Templo para rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos. Lc 18,10


Neste texto, com a célebre parábola do fariseu e do publicano que foram ao Templo para rezar, Jesus indica um anônimo publicano como exemplo apreciável de confiança humilde na misericórdia divina:  enquanto o fariseu se vangloria da própria perfeição moral, "o cobrador de impostos... nem sequer ousava levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: “Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador"". E Jesus comenta: "Digo-vos: Este voltou justificado para sua casa, e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”. 

O bom anúncio do Evangelho consiste precisamente nisto: na oferenda da graça de Deus ao pecador!

Portanto, os Evangelhos propõem-nos um verdadeiro e próprio paradoxo:  quem aparentemente está afastado da santidade pode até tornar-se um modelo de acolhimento da misericórdia de Deus e deixar entrever os seus maravilhosos efeitos na própria existência.

Papa Bento XVI – 30 de agosto de 2006

Hoje celebramos:

sexta-feira, 29 de março de 2019

29 de março - Qual é o primeiro de todos os mandamentos? Mc 12,28


A Palavra do Senhor recorda-nos que no amor se resume toda a Lei divina. O Evangelista narra que os fariseus se reuniram para pôr Jesus à prova. Um destes, um doutor da lei, perguntou-lhe: Mestre, na Lei, qual é o grande mandamento?"
A pergunta deixa transparecer a preocupação, presente na antiga tradição judaica, de encontrar um princípio unificador das várias formulações da vontade de Deus. Era uma pergunta difícil, considerando que na Lei de Moisés são contemplados 613 preceitos e proibições. Como discernir, entre todos eles, o maior?
Mas Jesus não hesita, e responde imediatamente: "Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. É este o maior e o primeiro mandamento". Na sua resposta, Jesus cita o Shemá, a oração que o israelita piedoso recita várias vezes ao dia, sobretudo de manhã e à tarde: a proclamação do amor íntegro e total devido a Deus, como único Senhor. O realce é dado à totalidade desta dedicação a Deus, enumerando as três características que definem o homem nas suas estruturas psicológicas profundas: coração, alma e mente.

A palavra mente, contém o elemento racional. Deus não é apenas objeto do amor, do compromisso, da vontade e do sentimento, mas também do intelecto, que, portanto, não deve ser excluído deste âmbito. É precisamente o nosso pensamento que se deve conformar com o pensamento de Deus.

Mas depois Jesus acrescenta algo que, na realidade, não tinha sido perguntado pelo doutor da lei: "O segundo é semelhante ao primeiro: amarás o teu próximo como a ti mesmo". O aspecto surpreendente da resposta de Jesus consiste no fato de que Ele estabelece uma relação de semelhança entre o primeiro e o segundo mandamento, definido também com uma fórmula bíblica tirada do código levítico de santidade. E eis, portanto, que na conclusão do trecho os dois mandamentos são associados no papel de princípio-base no qual se baseia toda a Revelação bíblica: "Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas".

Papa Bento XVI – 26 de outubro de 2008

Hoje celebramos:

quinta-feira, 28 de março de 2019

28 de março - Beato Jean-Baptiste Malo


Jean-Baptiste Malo nasceu em 2 de junho de 1899 em La Grigonnais, na França e cresceu em Vay, numa família de pequenos camponeses. Entrou no Seminário do Instituto de Missões Estrangeiras de Paris aos 29 anos; na época, era uma vocação adulta.
Ordenado sacerdote em 1º de julho de 1934, foi enviado em uma missão a Lanlong, numa região montanhosa entre as províncias de Guizhou, Guangxi e Yunnan, na China. Apesar das dificuldades e sempre permanecendo alerta, o padre Malo visitou suas comunidades cristãs e fundou escolas: ele era frequentemente o primeiro sacerdote que os habitantes tinham visto por mais de vinte anos. 

Na primavera de 1951 chegaram as tropas comunistas: ele foi então preso e preso, depois de um julgamento sumário, expulso da China. Embora cansado e doente, em 27 de novembro de 1952 chegou ao seu novo campo de apostolado: a missão de Thakhek, no Laos. 

No Natal de 1953, as tropas de guerrilha avançavam cada vez mais na região. O exército francês então forçou os missionários a evacuar a área, refugiando-se em Pakse, no sul do país. Em seu retorno, em 15 de fevereiro de 1954, eles caíram em uma emboscada. Juntamente com o prefeito apostólico Monsenhor Jean Arnaud, dois outros confrades e um religioso, padre Malo enfrentou alguns interrogatórios. 

Mais tarde, o grupo foi conduzido a pé para um campo de reeducação perto de Vinh, no Vietnã, a cem quilômetros de distância. O padre Malo, que estava ficando pior e pior, não conseguia digerir o arroz que era a única refeição diária para os prisioneiros, não foi tratado ou poderia descansar: ele morreu em consequência dos maus tratos e falta de atendimento médico em 28 de março de 1954, oferecendo sua vida a Deus. 

Ele foi enterrado na noite seguinte às margens do rio Ngàn Sau, na província vietnamita de Hà Tĩnh. Os cristãos daquela região isolada, que haviam notado as operações funerárias, guardaram a tumba e guardam sua memória até hoje. 

O padre Jean-Baptiste Malo foi incluído em uma lista de quinze padres, diocesanos e missionários, e leigos, mortos entre o Laos e o Vietnã nos anos 1954-1970 e chefiados pelo sacerdote laosiano Joseph Thao Tiên. A fase diocesana de seu processo de beatificação, obtida pela Santa Sé em 18 de janeiro de 2008, ocorreu em Nantes (da qual, como mencionamos acima, Padre Malo era originalmente) de 10 de junho de 2008 a 27 de fevereiro de 2010, apoiada por uma comissão histórica. 

A beatificação conjunta dos dezessete mártires, após debates acalorados, foi finalmente marcada para o domingo, 11 de dezembro de 2016, em Vientiane, Laos. O Cardeal Orlando Quevedo, Arcebispo de Cotabato, nas Filipinas, e o Missionário Oblato de Maria Imaculada, presidiram-no como enviado do Santo Padre. 

A cordilheira Annamita fica diante dos prisioneiros. Agora começa o verdadeiro Calvário. Temos que atravessar as montanhas com nossos dois pacientes, subindo as trilhas íngremes, escalada em rocha, subindo escadas penduradas nas paredes verticais nos saltos, vai conosco um guarda que zomba de nossa penúria. O padre Malo clama por misericórdia. Em vão. Ele não pode mais.

"Meu Deus, vinde em meu auxílio", ele soluça, prestes a cair no vazio. Ele já está condenado. No dia 19 de março, São José nos introduz no Vietnam "liberado". Um ano, dia a dia, em que Padre Malo, sobrevivente da China, tinha chegado ao Laos! Está cada vez mais fraco, dói todo o corpo exausto. Seu abandono em Deus é edificante: "Sim, sim, sim", repetido incessantemente: "Sim, meu Deus, o que quiser!"

Mas é grande a luta e ele se sente abandonado pelo Pai - o discípulo como mestre. Ele ora por aqueles que ama, também por seus inimigos.
28 de março às 7 da noite, depois de uma agonia condizente com um santo, João Batista Malo dorme a morte dos justos, a morte dos pobres na pobreza e exílio, a bela morte mártir obscuri, em linha com a vida, uma vida de caçado, de perseguido por Cristo na China, no Laos, no Vietnã.
Testemunho de Louis Mainier sobre Jean-Baptiste Malo



28 de março - Quem não está comigo está contra mim. Lc 11,23


A infidelidade do povo de Deus, assim como a nossa, endurece o coração: fecha o coração; e não deixa que a voz do Senhor, que como pai amoroso, nos pede sempre para nos abrir à sua misericórdia e ao seu amor.
Quando o coração endurece não se compreende isto. Com efeito, a misericórdia de Deus só é compreendida se formos capazes de abrir o nosso coração, para que possa entrar. O Evangelho narra que havia aquelas pessoas que estudaram as Escrituras, os doutores da lei que sabiam a teologia, mas eram muito fechados. A multidão estava admirada: a admiração! Porque a multidão seguia Jesus. Alguém dirá: “Mas seguiam-no para que a curasse, seguiam-no por isso”.

A realidade, era que o povo tinha fé em Jesus! Tinham o coração aberto: imperfeito, pecador, mas de coração aberto. Ao contrário os teólogos mantinham uma atitude fechada. E procuravam sempre uma explicação para não compreender a mensagem de Jesus. A ponto que, neste caso específico, como narra Lucas, dizem: Ele expele os demônios por Belzebu, príncipe dos demônios. E assim procuravam sempre outros pretextos, continua o trecho evangélico, para o pôr à prova, outros pediam-lhe um sinal do céu. O problema de fundo, era o seu permanecer fechados. Deste modo era Jesus que devia justificar o que fazia.
Eis a história desta fidelidade malsucedida, a história dos corações fechados, dos corações que não deixam entrar a misericórdia de Deus, que se esqueceram da palavra “perdão” — “Perdoai-me, Senhor!” — simplesmente porque não se sentem pecadores: sentem-se juízes dos outros.

Precisamente esta fidelidade malsucedida é explicada por Jesus com duas palavras claras para pôr fim ao discurso dos hipócritas: “Quem não está comigo, é contra mim!”. A linguagem de Jesus, é clara: ou se é fiel, com o coração aberto a Deus que é fiel contigo, ou se é contra Ele: “Quem não está comigo, é contra mim”. Alguém poderia pensar que, talvez, exista uma alternativa para estabelecer uma negociação, ignorando a clareza da palavra de Jesus ou és fiel ou estás contra. E, efetivamente, existe uma saída: confessa-te, pecador! Porque se dizes “sou pecador” o coração abre-se e a misericórdia de Deus entra e começas a ser fiel.

Papa Francisco – 03 de março de 2016

Hoje celebramos:

quarta-feira, 27 de março de 2019

27 de março - Beato Luís Eduardo Cestac


Considerado um “novo Cura d’Ars” e um extraordinário fundador de Obras, Luís Eduardo Cestac nasceu em Bayonne, no sul da França, em 6 de janeiro de 1801. Com a idade de três anos, sofrendo de uma incurável nevralgia e completo mutismo, a mãe o consagrou à Virgem de São Bernardo. Ao ser curado, nutriu por toda a vida uma grande devoção à Virgem Maria.

Com 17 anos, entrou para o Pequeno Seminário de Aire; em 1825, foi ordenado sacerdote, em 1825, e se tornou professor de filosofia em Bayonne.

Em 1831, Luís Eduardo Cestac se tornou vigário da Catedral de Notre-Dame de Bayonne. Naqueles anos, começou a fundação de obras de notável importância: A Associação das Filhas de Maria para as domésticas; a Obra da Perseverança para as jovens da alta Sociedade; os Círculos de Estudo para jovens; a obra dos Pequenos Órfãos de Maria, chamada Grão Paraíso. 

Em 1838, Cestac fundou a obra das Penitentes de Maria, na cidade de Anglet, para poderem trabalhar ao ar livre. Esta instituição, certamente a mais importante, recebeu o nome de “Nossa Senhora do Refúgio”.

No ano seguinte, em 1839, fundou a Congregação das Servas de Maria, em Anglet. A primeira superiora foi sua irmã Elisa, que recebeu o nome de Irmã Maria Madalena, permanecendo no cargo por sete anos, até à sua morte, em 1849.
A Congregação começou a trabalhar em missões, em 1949, começando pelo Marrocos, junto com os Padres do Sagrado Coração de Jesus de Bétharram.

Por fim, em 15 de agosto de 1846, Luís Eduardo Cestac fundou a Congregação das Solitárias de São Bernardo ou Silenciosas de Maria, chamadas também Irmãs Bernardinas, com voto de silêncio perpétuo. O instituto acolhia as “penitentes” desejosas de uma vida religiosa voltada para o trabalho na solidão e no silêncio.

Suas atividades se estenderam à organização de escolas paroquiais, ao todo 55, com métodos pedagógicos: compôs um Silabário e um método para aprender a ortografia.
O novo Beato, Luís Eduardo Cestac, propagou a Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças; escreveu “Anotações Íntimas”, com detalhes de suas fundações e notas biográficas. Sua vida se concretizou no cumprimento de seus deveres e no amor pelo próximo, devotado com imensa generosidade.

No dia 13 de janeiro de 1864, o Beato Padre Luís-Eduardo Cestac foi subitamente atingido por um raio da luz divina. Ele viu demônios espalhados por toda a terra, causando uma imensa confusão. Ao mesmo tempo, ele teve uma visão da Virgem Maria. Nossa Senhora lhe revelou que realmente o poder dos demônios fora desencadeado em todo o mundo e que então, mais do que nunca, era necessário rezar à Rainha dos Anjos e pedir a ela que enviasse as legiões dos santos anjos para combater e derrotar os poderes do inferno.

“Minha Mãe", disse o padre, “vós sois tão bondosa, por que então não enviais por vós mesma estes anjos, sem que ninguém vos peça?"

“Não", respondeu a Santíssima Virgem, “a oração é uma condição estabelecida pelo próprio Deus para a obter esta graça."

“Então, Mãe Santíssima – disse o sacerdote – ensinai-me como quereis que se vos peça!"

Foi então que o Bem-aventurado Luís-Eduardo Cestac recebeu a oração “Augusta Rainha dos Céus". “Meu primeiro dever – disse ele – era apresentar esta oração a Monsenhor La Croix, bispo de Bayonne, que se dignou a aprová-la. Cumprido este dever, fiz imprimir 500.000 cópias, e providenciei que fossem distribuídas em todos os lugares. (...) Não devemos esquecer que, da primeira vez que as imprimimos, a máquina impressora chegou a quebrar duas vezes".

Esta oração foi indulgenciada pelo Papa São Pio X no dia 8 de julho de 1908. Recomenda-se que seja aprendida de cor:

Augusta Rainha dos céus, soberana mestra dos Anjos, Vós que, desde o princípio, recebestes de Deus o poder e a missão de esmagar a cabeça de Satanás, nós vo-lo pedimos humildemente, enviai vossas legiões celestes para que, sob vossas ordens, e por vosso poder, Elas persigam os demônios, combatendo-os por toda a parte, reprimindo-lhes a insolência, e lançando-os no abismo.
- Quem é como Deus?
Ó Mãe de bondade e ternura, Vós sereis sempre o nosso Amor e a nossa esperança. Ó Mãe Divina, enviai os Santos Anjos para nos defenderem, e repeli para longe de nós o cruel inimigo. Santos Anjos e Arcanjos, defendei-nos e guardai-nos. Amém.

Padre Cestac faleceu, em 27 de março de 1868, e foi sepultado em Anglet. Sua Causa de Beatificação teve início em 1908.

O Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, presidiu, em 31 de maio de 2015, em Bayonne, na França, a solene celebração Eucarística de Beatificação de Luís Eduardo Cestac.



27 de março - Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. Mt 5,17


Depois das Bem-Aventuranças, que são o seu programa de vida, Jesus proclama a nova Lei, a sua Tora, como lhe chamam os nossos irmãos judeus. Com efeito, com a sua vinda o Messias devia trazer também a revelação definitiva da Lei, e é precisamente isto que Jesus declara: Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para os abolir, mas sim para os levar à perfeição. E, dirigindo-se aos seus discípulos, acrescenta: Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus. Em que consiste esta plenitude da Lei de Cristo, esta justiça superior que Ele exige?

A novidade de Jesus consiste, essencialmente, no fato de que Ele mesmo completa os mandamentos com o amor de Deus, com a força do Espírito Santo que habita nele. E nós, através da fé em Cristo, podemos abrir-nos à obra do Espírito Santo, que nos torna capazes de viver o amor divino. Por isso, cada preceito se torna verdadeiro, como exigência de amor, e todos convergem num único mandamento: ama a Deus com todo o coração, e ao teu próximo como a ti mesmo.

A caridade é o pleno cumprimento da lei, escreve são Paulo. Diante desta exigência, por exemplo, o piedoso caso das quatro crianças ciganas, mortas na semana passada na periferia desta cidade, na sua barraca queimada, impõe que nos perguntemos:  se fôssemos uma sociedade mais solidária e fraterna, mais coerente no amor, ou seja mais cristã, não terámos evitado este trágico fato? 
E esta pergunta vale para muitos outros acontecimentos dolorosos, mais ou menos conhecidos, que se verificam diariamente nas nossas cidades e nos nossos povoados.

Papa Bento XVI – 13 de fevereiro de 2011

Hoje celebramos:

terça-feira, 26 de março de 2019

26 de março - Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Mt 18,21


A melhor sensação que podemos ter é sentir misericórdia: esta palavra muda tudo, muda o mundo. Um pouco de misericórdia torna o mundo menos frio e mais justo. Precisamos de compreender bem esta misericórdia de Deus, este Pai misericordioso que tem tanta paciência...
Recordemos o profeta Isaías, quando afirma: mesmo que os nossos pecados fossem vermelhos escarlate, o amor de Deus torná-los-ia brancos como a neve. Como é bela a misericórdia!

Lembro-me que tinha sido feito Bispo há pouco, quando chegou a Buenos Aires a imagem de Nossa Senhora de Fátima e organizou-se uma grande Missa para os doentes. Eu estive a confessar durante aquela Missa. E, quase no fim da Missa veio ter comigo uma mulher idosa, muito humilde, com mais de oitenta anos. Olhei para ela e disse-lhe: Avó, quer confessar-se? Sim, respondeu-me. Mas… não tem pecados! E ela disse-me: Todos temos pecados... Decerto o Senhor não os perdoa... O Senhor perdoa tudo, retorquiu-me segura. E como é que a senhora o sabe? Se o Senhor não perdoasse tudo, o mundo não existiria.
Senti uma vontade enorme de lhe perguntar: Diga-me, senhora! Estudou na [universidade] Gregoriana? Efetivamente, aquela é a sabedoria que dá o Espírito Santo: a sabedoria interior rumo à misericórdia de Deus.

Não esqueçamos esta verdade: Deus nunca Se cansa de nos perdoar; nunca! Mas então, padre, onde está o problema? Bem, o problema está em nós que nos cansamos e não queremos, cansamo-nos de pedir perdão. Ele nunca se cansa de perdoar, mas nós às vezes cansamo-nos de pedir perdão. Não nos cansemos jamais, nunca nos cansemos! Ele é o Pai amoroso que sempre perdoa, cujo coração é cheio de misericórdia por todos nós. E, por nossa vez, aprendamos também a ser misericordiosos para com todos. Invoquemos a intercessão de Nossa Senhora que teve nos seus braços a Misericórdia de Deus feita homem.

Papa Francisco – 17 de março de 2013

Hoje celebramos:


segunda-feira, 25 de março de 2019

25 de março - “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” Lc 1,38


Celebramos hoje a solenidade da Anunciação da Bem-Aventurada Virgem Maria. Gostaria de me deter sobre este maravilhoso mistério da fé, que contemplamos todos os dias na recitação do Angelus. A Anunciação, narrada no início do Evangelho de São Lucas, é um acontecimento humilde, escondido ninguém o viu, ninguém o conheceu, a não ser Maria, mas ao mesmo tempo decisivo para a história da humanidade.

Quando a Virgem pronunciou o seu "sim" ao anúncio do Anjo, Jesus foi concebido e com Ele iniciou a nova era da história, que teria sido depois sancionada na Páscoa como "nova e eterna Aliança". Na realidade, o "sim" de Maria é o reflexo perfeito daquele próprio Cristo quando entrou no mundo, como interretamos o Salmo 39: "Eis que venho como está escrito de Mim no Livro para fazer, ó Deus, a Tua vontade". A obediência do Filho reflete-se na obediência da Mãe e assim, mediante o encontro destes dois "sins", Deus pôde assumir um rosto humano. Eis por que a Anunciação é também festa cristológica, porque celebra um mistério central de Cristo: a sua Encarnação.

"Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra". A resposta de Maria ao Anjo prolonga-se na Igreja, chamada a tornar presente Cristo na história, oferecendo a própria disponibilidade para que Deus possa continuar a visitar a humanidade com a sua misericórdia. O "sim" de Jesus e de Maria renova-se assim no "sim" dos santos, especialmente dos mártires, que são mortos por causa do Evangelho.

Neste tempo quaresmal contemplamos com mais frequência Nossa Senhora que no Calvário sela o "sim" pronunciado em Nazaré. Unida a Jesus, a Testemunha de amor do Pai, Maria viveu o martírio da alma. Invoquemos com confiança a sua intercessão, para que a Igreja, fiel à sua missão, dê ao mundo inteiro testemunho corajoso do amor de Deus.
Papa Bento XVI – 25 de março de 2007

Hoje celebramos:

domingo, 24 de março de 2019

24 de março - Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo.Lc 13,3


Evangelho nos apresenta o convite à conversão da nossa vida e a conceber obras dignas de penitência. Jesus nos recorda dois episódios:  uma repressão brutal da polícia romana dentro do templo e a tragédia dos dezoito mortos devido ao desabamento da torre de Siloé.

O povo interpreta estes acontecimentos como uma punição divina pelos pecados daquelas vítimas e, considerando-se justo, pensa que não está sujeito a estes desastres, acreditando que nada tem para converter na própria vida. Mas Jesus denuncia esta atitude como uma ilusão:  "Julgais que estes Galileus eram maiores pecadores que todos os outros galileus, por terem assim sofrido? Não, digo-vos Eu; mas se não vos arrependerdes, perecereis todos igualmente". E convida a refletir sobre aqueles fatos, para um maior compromisso no caminho de conversão, porque é precisamente o fechamento ao Senhor, o não percorrer o caminho da conversão de si mesmo, que leva à morte, à morte da alma.

Na Quaresma, cada um de nós é convidado por Deus a fazer uma mudança na própria existência pensando e vivendo segundo o Evangelho, corrigindo algo no próprio modo de rezar, de agir, de trabalhar e nas relações com os outros.

A conclusão do trecho evangélico retoma a perspectiva da misericórdia, mostrando a necessidade e a urgência de voltar para Deus, de renovar a vida segundo Deus. Referindo-se a um costume do seu tempo, Jesus apresenta a parábola de uma figueira plantada numa vinha; esta figueira, contudo, é estéril, não dá frutos. O diálogo que se desenvolve entre o dono e o vinhateiro, manifesta, por um lado, a misericórdia de Deus, que é paciente e deixa ao homem, a todos nós, um tempo para a conversão; e, por outro, a necessidade de iniciar imediatamente a mudança interior e exterior da vida para não perder as ocasiões que a misericórdia de Deus nos oferece para superar a nossa preguiça espiritual e corresponder ao amor de Deus com o nosso amor filial.
Papa Bento XVI – 07 de março de 2010

Hoje celebramos:



sábado, 23 de março de 2019

23 der março - Um homem tinha dois filhos. Lc 15,11


Meditamos hoje a passagem do pai e dos dois filhos, mais conhecido como a parábola do "filho pródigo". Ela nunca cessa de nos comover, e todas as vezes que a ouvimos ou lemos é capaz de nos sugerir sempre novos significados. Sobretudo, este texto evangélico tem o poder de nos falar de Deus, de nos fazer conhecer o seu rosto, melhor ainda, o seu coração.
Depois de Jesus nos ter narrado acerca do Pai misericordioso, as coisas já não são como antes, agora conhecemos Deus: Ele é nosso Pai, que por amor nos criou livres e dotados de consciência, que sofre se nos perdemos e faz festa se voltamos. Por isso, a relação com Ele constrói-se através de uma história, analogamente a quanto acontece a cada filho com os próprios pais: no início depende deles; depois reivindica a própria autonomia; e por fim – se há um desenvolvimento positivo – chega a um relacionamento maduro, baseado no reconhecimento e no amor autêntico.
Podemos ler nestas etapas também momentos do caminho do homem na relação com Deus. Pode haver uma fase que é como a infância: uma religião movida pela necessidade, pela dependência. À medida que o homem cresce e se emancipa, quer libertar-se desta submissão e tornar-se livre, adulto, capaz de se regular sozinho e de fazer as próprias escolhas de modo autônomo, pensando até que pode viver sem Deus. Precisamente esta fase é delicada, pode levar ao ateísmo, mas também isto, com frequência, esconde a exigência de descobrir o verdadeiro rosto de Deus.
Felizmente, Deus nunca falta à sua fidelidade e, mesmo se nós nos afastamos e nos perdemos, continua a seguir-nos com o seu amor, perdoando os nossos erros e falando interiormente à nossa consciência para nos chamar a si.
Na parábola, os dois filhos comportam-se de modo oposto: o menor vai embora de casa e cai muito baixo, enquanto o maior permanece em casa, mas também ele tem um relacionamento imaturo com o Pai; de fato, quando o irmão volta, o maior não é feliz como o pai, ao contrário irrita-se e não quer entrar em casa. Os dois filhos representam dois modos imaturos de se relacionar com Deus: a rebelião e a hipocrisia. Estas duas formas superam-se através da experiência da misericórdia. Só experimentando o perdão, só reconhecendo-nos amados por um amor gratuito, maior do que a nossa miséria, mas também maior do que a nossa justiça, entramos finalmente num relacionamento deveras filial e livre com Deus.
Queridos amigos, meditemos esta parábola. Espelhemo-nos nos dois filhos, e sobretudo contemplemos o coração do Pai. Lancemo-nos nos seus braços e deixemo-nos regenerar pelo seu amor misericordioso.
Papa Bento XVI – 14 de março de 2010

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sexta-feira, 22 de março de 2019

22 de março - A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular. Mt 21,42


O Evangelho de hoje termina com uma admoestação de Jesus, particularmente severa, dirigida aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: “O reino de Deus ser-vos-á tirado e será confiado a um povo que produzirá os seus frutos”.

São palavras que fazem pensar na grande responsabilidade de quem, em todas as épocas, é chamado a trabalhar na vinha do Senhor, especialmente com uma função de autoridade, e estimulam a renovar a fidelidade total a Cristo. Ele é a pedra que os construtores rejeitaram, porque o julgaram inimigo da lei e perigoso para a ordem pública; mas Ele mesmo, rejeitado e crucificado, ressuscitou, tornou-se a pedra angular sobre a qual se podem apoiar com segurança absoluta as bases de qualquer existência humana e do mundo inteiro.

Desta verdade fala a parábola dos vinhateiros infiéis, aos quais um homem confiou a sua vinha, para que a cultivassem e recolhessem os frutos. O proprietário da vinha representa o próprio Deus, enquanto que a vinha simboliza o seu povo, assim como a vida que Ele nos doa para que, com a sua graça e com o nosso compromisso, pratiquemos o bem. Santo Agostinho comenta que Deus nos cultiva como um campo para nos tornar melhores. Deus tem um projeto para os seus amigos, mas infelizmente a resposta do homem orienta-se com frequência para a infidelidade, que se traduz em rejeição. O orgulho e o egoísmo impedem que se reconheça e acolha até o dom mais precioso de Deus: o seu Filho unigênito.
Com efeito, quando «hes enviou o seu próprio filho — escreve o evangelista — [os vinhateiros] agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no. Deus entrega-se a si mesmo nas nossas mãos, aceita fazer-se mistério imperscrutável de debilidade e manifesta a sua onipotência na fidelidade a um desígnio de amor que, no final, prevê, contudo, também a justa punição para os malvados.

Firmemente ancorados na fé à pedra angular que é Cristo, permaneçamos n’Ele como o ramo que não pode dar fruto sozinho se não permanecer na videira. Só n’Ele, por Ele e com Ele se edifica a Igreja, povo da nova Aliança.

           
Papa Bento XVI – 02 de outubro de 2011

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quinta-feira, 21 de março de 2019

21 de março - Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!’ Lc 16,29


No Evangelho de hoje, Jesus narra a parábola do homem rico e do pobre Lázaro.
O primeiro vive no luxo e no egoísmo, e quando morre, vai para o inferno. Ao contrário, o pobre, que se alimenta com as migalhas que caem da mesa do rico, quando morre é levado pelos anjos para a casa eterna de Deus e dos santos. 

Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus.

Mas a mensagem da parábola vai além: recorda que, enquanto estivermos neste mundo, devemos ouvir o Senhor que nos fala mediante as sagradas Escrituras e viver segundo a sua vontade, caso contrário, depois da morte, será demasiado tarde para se corrigir.
Portanto, esta parábola diz-nos duas coisas: a primeira é que Deus ama os pobres e eleva-os da sua humilhação; a segunda é que o nosso destino eterno está condicionado pela nossa atitude, compete a nós seguir o caminho que Deus nos mostrou para alcançar a vida, e este caminho é o amor, entendido não como sentimento, mas como serviço aos outros, na caridade de Cristo.

Queridos amigos, só o Amor com o "A" maiúsculo dá a verdadeira felicidade!
           
Papa Bento XVI – 26 de setembro de 2010

Hoje celebramos:

21 de março - Beato Agostinho Zhao Rong


A Igreja Católica deu um novo impulso na evangelização da China após a divulgação de vários decretos imperiais, os quais concediam liberdade religiosa para todos os súditos e autorizavam os missionários a evangelizar em seus vastos domínios. Mas a questão dos "rituais católicos chineses" começou a irritar o imperador, que, influenciado pela perseguição aos cristãos no Japão, resolveu promover a sua também.

No início, a perseguição ocorreu disfarçada e veladamente. Os massacres sangrentos dos cristãos só começaram em 1648. Na época, todos os decretos foram cancelados e as execuções autorizadas, apenas os que renegassem a fé seriam poupados. Do século XVII até a metade do século XIX, muitos missionários e fiéis leigos foram mortos, inclusive monsenhor João Gabriel Taurin Dufresse, das Missões Exteriores de Paris, e que depois também foi beatificado.

Agostinho Zhao Rong nasceu em Kweichou na China em 1746 e aos vinte e seis anos, como um guarda prisional, foi chamado para proteger os cristãos presos durante a perseguição começou em 1772.

Assim, como soldado, Agostinho escoltou monsenhor Dufresse até a cidade de Beijin e o acompanhou até sua execução por decapitação. Ele ficou muito impressionado com a serenidade e a força espiritual de Dufresse, que, apesar de torturado, não renegou a fé em Cristo. Foi assim que se viu tocado pela luz da fé e rogou para que Dufresse o convertesse. Então recebeu o batismo e a confirmação em 28 de agosto de 1772, assumindo o nome de Agostinho em homenagem ao santo do dia. e enviado ao seminário, de onde saiu ordenado sacerdote diocesano. Ele distinguiu-se como pregador, as suas palavras levavam às lágrimas os ouvintes.

O padre Agostinho foi finalmente enviado a Yunnan para converter os pagãos daquela região montanhosa, mas durante a perseguição de 1815 ele foi reconhecido como cristão, preso e submetido a tortura até morrer na prisão em um dia de primavera não especificado. Entretanto, jamais renegou sua fé em Cristo.
Primeiro sacerdote da nacionalidade chinesa, cujo martírio foi atestado, Agostinho Zhao Rong foi canonizado pelo Papa João Paulo II em 1 de outubro de 2000, durante o Grande Jubileu, com outros 119 mártires na China, nativos e missionários.

quarta-feira, 20 de março de 2019

20 de março - Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor. Mt 20,26


No Evangelho Jesus apresenta-Se como servo, oferecendo-Se como modelo a imitar e a seguir. No cenário de fundo do terceiro anúncio da paixão, morte e ressurreição do Filho do Homem, sobressai, pelo seu clamoroso contraste, a cena dos dois filhos de Zebedeu, Tiago e João, que, ao lado de Jesus, ainda correm atrás de sonhos de glória. Pediram-Lhe: Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda. Contundente é a resposta de Jesus, e inesperada a sua pergunta: Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu bebo? A alusão é claríssima: o cálice é o da paixão, que Jesus aceita para cumprir a vontade do Pai. O serviço a Deus e aos irmãos, a doação de si mesmo: esta é a lógica que a fé autêntica imprime e gera na nossa existência quotidiana, mas que está em contradição com o estilo mundano do poder e da glória.

Com o seu pedido, Tiago e João mostram que não compreendem a lógica de vida que Jesus testemunha, aquela lógica que deve – segundo o Mestre –caracterizar o discípulo no seu espírito e nas suas ações. E a lógica errada não reside só nos dois filhos de Zebedeu, mas, segundo o evangelista, contagia também os outros dez apóstolos, que começaram a indignar-se contra Tiago e João. Indignam-se, porque não é fácil entrar na lógica do Evangelho, deixando a do poder e da glória. São João Crisóstomo afirma que ainda eram imperfeitos os apóstolos todos: tanto os dois que procuravam obter precedência sobre os outros dez, como os dez que tinham inveja dos dois. E São Cirilo de Alexandria, acrescenta: O que sucedeu aos santos Apóstolos pode revelar-se, para nós, um estímulo à humildade.

Este episódio deu ocasião a Jesus para Se dirigir a todos os discípulos e chamá-los a Si, de certo modo para os estreitar a Si, a fim de formarem como que um corpo único e indivisível com Ele, e indicar qual é a estrada para se chegar à verdadeira glória, a de Deus: Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo, e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos.
Domínio e serviço, egoísmo e altruísmo, posse e dom, lucro e gratuidade: estas lógicas, profundamente contrastantes, defrontam-se em todo o tempo e lugar. Não há dúvida alguma sobre a estrada escolhida por Jesus: e não Se limita a indicá-la por palavras aos discípulos de ontem e de hoje, mas vive-a na sua própria carne. Efetivamente explica: Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua via em resgate por muitos. 

Papa Bento XVI – 18 de fevereiro de 2012

Hoje celebramos: