Jesus recorda dois
episódios de crônica: uma repressão brutal da polícia romana dentro do
templo e a tragédia dos dezoito mortos devido ao desabamento da torre de Siloé.
O povo interpreta estes acontecimentos como uma punição divina pelos pecados
daquelas vítimas e, considerando-se justo, pensa que não está sujeito a estes
desastres, acreditando que nada tem para converter na própria vida. Mas Jesus denuncia
esta atitude como uma ilusão: "Julgais
que estes Galileus eram maiores pecadores que todos os outros galileus, por
terem assim sofrido? Não, digo-vos Eu; mas se não vos arrependerdes, perecereis
todos igualmente". E convida a refletir sobre aqueles fatos, para um
maior compromisso no caminho de conversão, porque é precisamente o fechamento
ao Senhor, o não percorrer o caminho da conversão de si mesmo, que leva à
morte, à morte da alma. Cada um de nós é convidado por Deus a fazer uma mudança
na própria existência pensando e vivendo segundo o Evangelho, corrigindo algo
no próprio modo de rezar, de agir, de trabalhar e nas relações com os outros.
Jesus dirige-nos este apelo não com uma severidade finalizada para si mesma,
mas precisamente porque se preocupa com o nosso bem, com a nossa felicidade e
salvação. Por nosso lado, devemos responder-lhe com um sincero esforço
interior, pedindo-lhe que nos faça compreender sobretudo em que pontos nos
devemos converter.
A conclusão do trecho
evangélico retoma a perspectiva da misericórdia, mostrando a necessidade e a
urgência de voltar para Deus, de renovar a vida segundo Deus. Referindo-se a um
costume do seu tempo, Jesus apresenta a parábola de uma figueira plantada numa
vinha; esta figueira, contudo, é estéril, não dá frutos. O diálogo que se
desenvolve entre o dono e o vinhateiro, manifesta, por um lado, a misericórdia
de Deus, que é paciente e deixa ao homem, a todos nós, um tempo para a
conversão; e, por outro, a necessidade de iniciar imediatamente a mudança
interior e exterior da vida para não perder as ocasiões que a misericórdia de
Deus nos oferece para superar a nossa preguiça espiritual e corresponder ao
amor de Deus com o nosso amor filial.
Papa
Bento XVI – 07 de março de 2010
Hoje celebramos:
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