Testemunha de
luminosa caridade evangélica é Teresa Grillo Michel, chamada pelo Senhor a
difundir o amor sobretudo entre os mais pobres, mediante a Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência, por ela
fundada.
Sendo de família
aristocrática e abastada, abraçou primeiro a vocação conjugal, casando-se com o
capitão da artilharia João Baptista Michel, mas ficando viúva aos trinta e seis
anos e não tendo filhos, sentiu-se estimulada a dedicar-se completamente ao
serviço dos últimos. Desta maneira, tornou-se mãe de tantos abandonados:
órfãos, idosos e doentes. “Os pobres
aumentam sem conta e seria bom poder abrir os braços para acolher muitos deles
sob a proteção da Divina Providência”: assim se exprimia ao iniciar a sua
obra em Alexandria, sua cidade natal.
No
centro da sua vida espiritual e das Coirmãs está a Eucaristia, cuja imagem quis
bem visível no hábito religioso. Da oração demorada diante do Santíssimo
Sacramento, Teresa hauria inspiração e apoio para a sua quotidiana dedicação
como também para as corajosas iniciativas missionárias, que a levaram várias
vezes até ao Brasil.
Esta
generosa filha do Piemonte coloca-se na esteira dos Santos e Beatos que, no
decorrer dos séculos, levaram ao mundo a mensagem do amor divino através do
serviço activo aos irmãos necessitados. Damos graças a Deus pelo vivo
testemunho de santidade desta Mulher, que enriquece a vossa Região e a Igreja
inteira.
Papa
João Paulo II – Homilia de Beatificação – 24 de maio de 1998
"Que cada uma
das filhas da Divina Providência se glorie de ser uma fonte de água em meio do caminho,
onde todos possam alcançar socorro a toda hora".
Teresa Grillo
nasceu em Spinetta Marengo, província de Alexandria, em 25 de setembro de 1855,
quinta e última filha de José Grillo, médico chefe do Hospital de Alexandria e
de Maria Antonieta Parvopassu, descendente de uma antiga e ilustre família
daquela região; foi batizada no dia seguinte na igreja paroquial de Spinetta,
recebendo o nome de Madalena.
Dotada de um
temperamento inclinado à caridade, alimentado por um ambiente rico em espírito
cristão, em 1º de outubro de 1867 recebeu a Confirmação na catedral de Alexandria
e cinco anos depois, quando ainda se encontrava no colégio, fez a Primeira
Comunhão. Após terminar a escola elementar, que frequentou em Turim, para onde
sua mãe se trasladara para acompanhar os estudos universitários de seu filho
Francisco, em 1867, depois da morte de seu pai, foi matriculada como aluna
interna no colégio das Damas Inglesas, em Lodi, onde se formou com a idade de
18 anos.
Terminado o
colégio, regressou para Alexandria, onde, sempre sob a direção materna, começou
a frequentar as famílias aristocráticas da cidade. Foi precisamente neste
ambiente que conheceu seu futuro esposo, o culto e brilhante capitão de
infantaria, João Batista Michel. Celebrada as bodas em 2 de agosto de 1877,
mudou-se primeiro para Caserta, logo para Acireale, Catania, Portici e
finalmente para Nápoles, lugares para os quais seu esposo fora transferido.
Nesta última cidade, em 13 de junho de 1891, uma fulminante insolação durante
um desfile militar levou à morte o Capitão Michel. Teresa caiu em uma profunda
depressão que quase chegou ao desespero.
Sua recuperação
ocorrida quase de improviso, devido em parte à leitura da vida do Venerável
Cottolengo e à ajuda de seu primo sacerdote, Mons. Prelli, resultou na opção de
abraçar a causa dos pobres e necessitados. Teresa abriu as portas de sua
própria casa senhorial às crianças pobres e às pessoas abandonadas e
necessitadas de ajuda. Ao final do ano 1893, porque “os pobres aumentam a mais não
poder e eu quisera poder alargar os braços para acolher a todos sob as asas da
Divina Providencia”, vendeu a grande casa Michel e adquiriu um velho
edifício na Rua Faa de Bruno. Ali deu início aos trabalhos de reestruturação e
ampliação, construindo um piso superior e comprando algumas pequenas casas
vizinhas. Surgiu assim o “Pequeno Abrigo
da Divina Providência”.
A obra dirigida por
Teresa não ficou livre de adversidades: elas apareceram por parte das
autoridades civis e sobretudo por parte de seus amigos e familiares.
Especialmente diante da incompreensão daqueles, se tornou evidente a
solidariedade e o afeto dos pobres, das pessoas generosas e de suas colaboradoras.
Com a aprovação das autoridades eclesiásticas, em 8 de janeiro de 1899,
vestindo o hábito religioso na capelinha do Pequeno Abrigo, Teresa Grillo, com
oito de suas colaboradoras, deu vida à Congregação das Pequenas Irmãs da Divina
Providência.
Nos próximos 45
anos sua prioridade foi difundir e consolidar o Instituto. Quase imediatamente
depois de realizada a fundação, a Obra começou a ter casas em diversos lugares
do Piemonte, desenvolvendo-se rapidamente inclusive nas regiões do Vêneto, Lombardia,
Liguria, Puglia e Lucania. A partir de 13 de junho de 1900, o Instituto se
estendeu ao Brasil e desde 1927, por solicitude de São Luís Orione, fundou
inclusive casa na Argentina.
Sem medir esforços,
Teresa inspirava e encorajava suas Irmãs com sua carismática e solícita
presença nas comunidades. Em seis oportunidades atravessou o oceano para chegar
até a América Latina, onde, como frutos de sua caridade, surgiram numerosas
fundações com asilos, orfanatos, escolas, hospitais e asilos para idosas. Em
1928, com a idade de 73 anos, Madre Teresa fez a sua oitava viajem.
Em 8 de junho de
1942, a Santa Sé concedia a aprovação apostólica à Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência.
A Beata Teresa
Grillo faleceu em Alexandria no dia 25 de janeiro de 1944, aos 89 anos de
idade. Seu Instituto contava então com 25 casas na Itália, 19 no Brasil e 7 na
Argentina.
Por ocasião da
exposição do Santo Sudário em Turim, no dia 24 de maio de 1998, João Paulo II a
beatificou.