quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

31 de janeiro - Quem é que traz uma lâmpada para colocá-la debaixo de um caixote, ou debaixo da cama? Mc 4,21


O cristão é chamado a ser luz e sal para os demais, mas, qual é a pilha para que o cristão ilumine? Simplesmente a oração. Você pode fazer tantas coisas, tantas obras, inclusive obras de misericórdia, pode fazer tantas coisas grandes para a Igreja – uma universidade católica, um colégio, um hospital… – podem até fazer a você um monumento como benfeitor da Igreja. Mas se não rezar, será um pouco obscuro.

Trata-se, portanto, da oração de adoração ao Pai, de louvor à Trindade, a oração de agradecimento, pode ser também a oração para pedir coisas ao Senhor, mas a oração do coração é o óleo, a pilha que dá vida à luz.

Enfim, a luz e o sal, são para os outros. A luz não ilumina a si mesma; o sal não dá sabor por si só.
Estes dons não acabam nunca porque são uma coisa que é dada como dom e continua a ser doada se continuarmos a dá-la, iluminando e dando.

Ilumina com a sua luz, mas defenda-se da tentação de iluminar a você mesmo. Isto é uma coisa feia, é um pouco como a espiritualidade do espelho: ilumino a mim mesmo. Defenda-se da tentação. Seja luz para iluminar, seja sal para dar sabor e conservar.
Que o Senhor nos ajude nisso, a cuidar sempre da luz, a não escondê-la, mas colocá-la em prática. 

Papa Francisco – 07 de junho de 2016

Hoje celebramos:

31 de janeiro - Beata Ludovica Albertoni


Ludovica nasceu em Roma, de uma família nobre, os Albertoni, em 1473. Perdeu o pai aos dois anos e, por motivo do segundo casamento da mãe, foi entregue aos cuidados de tias paternas e da avó materna, que lhe deram uma esmerada educação.
    
Privilegiada em graça e beleza incomparáveis, Ludovica era admirada e cortejada por muitos jovens da nobreza romana. Mas logo a família prometeu-a ao jovem nobre Giacomo della Cetera. Aos 20 anos casou-se e desse casamento teve três filhas.

No bairro de Trastevere, onde vai passar a maior parte de sua vida, ela frequenta a Igreja de São Francisco a Ripa, absorvendo a espiritualidade franciscana.

As suas características mais marcantes foram a fidelidade no cumprimento dos deveres e o amor aos pobres. Dedicou ao marido um santo afeto; por causa do temperamento brusco de seu esposo o casamento é turbulento, mas Ludovica vive com sacrifício e abnegação confiando na graça do sacramento do matrimônio. Educou as filhas com esmero, orientando-as na oração e nas leituras. Dizia-lhes com frequência que preferia vê-las mortas do que em pecado mortal.

Aos 30 anos, em maio de 1506, ficou viúva, após doze anos de difícil convivência devido à doença de seu marido, mas conseguiu aceitar com resignação esse rude golpe. A morte do marido trouxe-lhe problemas de herança que lhe causaram vexames e humilhações por parte dos parentes. Seu cunhado Domenico, administrador da propriedade, não respeita o direito de sucessão em favor de Ludovica e suas filhas, abrindo assim uma longa e dolorosa controvérsia. Alheia à sua frágil condição de viúva, luta valentemente para que a lei seja aplicada sem demora.  

Depois de dividir os bens entre as filhas, Ludovica adota a regra da Ordem Terceira de São Francisco e passa o resto de sua vida no cuidado dos pobres. "No passado eu era mais do meu marido e de mim mesma - dizia elapara poder me dedicar a Ti, ó Jesus, agora vivendo só para mim, deixo de ser eu para ser toda de Ti".

Sob a orientação dos frades franciscanos da Igreja de São Francisco, na região do Trastevere, passou a trabalhar para os pobres daquela região de Roma. Acompanhou o saque da cidade de Roma, e exerceu incalculável prodigalidade em benefício dos necessitados. Só parte da noite dedicava ao descanso, o resto era para a penitência.

Costumava repetir: Como seria possível viver sem sofrimento, quando se contempla o próprio Deus pregado numa cruz? Todas as manhãs assistia a Santa Missa e recebia devotamente a comunhão. O resto do dia era distribuído entre trabalhos domésticos e assistência aos pobres e doentes, a quem visitava nas próprias casas ou nos hospitais.

Ludovica abraçou a "Dama Pobreza", a esposa mística de São Francisco de Assis, e, renunciando a qualquer privilégio e riqueza de seu status social, deu tudo para os pobres. Dizia com frequência: Se Deus nos concedeu bens terrenos de sobejo foi para os compartilharmos com os mais necessitados”.

Seu extraordinário compromisso com as jovens em perigo, levava-a a corajosamente esforçar-se para levá-las para o bem, ensinando-lhes um trabalho honesto e elevando-as culturalmente.
  
Em dezembro de 1532, Ludovica, doente há algum tempo, piora: a notícia se espalha entre as pessoas que tanto ama e que tanto a amam. Amigos e parentes particularmente próximos a procuram, mas quando ela chega mais perto do fim, ela quer ficar sozinha. Seu único companheiro é o Crucificado que segura em suas mãos. Confiando na Santíssima Virgem se despediu deste mundo com as mesmas palavras de Jesus: "Senhor, em tuas mãos recomendo o meu espírito". É o anoitecer de 31 de janeiro de 1533.

Toda a cidade de Roma deplorou a perda dessa mãe de todos os necessitados. Em conformidade com seus desejos, ela foi enterrada na Capela de Santa Ana na Igreja de São Francisco a Ripa.

Em 1625 as autoridades de cidade reconheceram Ludovica como Padroeira de Roma, escolhendo o dia 31 de janeiro como o dia de sua comemoração. A partir de 1645 o seu retrato é visto na Capela Palatina entre os Padroeiros da Cidade.

Em 28 de janeiro de 1671, o Papa Clemente X beatificou a ancestral do Cardeal Albertoni que então encomendou uma grande reforma na capela dedicada a ela na Igreja de São Francisco, que tornar-se-ia o local de sua veneração.

Em 17 de janeiro de 1674, após a beatificação, e com o reconhecimento das relíquias, seus restos foram transferidos para o altar monumental construído por Gian Lorenzo Bernini.

Hoje, a Beata Ludovica Albertoni é também Patrona da Ordem Franciscana Secular em Roma.


quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

30 de janeiro - Escutai! O semeador saiu a semear. Mc 4,3


No Evangelho de hoje, Jesus dirige-se à multidão com a célebre parábola do semeador. Trata-se de uma página de certo modo autobiográfica, porque reflete a própria experiência de Jesus, da sua pregação: Ele identifica-se com o semeador, que difunde a boa semente da Palavra de Deus, e dá-se conta dos vários efeitos que ela alcança, segundo o tipo de acolhimento reservado ao anúncio.
Há quem ouve superficialmente a Palavra, mas não a acolhe; há outros que a recebem no momento, mas não têm constância e perdem tudo; há depois aqueles que são dominados pelas preocupações e seduções do mundo; e há enfim quantos ouvem de modo receptivo, como o terreno bom: aqui a Palavra produz fruto em abundância.

Mas este Evangelho insiste também sobre o método da pregação de Jesus, ou seja, precisamente sobre o uso das parábolas. Por que lhes falas mediante parábolas? — perguntam os discípulos. E Jesus responde, apresentando uma distinção entre eles e a multidão: aos discípulos, isto é àqueles que já se decidiram a segui-lo, Ele pode falar do Reino de Deus abertamente, mas aos demais, ao contrário, deve anunciá-lo com parábolas, precisamente para estimular a decisão, a conversão do coração; com efeito, pela sua própria natureza as parábolas exigem um esforço de interpretação, interpelam a inteligência mas também a liberdade.
São João Crisóstomo explica: Jesus pronunciou estas palavras com a intenção de atrair a Si os seus ouvintes e de os estimular, assegurando que, se O procurarem, Ele curá-los-á. No fundo, a verdadeira Parábola de Deus é o próprio Jesus, a sua Pessoa que, no sinal da humanidade, esconde e ao mesmo tempo revela a divindade. Deste modo, Deus não nos obriga a crer nele, mas atrai-nos a Si com a verdade e a bondade do seu Filho encarnado: Com efeito, o amor respeita sempre a liberdade.

Papa Bento XVI – 10 de julho de 2011

Hoje celebramos:

30 de janeiro - São Muziano Maria Wiaux


A Igreja hoje exalta um religioso muito simples. Ao longo de toda a sua vida, ele cumpriu a vontade do Senhor sem nunca tardar. Fiel às necessidades e renúncias do governo, São Muziano Maria tem toda a grandeza dos humildes.

Durante sessenta anos de vida religiosa passada nas sombras, ele praticou as observâncias dos irmãos das Escolas Cristãs com uma total generosidade. Para ele, nada era mais importante que a obediência, nada mais alegre do que a pobreza, nada mais urgente que as obrigações da vida comum, a recepção de seus alunos e de qualquer um que viesse a ele. Fiel às tarefas ocultas que lhe foram confiadas, o irmão Muziano ofereceu diariamente a sua vida ao Senhor, num auto esquecimento que se tornou natural para ele. É por isso que ele é uma figura exemplar: ele veio para a santidade na vida diária, seguindo o caminho dos filhos de São João Batista em La Salle com docilidade.

Assistente simples de professor de música e desenho, ou ocupado em muitos serviços necessários em um grande prédio da escola, Irmão Muziano foi sempre iluminada pela presença de Deus. Seu senso de irmãos de oração impressionado e estudantes, a ser chamado de "O Irmão que sempre orou".

É um modelo admirável da "vida de oração". Ele prolongava a adoração e a meditação diante do Santíssimo Sacramento o máximo que podia; brilhava com alegria em comunicar cada dia ao Corpo de Cristo; ele não começava um trabalho sem invocar o Senhor e venerar a Cruz. A cada momento, com o rosário na mão, ele invocava a santa Virgem com justa devoção, como estas palavras demonstram: "Para chegar a uma união íntima com nosso Senhor, pegue a estrada para Maria, onde não há tarefa ou sombra que pode parar a sua viagem para Jesus.”

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 10 de dezembro de 1989

O irmão Muziano Maria (Luís José Wiaux) nasceu em 20 de março de 1841 em Mellet, na Bélgica, e foi batizado no mesmo dia. Recebeu de seus pais uma educação profundamente cristã, testemunhada por exemplos, e logo se tornou um modelo para seus companheiros, particularmente por sua devoção à Virgem.
Depois de completar seus estudos obrigatórios, ele vai para a oficina de seu pai, o ferreiro de Mellet, mas alguns meses depois o Senhor o chama para uma vida consagrada ao seu serviço.

Com a idade de quinze anos, de fato, em 7 de abril de 1856, ingressou no noviciado dos Irmãos das Escolas Cristãs. Na festa da Visitação recebe, com o seu hábito religioso, o nome do irmão Muziano Maria.

O campo de seu primeiro apostolado catequético e didático é uma classe de crianças em Chimay; então ele ensina por um ano em Bruxelas. Em 1859, a obediência religiosa transferiu-o para o colégio de Malonne: ele permaneceu lá até a sua morte em 1917.

Quando confrontado com dificuldades de natureza profissional, devido à pouca idade e inexperiência, correu o risco de ser retirado da Congregação como inapto para o apostolado na escola. Esse duro teste marca o início de uma atividade humilde e oculta com tarefas bastante modestas: relógios, lições complementares em desenho e música, embora não tenha aptidões particulares para essas duas disciplinas. Sempre obediente e prestativo, espera o estudo do piano, do harmônio e dos outros instrumentos, encontrando a força de seu constante compromisso com o amor de Deus, e isso há mais de cinquenta anos!
Lembrando que sua Congregação foi fundada para "a educação cristã dos pobres", ele pediu aos superiores para ir à escola gratuita anexada ao colégio para ensinar o catecismo aos filhos do povo a quem ele se sente particularmente próximo nos longos anos em que o compromisso extraordinário e dedicação revela as riquezas da fé para eles. Para todos os seus alunos, ricos ou pobres, grandes ou pequenos, o irmão Muziano é um modelo, um sinal da presença de Deus e de sua bondade. O bem que ele percebe é incalculável: os jovens que ele cuidou irão testemunhar isso.

A característica do irmão Muziano é a obediência, até mesmo heroica, a todas as prescrições da regra. Ele testemunhará ao irmão que viveu muitos anos com ele em comunidade: "Tome a regra do primeiro ao último capítulo: sob cada artigo escreva: O irmão Muziano o observou ao pé da letra! Será sua biografia mais fiel". Na adesão serena e mais confiante à vontade dos superiores, durante mais de cinquenta anos, ele desempenha fielmente as tarefas que lhe são confiadas. O irmão Muziano comprometeu-se a uma escolha específica: fazer a vontade de Deus em tudo e com a máxima perfeição.

Seguindo os ensinamentos de seu Fundador, ele se deixa guiar pela fé que o faz ver Deus em todas as ações. O novo Santo vive em contato contínuo com o Senhor; Sua presença é ininterrupta. Às quatro e meia da manhã ele já está de joelhos diante do Tabernáculo; depois passa para o altar de Maria. Durante o dia, o rosário flui entre os dedos; o movimento dos lábios revela sua oração contínua. Frequente, durante o dia visitas ao Santíssimo Sacramento, bem como sua peregrinação à gruta de Nossa Senhora de Lourdes, erguida no parque da faculdade, e para outros lugares de devoção.

Os alunos, admirados pela sua piedade, chamam-no "o Irmão que reza sempre". Ele os incita a insistir na devoção à Eucaristia e à Santíssima Virgem, e todos sabem que o convite vem de uma prática diária e duradoura.

No final de sua vida, ele pode exclamar com humildade e gratidão: "Quão felizes estamos quando estamos, como eu, à beira do túmulo e sempre houve uma grande devoção a Nossa Senhora!". Esta é sua última mensagem antes de entrar em agonia.

O irmão Muziano entregou sua alma a Deus em 30 de janeiro de 1917. No dia da sua morte, os favores são atribuídos à sua intercessão. Logo multidões de peregrinos correm para o túmulo. Milagres se multiplicam. 

Em 1977, Paulo VI beatificou este humilde religioso, vivido pela oração, pela humildade, pelo trabalho e pela obediência. João Paulo II o canonizou em 10 de dezembro de 1989 e apresenta-o como modelo a todos os cristãos e especialmente a seus irmãos e educadores, aos quais se confia a delicada tarefa de formar cidadãos honestos para as realidades terrenas e almas escolhidas para o céu.


terça-feira, 29 de janeiro de 2019

29 de janeiro - São Sulpício Severo


Quase tudo o que sabemos da vida de São Sulpício Severo vem de umas poucas alusões feitas em suas próprias obras, algumas passagens em cartas de seu amigo Paulino, bispo de Nola, e uma curta biografia escrita na De Viris Illustribus de Genádio de Massilia.

Nasceu em Agem, França, em meados do século III, de pais nobres na Aquitânia, Severo teve uma educação privilegiada. Ele estudou jurisprudência e tinha um certo renome como um eloquente advogado e este conhecimento do direito romano aparece em partes de sua obra. Ele se casou com a filha de uma rica família consular, que morreu cedo e sem filhos.

Aos 55 anos, Severo acabou sob a poderosa influência de Martinho, bispo de Tours, por quem ele foi convencido a doar sua riqueza aos pobres e dedicar sua vida às boas obras e à meditação.

Estas escolhas acabaram provocando conflito com o pai de Severo, o único apoio que recebeu foi o de sua sogra, Bássula, que lhe ofereceu uma casa, na qual morou até o fim de seus dias, agrupando monges e clérigos.
Usando as palavras de seu amigo, Paulino, ele rompeu com seu pai, seguiu Cristo e colocou os ensinamentos do "pescador" muito acima de seus "conhecimentos de Cícero".

Ele não passou de presbítero na igreja. Sua ordenação foi citada por Genádio, mas nenhum detalhe de suas atividades como sacerdote chegou até nossos dias. Conta-se também que, já idoso, teria abraçado o pelagianismo, mas que se arrependeu e impôs a si mesmo uma severa punição, que durou muito tempo. Ele passou a vida toda em Toulouse e redondezas.

Em muitos aspectos, duas pessoas não poderiam ser mais diferentes do que Severo, o acadêmico e orador, versado nos clássicos, e Martinho, o duro bispo, ignorante, desconfiado da cultura, campeão da vida monástica, vidente e realizador de milagres. Ainda assim, o espírito do rude santo subjugou o do lapidado acadêmico e as obras de Severo só são importantes por que elas refletem as ideias, a influência e as aspirações de Martinho, o mais importante clérigo da Gália.

Escreveu obras como, por exemplo, “Crônicas”, onde resumiu toda a história judaica, desde suas origens até o quarto século depois de Cristo; e também foi o biógrafo de São Martinho, seu mestre e amigo.
Não se sabe, ao certo, a data da morte de São Sulpício, mas foi entre 406 e 432.

29 de janeiro - Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe. Mc 3,35


Maria é a mulher da escuta: vemo-lo no encontro com o Anjo e vemo-lo de novo em todas as cenas da sua vida, desde as bodas de Caná, até à cruz e até ao dia do Pentecostes, quando está entre os apóstolos precisamente para acolher o Espírito. É o símbolo da abertura, da Igreja que espera a vinda do Espírito Santo.

Já no momento do anúncio podemos captar a atitude da escuta uma escuta verdadeira, uma escuta que se deve interiorizar, que não diz simplesmente sim, mas assimila a Palavra, toma a Palavra e depois fazer seguir a verdadeira obediência, como se fosse uma Palavra interiorizada, isto é, que se tornou Palavra em mim e para mim, quase forma da minha vida. Isto parece-me muito bonito: ver esta escuta ativa, isto é, uma escuta que atrai a Palavra de modo que entre e se torne em mim Palavra, refletindo-a e aceitando-a até ao íntimo do coração. Assim a Palavra torna-se encarnação.

Vemos o mesmo no Magnificat. Sabemos que é um tecido feito de palavras do Antigo Testamento. Vemos que Maria é realmente uma mulher da escuta, que conhecia no coração a Escritura. Não conhecia só alguns textos, mas identificava-se a tal ponto com a Palavra que as palavras do Antigo Testamento se tornaram, sintetizadas, um cântico no seu coração e nos seus lábios. Vemos que a sua vida estava realmente imbuída da Palavra; tinha entrado na Palavra, tinha-a assimilado e tinha-se tornado vida nela, transformando-se depois de novo em Palavra de louvor e de anúncio da grandeza de Deus.

Parece-me que São Lucas, referindo-se a Maria, diz pelo menos três vezes, talvez quatro, que assimilou e conservou no seu coração as Palavras. Era, para os Padres, o modelo da Igreja, o modelo do crente que conserva a Palavra, traz em si a Palavra; não só a lê, a interpreta com o intelecto para saber o que ela foi naquele tempo, quais são problemas filológicos. Tudo isto é interessante, importante, mas é mais importante ouvir a Palavra que deve ser conservada e que se torna Palavra em mim, vida em mim e presença do Senhor. Por isso, parece-me importante o nexo entre mariologia e teologia da Palavra.

É óbvio: Nossa Senhora é palavra de escuta, palavra silenciosa, mas também palavra do louvor, do anúncio, porque a Palavra na escuta se torna de novo carne e assim torna-se presença da grandeza de Deus.

Papa Bento XVI – 26 de fevereiro de 2009

Hoje celebramos:

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

28 de janeiro - Beata Olimpia (Olha Bida)


“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos" (Jo 15, 13). Os mártires que hoje são declarados Beatos seguiram o Bom Pastor até ao fim. Que o seu testemunho não permaneça para vós simplesmente um orgulho: que ele se torne ao contrário um convite a imitá-los.
Com o Batismo, cada cristão é chamado à santidade. Nem a todos é pedida, como a estes novos beatos mártires, a prova suprema da efusão do sangue. Mas a cada um é confiada a tarefa de seguir Cristo com generosidade quotidiana e fiel.
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 27 de junho de 2001

Olha Bida nasceu em 1903 na aldeia de Tsebliv (região de Lviv) na Ucrânia. Sua família tinha três filhos e Olha após se formar na quarta série entrou para a Congregação das Irmãs de São José. Fez seus votos, assumindo o nome de Olimpia. Sabe-se que ela realizou suas atividades pastorais na aldeia de Zhuzhil, trabalhando na escola na área rural, dedicando-se à educação das meninas.
Em 1938 foi eleita superiora, e se dedicou a atender as necessidades sociais e espirituais do povo, apesar das dificuldades e pressão comunista.

Em 1939 foi realizada uma ofensiva contra a Igreja e as freiras foram advertidas que deveriam tirar seus hábitos para evitar a prisão. Os cidadãos passavam fome, e as irmãs se uniam para distribuir os poucos alimentos e celebrar orações juntos.

Depois de 1945, durante a perseguição comunista, ela fez o trabalho apostólico, substituindo vários sacerdotes que haviam desaparecido nas prisões e nos campos de concentração soviéticos. 

Em abril de 1950, a irmã Olimpia também foi capturada junto com a irmã Laurentia, enquanto acompanhavam o funeral de um fiel no cemitério. Em 27 de maio de 1950, foi declarado culpado de atividade antissoviética e depois deportado para o campo de concentração de Kharsk, na fria e inóspita Sibéria, onde morreu em decorrência dos maus tratos e falta de assistência médica, em 28 de janeiro de 1952, aos 49 anos. 

Ela foi beatificada em 27 de junho de 2001, junto com outros 24 mártires ucranianos pelo papa João Paulo II em Lviv durante sua peregrinação apostólica à gloriosa terra da Ucrânia.

28 de janeiro - Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado. Mc 3,28


Marcos escreve, citando as palavras do Senhor: Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos filhos dos homens — e sabemos que o Senhor perdoa tudo, se abrirmos um pouco, totalmente, o coração! — os pecados e todas as blasfêmias que disserem — até as blasfêmias serão perdoadas! — mas quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo não será perdoado eternamente: é réu de culpa eterna.

Assim esta pessoa, quando o Senhor voltar, ouvirá estas palavras: “Afasta-te de mim!”. E isto porque, a grande unção sacerdotal de Jesus foi o Espírito Santo quem a fez no seio de Maria: os sacerdotes, na celebração de ordenação, são ungidos com o óleo; e fala-se sempre da unção sacerdotal.
Até Jesus, como sumo sacerdote, recebeu esta unção. E a primeira unção foi a carne de Maria por obra do Espírito Santo. Assim, quem blasfema sobre isto, fá-lo sobre o fundamento do amor de Deus, que é a redenção, a recriação; blasfema sobre o sacerdócio de Cristo.

O Senhor perdoa tudo mas quem diz tais coisas está fechado ao perdão, não quer ser perdoado, nem se deixa perdoar. Precisamente esta é a fealdade da blasfêmia contra o Espírito Santo: não se deixar perdoar, porque renega a unção sacerdotal de Jesus feita pelo Espírito Santo.

Papa Francisco – 23 de janeiro de 2017

Hoje celebramos:


domingo, 27 de janeiro de 2019

27 de janeiro - São Vitaliano - Papa


São Vitaliano foi o Papa de número 76 da Igreja Católica entre 13 de agosto de 657 e o ano de 672. Pouco sabemos sobre sua vida, a data de seu nascimento, por exemplo, ainda é um mistério para os pesquisadores. Sabe-se apenas que ele era natural de Segni, na Itália. Vitaliano sempre foi um homem da Igreja e fiel defensor do catolicismo romano. Poucos anos antes de sua eleição para o posto de Sumo Pontífice, houve um grave problema envolvendo o imperador Constante II e o Papa Martinho I. Um grave conflito que resultou na prisão e exílio deste papa, o qual viria a falecer já com um sucessor eleito quando estava em Crimeia. Martinho I foi sucedido por um breve pontificado de Eugênio I, também acompanhado por Vitaliano. Após três anos do papado de Eugênio I, Vitaliano foi eleito no dia 30 de julho de 657 para ser seu sucessor.

Seu pontificado caracterizou-se pela luta contra o monotelismo, doutrina medieval que defendia a existência de uma só vontade e atividade nas duas naturezas de Jesus Cristo (em oposição à interpretação emanada da Igreja que encontrava duas vontades, correspondentes a suas duas naturezas, na segunda pessoa da Santíssima Trindade).

A disputa sobre esta questão se tinha exacerbado em consequência do edito Typos, publicado em 648 pelo imperador bizantino Constante II Heraclio, no qual se proibia a discussão sobre o tema, atendo-se ao dogma oficial da Igreja.
O edito foi mal recebido no Oriente, onde os monotelitas tinham grande força e causou uma separação entre os ramos oriental e ocidental da Igreja.

Vitaliano esforçou-se por fazer frente à situação com diplomacia e não entrou em confronto com o Imperador condenando o edito, como lhe pediam seus conselheiros.

Graças a isto, Constante II confirmou a nomeação de Vitaliano e as relações com Bizancio ficaram mais fluídas a partir desse momento.

A postura conciliadora do Papa Vitaliano reflete na expansão da autoridade pontifícia sobre o território europeu. O papa convocou, então, o VI Concílio Ecumênico para reestabelecer a paz religiosa. No entanto, Vitaliano morreria antes de sua conclusão. Mas deixaria como legado a adoção da liturgia romana no território britânico, além de espalhar núncios por outras regiões do continente. Ele foi o primeiro papa a autorizar o uso do órgão nas cerimônias religiosas e também destacou-se pela conversão dos lombardos ao cristianismo.

O papado de Vitaliano durou 14 anos. O papa faleceu no dia 27 de janeiro de 672 e foi sucedido pelo Papa Adeodato II.

27 de janeiro - Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir. Lc 4,21


A liturgia apresenta-nos, unidos, dois trechos distintos do Evangelho de Lucas. O primeiro é o prólogo, dirigido a um certo Teófilo; dado que em grego este nome significa amigo de Deus, nele podemos ver cada fiel que se abre a Deus e quer conhecer o Evangelho. O segundo trecho, ao contrário, apresenta-nos Jesus que com o poder do Espírito vai sábado à sinagoga de Nazaré.

Como bom observante, o Senhor não se subtrai ao ritmo litúrgico semanal e une-se à assembleia dos seus compatriotas na oração e na escuta das Escrituras. O rito prevê a leitura de um texto da Tora, ou dos Profetas, seguida de um comentário. Naquele dia, Jesus ergueu-se para ler e encontrou um trecho do profeta Isaías que começa assim: O espírito do Senhor repousa sobre mim, / porque o Senhor me consagrou pela unção; / enviou-me a levar a boa nova aos humildes. Orígenes comenta: Não é por acaso que ele abriu o rolo e encontrou o capítulo da leitura que profetiza acerca dele, mas também isto foi obra da providência de Deus.
Com efeito, após ter terminado a leitura, num silêncio repleto de atenção, Jesus disse: Hoje cumpriu-se este oráculo que [agora] vós acabais de ouvir. São Cirilo de Alexandria afirma que o hoje, inserido entre a primeira e a última vinda de Cristo, está vinculado à capacidade que o fiel tem de ouvir e de se arrepender. Mas, num sentido ainda mais radical, o próprio Jesus é o hoje da salvação na história, porque leva a cumprimento a plenitude da redenção.
O termo hoje, leva-nos ao título cristológico preferido pelo mesmo evangelista, ou seja, salvador (sōtēr). Já nas narrações da infância, ele é apresentado com as palavras que o anjo dirigiu aos pastores: Hoje nasceu-vos na Cidade de David um Salvador, Cristo Senhor.

Caros amigos, este trecho interpela-nos hoje também a nós. Antes de tudo, faz-nos pensar no nosso modo de viver o domingo: dia do descanso e da família, mas antes ainda dia a dedicar ao Senhor, participando na Eucaristia, na qual nos alimentamos do Corpo e Sangue de Cristo e da sua Palavra de vida.
Em segundo lugar, no nosso tempo dispersivo e distraído, este Evangelho convida-nos a interrogar-nos sobre a nossa capacidade de escuta. Antes de poder falar de Deus e com Deus, é preciso ouvi-lo, e a liturgia da Igreja é a escola desta escuta do Senhor que nos fala.

Papa Bento XVI – 27 de janeiro de 2013

Hoje celebramos:


sábado, 26 de janeiro de 2019

26 de janeiro - O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. Lc 10,1


Hoje, o Evangelho apresenta Jesus que envia setenta e dois discípulos para os povoados aonde Ele deveria ir, a fim de que preparassem o ambiente. Esta é uma particularidade do Evangelista Lucas, que ressalta o fato de que a missão não está reservada aos doze Apóstolos, mas envolve também outros discípulos. Com efeito diz Jesus "a messe é grande, mas os trabalhadores são poucos".

No campo de Deus, há trabalho para todos. Mas Cristo não se limita a enviar: Ele oferece também aos missionários regras de comportamento claras e específicas. Em primeiro lugar, envia-os "dois a dois", para que se ajudem mutuamente e deem testemunho de amor fraternal. Adverte-os que serão "como cordeiros no meio de lobos": ou seja, deverão ser pacíficos apesar de tudo e transmitir uma mensagem de paz em todas as situações; não levarão consigo roupas, nem dinheiro, vivendo daquilo que a Providência lhes oferecer; cuidarão dos enfermos, como sinal da misericórdia de Deus; onde forem rejeitados, ir-se-ão, limitando-se a alertar acerca da responsabilidade da recusa ao Reino de Deus.

Este Evangelho desperte em todos os batizados a consciência de que são missionários de Cristo, chamados a preparar-lhe o caminho mediante as palavras e o testemunho da vida.

Papa Bento XVI – 08 de julho de 2007

Hoje celebramos:


26 de janeiro - Beato José Gabriel do Rosário Brochero


Deus é como os piolhos: está em todas as partes, mas prefere os pobres”. 

José Gabriel do Rosário Brochero nasceu no dia 16 de março de 1840, em Carreta Quemada, perto de Santa Rosa de Primero Rio, na região norte de Córdoba (Argentina), era o quarto de dez irmãos. Quatorze anos depois, entrou no Seminário de Nossa Senhora de Loreto e em 1858 frequentou a Universidade Nacional Maior de San Carlos, onde conheceu o futuro presidente Miguel Juárez Celman, com quem iniciou uma perdurável amizade. Em 4 de novembro de 1866 foi ordenado sacerdote, e se caracterizou por pregar o Evangelho com uma linguagem simples, para torná-lo compreensível.

Depois de desempenhar seu ministério sacerdotal na catedral de Córdoba e servir como prefeito de estudos do Colégio seminário Nossa Senhora de Loreto, em 19 de novembro de 1869, foi eleito vigário do departamento San Alberto, local com cerca de 10 mil habitantes. Desde então, permaneceu em Villa del Transito, a localidade que desde 1916 leva seu nome.

Alguns anos depois, o Pe. Brochero teve um papel ativo na epidemia de cólera que atingiu a cidade de Córdoba. “Ajudava os doentes, oferecendo consolo. Este foi um dos períodos mais exemplares, mais perigosos, mais fatigantes e heroicos de sua vida”, assinalou seu amigo Ramón J. Cárcano.

“Morreu da mesma forma na qual viveu, com muita humildade e simplicidade”, afirmou o Pe. Guido Ricotti, atual pároco de Vila Cura Brochero. “O Senhor me deu a saúde, ele me a retira. Devemos estar sempre de acordo com os desígnios de Deus”, afirmava ‘Brochero’, que morreu leproso e cego, no dia 26 de janeiro de 1914.

O Padre Brochero foi declarado venerável em fevereiro de 2004 por São João Paulo II. Em 20 de dezembro de 2012, Bento XVI assinou o decreto que reconhecia o milagre atribuído a sua intercessão.

A junta médica validou a cura e recuperação sem explicação científica de Camila Brusotti, em San Juan (Argentina). A menina tinha ficado à beira da morte depois de ser espancada.

Foi beatificado no dia 14 de setembro de 2013 na Vila Cura Brochero, na cidade de Córdoba (Argentina), em uma Missa multitudinária presidida pelo Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

Por ocasião deste acontecimento, o Papa Francisco enviou uma carta aos argentinos, destacando que “o Padre Brochero tem a atualidade do Evangelho, é um pioneiro em sair às periferias geográficas e existenciais para levar a todos o amor, a misericórdia de Deus”.

“Não ficou no âmbito paroquial, percorreu dezenas de quilômetros a cavalo e acabou adoecendo de lepra, com o objetivo de procurar as pessoas, como um sacerdote guia de ruas da fé”, ressaltou o Pontífice.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

25 de janeiro - Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Mc 16,16


Precisamente no caminho de Damasco, nos primeiros anos 30 do século I, e depois de um período no qual tinha perseguido a Igreja, verificou-se o momento decisivo da vida de Paulo. Ali aconteceu uma mudança, aliás, uma inversão de perspectiva. Então ele, inesperadamente, começou a considerar "perda" e "esterco" tudo o que antes constituía para ele o máximo ideal, quase a razão de ser da sua existência. O que tinha acontecido?

Em relação a isto as mais conhecidas, são as narrações pela mão de Lucas, que por três vezes narra o acontecimento nos Atos dos Apóstolos. O leitor médio é talvez tentado a deter-se demasiado nalguns pormenores, como a luz do céu, a queda por terra, a voz que chama, a nova condição de cegueira, a cura e a perda da vista e o jejum. Mas todos estes pormenores se referem ao centro do acontecimento:  Cristo ressuscitado mostra-se como uma luz maravilhosa e fala a Saulo, transforma o seu pensamento e a sua própria vida. O esplendor do Ressuscitado torna-o cego:  assim vê-se também exteriormente o que era a sua realidade interior, a sua cegueira em relação à verdade, à luz que é Cristo. E depois o seu "sim" definitivo a Cristo no batismo volta a abrir os seus olhos, faz com que ele realmente veja.

Na Igreja antiga o batismo era chamado também "iluminação", porque este sacramento realça, faz ver realmente. O que assim se indica teologicamente, em Paulo realiza-se também fisicamente:  curado da sua cegueira interior, vê bem. Portanto, São Paulo foi transformado não por um pensamento mas por um acontecimento, pela presença irresistível do Ressuscitado, da qual nunca poderá sucessivamente duvidar, dado que foi muito forte a evidência do acontecimento, deste encontro. Ele mudou fundamentalmente a vida de Paulo; neste sentido pode e deve falar-se de uma conversão.

Voltando a nós, perguntamo-nos o que significa isto para nós? Significa que também para nós o cristianismo não é uma nova filosofia ou uma nova moral. Somos cristãos unicamente se encontramos Cristo. Certamente Ele não se mostra a nós deste modo irresistível, luminoso, como fez com Paulo para fazer dele o apóstolo de todas as nações. Mas também nós podemos encontrar Cristo, na leitura da Sagrada Escritura, na oração, na vida litúrgica da Igreja. Podemos tocar o coração de Cristo e sentir que Ele toca o nosso. Só nesta relação pessoal com Cristo, só neste encontro com o Ressuscitado nos tornamos realmente cristãos. E assim abre-se a nossa razão, abre-se toda a sabedoria de Cristo e toda a riqueza da verdade. Portanto rezemos ao Senhor para que nos ilumine, para que nos doe no nosso mundo o encontro com a sua presença:  e assim nos conceda uma fé viva, um coração aberto, uma grande caridade para todos, capaz de renovar o mundo.

Papa Bento XVI – 03 de setembro de 2008

Hoje celebramos:


25 de janeiro - Beata Teresa Grillo Michel


Testemunha de luminosa caridade evangélica é Teresa Grillo Michel, chamada pelo Senhor a difundir o amor sobretudo entre os mais pobres, mediante a Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência, por ela fundada. 

Sendo de família aristocrática e abastada, abraçou primeiro a vocação conjugal, casando-se com o capitão da artilharia João Baptista Michel, mas ficando viúva aos trinta e seis anos e não tendo filhos, sentiu-se estimulada a dedicar-se completamente ao serviço dos últimos. Desta maneira, tornou-se mãe de tantos abandonados: órfãos, idosos e doentes. “Os pobres aumentam sem conta e seria bom poder abrir os braços para acolher muitos deles sob a proteção da Divina Providência”: assim se exprimia ao iniciar a sua obra em Alexandria, sua cidade natal. 

No centro da sua vida espiritual e das Coirmãs está a Eucaristia, cuja imagem quis bem visível no hábito religioso. Da oração demorada diante do Santíssimo Sacramento, Teresa hauria inspiração e apoio para a sua quotidiana dedicação como também para as corajosas iniciativas missionárias, que a levaram várias vezes até ao Brasil. 
Esta generosa filha do Piemonte coloca-se na esteira dos Santos e Beatos que, no decorrer dos séculos, levaram ao mundo a mensagem do amor divino através do serviço activo aos irmãos necessitados. Damos graças a Deus pelo vivo testemunho de santidade desta Mulher, que enriquece a vossa Região e a Igreja inteira. 

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 24 de maio de 1998

"Que cada uma das filhas da Divina Providência se glorie de ser uma fonte de água em meio do caminho, onde todos possam alcançar socorro a toda hora".

Teresa Grillo nasceu em Spinetta Marengo, província de Alexandria, em 25 de setembro de 1855, quinta e última filha de José Grillo, médico chefe do Hospital de Alexandria e de Maria Antonieta Parvopassu, descendente de uma antiga e ilustre família daquela região; foi batizada no dia seguinte na igreja paroquial de Spinetta, recebendo o nome de Madalena.

Dotada de um temperamento inclinado à caridade, alimentado por um ambiente rico em espírito cristão, em 1º de outubro de 1867 recebeu a Confirmação na catedral de Alexandria e cinco anos depois, quando ainda se encontrava no colégio, fez a Primeira Comunhão. Após terminar a escola elementar, que frequentou em Turim, para onde sua mãe se trasladara para acompanhar os estudos universitários de seu filho Francisco, em 1867, depois da morte de seu pai, foi matriculada como aluna interna no colégio das Damas Inglesas, em Lodi, onde se formou com a idade de 18 anos.

Terminado o colégio, regressou para Alexandria, onde, sempre sob a direção materna, começou a frequentar as famílias aristocráticas da cidade. Foi precisamente neste ambiente que conheceu seu futuro esposo, o culto e brilhante capitão de infantaria, João Batista Michel. Celebrada as bodas em 2 de agosto de 1877, mudou-se primeiro para Caserta, logo para Acireale, Catania, Portici e finalmente para Nápoles, lugares para os quais seu esposo fora transferido. Nesta última cidade, em 13 de junho de 1891, uma fulminante insolação durante um desfile militar levou à morte o Capitão Michel. Teresa caiu em uma profunda depressão que quase chegou ao desespero.

Sua recuperação ocorrida quase de improviso, devido em parte à leitura da vida do Venerável Cottolengo e à ajuda de seu primo sacerdote, Mons. Prelli, resultou na opção de abraçar a causa dos pobres e necessitados. Teresa abriu as portas de sua própria casa senhorial às crianças pobres e às pessoas abandonadas e necessitadas de ajuda. Ao final do ano 1893, porque “os pobres aumentam a mais não poder e eu quisera poder alargar os braços para acolher a todos sob as asas da Divina Providencia”, vendeu a grande casa Michel e adquiriu um velho edifício na Rua Faa de Bruno. Ali deu início aos trabalhos de reestruturação e ampliação, construindo um piso superior e comprando algumas pequenas casas vizinhas. Surgiu assim o “Pequeno Abrigo da Divina Providência”.

A obra dirigida por Teresa não ficou livre de adversidades: elas apareceram por parte das autoridades civis e sobretudo por parte de seus amigos e familiares. Especialmente diante da incompreensão daqueles, se tornou evidente a solidariedade e o afeto dos pobres, das pessoas generosas e de suas colaboradoras. Com a aprovação das autoridades eclesiásticas, em 8 de janeiro de 1899, vestindo o hábito religioso na capelinha do Pequeno Abrigo, Teresa Grillo, com oito de suas colaboradoras, deu vida à Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência.

Nos próximos 45 anos sua prioridade foi difundir e consolidar o Instituto. Quase imediatamente depois de realizada a fundação, a Obra começou a ter casas em diversos lugares do Piemonte, desenvolvendo-se rapidamente inclusive nas regiões do Vêneto, Lombardia, Liguria, Puglia e Lucania. A partir de 13 de junho de 1900, o Instituto se estendeu ao Brasil e desde 1927, por solicitude de São Luís Orione, fundou inclusive casa na Argentina.

Sem medir esforços, Teresa inspirava e encorajava suas Irmãs com sua carismática e solícita presença nas comunidades. Em seis oportunidades atravessou o oceano para chegar até a América Latina, onde, como frutos de sua caridade, surgiram numerosas fundações com asilos, orfanatos, escolas, hospitais e asilos para idosas. Em 1928, com a idade de 73 anos, Madre Teresa fez a sua oitava viajem.

Em 8 de junho de 1942, a Santa Sé concedia a aprovação apostólica à Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência.

A Beata Teresa Grillo faleceu em Alexandria no dia 25 de janeiro de 1944, aos 89 anos de idade. Seu Instituto contava então com 25 casas na Itália, 19 no Brasil e 7 na Argentina.

Por ocasião da exposição do Santo Sudário em Turim, no dia 24 de maio de 1998, João Paulo II a beatificou.