sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Santo Afonso Rodríguez, o santo porteiro jesuíta

Esse filho predileto da Santíssima Virgem, tornou-se grande santo e místico na humilde função de irmão leigo

Afonso Rodríguez nasceu a 25 de julho de 1531, numa família de sete filhos e quatro filhas, sendo o segundo da numerosa prole. Como não era raro na época, seus pais, bastante virtuosos, criaram os filhos no amor e no temor de Deus e na devoção à Nossa Senhora.

Desde pequeno Afonso aprendeu a invocá-La e, em sua inocência, confiava-Lhe todos seus desejos e apreensões. Certo dia –– estaria ele já entrando na adolescência –– disse à Maria:
“Ó Senhora, se Vós soubésseis quanto Vos amo! Eu Vos amo tanto, que Vós não podeis amar-me mais do que eu a Vós”.
Ao que, aparecendo-lhe, disse-lhe a Rainha dos Céus:
“Você se engana, meu filho, porque eu o amo muito mais do que você pode me amar”.
Foi na cidade de Segóvia, na Espanha, onde nasceu o Santo e tomou o primeiro contato com a Companhia de Jesus.

Dois religiosos jesuítas, indo pregar missão em Segóvia, hospedaram-se em sua casa. Afonso e seu irmão foram designados para atendê-los, e receberam, em troca do esmero com que o fizeram, bons conselhos e orientação religiosa. Foi o primeiro contato que o futuro santo manteve com os jesuítas.

Com eles começariam, Afonso e seu irmão, seus estudos no colégio da Companhia em Alcalá. Dir-se-ia que o futuro de Afonso estava traçado: tornar-se-ia um sacerdote da Companhia de Jesus e brilharia por sua eloquência e santidade. Nada disso.
Os caminhos da Providência eram outros. Afonso teve que interromper os estudos, com a morte do pai, pois, como seu irmão estava mais adiantado neles, era preferível que se formasse. Assim, Afonso tomou um rumo oposto: tornou-se o encarregado da loja de tecidos do falecido progenitor, e casou-se. Nasceram-lhe os dois primeiros filhos, um casal. Estava ele assim encaminhado para uma vida virtuosa dentro dos laços conjugais e como honesto comerciante.

Mas se Afonso era muito bom marido e pai, revelou-se comerciante incompetente. Pois tinha tanto escrúpulo de obter algum lucro ilicitamente, que pouco ganhava em suas transações comerciais. A esposa alertou-o que, desse modo, iriam eles acabar na miséria. Mas de nada adiantou. E os negócios iam de mal a pior para a família.

Chegou então a hora da Providência: a esposa bem-amada faleceu ao dar à luz a um menino. Pouco tempo depois, faleceu a filhinha, e não muito depois um dos meninos. Esses cruéis sofrimentos fizeram-lhe compreender que não há nada de duradouro nesta vida, e que tudo passa como o vento. Agora ficava ele só com o filhinho que custara a vida à mãe, e concentrou nele todo seu afeto.

Levando uma vida extremamente penitente, mais própria a religioso que a comerciante, Afonso continuou com sua loja, sendo visitado continuamente por visões e êxtases.
Um dia em que ele chorava seus pecados, Nosso Senhor apareceu-lhe acompanhado de um brilhante cortejo de 12 santos, dos quais ele reconheceu apenas São Francisco de Assis. Este lhe perguntou por que chorava.
“Ó querido santo — respondeu-lhe Afonso — se um só pecado venial merece ser chorado durante toda uma vida, como vós quereis que eu não chore, sendo tão culpado?”.
A humilde resposta agradou a Nosso Senhor, que o olhou com muita complacência e desapareceu.

O amor de Afonso pelo filhinho era extremo, mas todo sobrenatural. De modo que ele, um dia, contemplando a inocência do menino de três anos, e pensando no horror que representa o pecado mortal, implorou a Deus que, se mais tarde aquela criatura fosse ofendê-Lo de maneira grave, que Ele a levasse em sua inocência batismal. Deus não se fez de rogado, e Afonso dolorosamente teve que amortalhar seu último filho, mas na alegria de sabê-lo salvo no Céu.

Aos 32 anos de idade, estava livre para tornar-se religioso na Companhia de Jesus. Mas não foi o que ocorreu, pois os caminhos da Providência são, muitas vezes, diferentes de nossos planos.
Afonso vendeu todos os seus bens e dirigiu-se a Valença, pedindo admissão na Companhia de Jesus. O reitor, entretanto, aconselhou-o a aprender antes a língua latina, para poder seguir o sacerdócio.

Ele entrou então como preceptor do filho da Duquesa de Terra-Nova. Decorreram outros seis anos até que Afonso fosse admitido na Companhia. Nela, o santo seguiu rigorosamente o programa de estudos para poder ordenar-se. Mas, já quase com 40 anos e com má saúde, piorada pelo excesso de austeridades, não conseguia aprender o suficiente para o sacerdócio. Ele o compreendeu, como logo também se deram conta disso seus superiores. Assim, ele foi admitido na Companhia de Jesus como simples irmão leigo.

Nessa humilde condição, Afonso foi enviado ao colégio de Palma de Mallorca, para cuidar da portaria. Soube levar ali uma vida de extraordinária riqueza espiritual. Durante mais de 30 anos como porteiro, fazendo com espírito sobrenatural suas mais simples ações, chegou a um alto grau de vida mística.

Logo de manhã, quando o sino tocava o despertar, ajoelhava-se perto da cama, agradecia à Santíssima Trindade por havê-lo preservado naquela noite de todo o mal e pecado, e dizia estas palavras do Te Deum: “Dignai-vos, Senhor, guardar-me, neste dia, sem pecado”. Renovava então o propósito de receber a todos, em seu ofício de porteiro, como se fossem o próprio Nosso Senhor.


A cada hora do dia ele recitava uma jaculatória especial, celebrando uma das invocações de Nossa Senhora; e à noite, antes de deitar-se, recomendava-Lhe todas as almas do Purgatório, suplicando que aceitasse seu repouso como uma oração em sufrágio delas.

Seu comércio com o sobrenatural era contínuo, como ele mesmo revela em sua autobiografia, falando na terceira pessoa: “Essa pessoa chegou a viver tão familiarmente com Jesus e sua santa Mãe, que às vezes parecia-lhe caminhar entre ambos, e que os dois o abraçavam, e ele Lhes dizia amorosamente: ‘Jesus, Maria, meus dulcíssimos amores, morra eu e padeça por Vosso amor’”.

Se Afonso tinha visões celestes, não era privado das infernais. O demônio aparecia-lhe sob as mais horrendas formas, e o tentava de todos os modos possíveis, principalmente contra a virtude da pureza. Para combatê-lo, o irmão leigo recorria à penitência e à oração, e sobretudo à Rainha do Céu e da Terra. Duas vezes o espírito infernal lançou-o do alto da escada que unia dois pavimentos, e nas duas vezes foi ele amparado por Nossa Senhora.

Numa violenta tentação de desespero, chamou Maria em seu socorro. Nossa Senhora apareceu-lhe circundada de luz celeste, e os demônios fugiram espavoridos. “Meu filho Afonso –– disse-lhe Ela –– onde estou, você não tem nada a temer”.

A um religioso espanhol, que depois lhe escreveu a biografia, deu este conselho: “Quando desejar obter qualquer coisa de Deus, recorra a Maria, e esteja seguro de tudo obter”.

Sua obediência aos superiores era cega, e difícil de compreender em nossa época dominada pelo orgulho. Certo dia ele assistia a uma conferência sentado perto da porta. Ao entrar um superior, ofereceu-lhe o lugar. “Permaneça onde está”, disse-lhe ele. Afonso ficou lá até bem depois de terminada a conferência, e só saiu quando alguém o foi chamar.

Para prová-lo outra vez, o superior mandou que embarcasse para a Índia. Sem mais pensar, nem pegar roupas e provisões, partiu ele. O superior mandou detê-lo, e perguntou-lhe: “Como iria à Índia?”. “Eu iria até o porto e procuraria um navio; se não o encontrasse, entraria na água e iria o mais longe possível; depois retornaria, contente de ter feito tudo para obedecer”.

Em seu zelo apostólico, o fervoroso irmão procurava difundir entre os alunos do colégio grande devoção à Virgem, insistindo com que a Ela sempre recorressem e se inscrevessem na Congregação Mariana. Evangelizava os pobres e vagabundos que apareciam no colégio à procura de esmola, cativando-os por sua ardente caridade.
São Pedro Claver e Santo Afonso Rodrigues

Por volta de 1605, Afonso Rodríguez foi procurado por um jovem seminarista jesuíta catalão, Pedro Claver, que lhe pediu com insistência que o simples irmão leigo fosse seu diretor espiritual. Surgiu então entre os dois uma amizade sobrenatural que não cessou com a morte, pois Afonso Rodríguez teve a visão da entrada de seu discípulo na glória celeste. Foi por sua direção que Pedro Claver partiu para a América, onde dedicou todas suas forças, energias e imensa caridade ao apostolado com os negros. Afonso Rodríguez acompanhava de longe o labor apostólico de seu discípulo, oferecendo-lhe não só suas orações, mas o mérito de suas penitências. Dedicou a ele um livreto que escreveu, com o título A perfeição religiosa.

Morreu com 86 anos

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Beato Alessio Zarytsky

Ele nasceu em Lviv (Ucrânia) em 1912, filho de família católica. Tinha apenas um desejo em seu coração: tornar-se padre.
Cresceu e estudou, concentrando-se decididamente no seu destino: o altar sagrado. Na catedral de sua cidade natal, em 1936, aos 24 anos, foi ordenado sacerdote. 
É um momento terrível para todo o povo: Stalin está fazendo para a Rússia e para a Europa Oriental da Sibéria como uma imensa prisão, onde os católicos são os primeiros a serem perseguidos, e os sacerdotes, considerados perigosos para o regime comunista, devem ser os primeiros a desaparecer.
 

Não trair a fé!
 
Padre Alessio é verdadeiramente apaixonado por Jesus e amá-Lo alimenta seu espírito no apostolado, um incansável zelo pelas almas, uma dedicação sem limites para o seu ministério.
Ele está sempre disponível, nunca pensando em si mesmo, uma compreensão única para com as pessoas: o verdadeiro estilo do Bom Pastor. 

Na paróquia a ele confiada, algumas comunidades muito perseguidas, mas nunca derrubadas, animadas pela fé em Jesus crucificado, e no vivo exemplo de seus pastores e seus mártires.

Padre Alessio se preocupa em dar uma catequese essencial, com base no Evangelho e no Magistério da Igreja: Jesus no centro de tudo, a fidelidade a Ele, fugir do pecado e inserir a vida na graça de Deus, o espírito de coragem para dar testemunho de Jesus, mesmo em face da morte, a expectativa do Paraíso. 

Graças a ele, seus fiéis se confessam pelo menos uma vez a cada mês, e muitos deles recebem Jesus na Eucaristia todos os dias.
Sua primeira preocupação, sabendo do perigo da prisão, é arriscar a vida, para que todos possam se confessar e receber a Eucaristia, muitas vezes.

Por 11 anos, viveu assim: mantendo o olho sempre aberto, e caçado como um ladrão, perseguido pela polícia do regime comunista ateu e homicida! 

Em 1948, ele foi preso por causa de sua fidelidade à Igreja Católica. As autoridades comunistas tinham como objetivo ordenar um bispo ortodoxo, separando-se do Papa de Roma, e assim oprimir o povo de forma mais fácil.

Padre Alessio recusa-se de forma dura: "separar-me do Papa - disse ele - é trair o Evangelho de Cristo."  Aos seus paroquianos, antes de começarem as prisões, recomenda: "Nunca trair a fé de nossos pais." 

Com a sua prisão todos sentem o grande vazio deixado por ele, como sacerdote greco-católico não se limitava ao rito oriental, mas por causa dos seus fiéis católicos romanos, ele tinha aprendido também a celebração da Santa Missa no rito latino.

Da prisão, ele escreveu cartas para seus entes queridos e seu rebanho.
Ao velho pai: "Todo dia e toda hora que temos, podemos oferecer nosso sofrimento a Jesus que carregou a cruz do Calvário para nos mostrar como o caminho para a vida eterna. Ore muito. A oração é a nossa maior força."

Ao seu irmão casado e com filhos: "Confesse várias vezes por ano, você ama o Santo Sacrifício da Missa e, em seguida, você vai ter Deus em sua alma. Quem tem Deus na alma, tem tudo. Quem não tem Deus em sua alma, não possui nada, mesmo que fosse o dono do mundo. Este é o meu raio de luz, o maior bem da minha vida. " 

O que sofre na prisão, nas mãos desses monstros, só Deus sabe: ele reza e sofre por seus perseguidores. Uma certeza: "Jesus, meu Jesus está perto de mim e me ama."
Com a morte de Stalin março 1953 e depois em 1956, após o XX Congresso do PCUS, parece que será solto. Só parece, porque na realidade não é assim com Khrushchev,  o punho de ferro da ditadura comunista, que finge "para aniquilar o espírito da Igreja Católica.

Padre Alessio sai da prisão e imediatamente retoma seu apostolado, sempre mantendo os olhos atentos na polícia, correndo enorme risco. 

O Evangelho de Deus
 
Antes do final de 1956, quando Khrushchev invade com tanques e esmaga o povo da Hungria, Padre Alessio Zarytsky foi forçado ao exílio em Almaty, no Cazaquistão.
“Já que todo mundo é bem-vindo como fiel, se Jesus me chama eu vou", disse o mendigo de Deus.
Na verdade, empreendeu viagens pastorais de milhares de quilômetros de diâmetro no Cazaquistão, grandes regiões, nove vezes maiores do que a Itália.

Para visitar os católicos, sobe na Sibéria, ninguém o impede, nem o clima mortal, nem o controle da polícia: ele derrubou todas as dificuldades, todos os riscos para o bem de seu Jesus: "Mas eu quero perguntar, o que você faz para Jesus?”  

Em segredo, no ano de 1957, foi nomeado administrador apostólico para o Cazaquistão e Ásia Central pelo Arcebispo Metropolitano ucraniano Josyf Slipyi (1984), o futuro cardeal, que por 20 anos sofreu o indizível no gulag da Sibéria.

Em suas viagens, Padre Alessio para onde sabe que existem comunidades de católicos para administrar os sacramentos a várias famílias, até nas aldeias mais remotas. Durante o mesmo período, ele foi várias vezes naqueles católicos alemães que, desde as terras do Volga e do Mar Negro haviam sido deportados por Stalin entre os Urais e internados em barracos pobres.

Lembra-se dele Maria Schneider:
"Em janeiro de 1958, na cidade de Krasnokamsk perto de Perm nos Montes Urais, de repente apareceu o Padre Alessio, vindo do seu exílio no Cazaquistão. Desse modo que foram preparados o maior número possível de fiéis para receber Jesus na Sagrada Comunhão Eucarística, estava disponível para ouvir as confissões dos fiéis durante o dia e à noite, sem comer e sem dormir. Um fiel pediu-lhe, dizendo: "Padre, o senhor tem que comer e dormir.” Ele respondeu: "eu não posso, porque a polícia pode me parar a qualquer momento, e muitas pessoas continuam sem confissão, e sem a Sagrada Comunhão.”
Depois que todos tinham confessado, Padre Alessio começou a sagrada Missa e de repente, uma voz ecoou:. "A polícia está próxima." Naquela época, ele foi capaz de escapar da polícia graças à ajuda de Maria Schneider, que continua a narrar: "Depois de um ano, ele retornou à Krasnokamsk. Desta vez, ele foi capaz de celebrar a Santa Missa e dar a comunhão aos fiéis.”

Padre verdadeiramente eucarístico
 
Mais uma vez retomou o seu ministério itinerante como sacerdote, não tinha moradia, e dava especial atenção para o Cazaquistão.
Lembra irmã Anastasia Bium:
 "Em 1961, eu tinha 21 anos e nos encontramos pela primeira vez: o primeiro jovem padre que eu vi e fiquei impressionada com sua aparência alegre, sua alegre disposição e seu sorriso sereno.
Tudo isso foi novo para mim, porque os sacerdotes que tinha conhecido até então, foram marcados pela perseguição e sofrimento. Padre Alessio confessava até tarde da noite e, por vezes, depois da missa, minha mãe o convidava para a nossa casa e nós confessávamos com ele na única sala que era toda a nossa casa.
Em seguida, celebrava a missa, absorto em Deus, muitas vezes, às 4 da manhã. Ele podia dizer a verdade e os fatos de uma forma muito séria e adorável.
Ele nunca falava de si mesmo, dos terríveis anos de prisão e tortura. Sempre foi espionado e perseguido. Deu tudo para o Senhor e também nos encorajou a sofrer e juntar a nossa pobreza ao sofrimento de Jesus. Em seus deslocamentos, sempre carregava consigo o Santíssimo Sacramento para dar a Sagrada Comunhão aos doentes e moribundos, após ter confessado seus pecados ". 

Padre Alessio era um verdadeiro sacerdote, filho de Maria Santíssima, e alegremente pregou a vida pura da Virgem Mãe de Deus, como um modelo para a vida de cada crente. Ele costumava dizer: "Como Maria, devemos ser lírios de pureza e amor por Jesus. Sim, precisamos florescer na frente de Jesus em uma brancura brilhante"
 

"Tenho gravada em minha mente - diz a irmã Anastasia - sua última visita, durante a qual ele nos disse com semblante sério:” Hoje é a última vez que eu estou com você, vou ser levado de volta para a prisão.”
Depois da Missa, recebi sua bênção, e suas palavras de despedida foram como um testemunho para nossa família: "Defina a sua vida de modo que, no futuro, todos nós possamos nos encontrar no Coração de Jesus para glorificar a Deus por toda a eternidade." 

Mártir com Maria
 
No mês de abril 1962,  Padre Alessio é preso por traição pela polícia secreta e colocado no campo de concentração de Dolinka em Karaganda, onde, seu terrível sofrimento está chegando ao fim. Um dia, algumas mulheres de grande fé e coragem foram a ele através do arame farpado do campo, choraram ao vê-lo em uma cena terrível. Os guardas, depois de brutalmente espancá-lo, o jogaram em um poço profundo, para depois tirá-lo com cordas, pingando sangue. As mulheres choram, impotentes para ajudá-lo, mas ele, vendo-as, exclamou: "Não chores. Tal é o caminho da cruz, a paixão de Jesus."

Um dia ele enviou uma breve carta para seus seguidores: "Nossa Senhora me visitou e me disse, meu querido filho, ainda um pouco de sofrimento e em breve eu vou vir e levá-lo comigo." 

Depois de tantos maus tratos e humilhações, Padre Alessio recebe a palma do martírio "ex aerumnis carceris" (= para a tortura de prisão), no dia 13 de outubro de 1963.
No dia seguinte, um dos presos vai enterrá-lo em total solidão, ele ouve belas canções e, voltando-se, viu uma "jovem", vestida de branco, que segue a carrocinha em que o corpo é carregado, e canta hinos de doçura inefável e com grande solenidade. Ele pergunta a si mesmo como ela conseguiu entrar no campo, gostaria de perguntar a ela, mas ele não se atreve. Quando tudo estava pronto, a mulher se foi e ele compreende: Maria Santíssima tinha vindo para levar seu filho sacerdote e mártir da fé, um mártir da Eucaristia. 


Em 27 de maio de 2001 o Papa João Paulo II beatificou o Padre Alessio Zarytsky. Em 2007, Dom Schneider consagrou a Karanganda a primeira igreja em honra do Beato Alessio, ainda vestindo um casaco que pertencia a ele e lhe foi dado por seu irmão Ivan Zarytsky, ainda vivo. 

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Jovens entrevistam Maria Teresa e Ruggero Badano, pais de Chiara Luce

Maria Teresa e Ruggero Badano
O que é ser pais de uma jovem beata?

Maria Teresa: Para nós significa muito, vemos com os olhos de Deus. Vivemos como nos ensinou Chiara. Ela viveu a doença normalmente, mesmo isso não sendo normal. Assim é para nós viver, então vivemos na normalidade, agradecendo a Deus a cada dia. Falamos sempre: Por que Deus escolheu a gente? Nós que não somos ninguém, nada. Mas depois dizemos: Para Deus tudo é possível. Como foi para gente, será para nós!

Ruggero: Sinto que estamos unidos e tentamos viver tudo isso juntos.

Como era o relacionamento de Chiara com Jesus?

Maria Teresa: Sempre foi fortíssimo, não só quando ela ficou doente. Lembro de uma experiência quando ela estava bem ainda, ela sempre ia se aproximar de Jesus. Um dia, estávamos juntos, saímos da missa com ela e vimos um amigo que não acreditava em Deus e nos ofendia, falando mal de Jesus.
Então, ele foi a Chiara e disse que ela tinha se corrompido. E disse que nunca tinha visto Cristo. Me toquei com o modo que ela o olhou. Então ela respondeu “eu também nunca vi Jesus, mas eu o vejo em ti”.
E ai choramos muito. E entendemos que pra viver o cristianismo precisa ser corajoso. Nós não fomos, mas ela foi. Eu olhando para ela, via que ela amava tanto essa pessoa, e pensei, se eu conseguisse amar como ela amou, não precisava fazer mais nada. Depois daquele momento, o senhor, casado com duas filhas não batizadas, se converteu e hoje esta no céu com Chiara.

O que ela diria aos jovens?

Maria Teresa:  15 dias antes da Chiara partir, ela deu conselhos, ela nos aconselhava. Uma vez disse: mãe, tem gente do lado de fora, quero falar com eles. Eu não queria que ela sofresse, e ela ainda tirou o oxigênio para ninguém se assustar, e pediu para eles entrarem.  E ela me disse que eu tinha que falar com os jovens de maneira diferente. Não posso mais correr e queria confiar a eles a chama, como nas Olimpíadas. Eles tem uma vida só, e vale a pena aproveitar, com Cristo. Depois disso, os jovens passavam a ir sempre em nossa casa. Essa é a mensagem:  amar a cristo e viver a vida com amor.

Ruggero: Aproveito para falar que fico emocionado quando encontramos jovens como vocês, porque revivemos tudo. Quero agradecer a todos, peço a Chiara que esteja sempre perto de vocês.


Beata Chiara Luce - santa aos 19 anos

Chiara Badano nasceu em Sassello, no dia 29 de outubro de 1971, depois que os pais a aguardaram por 11 anos. O seu nome é Chiara (Clara, em português). Ela é mesmo assim, com seus olhos límpidos e grandes, com o sorriso doce e comunicativo, inteligente e determinado, vivaz, alegre e esportiva, foi educada pela mãe – com as parábolas do Evangelho – a conversar com Jesus e a lhe dizer «sempre sim».

Era sadia, gostava da natureza e de brincar, mas desde pequena se distinguia pelo amor que tinha pelos «últimos», a quem cobria de atenções e de serviços, muitas vezes renunciando a momentos de divertimento. Já no Jardim de Infância colocava as suas economias numa pequena caixa para as «crianças de cor»; e sonhava em poder um dia ir à África como médica para cuidar delas.

Foi uma menina normal, mas com algo mais. Era dócil à graça e ao projeto que Deus tinha para ela que aos poucos foi se revelando. No dia da sua primeira Comunhão recebeu de presente o livro dos Evangelhos. Foi para ela um «magnífico livro» e «uma extraordinária mensagem»; como afirmou: «Para mim, é fácil aprender o alfabeto, deve ser a mesma coisa viver o Evangelho!».

Aos 9 anos entrou como Gen (geração nova) no Movimento dos Focolares. Viveu a sua espiritualidade e pouco a pouco envolveu os pais. Desde então a sua vida foi uma subida, tentando «colocar Deus em primeiro lugar».

Prosseguiu os estudos até o Liceu clássico, e ofereceu a Jesus as suas dificuldades e sofrimentos. Mas aos 17 anos, de repente uma dor aguda no ombro esquerdo revelou nos exames e nas inúteis operações um osteossarcoma, que deu início a um calvário de dois anos aproximadamente. Depois que ouviu diagnóstico, Chiara não chorou nem se revoltou: ficou imóvel em silêncio e depois de 25 minutos saiu dos seus lábios o sim à vontade de Deus. Repetirá muitas vezes: «Se é o que você quer, Jesus, é o que eu quero também».

Não perdeu o seu sorriso luminoso; enfrentou tratamentos dolorosos e arrastava no mesmo Amor quem dela se aproximava. Ela não aceitou receber morfina para não perder a lucidez e oferecia tudo pela Igreja, pelos jovens, os ateus, pelo Movimento, pelas missões…, permanecendo serena e forte.

Repetia: «Não tenho mais nada, contudo tenho o meu coração e com ele posso sempre amar». O seu quarto, no hospital em Turim e em casa, era um lugar de encontro, de apostolado, de unidade: era a sua igreja. Também os médicos, até mesmo aqueles não praticantes, ficavam desconsertados com a paz que se sentia ao seu redor e alguns se reaproximaram de Deus. Se sentiam “atraídos como por um ímã” e ainda hoje se recordam dela, falam sobre ela e a invocam. Quando sua mãe lhe perguntou se ela sofria muito, respondeu: «Jesus tira de mim as manchas dos pontinhos pretos com a água sanitária e isso queima. Quando eu chegar ao Paraíso serei branca como a neve». Estava convencida do Amor de Deus por ela. De fato, afirmava: «Deus me ama
imensamente» e, depois de uma noite particularmente dura, acrescentou:«Sofria muito, mas a minha alma cantava…».

Os amigos que a visitavam para consolá-la, voltavam para casa consolados. Pouco antes de partir para o Céu, ela revelou:  «Vocês não podem imaginar como é agora o meu relacionamento com Jesus… Sinto que Deus me pede algo mais, algo maior. Talvez seja ficar neste leito por anos, não sei. Interessa-me unicamente a vontade de Deus, fazê-la bem no momento presente: aceitar os desafios de Deus. Se agora me perguntassem se quero andar (a doença chegou a paralisar as pernas com contrações muito dolorosas), eu  diria não, porque assim estou mais perto de Jesus».

Chiara, pela insistência de muitos, num bilhetinho, escreveu a Nossa Senhora: «Mãezinha Celeste, eu te peço o milagre da minha cura; se isso não for vontade de Deus, peço-te a força para nunca ceder!» e permanecerá fiel a este propósito.

Desde muito jovem fez o propósito de não «doar Jesus aos amigos com as palavras, mas com o comportamento». Não falar de Jesus, mas ser Jesus para os amigos. Tudo isso nem sempre é fácil; de fato, repetirá algumas vezes: «Como é duro ir contra a corrente!». E para conseguir superar cada obstáculo, repetia: «É por ti,Jesus!».

Para viver bem o cristianismo, Chiara procurava participar da missa todos os dias, quando recebia Jesus que tanto amava. Lia a palavra de Deus e a meditava. Muitas vezes refletia sobre a frase de Chiara Lubich: “Serei santa, se for santa já”.

Quando viu sua mãe preocupada, pois ficaria sem ela, Chiara continuou a repetir: «Confie em Deus, pois você fez tudo»; e «Quando eu tiver morrido, siga Deus e encontrará a força para ir em frente».

Acolhia com amabilidade quem ia visitá-la; escutava e oferecia o próprio sofrimento, porque dizia: «Eu tenho mesmo a matéria!». Nos últimos encontros com o seu Bispo, manifestou um grande amor pela Igreja. Enquanto isso o mal avançava e as dores aumentavam. Nenhum lamento; dos lábios: «Com você, Jesus, por você, Jesus!».

Chiara se preparou para o encontro: «É o Esposo que vem me encontrar», e escolhe o vestido de noiva, as canções e as orações para a “sua” Missa; o rito deverá ser uma «festa», onde «ninguém deverá chorar».
Recebendo pela última vez Jesus Eucaristia aparece imersa nele e suplica que seja recitada a «oração: Vinde Espírito Santo, mandai do Céu um raio da tua luz».O nome “LUCE” (LUZ) lhe foi dado por Chiara Lubich, com quem teve um intenso e filial relacionamento epistolar desde pequenina.

Não teve medo de morrer. Disse à sua mãe: «Não peço mais a Jesus para vir me pegar e me levar para o Paraíso, porque quero ainda lhe oferecer o meu sofrimento, para dividir com ele ainda por um pouco a cruz». Um pensamento especial aos jovens: «Os jovens são o futuro. Eu não posso mais correr. Porém, gostaria de lhes passar a tocha, como nas Olimpíadas. Os jovens têm uma vida só e vale a pena empregá-la bem!».

E o «Esposo» veio buscá-la no amanhecer do dia 7 de outubro de 1990, depois de uma noite muito dolorosa. Era o dia da Virgem do Rosário. Estas foram suas últimas palavras: «Mãezinha, seja feliz, porque eu o sou. Adeus».

Ela também fez a doação das suas córneas. O enterro foi celebrado pelo Bispo de então e dele participaram centenas de jovens e muitos sacerdotes. Os membros do Gen Rosso e do Gen Verde tocaram as canções escolhidas por ela. O exemplo luminoso de Chiara atinge muitos corações de jovens e adultos os move e os orienta a Deus.

A sua “fama de santidade” se estendeu imediatamente em várias partes do mundo; muitos os “frutos”. Dom Livio Maritano,Bispo da Diocese de Acqui, no dia 11 de junho de 1999 abriu o Processo pela a Causa de canonização. No dia 3 de julho de 2008 ela foi declarada Venerável com o reconhecimento do exercício heroico das virtudes teologais e cardeais. No dia 19 de dezembro de 2009 o Papa Bento XVI reconhece o milagre atribuído à intercessão da Venerável Chiara Badano, e assinou o Decreto para a sua Beatificação.

Foi beatificada no dia 25 de setembro de 2010.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

A vida de São Judas Tadeu

Segundo a Tradição da Igreja, depois que os Apóstolos receberam o Espírito Santo, no Cenáculo em Jerusalém, iniciaram a construção da Igreja de Deus, com a evangelização dos povos. São Judas iniciou sua pregação na Galiléia.
Depois viajou para a Samaria e outras populações judaicas. Tomou parte no primeiro Concílio de Jerusalém, realizado no Ano 50. A seguir, foi evangelizar a Síria, Armênia e Mesopotâmia (atual Pérsia), onde ganhou a companhia de outro apóstolo, Simão, o “zelote”, que evangelizava o Egito.
A pregação e o testemunho de São Judas Tadeu, foi realizado de modo enérgico e vigoroso, que atraiu e cativou os pagãos e povos de outras religiões que se converteram ao cristianismo. Ele mostrou que sua adesão a Cristo era completa e incondicional, testemunhando sua fé com doação da própria vida.

Conforme conta o historiador Eusébio, Judas Tadeu teria sido o esposo nas núpcias de Caná (bodas de Caná), isso explicaria a presença de Maria e de Jesus.

São Jerônimo nos assegura que o Apóstolo pregou e evangelizou Edessa, bem como em toda Mesopotâmia (Pérsia).
No ano 70, foi martirizado de modo cruel, violento e desumano; morrendo a golpes de machado, desferidos por sacerdotes pagãos, por se recusar a prestar culto à deusa Diana.
Devido ao seu martírio, São Judas Tadeu é representado em suas imagens segurando um livro, simbolizando a palavra que anunciou, e uma machadinha, o instrumento de seu martírio. Ele também é geralmente mostrado nos ícones com uma chama à volta da cabeça, que representa a sua presença durante o Pentecostes, quando ele recebeu o Espírito Santo juntamente com os outros Doze apóstolos. 
Outro atributo comum é ver Judas Tadeu segurando uma imagem de Jesus Cristo, a imagem de Edessa (Mandylion, imagem do rosto Jesus como no Santo sudário).

Apóstolo cujo nome lembra o “traidor” de Jesus, Judas Iscariótes, teve sua devoção esquecida durante muitos séculos. Mas a Providência Divina se manifestou no momento oportuno, para exaltar as suas qualidades e notável humildade, transformando-o no querido e poderoso Santo intercessor das “causas impossíveis”, que consegue junto ao Criador as graças necessárias, em benefício de todos aqueles que buscam e procuram o seu inestimável auxílio.


Suas relíquias atualmente são veneradas na Basílica de São Pedro, em Roma. Sua festa litúrgica celebra-se, todos os anos, na provável data de sua morte: 28 de outubro de 70.

domingo, 26 de outubro de 2014

Oração para buscar a Paz

O Beato Boaventura foi um frade de gênio forte, ardoroso, mas que, mediante um trabalho interior paciente e continuado, conseguiu lapidar as arestas de seu temperamento agressivo, destemperado e intransigente, chegando a alcançar alto grau de brandura, paciência e tolerância. 

Rezemos com ele:

Deus, nosso Pai,
dai-nos a força necessária de sempre agir
buscando a ternura e a misericórdia.

Jesus disse: “Sou manso e humilde de coração”,
afastemos, pois, para longe de nós a prepotência,
o autoritarismo, a tirania e busquemos antes de tudo
e acima de tudo a mansidão e a humildade de coração.

O que fere, machuca, magoa e causa divisão
entre as pessoas seja transformado em carinho,
docilidade e acolhimento.
Toda violência, velada ou manifesta, seja desarmada.

Pacificada seja toda ira e todo sentimento de vingança.
Estancado e exorcizado seja todo o ódio
que aflora em desafetos e destemperos.

Jesus disse: “Eu sou a videira e vós, os ramos...”
bebamos da seiva da Vida que se faz dom
na abundância de salutares frutos de verdade e retidão.

À luz das palavras daquele que disse:
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida...”
afastai de nós o cansaço das coisas doentes,
amarradas, amaldiçoadas.

Da rigidez dos mortos, curai-nos, sarai-nos e nos libertai.
Nossa aridez humana, fecundai.
Jesus disse: “Eu sou a Água viva...”
dai-nos a sede que vem das coisas do alto.

E assim possamos nos assemelhar àquele que disse
“Quero misericórdia e compaixão!
Quero a paz dos corações...”

Felizes os fazedores de paz,
porque deles é o reino de Deus.

Amém!

Beato Boaventura de Potenza, Sacerdote

Boaventura - nome que significa Feliz Acontecimento - nasceu em Potenza, Basilicata em 4 de Janeiro de 1651,  filho de Lelio Lavagna e Catalina Pica. Passou os primeiros 15 anos de sua vida em grande pureza de costumes e fervor religioso: refletia a pureza no rosto e em seus olhos.
Em 4 de Outubro de 1666 tomou o hábito religioso entre os Irmãos Menores Conventuais em Nocera dei Pagani.

Depois do noviciado fez os estudos humanísticos e teológicos e foi ordenado sacerdote.

Apesar de sua resistência a ocupar postos de responsabilidade, Boaventura em Outubro de 1703 foi nomeado mestre de noviços e transferido para Nocera dei Pagani, onde se ocupou por quatro anos da formação espiritual dos jovens.

Em Junho de 1707, enquanto estava no convento do Santo Espírito de Nápoles por razões de saúde, ele se destacou na assistência aos enfermos de cólera, epidemia que assolou Vomero.

Em 4 de Janeiro de 1710 foi destinado ao convento de Ravello, onde assumiu a direção espiritual dos mosteiros de Santa Clara e de São Cataldo.

Fiel imitador de São Francisco, Boaventura guardava com zeloso cuidado o precioso tesouro da pobreza que brilhava em seu hábito, cheio de remendos, em sua cela e em toda a sua vida.
Por natureza tinha um temperamento intempestivo, propenso à ira, mas com a força de seu caráter e com a ajuda de Deus soube adquirir uma paciência e uma doçura inalteráveis.
Frente às censuras, às injustiças e às injúrias, ainda que sentisse o sangue ferver nas veias e o coração palpitar violentamente, conseguia conservar um absoluto domínio de si mesmo.

Sua austeridade era inaudita, chegando mesmo a se flagelar até derramar sangue, às sextas-feiras, em recordação à Paixão de Cristo.

Para com os pobres, os enfermos e os aflitos era compassivo e lhes prestava assistência. Como autêntico sacerdote de Cristo seu magistério era evangélico.

Normalmente, com uma só pregação chegava a converter os pecadores e, às vezes, como o bom pastor, ia às suas casas para buscá-los como "ovelhas perdidas". Seu confessionário se mantinha assediado de penitentes, onde, por vezes, passava dias inteiros.

Era fervoroso e zeloso devoto da Virgem. Nas pregações convidava os fiéis à confiança e ao amor para com a divina Mãe. Não empreendia nenhuma iniciativa sem se colocar sob sua proteção maternal. A Imaculada Conceição de Maria, que ainda não era dogma definido, para ele era uma verdade da qual não se podia duvidar.

Sua vida foi marcada por carismas singulares e prodígios. Depois de oito dias de enfermidade, aos 60 anos, em 26 de Outubro de 1711, com o nome de Maria em seus lábios, expirou serenamente em Ravello.
Foi beatificado pelo Papa Pio VI em 26 de Novembro de 1775.

sábado, 25 de outubro de 2014

O Milagre para a beatificação de Madre Assunta Marchetti

A cura milagrosa para a beatificação de Madre Assunta aconteceu em Porto Alegre (Brasil) no ano de 1994, de um senhor que havia sofrido um ataque cardíaco e foi socorrido imediatamente e internado no hospital; após um tratamento adequado recebeu alta.

Passados alguns dias o fenômeno repetiu-se com maior gravidade ao ponto que foi necessária uma intervenção cardiológica, durante a qual aconteceu uma grave parada cardíaca que durou por mais de quinze minutos. A equipe médica fez o possível para oferecer ao paciente os cuidados oportunos para a reanimação, mas a sua condição agravou-se ao ponto de correr risco de vida. 

Naquele momento, uma irmã da Congregação da Venerável Serva de Deus, sabendo da difícil situação do paciente, dirigiu uma fervorosa invocação à Madre Assunta, pedindo sua intercessão para a cura do paciente. Uniram-se a ela em oração as demais coirmãs scalabrinianas da comunidade do Hospital Mãe de Deus, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul e alguns familiares do enfermo. 

O doente foi transferido para a UTI e inesperadamente manifestou sintomas de excelente recuperação das funções do coração, em um tempo muito breve, em  comparação com o grave diagnóstico, e o mais estupendo foi que ele não teve nenhuma sequela decorrente da grave patologia sofrida.

Cardeal Amato fala sobre beatificação de Madre Assunta


Hoje, 25 de outubro de 2014, a Irmã Maria Assunta Caterina Marchetti, conhecida como Madre Assunta, será beatificada em São Paulo. A comunicação oficial da aprovação da beatificação de Madre Assunta foi feita pelo então Substituto para Assuntos Gerais do Vaticano, Dom Angelo Becciu, em carta oficial enviada em 17 de dezembro de 2013 à Superiora Geral das Missionárias de São Carlos Borromeo-Scalabrinianas, Irmã Neusa de Fátima Mariano. O Arcebispo também informava na mensagem, a permissão do Papa Francisco para que a celebração do rito de beatificação fosse realizada no Brasil. O Santo Padre nomeou para tal o Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Cardeal Angelo Amato. A Rádio Vaticano conversou com ele sobre Madre Assunta:

RV: Cardeal Amato, no próximo dia 25 de outubro será beatificada em São Paulo, no Brasil, a Irmã Assunta Marchetti, uma missionária italiana nascida em agosto de 1871 em Lombrici de Camaiore, na Província de Lucca, a terceira de 11 filhos. Como nasceu sua vocação missionária?

Card. Amato: “Foi o irmão, Padre Giuseppe Marchetti, que a convidou para ajudá-lo no serviço aos menores abandonados e aos pobres. A jovem aceitou o convite, e junto com a mãe e outras duas jovens, partiu para o Brasil. Chegou a São Paulo em 30 de novembro de 1895. Em 8 de dezembro teve lugar a inauguração do Orfanato Cristóvão Colombo, em Ipiranga, São Paulo, o primeiro lugar de serviço missionário da nossa Beata. Madre Assunta foi por algum tempo Superiora Geral do Instituto das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu. Mas o seu serviço se desenvolveu, sobretudo, nas várias atividades caritativas a serviço dos pobres, dos órfãos e dos doentes necessitados. O peso da idade e uma dolorosa enfermidade no pé enfraqueceram pouco a pouco a sua saúde. Morreu quase aos 77 anos, na tarde do dia 1º de julho de 1948, no Orfanato de Vila Prudente”.

RV: Qual foi a sua maior virtude?

Card. Amato: “A caridade, imensa, sacrificada, materna. Na sua morte, a Ir. Clarice Baraldini, a primeira criança acolhida no Orfanato, saiu do quarto gritando em lágrimas: ‘Hoje, nesta casa, morreu a caridade”. Madre Assunta vivia da fé e da caridade. O seu incansável apostolado era sustentado por uma inabalável confiança na presença providente do Pai Celeste que, como provia os pássaros do céu, assim cuidaria também dos seus filhos que, movidos pela necessidade, abandonam a pátria e afetos para emigrar a terras longínquas em busca de um futuro mais sereno e mais digno. “Providência de Deus, providenciai!” era a oração que as crianças recitavam junto com a nossa Beata, para implorar a ajuda de Deus. Foi este horizonte missionário de Madre Assunta, que encontrou no Brasil sua pátria espiritual. A graça do Senhor a transformou em mãe acolhedora e generosa dos órfãos tristes, doentes abandonados, pobres sem futuro, todos necessitados de um teto e de um prato de sopa, mas sobretudo, de uma acolhida amorosa e de um sorriso de alegria”.

RV: Trata-se, portanto, de uma missionária inteiramente dedicada ao serviço ao próximo...

Card. Amato: “Exatamente. A sua dedicação era sustentada por uma caridade que abria brechas no coração dos pequenos e dos grandes. Para muitos órfãos este seu amor permanece como a recordação mais doce de sua infância, porque haviam encontrado em Madre Assunta a mãe que haviam perdido. Era para ela uma glória amar e servir os pequenos órfãos. Uma testemunha conta que frequentemente as crianças chegavam ao Orfanato em condições lamentáveis. Os cuidados de Madre Assunta os faziam reflorescer. Eis o que uma jovem contou: ‘A minha mãe, hóspede desde pequena do Orfanato, teve a alegria de poder viver com esta grande e pura criatura. “Mamãezinha Assunta”, como era chamada pelos órfãos, era paciente, cuidadosa, afetuosa e se ocupava pessoalmente das meninas. Tratava todas como se fossem suas filhas. Eu, desde pequena, desejava saber como a minha mãe havia sido criada, e ela, sem nunca se cansar, falava desta amável criatura, Madre Assunta’. Frequentemente as pessoas não encontravam as palavras justas para expressar a grandeza do amor desta “mãezinha” tão boa. Diante das brincadeiras das crianças, Madre Assunta sabia ser compreensiva e tolerante, com o sorriso nos lábios. Com a sua caridade conseguiu até mesmo converter um anti-clerical de Nova Bréscia. Um dia este senhor adoeceu gravemente: o seu corpo estava coberto de chagas. Com paciência, Madre Assunta conseguiu curá-lo com numerosos banhos de semente de linho. Junto com a cura do corpo, aquele senhor teve também a cura da alma, porque se converteu”.

RV: Que herança deixa Ir. Assunta Marchetti às suas co-irmãs e a todos nós?

Card. Amato: “A caridade da madre não era ostentação, mas serviço humilde, sacrificado e paciente. É esta a herança que a Beata Madre Assunta Marchetti deixa não somente às suas co-irmãs, mas a todos nós. O seu convite à caridade inclui a exortação à humildade, à pobreza, à alegria”. 

As Pílulas de Frei Galvão

Pílula de Frei Galvão
Certo dia, Frei Galvão foi procurado por um senhor muito aflito, porque sua mulher estava em trabalho de parto e em perigo de perder a vida.
     
Frei Galvão escreveu em três papelinhos o versículo do Ofício da Santíssima Virgem:
Pos partum Virgo, Inviolata permansisti: Dei Genitrix intercede pro nobis
(Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercedei por nós).
     
Deu-os ao homem, que por sua vez levou-os à esposa. A mulher ingeriu os papelinhos, que Frei Galvão enrolara como uma pílula, e a criança nasceu normalmente.
     
Caso idêntico deu-se com um jovem que se estorcia com dores provocadas por cálculos vesicais.
     
Frei Galvão fez outras pílulas semelhantes e deu-as ao moço. Após ingerir os papelinhos, o jovem expeliu os cálculos e ficou curado.
     
Esta foi a origem dos milagrosos papelinhos, que, desde então, foram muito procurados pelos devotos de Frei Galvão, e até hoje o Mosteiro fornece para pessoas que têm fé na intercessão de Servo de Deus.

Para pedir as pílulas por carta, siga o procedimento abaixo:
     
Envie uma carta com a frase: "Desejo receber as pílulas de Frei Galvão".
     
Preste atenção: Dentro do envelope coloque um outro envelope destinado ao seu endereço (como se a Casa de Frei Galvão estivesse lhe enviando uma resposta).
Não esqueça de colocar o selo nos dois envelopes.

Mosteiro da Luz
Av. Tiradentes, nº 676 - Luz 
Cep. 01.102-000 - São Paulo-SP

Santo Antônio de Sant'Anna Galvão

Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, mais conhecido como Frei Galvão (Guaratinguetá, 1739 — São Paulo, 23 de dezembro de 1822) foi um frade católico e primeiro santo nascido no Brasil.
O pai, Antônio Galvão de França, nascido em Portugal, era o capitão-mor da vila. Sua mãe, Isabel Leite de Barros, era filha de fazendeiros, bisneta do famoso bandeirante Fernão Dias Pais, o "caçador de esmeraldas". Antônio viveu com seus irmãos numa casa grande e rica, pois seus pais gozavam de prestígio social e influência política.
O pai, querendo dar uma formação humana e cultural segundo suas possibilidades econômicas, mandou o filho com a idade de treze anos para o Colégio de Belém, dos padres jesuítas, na Bahia, onde já se encontrava seu irmão José.

Lá fez grandes progressos nos estudos e na prática cristã, de 1752 a 1756. Queria tornar-se jesuíta, mas por causa da perseguição movida contra a Ordem pelo Marquês de Pombal, seu pai o aconselhou a entrar para os franciscanos, que tinham um convento em Taubaté, não muito longe de Guaratinguetá. Assim, renunciou a um futuro promissor e influente na sociedade de então, e aos 16 anos, entrou para o noviciado na Vila de Macacu, no Rio de Janeiro.

A 16 de abril de 1761 fez seus votos solenes. Um ano após foi admitido à ordenação sacerdotal, pois julgaram seus estudos suficientes.
Foi então mandado para o Convento de São Francisco em São Paulo a fim de aperfeiçoar os seus estudos de filosofia e teologia, e exercitar-se no apostolado. Data dessa época a sua "entrega a Maria", como seu "filho e escravo perpétuo", consagração mariana assinada com seu próprio sangue a 9 de março de 1766.

Terminados os estudos foi nomeado Pregador, Confessor dos Leigos e Porteiro do Convento, cargo este considerado de muita importância, pela comunicação com as pessoas e o grande apostolado resultante. Em 1769-70 foi designado confessor de um Recolhimento de piedosas mulheres, as "Recolhidas de Santa Teresa", em São Paulo.

Por causa do imenso amor e caridade de seu Servo, Deus o agraciou com diversos dons, dos quais jamais serviu-se em interesse próprio,ao contrário, sempre os colocou a serviço da misericórdia divina. Todos os casos narrados foram devidamente comprovados por documentos.

Bilocação (estar em mais de um lugar ao mesmo tempo), telepatia (transmissão ou comunicação de pensamento e sensações, a distância entre duas ou mais pessoas), premonição(sensação ou advertência antecipada do que vai acontecer), clarividência (vê o que está para acontecer), levitação (erguer-se acima do solo) e telepercepção (adquirir conhecimento de fatos ocorridos a grandes distâncias).
Relatamos a seguir alguns casos:
Bilocação
Pelo que consta, o fato ocorreu por volta de 1810, às margens do rio Tietê, no distrito de Potunduva (Airosa Galvao) municipio de Jaú, próximo à Pederneiras e Bauru. Manuel Portes, capataz de uma expedição de vinha de Cuiabá, homem de temperamento instável, castigou severamente o caboclo Apolinário por indisciplina. Ao notar o capataz distraído, o caboclo, por vingança, o atacou pelas costas com um enorme facão, e fugiu.
Sentindo que a vida abandonava-lhe o corpo, Manuel Portes, no auge de desespero pôs-se a gritar: "Meu Deus, eu morro sem confissão! Senhor Santo Antônio, pedi por mim! Dai-me confessor! Vinde, Frei Galvão, assistir-me!" Eis que então alguém gritou, avisando que um frade se aproximava, e todos identificaram Frei Galvão. Assim contaram as testemunhas: "aproximou-se o querido sacerdote, afastou com um gesto dos espectadores da trágica cena, abaixou-se, sentou-se, pôs a cabeça de Portes sobre o colo e falou-lhe em voz baixa, encostando-lhe depois o ouvido aos lábios. Ficou assim alguns instantes, findo os quais abençoou o expirante. Levantou-se, então, fez um gesto de adeus e afastou-se de modo tão misterioso quanto aparecera". Afirma-se que naquele instante Frei Galvão encontrava-se em São Paulo, pregando. Interrompeu-se, pediu uma Ave-Maria por um morimbundo e, acabada a oração, prosseguiu a pregação.
Há outros casos semelhantes, principalmente relatos de socorro de Frei Galvão aos moribundos.

Telepatia
Em uma cidade Frei Galvão era conduzido em uma cadeirinha coberta. Uma senhora, através de sua janela de rótulas (madeiras cruzadas), vê a cadeirinha, em que sabe, está o "santo frade". E ela, sucumbida pelas amarguras da vida, soluçando, pensa consigo: "Ah, se Frei Galvão se lembrasse de mim, se ao menos me desse sua benção". No mesmo instante Frei Galvão levanta as cortinas da cadeirinha, debruça-se para fora, em direção daquela janela, e sorridente, abençoa a senhora, atrás das rótulas. E os que presenciaram o fato, afirmaram que o franciscano não tinha a menor possibilidade de ver aquela senhora, porque era conduzido pelo lado oposto da rua.

Premonição
Em todas as vilas e cidades por onde passava, a pedido dos párocos, Frei Galvão pregava. Por vezes era tão numeroso o auditório que, não o contendo dentro da igreja, era preciso pregar ao ar livre. Em Guaratinguetá ocorreu um fato extraordinário: o sermão havia começado, quando se forma uma grande tempestade; a chuva desaba, e quando viram que ela chegava ao largo, onde se encontravam, quiseram se retirar. Frei Galvão, porém, lhes disse que fiquem pois nada sofrerão. De fato, a chuva não caiu sobre o Largo.

Clarividência
Uma menina foi levada à presença de Frei Galvão. No decorrer da conversa, perguntou à ela sobre o que desejava ser. Respondeu que queria ser freira. Frei Antonio a abençoou com carinho e profeticamente lhe confirma a vocação. De fato, aos 19 anos ela ingressa em um Convento.
Levitação
No Mosteiro da Luz há viários testemunhos sobre a capacidade de Frei Galvão tinha de levitar. Dentre eles, há o relato de uma senhora nos seguintes têrmos: caminhando em plena rua, pôde observar o Frade que se aproximava todo recolhido. Ao se cruzarem, ela exclamou, espantada: "Senhor Padre, vós mecê anda sem pisar no chão?" E o Frei sorriu, saudou e seguiu diante.


Telepercepção
Antigamente, quando os sinos badalavam fora de horário de reza, a comunidade se reunia pois sabia que algo de extraordinário acontecera. Certo dia, os sinos do Mosteiro tocaram e a população atendeu a convocação. Frei Galvão, então já bem idoso, anunciou: "Rebentou em Portugal uma revolução" (talvez a de 1820). E relatou detalhes como se estivesse assistindo a tudo pessoalmente. Semanas depois, chegaram notícias confirmando as visões de Frei Galvão.

Alguns Milagres pela intercessão de Frei Galvão

A mulher grávida
Em uma fazenda, distante léguas de São Paulo, uma mulher, gravemente enferma em melindroso parto, clamava por Frei Galvão. Seu marido acorreu ao Mosteiro da Luz, à procura do Frade, que se achava, no entanto, de viagem ao Rio de Janeiro. Retornando à fazenda, ele se surpreendeu ao encontrar a esposa livre de todo perigo, estando muito grata à Frei Galvão que, durante a noite, tinha ouvido em confissão, abençoando a seguir a água de um copo, que ela bebeu, o que foi o bastante para que se normalizasse seu estado. O homem partiu para o Rio de Janeiro para agradecer ao Frade. Lá, foi informado pelo Guardião do Convento que "Frei Galvão não arredou pé daqui". Interrogado a respeito, Frei Galvão respondeu: "Como se deu, não sei; mas a verdade é que naquela noite lá estive".

Milagre da beatificação - Daniela (1990)
Aconteceu em 1990 em São Paulo, com a menina Daniela, que aos 4 anos de idade teve complicações bronco-pulmonares e crises convulsivas. Foi então internada na UTI do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, com diagnóstico de encefalopatia hepática por consequência da hepatite causada pelo vírus A, insuficiência hepática grave, insuficiência renal aguda, intoxicação por causa de metocloropramida e hipertensão. Os sintomas acima a levaram a uma parada cardiorrespiratória que evoluiu com epistaxe, sangramento gengival, hematúria, ascite, broncopneumonia, parotidite bilateral, faringite, e mais duas infecções hospitalares. Após 13 dias de UTI, os familiares, amigos, vizinhos e religiosas do Mosteiro da Luz rezaram e deram a menina as pílulas de Frei Galvão. Em 13 de junho de 1990, a menina Daniela deixou a UTI e, em 21 de junho teve alta do hospital considerada curada. O pediatra que a acompanhou atestou perante o Tribunal Eclesiástico que: "atribuo à intervenção divina, não só a cura da doença, mas a recuperação total dela".

Milagre da Canonização - Sandra (1999)
Aconteceu em 1999, em São Paulo, com a paulistana Sandra Grossi de Almeida. Após três abortos espontâneos no passado devido a um problema de má formação do útero, em 1999 Sandra ficou grávida. Os médicos não acreditavam que a gestação pudesse chegar ao fim. Seu útero era bicorne, com duas cavidades muito pequenas e assimétricas, como se fosse uma parede. Tal formação não pode ser corrigida por cirurgia, tornando impossível levar qualquer gestação até o fim. As previsões de complicação do parto eram péssimas, mas mesmo assim, contrariando o prognóstico médico de que a gestação não chegaria ao 5º mês, Sandra rezava e tomava as pílulas de Frei Galvão durante toda a gestação. Na 32º semana, em 11 de dezembro, o parto cesariano foi realizado após a ruptura da bolsa, sem complicações. Nasceu Enzo de Almeida Galafassi, com problemas respiratórios de risco. Entretanto, no dia 12 de dezembro, a criança não apresentava qualquer sinal de doença e foi liberada do hospital no dia 19 do mesmo mês.

O frango do diabo
Residia em Itu um escravo liberto que, ficando doente, fez promessa de levar a Frei Galvão "uma vara de frangos" caso sarasse, o que de fato aconteceu. Por essa razão, amarrando as aves em uma vara, pôs-se a caminho. Aconteceu que ao meio da jornada três frangos lhe escaparam. Recolhei facilmente dois. O terceiro, um "carijó", fugiu velozmente, irritando o velho, que gritou impaciente: volta aqui, frango do diabo! Nesse momento, entrando em uma moita de espinhos, o frango se deixou apanhar. Após a caminhada, o liberto foi alegremente entregar seu presente ao Frade, que aceitou todas as aves, menos a "carijó": - Porquê este frango, já o deste ao diabo! – disse-lhe ele.

O lenço
Os familiares de um senhor, que adoecera gravemente em Taubaté, lembraram-no de que deveria se confessar, preparando-se "para fazer a viagem à outra vida". Informados por ele de que já se havia confessado com Frei Galvão, riram-se todos, pois o santo frade não se encontrava naquela ocasião em Taubaté. Como o caso urgisse, dada a gravidade da doença, insistiram em suas confissão. O doente tirou, então, de sob o travesseiro um lenço, que pertencia a Frei Galvão, e que o frade havia esquecido sobre sua cama durante a confissão. Ninguém duvidou mais da presença do Frade, "pois o seu dom de bi locação já era notório em toda a Capitania de São Paulo". Por gratidão a Frei Galvão, podem ser encontrados inúmeros "Galvão de promessa". Trata-se de pessoas que, em seu batismo e em seu registro de nascimento, recebem dois pais esse sobrenome, como pagamento de promessa por graças alcançadas.

O milagre de Potunduva
Foi por volta de 1810. O Capataz de uma monção que vinha de Cuibabá, "abicada à noitinha em Potunduva, à margem do Tietê" (município de Jaú), Manoel Portes, que havia chicoetado um membro de sua flotilha, foi por este mortalmente apunhalado. Sentindo-se perdido, invocou por Frei Galvão, para se confessar, tendo as tripulações, atônitas, presenciado a chegada do frade àquele local deserto. Aproximando-se do agonizante, ouviu as suas últimas palavras, absolveu-o e desapareceu de relance, deixando estarrecidos a todos. Nesse mesmo momento, Frei Galvão, que pregava numa igreja, em São Paulo, interrompera a prática, para pedir á assistência que com ele orasse pela salvação da alma de um cristão que, longe dali, estava agonizando. Uma capela memoriza esse episódio, sendo um centro de devoção a Frei Galvão.


Os fiéis e a chuva
Aconteceu em Guaratinguetá. Frei Galvão apenas iniciava seu sermão quando se formou grande tempestade. Quando viram que a tormenta desabava, muitos fiéis pensaram em se retirar. Lendo seus pensamentos, Frei Galvão lhes disse que ficassem, pois que nada sofreriam. De fato, o temporal que assolou a cidade não caiu sobre o Largo da Matriz, onde todos "puderam acabar de ouvir a prática que, como sempre, produziu grandes frutos para as almas".