Wanda Maria Błeńska nasceu a 30 de outubro de
1911 em Poznan (Polônia), e em 9 de dezembro do mesmo ano foi batizada. Em
virtude da doença que atingiu a sua mãe, a família mudou-se para Puszczykowo,
mas seu estado de saúde não melhorou.
Contando apenas quinze meses, a pequena Wanda
ficou órfã de mãe. Em 1920, com o seu pai e o seu irmão Roman, mudou-se de
novo, desta vez para Torun. Aí, fez a Primeira Comunhão e frequentou a escola
média feminina estatal. Em 1928, passou no exame de maturidade e recebeu o
diploma do ensino secundário.
Em seguida deu o primeiro passo para realizar o
seu sonho, regressando a Poznan para estudar na Faculdade de Medicina. Embora
ainda tivesse de esperar muitos anos para partir em missão, enquanto estudava
envolveu-se muito no ambiente missionário, tanto em Poznan como a nível
nacional.
Inicialmente fazia parte da Secção Missionária
do movimento de Sodalicja Marianska, depois teve a ideia de fundar um Círculo
Acadêmico Missionário.
Durante vários anos participou nos congressos
missionários nacionais e internacionais. Em 1931, tornou-se membro do conselho
de administração do grupo missionário de Poznan.
Em 1932, Wanda recebeu, do Papa Pio XI, o
diploma para difundir a Pontifícia Obra da Propagação da Fé. Wanda licenciou-se
em Medicina a 20 de junho de 1934. Depois de ter terminado os estudos, começou
a trabalhar, primeiro no hospital municipal, depois, até ao fim da guerra, no
Instituto Nacional da Higiene. Em 1942, incorporou-se nas fileiras da
organização militar secreta Gryf Pomorski, que mais tarde passaria a integrar a
Armia Krajowa (o Exército Nacional, principal movimento de resistência da Polônia
ocupada; em 1978, Wanda receberia a condecoração da Cruz de Armia Krajowa).
A 23 de junho de 1944, dia do seu onomástico,
Wanda foi presa pela sua atividade conspiratória. Na prisão foi condenada à
morte, mas, ao fim de dois meses de prisão, viria a ser libertada. Depois da
guerra, Błeńska assumiu a direção de um dos hospitais de Torun e trabalhou no
Departamento de Higiene de Danzig. Em 1946, decidiu ir visitar o seu irmão
Roman, moribundo, que estava na Alemanha. Não tendo recebido o seu passaporte, tomou
um navio para Lubeque, onde, depois de ter viajado escondida no depósito de
carvão, se encontrou com o seu irmão. Após a morte de Roman, já não conseguiu
regressar à Polônia. Ficou na Alemanha, onde trabalhou em hospitais militares
polacos.
Em 1947 frequentou o curso de Medicina
Tropical, em Hamburgo, quando conheceu um missionário da Congregação dos Padres
Brancos, que lhe falou dos seus planos de construção de um leprosário em Fort
Portal, no Uganda.
Em 1950, a Dra. Błeńska foi convidada pelo
bispo local para trabalhar no Uganda e, em março desse mesmo ano, deu início ao
seu serviço no hospital de Fort Portal. Infelizmente, porém, o leprosário nunca
viria a ser construído. Os hospitais de Nyenga e Buluba, construídos nos anos
trinta pela Madre Kevin, representavam, no Uganda, os primeiros centros de
tratamento da lepra. Durante anos trabalharam aí apenas enfermeiros e técnicos
de laboratório. Faltavam os médicos. A 24 de abril de 1951, Błeńska chegou a
Buluba, junto ao lago Vitória, e começou a trabalhar no hospital de São
Francisco, onde permaneceria por mais quarenta anos como médica e missionária
leiga.
Chamavam-lhe a «Mãe dos Leprosos». Graças ao
seu trabalho, ajudou a superar o estigma social em relação aos leprosos e
empreendeu muitas ações destinadas a recuperar a sua dignidade. Examinava-os
sem luvas, não querendo que se sentissem discriminados, calçando-as apenas
quando alguma ferida estava aberta ou quando operava.
Passados anos, contaria: Antes de mais,
queria fazer com que os meus pacientes se habituassem à sua doença e se
familiarizassem com ela, para reduzir o seu medo. Tal como acontece com
qualquer outra doença, também com a lepra os pacientes precisam de se
familiarizar. Estes doentes são pobres. Há sempre muita gente que os faz
aperceber-se do seu medo. Por vezes cria-se um ambiente de medo, porque o medo
difunde-se, é contagioso. Eu dizia sempre a todos: “Olhem para mim, porventura
os meus dedos têm chagas?” Sempre mantive os habituais princípios higiênicos:
depois de ter examinado um paciente, lavava as mãos. Contudo, lavava-as não só
depois de examinar alguém com lepra, mas depois de cada paciente... a fim de
que todos pudessem ver que esse gesto faz parte dos hábitos de qualquer médico.
Wanda Błeńska regressou à Polônia em 1992, mas
durante mais dois anos ainda viajou entre as suas duas pátrias (Polônia e
Uganda). Estabeleceu-se definitivamente em Poznan no ano de 1994. Foi ao Uganda
pela última vez em 2006.
Apesar da sua idade avançada, participou na
vida missionária da Igreja até ao fim da sua vida. Até aos noventa e três anos
ensinou no Centro de Formação Missionária de Varsóvia.
Quando falo com os jovens, digo sempre:
“Se tens alguma ideia boa e luminosa, cultiva-a! Não a deixes adormecer, não a
rejeites! Mesmo que pareça impossível de alcançar e demasiado difícil, não
desanimes. Deves cultivar os teus sonhos!”
Wanda Błeńska morreu em Poznan a 27 de novembro
de 2014, com cento e três anos de idade. Atualmente, a arquidiocese de Poznan
está recolhendo todo o material relativo à vida e à santidade da Dra. Wanda
Błeńska para dar início ao seu processo de beatificação.