sábado, 30 de junho de 2018

30 de junho - Quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando. Mt 8,5


No Evangelho, há um governante que reza: é o oficial romano que tinha um empregado que estava doente. Amava o povo, não obstante fosse estrangeiro, e amava o empregado, pois, de fato, se preocupava.

Este homem sentiu a necessidade de rezar. Não somente porque amava, mas também porque tinha a consciência de não ser o patrão de tudo, de não ser a última instância. Sabia que acima dele, há outro que comanda. Havia subalternos, soldados, mas ele também estava na condição de subordinado. E isso o levou a rezar. O governante que tem essa consciência, reza.

Se não reza, fecha-se na própria auto-referencialidade ou na de seu partido, naquele círculo do qual não se sai. É um homem fechado em si mesmo. Porém, quando vê os problemas verdadeiros, tem a consciência de ser subalterno, que existe outro que tem mais poder que ele. Quem tem mais poder do que o governante? O povo, que lhe deu o poder, e Deus, do qual vem o poder através do povo. Quando um governante tem a consciência de ser subordinado, reza.

É de suma importância a oração do governante, porque é a oração para o bem comum do povo que lhe foi confiado.
Recordo a conversa com um governante que todos os dias passava duas horas em silêncio diante de Deus, não obstante tivesse muitos afazeres. É preciso pedir a Deus a graça de governar bem como Salomão que não pediu a Deus ouro ou riquezas, mas sabedoria para governar.

Os governantes devem pedir ao Senhor essa sabedoria. É tão importante que os governantes rezem, pedindo ao Senhor que não cancele a consciência de ser subalterno a Deus e do povo: que a minha força esteja ali e não no pequeno grupo ou em mim.
E a quem poderia se opor dizendo ser agnóstico ou ateu, se você não pode rezar, confronte-se, com a sua consciência, com os sábios do seu povo, mas não fique sozinho com o pequeno grupo do seu partido. Isto é ser auto-referencial”

No entanto, quando um governante faz algo que não gostamos, ele é criticado ou, de outra forma, louvado. É deixado sozinho com o seu partido, com o Parlamento”:
“Não, eu não o votei – Eu não o votei, problema seu’. Não, não podemos deixar os governantes sozinhos: devemos acompanhá-los com a oração. Os cristãos devem rezar pelos governantes. “Mas, Padre, como vou rezar por ele que faz tantas coisas ruins?”. Ele precisa mais do que nunca da oração. Reze, faça penitência pelo governante. A oração de intercessão. Por quê? Porque podemos levar uma vida calma e tranquila. Quando o governante é livre e pode governar em paz, todo o povo irá se beneficiar disso.

Papa Francisco – 18 de setembro de 2017

Hoje celebramos

30 de junho - Beato Vasyl Vsevolod Velychkovskyj


Os servos de Deus, hoje inscritos no Álbum dos Beatos, representam todos os componentes da Comunidade eclesial: entre eles, encontram-se Bispos e sacerdotes, monges, monjas e leigos. Eles foram provados de muitas maneiras por parte dos seguidores das ideologias nefastas do nazismo e do comunismo.
Amparados pela graça divina, eles percorreram até ao fim o caminho da vitória.

É um caminho que passa através do perdão e da reconciliação; caminho que conduz à luz resplandecente da Páscoa, depois do sacrifício do Calvário. Estes nossos irmãos e irmãs são os representantes conhecidos de uma multidão de heróis anônimos, homens e mulheres, maridos e esposas, sacerdotes e consagrados, jovens e idosos que no decurso do século XX, o "século do martírio", enfrentaram a perseguição, a violência e a morte para não renunciar à sua fé.

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 27 de junho de 2001

O Beato ucraniano Vasyl Vsevolod Velychkovskyj, depois de passar por perseguições indescritíveis, morreu aos setenta anos em Winnipeg, no Canadá, em 1973. Aparentemente de morte natural; surpreendentemente, a autópsia estabeleceu que a morte ocorrera por uma dose de veneno de ação lenta, dada ao bispo antes de sua partida para o exílio, em 1972. Assim terminou sua odisseia. 

Vasyl Velychkovskyj nasceu em 1 de junho de 1903 em Stanislaviv (hoje Ivano-Frankivsk) na Ucrânia. Com apenas quinze anos de idade, ele participou da guerra da independência da Ucrânia (1918-1919), no final da qual ele entrou no seminário de Lviv (Lviv). 

Depois de receber o diaconato, ele entrou na Congregação do Santíssimo Redentor - Redentoresitas. Então, em 9 de outubro de 1925, ele recebeu sua ordenação sacerdotal e dedicou-se por mais de vinte anos às missões entre o povo simples das aldeias e cidades, não apenas na Ucrânia Ocidental. Sua intensa e fervorosa atividade apostólica incentivou a conversão ao catolicismo de muitos leigos e de alguns sacerdotes ortodoxos. Sua atividade continuou inabalável durante a primeira ocupação soviética, entre setembro de 1939 e junho de 1941. 

Tão grande foi a fama de Vasyl Velychkovskyj entre as pessoas que o governo não se atreveu a tocá-lo. Em 11 de abril de 1945, no entanto, ele foi finalmente preso junto com toda a hierarquia greco-católica. O longo processo ocorreu em Kiev e durou quase dois anos, no final, ele foi condenado à morte por fuzilamento. 
Nos três meses em que aguardava a execução, dedicou-se ao cuidado pastoral de seus companheiros de prisão e a sentença foi comutada em 10 anos de trabalhos forçados em campo de concentração. 
No final do outono de 1945, começou para ele um longo período de trabalhos forçados em diferentes campos, mas mesmo assim continuou secretamente a celebrar a liturgia todos os dias.

Os dez anos de vida nos campos comprometeram seriamente sua saúde, mas ele conseguiu sobreviver de qualquer maneira e, libertado em 1955, retornou a Lviv, onde continuou a realizar clandestinamente atividades pastorais. 
Em 1959, recebeu da Santa Sé a nomeação como "Bispo da Igreja do Silêncio", mas a perseguição só permitiu a sua consagração episcopal em 1963, em Moscou, em um quarto de hotel. 
Em 2 de janeiro de 1969, ele foi novamente preso e condenado a três anos de prisão, mas depois de alguns meses ele foi libertado porque sofria seriamente de problemas no coração.

Mais uma vez detido, após a libertação ocorrida em 27 de janeiro de 1972, as autoridades soviéticas não permitiram que ele retornasse a Lviv, mas propuseram que ele fosse morar com sua irmã que vivia na Iugoslávia. 

Ali ficou por um breve período, depois foi para Roma, onde em 8 de abril de 1972 foi recebido por Paulo VI. Finalmente, em 15 de junho de 1972, ele foi para Winnipeg, no Canadá, onde morreu em 30 de junho de 1973, aos setenta anos de idade. Uma testemunha tornou público que após sua morte, os médicos provaram que o bispo tinha recebido uma substância venenosa de ação lenta antes de sua partida para a Iugoslávia, para que a morte pudesse parecer natural. 

Vasyl Velychkovskyj foi beatificado por João Paulo II em 27 de junho de 2001, juntamente com outras 24 vítimas do regime soviético de nacionalidade ucraniana.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

29 de junho - Santa Ema de Gurk


Segundo alguns registros encontrados, Ema nasceu por volta do ano 980, na cidade de Karnten na Áustria e  seus pais eram nobres cristãos. Levava o título de Condessa de Friesach-Zeltschach desde seu nascimento e foi apresentada à corte imperial de Bamberg por Santa Cunegunda.

Ema contraiu núpcias com o Conde Guilherme de Sanngau, que pertencia a mais rica nobreza do Ducado da Carintia, uma belíssima região das montanhas austríacas, com quem teve dois filhos: Hartwig e Guilherme.

No mesmo dia perdeu seu esposo e seus filhos, que foram assassinados. Depois disso, Ema viu-se sozinha com o patrimônio de uma família que não existia mais. Com a orientação espiritual do bispo de sua cidade, direcionou sua vida no sentido de auxiliar aos pobres e de fundar mosteiros, que colocou sob a regra dos beneditinos.

Primeiro fundou o Mosteiro Feminino de Gurk e mais tarde o Mosteiro Masculino de Admont. Feito isto, em 1043 ingressou como religiosa no Mosteiro de Gurk. Entretanto não existem informações precisas se ela se tornou abadessa como outras fundadoras, ou se permaneceu uma simples monja beneditina.

Foi tal a reclusão de Ema, que se tornou impossível pesquisar sobre ela sem usar os textos da tradição cristã. Era uma senhora refinada, discreta, generosa e muito piedosa. Era tão boa e benevolente com todos os pobres, que já era considerada uma santa em vida.

Alguns contam que ela teria morrido em 27 de junho de 1045. Entretanto, em 1200, alguns registros foram descobertos indicando que Ema faleceu bem idosa, em 1070, no Mosteiro de Gurk.

Poucos anos depois de sua morte, no momento em que o caixão foi aberto, seu corpo foi descoberto reduzido a pó, com exceção de sua mão direita, a que havia dado tão generosamente esmolas aos pobres.

Desde 1174, Ema está enterrada na Catedral de Gurk, cuja construção havia patrocinado com a herança do marido. Mais tarde seus despojos foram transferidos para a cripta da Catedral. No século XVIII, Antonio Corradini, artista italiano, esculpiu um baixo-relevo em mármore sobre sua tumba, representando o momento de sua morte.

Como o fervor dos devotos pelas graças e prodígios alcançados por sua intercessão propagaram a sua santidade, os bispos e os mosteiros providenciaram a oficialização do seu culto. Ema não era venerada somente na Áustria, mas também na Eslovênia. A devoção a ela só aumentou ao longo dos tempos.

Ema de Gurk foi beatificada em 21 de novembro de 1287 pelo Papa Honório IV e canonizada 800 anos após, em 5 de janeiro de 1938 pelo Papa Pio XI.

Ela é representada em trajes de dama nobre, trazendo nos braços a maquete de uma igreja ou então em hábito religioso com uma rosa, ou ainda distribuindo esmolas.

A generosidade de Santa Ema de Gurk ainda continua viva e presente por meio do vigor das obras assistenciais desenvolvidas pelos monges beneditinos daqueles mosteiros, e todos os outros espalhados nos cinco continentes que difundem seu exemplo de santidade.

29 de junho - 'Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar.' Mt 8,2


O Evangelho, fala da cura do leproso. Ele reza para obter a cura, e o faz com fé: o leproso, desafia Jesus com coragem, dizendo: "Se queres, tens o poder de curar-me!". E a resposta do Senhor é imediata: "Eu quero". Portanto, tudo é possível para quem crê, como ensina o Evangelho".
Sempre, quando nos aproximamos do Senhor para pedir algo, se deve partir da fé e fazê-lo na fé: Eu tenho fé que tu podes cura-me, eu creio que tu podes fazer isto e ter a coragem de desafiá-lo, como este leproso de hoje. A oração na fé. 

O Evangelho nos leva portanto a interrogar-nos sobre nosso modo de rezar. Não o fazemos como "papagaios" e “sem interesse" naquilo que pedimos, mas ao contrário, suplicamos o Senhor que ajude a nossa pouca fé, também diante das dificuldades.

De fato, são muitos os episódios do Evangelho em que aproximar-se do Senhor é difícil para quem se encontra em dificuldades e isso serve de exemplo para cada um de nós.
Coragem para lutar e chegar ao Senhor. Coragem para ter fé, no início: “Se tu queres, tens o poder de curar-me. Se tu quiseres, eu creio”. E coragem para aproximar-me do Senhor, quando existem tantas dificuldades. Aquela coragem… Muitas vezes, é preciso paciência e saber esperar os tempos, mas não desistir, ir sempre em frente. Mas se eu com fé me aproximo do Senhor e digo: “Mas se queres, podes me dar esta graça” e como a graça depois de três dias não veio, então peço uma outra coisa.... e me esqueço... 

Santa Mônica, mãe de Agostinho, rezou e "chorou muito" pela conversão do seu filho e conseguiu obtê-la. Coragem “para desafiar o Senhor”, coragem para “acreditar”, mesmo que não se obtenha logo o que se pede, porque na “oração se joga tudo” e “se a oração não é corajosa, não é cristã”.

A oração cristã nasce da fé em Jesus e segue sempre com a fé, para além das dificuldades. Uma lembrança para trazê-la hoje no nosso coração nos ajudará: o nosso pai Abraão, a quem foi prometida a herança, isto é, ter um filho aos 100 anos. Diz o apóstolo Paulo: “Ele acreditou” e com isto foi justificado. Pela fé, “se colocou em caminho”: fé e fazer de tudo para chegar àquela graça que estou pedindo. O Senhor nos disse: “Peçam e vos será dado”. Tomemos também esta Palavra e tenhamos confiança, mas sempre com fé e acreditando. Esta é a coragem que tem a oração cristã. Se uma oração não é corajosa, não é cristã.

Papa Francisco – 12 de janeiro de 2018

Hoje celebramos:

quinta-feira, 28 de junho de 2018

28 de junho - Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor', entrará no Reino dos Céus. Mt 7,21


Cada um de nós tem o próprio estilo de resistência escondida à graça: devemos procurá-lo, encontrá-lo e colocá-lo diante do Senhor, a fim de que Ele nos purifique.

Estas resistências escondidas, que todos temos têm uma natureza bem reconhecível pois vêm sempre para deter um processo de conversão. É precisamente um parar, não é um lutar contra; é estar parado, talvez sorrir, mas tu não passas, como um resistir passivamente, de forma escondida. Aliás, quando há um processo de mudança numa instituição, numa família é possível reconhecer, justamente, resistências e é um bem. Com efeito, se não existissem, esta realidade não seria de Deus: quando há estas resistências é o diabo que as semeia, para que o Senhor não avance.

Mas quais são estas resistências escondidas? Comecemos pelas resistências das palavras vazias, aquelas palavras às quais o Senhor faz referência no Evangelho: Nem todos os que dizem “Senhor, Senhor” entrarão no reino dos céus. E pode-se chegar a dizer: Senhor, Senhor, tu me conheces, jantámos juntos... E Ele reitera muitas vezes no Evangelho: “Não, este não entra!”. Por isso, as palavras não servem, as palavras não nos ajudam: são as palavras, as palavras vazias. Como dizer Sim, sim, sim, mesmo se no fundo é não, não, não. Mas outrossim sempre o sim, o suave sim, para amenizar o mandamento do Senhor ou a voz do Espírito.

A este propósito, lembremos da parábola dos dois filhos, que o pai envia para a vinha. E um diz: “Não, não irei!”. Mas depois pensa: Sim, vou, é papá. Ao contrário, o outro filho responde: “Sim pai, fique tranquilo. Irei”. Ao contrário pensa mas este velho não compreende as coisa novas e não vai.
Portanto, o segundo filho faz a resistência passiva que consiste precisamente em dizer sim, tudo sim, muito diplomaticamente, quando ao contrário é não, não, não. Em síntese muitas palavras — sim, sim, sim mudaremos tudo, sim — para não mudar nada. E esta é a resistência das palavras vazias.

Papa Francisco – 01 de dezembro de 2016


28 de junho - São Paulo I - Papa


Paulo I, papa de número 93, seu pontificado durou cerca de 10 anos (757 a 767), foi nomeado diácono pelo Papa Zacarias, sendo o único papa eleito para suceder o irmão mais velho, o Papa Estevão II, de quem tinha sido íntimo conselheiro e negociador.

Nascido em Roma, foi educado desde criança para ser presbítero, no próprio palácio papal, foi eleito papa um mês após a morte de seu antecessor. Escreveu logo ao rei Pepino, dos Francos, comunicando sua eleição e o rei não só respondeu como lhe enviou um cacho de cabelos de sua filha recém nascida Gisela, irmã do futuro Carlos Magno, pedindo ao papa que aceitasse ser padrinho da pequena princesa.

Os duques e condes romanos acolheram com entusiasmo a proteção do rei franco, que de longe os deixava tranquilos sob o governo pontifício e lhes era uma garantia contra a barbárie dos Longobardos.

O novo pontífice deu provas de grande habilidade e muita paciência, conseguiu abrandar Desidério, rei dos temíveis Longobardos. Com o apoio do rei franco convenceu Desidério, a ajudar o papa recuperar o patrimônio romano nas regiões na Itália sulista que se encontrava sob o poder bizantino, e apoiar os direitos eclesiásticos do pontífice contra os bispos destes distritos.

Enquanto isso o grego Constantino Coprônimo, conhecido por sua oposição à reverência à imagens, espalhava boatos de terríveis esquadras e ingentes exércitos que estava preparando para ocupar Roma. Depois de vários encontros entre enviados de ambos os lados, com a intermediação de Pepino, foi realizado um sínodo em Gentilly, perto de Paris, no qual as doutrinas de Igreja relativas à Trindade e a reverência de imagens foram mantidas.

Também celebrizou-se por sua caridade sem alarde. Visitava à noite os cárceres, libertando, com seu direito de indulto, os condenados à morte. Pagava às escondidas os débitos dos que jaziam presos por insolvência, e colocava víveres e roupas à porta das casas dos pobres.

Fundou com monges gregos o convento de São Silvestre, ainda hoje existente no local dos antigos e famosos jardins de Lúculo.

Terminou a capela de Santa Petronila, que para alguns é filha de São Pedro, iniciada por seu irmão e chamada capela dos reis francos.
Morreu em Roma, no dia 28 de junho de 767 e esta é sua data de celebração.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

27 de junho - Assim, toda árvore boa produz frutos bons. Mt 7,17


Como se reconhece o cristão? Da sua atitude. Em primeiro lugar, recordando que Jesus ensina como quem tem autoridade, proponho um ensinamento para todos: As pessoas sabem discernir bem quando um sacerdote, um bispo, um catequista, um cristão tem a coerência que lhe confere autoridade. O próprio Jesus admoesta os discípulos, o povo, todos: “Estai atentos aos falsos profetas”. A palavra certa — embora seja um neologismo — deveria ser: “pseudoprofetas”, que se parecem com ovelhas boas, mas são lobos vorazes.
Existem três palavras-chave para entender isto: falar, fazer, ouvir.

Começa-se pelo falar. Jesus diz: Nem todos aqueles que dizem: “Senhor, Senhor”, entrarão no reino dos Céus. Por que esta oposição? Porque estes falam e agem, mas falta-lhes uma atitude que é essencial, o fundamento do falar e do agir: o ouvir.

Jesus diz ainda: Quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática... Portanto, o binômio falar-agir não é suficiente, mas até pode enganar. O binômio certo é outro: ouvir e agir, pôr em prática. Jesus diz-nos: Quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem sábio que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, sopraram os ventos mas a casa ficou firme, porque foi construída sobre a rocha. Mas quem ouve as palavras e não as faz suas, não as põe em prática, é como aquele que edifica a casa sobre a areia.
Eis a chave para reconhecer os falsos profetas: Podereis conhecê-los pelos seus frutos, ou seja, pela sua atitude: falam muito e realizam milagres, mas não têm o coração aberto para ouvir a palavra de Deus, têm medo do silêncio da palavra de Deus, são pseudocristãos, pseudopastores, que fazem coisas boas, mas falta-lhes a rocha.

A prece da coleta do dia diz: Tu nunca abandonas quem confia na rocha do teu amor. Mas a estes pseudocristãos, falta a rocha do amor de Deus, da palavra de Deus. E, sem esta rocha não podem profetizar, nem construir, porque no final tudo desaba. Trata-se de pastores ou fiéis cristãos mundanos, que falam demasiado — talvez temam o silêncio — e agem demais. São incapazes de agir a partir da escuta; partem de si mesmos, não de Deus.
Assim, quem só fala e age não é verdadeiro profeta, nem cristão autêntico, porque não está assente na rocha do amor de Deus, não é “rochoso”. Ao contrário, quem sabe ouvir e depois agir, com a força da palavra de Outro, não da sua, permanece firme como a rocha: mesmo sendo humilde e não parecendo importante, é grande.

Papa Francisco - 25 de junho de 2015 

Hoje celebramos:

27 de junho - Santa Margarida Bays

Uma católica suíça que se distingue na fé: Margarida Bays era uma leiga humilde, de vida oculta com Cristo em Deus (Col 3, 3). Era uma mulher muito simples, de vida normal, na qual cada um de nós podia se reconhecer. Ela não fez coisas extraordinárias, e ainda assim sua existência foi um processo longo e silencioso no caminho da santidade. 
Na Eucaristia, "a culminação do seu dia", Cristo foi alimento e força para ela. Através da meditação sobre os mistérios do Salvador, especialmente o mistério da Paixão, ela chegou a uma união transformadora com Deus. Alguns de seus contemporâneos acreditavam que seus longos momentos de oração eram um desperdício de tempo, mas quanto mais sua oração tornou-se intensa, quanto mais próxima se aproximava de Deus e se dedicava ao serviço de seus irmãos. Porque somente aquele que ora realmente conhece a Deus, ouve o coração de Deus e também está próximo do coração do mundo. Assim, descobrimos a importância da oração na vida do leigo. A oração não nos afasta do mundo. Longe disso! Libera nosso interior nos dispondo ao perdão e à vida fraterna.

A missão vivida por Margarida Bays é a missão que compete a todo cristão. Durante o catecismo, ela se esforçava para apresentar a mensagem do Evangelho às crianças de sua aldeia em palavras inteligíveis. Ela estava abertamente preocupada com os pobres e os doentes. Sem deixar seu país, seu coração estava aberto às dimensões da Igreja universal e do mundo. Com o sentido missionário que a caracterizou, introduziu em sua paróquia as Obras de Propagação da fé e da Santa Infância. Em Margarida Bays, descobrimos o quanto o Senhor trabalhava para fazê-la chegar à santidade: ela caminhava com Deus em humildade, fazendo cada gesto de sua vida diária por amor.

Margarida Bays exorta-nos a fazer da nossa existência um caminho de amor e recorda-nos a nossa missão no mundo: proclamar o Evangelho em todas as ocasiões, oportuno e não oportuno e, em particular, aos jovens. Ela nos convida a fazê-los descobrir a grandeza dos sacramentos da Igreja. De fato, como os jovens de hoje podem reconhecer o Salvador em sua jornada, se não forem apresentados aos mistérios cristãos? Como eles podem se aproximar da mesa eucarística e do sacramento da penitência, se ninguém os faz descobrir sua riqueza, como Margarida Bays conseguiu fazer?

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 29 de outubro de 1995

Margarida Bays nasceu em La Pierraz, Suíça, em 8 de setembro de 1815, segunda dos sete filhos de José Bays e de Maria Josefina Morel, agricultores e bons cristãos. Dotada de vivacidade e de inteligência excepcional, frequentou por 3 a 4 anos a escola, aprendendo a ler e a escrever. Desde pequena demonstrou particular inclinação para a contemplação, deixando de brincar com suas companheiras para se retirar no silêncio da oração.

Aos 11 anos foi admitida à Primeira Comunhão e aos 15 anos fez um período de aprendizado como costureira, profissão que exerceu por toda sua vida seja em casa, seja nas famílias vizinhas.

Margarida descartou a possibilidade de tornar-se religiosa, preferindo permanecer solteira e santificando-se no seio da família e junto à paroquia, onde praticamente ficou toda a vida. Os três irmãos e as três irmãs tinham por ela profunda afeição e ela, costurando e fazendo os trabalhos domésticos, criou com eles uma atmosfera de bom humor e de paz.
Mas, depois do casamento do irmão mais velho com uma empregada sua, Margarida teve que suportar a hostilidade e a incompreensão da cunhada, que se tornara a dona da casa em seu lugar. Ela reprovava o tempo passado por Margarida em oração ou no tranquilo trabalho de costura, enquanto ela se esgotava nos trabalhos do campo. Por longos 15 anos Margarida opôs a isto o silêncio e a paciência, fruto de sua caridade, que suscitava a admiração de quantos a circundavam. Por fim a cunhada reconheceu seus próprios erros e Margarida com grande caridade cristã a assistiu no seu leito de morte.

Tanto na sua própria casa, como naquela onde ia trabalhar, Margarida convidava os presentes a recitar com ela uma ou duas dezenas do Rosário. Assistia todos os dias a Santa Missa e isto constituía “o cume de sua jornada”. No domingo, dia de festa e oração, após a Missa ficava na igreja em oração diante do Santíssimo Sacramento, fazia a Via Sacra por uma hora e recitava o Rosário.

Ela gostava de fazer a pé longas e cansativas peregrinações aos Santuários Marianos, sozinha ou com amigas; vivia constantemente na presença de Deus. Leiga cheia de zelo, dedicava seu tempo livre a um apostolado ativo junto às crianças, ensinando-lhes o catecismo e formando-as para uma vida moral e religiosa; também preparava com grande solicitude as jovens para sua futura condição de esposas e mães. Visitava infatigavelmente os enfermos e os moribundos. Os pobres encontravam nela uma amiga fiel, cheia de bondade.

Introduziu na paróquia as Obras Missionárias e contribuiu para difundir a imprensa católica. Era uma incansável apóstola da oração, pois tinha presente sua importância vital para todo cristão. Amava profundamente a Jesus Eucaristia e a Virgem Maria.

Em 1835, aos 35 anos, lhe sobreveio um câncer no intestino, que os médicos não conseguiram deter. Margarida pediu à Virgem Maria que lhe mudasse estas dores por outras que lhe permitissem participar mais diretamente na Paixão de Cristo.

Em 8 de dezembro de 1854, no momento em que o Papa Pio IX proclamava em Roma o dogma da Imaculada Conceição, uma enfermidade misteriosa inesperadamente se manifestou, a qual a imobilizava em êxtases todas as sextas-feiras, enquanto revivia no espírito e no corpo os sofrimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, desde o Getsemani até o Calvário.

Recebeu ao mesmo tempo os estigmas da crucifixão, que ela dissimulava zelosamente aos olhos dos curiosos. O bispo de Friburgo, Mons. Marilly, mandou um médico verificar os êxtases e os estigmas de Margarida, o qual autenticou oficialmente a origem mística dos fenômenos.

Nos últimos anos de sua vida a dor se fez mais intensa, mas suportou-a sem um lamento, abandonando-se totalmente à vontade do Senhor. Foi então que ela compôs a belíssima oração: “Ó Santa Vítima, chama-me a Ti, é justo. Não leve em consideração minha repulsa; que eu complete no meu corpo aquilo que falta aos Teus sofrimentos. Abraço a cruz, desejo morrer contigo. É na chaga de Teu Coração que espero exalar o último suspiro”.

Morreu, segundo seu desejo, na festa do Sagrado Coração, na sexta-feira 27 de junho de 1879, às três da tarde. Os paroquianos, quando do anúncio de sua morte, diziam: “A nossa santa morreu!”. Os funerais ocorreram no dia 30, com a participação de numerosos sacerdotes e uma multidão de fiéis.

Foi canonizada pelo Papa Francisco em 13 de outubro de 2019.


terça-feira, 26 de junho de 2018

26 de junho - Entrai pela porta estreita. Mt 7,13


Hoje somos exortados a meditar sobre o tema da salvação. Jesus dos diz: Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso é o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele!Mediante a imagem da porta, Ele quer nos levar a entender que não se trata de uma questão de número — quantos se salvarão — não importa saber quantos, mas é importante que todos saibam qual é o caminho que leva à salvação.

Este percurso prevê que atravessemos uma porta. Mas onde está a porta? Como é a porta? Quem é a porta? O próprio Jesus é a porta, como Ele mesmo diz “Eu sou a porta” (Jo 10, 9). Ele guia-nos para a comunhão com o Pai, onde encontramos amor, compreensão e amparo. 
Mas podemos interrogar-nos por que motivo esta porta é estreita? Por que diz Ele que ela é estreita? Trata-se de uma porta estreita, não porque é opressiva, mas porque exige que limitemos e contenhamos o nosso orgulho e o nosso medo, para nos abrirmos a Ele com coração humilde e confiante, reconhecendo-nos pecadores, necessitados do seu perdão. Por isso é estreita: para conter o nosso orgulho, que nos incha. A porta da misericórdia de Deus é estreita, mas permanece sempre escancarada para todos! Deus não tem preferências, mas acolhe sempre todos, sem distinções. Uma porta estreita para restringir o nosso orgulho e o nosso medo, uma porta aberta de par em par, porque Deus nos recebe sem distinções. E a salvação que Ele nos concede é um fluxo incessante de misericórdia, que derruba qualquer barreira e abre surpreendentes perspectivas de luz e de paz. Porta estreita, mas sempre escancarada: não vos esqueçais disto!

Hoje Jesus dirige-nos, mais uma vez, um convite urgente a ir ao seu encontro, a passar pela porta da vida plena, reconciliada e feliz. Ele espera cada um de nós, independentemente de qualquer pecado que tenhamos cometido, para nos abraçar e para nos conceder o seu perdão. Só Ele pode transformar o nosso coração, somente Ele pode dar sentido pleno à nossa existência, oferecendo-nos a verdadeira alegria. Entrando pela porta de Jesus, pela porta da fé e do Evangelho, podemos sair das atitudes mundanas, dos maus hábitos, dos egoísmos e dos fechamentos. Quando existe o contato com o amor e a misericórdia de Deus, verifica-se a mudança autêntica. E a nossa vida é iluminada pela luz do Espírito Santo: uma luz inextinguível!

Gostaria de vos fazer uma proposta. Pensemos agora, em silêncio por um instante, naquilo que temos dentro de nós e que nos impede de atravessar a porta: o meu orgulho, a minha soberba, os meus pecados. E depois pensemos na outra porta, naquela porta aberta de par em par, da misericórdia de Deus, que do outro lado nos espera para nos conceder o perdão.
Papa Francisco - 21 de agosto de 2016

Hoje celebramos:

26 de junho - Beato Tiago de Ghazir


O Beato Tiago de Ghazir que vem ao nosso encontro hoje e nos confirma a validade de uma mensagem que a Igreja desde tempos imemoráveis consolidou e transmitiu às várias gerações que se seguiram nos dois mil anos da sua história: a única forma de felicidade possível é exatamente a santidade. Uma mensagem decisiva a qual somos convidados a reconhecer nas vidas e nos rostos dos Santos e Beatos que com a sua obra contínua contribuem para formar o mais verdadeiro e precioso tesouro "da Igreja e de quantos estão em busca da verdade e da perfeição evangélica" (Bento XVI).

O dom de um novo Beato à Igreja libanesa é um sinal de esperança nas extraordinárias possibilidades deste amado país, de profundas raízes bíblicas. Ao olhar para o Beato Tiago, podemos descobrir e fazer crescer e amadurecer os germes de santidade que estão em nós. Compararmo-nos com ele faz-nos entender melhor que Deus não está habituado a aceitar derrotas em relação à fragilidade humana. Abuna Yaaqub, que se une aos santos e mártires do Vale Santo, São Charbel, Santa Rafqa e Santo Hardini, é para o Líbano e para os libaneses um fascinante sinal de reconciliação e de paz, que vem à terra aos homens que Deus ama como nos recorda o Evangelho do nascimento de Cristo em união com o convite a olhar a realidade com os olhos da fé, para ter neles a luz necessária para superar as divisões, reforçar o diálogo, a solidariedade, a promover o bem, para aliviar os sofrimentos, para levar consolação e esperança para viver, no sinal da santidade, esta nova era de serenidade e de paz.

Cardeal José Saraiva Martins – 22 de junho de 2008

“Grande Construtor”, “Apóstolo da Cruz”, “São Vicente de Paulo do Líbano”, “Novo Cotolengo”, “Novo Dom Bosco”, são os nomes que os libaneses, cristãos e muçulmanos usaram e usam para o denominar, rezar Ao Beato Tiago de Ghazir, reconhecendo sua humanidade e sua santidade.

O BeatoTiago nasceu em Ghazir, nos arredores de Beirute, em 1º de fevereiro de 1875, o terceiro de oito filhos. A família cristã, do rito maronita, era profundamente crente. A mãe, em particular, com a santidade de sua vida influenciou decisivamente seu filho, favorecendo nele uma forte propensão à generosidade para com Deus e para com os homens. Ele foi batizado em Ghazir, na Igreja Maronita, com o nome de Khalil e confirmado em 9 de fevereiro de 1881. Depois de completar os estudos elementares em sua cidade natal, ele continuou seus estudos secundários em Beirute em duas escolas religiosas. Aos dezesseis anos ele emigrou para Alexandria do Egito, onde, abalado pelo mau exemplo de um padre e pelo comovente testemunho da morte de um irmão capuchinho, o jovem Khalil, aos 19 anos de idade, toma a decisão de abraçar a vida consagrada entre os frades capuchinhos.

Ele retornou ao Líbano em 1894 para comunicar sua decisão a seu pai e assim começar o noviciado no convento de Santo Antônio de Pádua, não muito longe de sua aldeia. Seu pai, inicialmente oposto à decisão, finalmente não pôde deixar de dizer sim. No noviciado, como era costume naquela época, ele recebeu um novo nome. A partir deste momento ele foi chamado Frei Tiago de Ghazir, em memória do sagrado irmão franciscano Tiago das Marcas. Todos os irmãos o admiravam por sua abnegação, sua piedade, sua caridade, sua obediência e pelo senso de humor, que ele nunca deixou de usar como instrumento de paz.
Depois de concluir seus estudos, em 1º de novembro de 1901, na capela do Vicariato Apostólico de Beirute, o Delegado Apostólico Dom Duval ordenou-lhe um sacerdote. No dia seguinte, ele celebrou sua primeira missa em sua cidade natal.

Seus superiores confiaram-lhe a administração geral dos cinco conventos de Beirute e da Montanha, o que o obrigou a lidar com questões administrativas, e fazendo muitas viagens. Dezenas de vezes, como ele mesmo conta em suas Memórias, foi atacado, espancado e ameaçado de morte, embora miraculosamente a cruz de Jesus sempre o salvasse.
Em 1905 ele foi nomeado diretor das escolas que os irmãos Capuchinhos estavam encarregados no Líbano, introduzindo nelas importantes reformas. Seu modelo não era ter uma escola grande com muitos alunos, mas escolas menores com turmas de poucos alunos. Assim, em 1910, as escolas eram 230, com 7.500 estudantes.
Seu carisma específico era a pregação. Preparava seus sermões à noite diante do Santíssimo Sacramento, e dele temos mais de oito mil páginas de escritos. 

Por causa da eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, os capuchinhos franceses deixaram o Líbano e Frei Tiago foi encarregado da Missão, à qual se dedicou com coragem e competência. A nova tarefa não o impediu de distribuir pão aos famintos, de enterrar os mortos abandonados nas ruas. A Providência cuidou dele. Muitas vezes escapou da prisão e até do carrasco.

Com o fim da guerra, o exército turco deixou o país e os capuchinhos franceses voltaram para continuar o trabalho interrompido. A abertura de centros para acolher crianças e jovens em dificuldade foi o novo campo de ação de Frei Santiago.
Ele também teve um sonho em sua alma: levantar uma cruz gigante no topo de uma colina no Líbano, torná-la um ponto de encontro para os Terciários Franciscanos e, acima de tudo, um local de oração por aqueles que morreram na guerra e pelos libaneses que deixaram sua terra. O sonho foi realizado, com a ajuda da Providência, na colina de Jall-Eddib, que, da "Colina dos Djinns ", foi renomeada "Colina da Cruz". 

Mas a Providência ainda tinha muitas coisas para fazer por Frei Tiago. Chamado para confessar um padre doente em um hospital público, ele ficou profundamente comovido. O padre, além do lamentável estado em que se encontrava devido à má assistência, durante a sua recuperação nunca teve a possibilidade de celebrar a santa missa. Frei Tiago não pensou duas vezes e levou-o para Nossa Senhora do Mar, onde em pouco tempo outros sacerdotes doentes o seguiram.

A Providência precisa de armas, mas sobretudo de corações generosos e maternais que se unem ao trabalho diário e cansativo da Misericórdia. Assim, a ideia de fundar uma congregação o perturbou. Algumas Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição ajudaram-no a formar jovens e, finalmente, em 1930, fundou a Congregação das Irmãs Franciscanas da Cruz do Líbano. 
Nos estatutos da nova congregação, Frei Tiago insiste, acima de tudo, que nunca faltará a seguinte obra de misericórdia: atendimento hospitalar aos sacerdotes doentes que, por causa de sua idade avançada, não podem exercer o ministério; cuidar dos deficientes, dos cegos, dos deficientes mentais, dos incuráveis ​​abandonados; educação e cuidado de órfãos. Ele acrescenta: "Quando necessário, é possível dedicar-se ao apostolado nas escolas daquelas localidades onde já existe uma casa das irmãs e nenhuma outra congregação dedicada à educação está presente".

O amor de Frei Tiago pela humanidade sofredora caracterizou todo o arco de sua vida. Ele fundou a escola de São Francisco, em Jall-Eddib, o hospital de Deir El-Qamar, para meninas com deficiência; o convento de Nossa Senhora do poço, em Bkennaya, que inclui a casa geral, o postulantado, o noviciado e o centro de acolhimento dos retiros espirituais de sacerdotes, religiosos e grupos de oração; o hospital de Nossa Senhora, em Antélias, para os doentes crônicos e os idosos. E também, o Hospital San José, em Dora, localizado em um bairro popular; a escola das Irmãs da Cruz, em Brummana, que acolhe crianças órfãs e vítimas de pobreza material e moral; o Hospício de Cristo Rei, em Zouk-Mosbeh, construído em uma colina com vista para a estrada da costa que vai para Byblos.

Em 1951, o Hospital da Cruz foi inteiramente reservado para o cuidado de doenças mentais. Hoje é o maior complexo psiquiátrico do Oriente Médio. O Hospital da Cruz acolhe os enfermos de qualquer religião com o espírito de misericórdia que distingue a congregação das Irmãs Franciscanas da Cruz do Líbano: "Sejamos como a fonte que nunca diz ao sedento: diga-me primeiro de que país que você vem, caso contrário eu não vou te dar para beber”.

Frei Tiago, reconhecido por autoridades religiosas e civis como um gigante da caridade, não tinha outro propósito em sua vida senão "amar a Deus e amar o homem, a imagem do Crucificado".

Idade e doença amadureceram a forte fibra do atleta de Cristo, e em particular o coração que Frei Tiago ofereceu tantas vezes ao Senhor: "Senhor, se você quer o meu coração, aqui está; bem como minha inteligência, minha vontade e todo o meu ser”.

Na madrugada de sábado, 26 de junho de 1954, ele disse: "Hoje é meu último dia!" Ele morreu às 3:00 da tarde. O rádio, a imprensa, os amigos, os sinos da aldeia anunciaram sua morte. Milhares de pessoas foram ao convento da Cruz para lamentar, orar e receber uma bênção daquele que agora vive no Eterno.
O Núncio Apostólico resumiu a sua vida com estas palavras: “Ele foi o maior homem que o Líbano deu em nossos dias”.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

25 de junho - Não julgueis, e não sereis julgados. Mt 7,1


O episódio começa com uma palavra clara de Jesus: “Não julgueis, para não serdes julgados”. Portanto, se não quiseres ser julgados não julgues os outros. E o Senhor dá um passo adiante, indicando precisamente o critério da medida: “Porque com o julgamento mediante o qual julgais sereis julgados e com a medida com a qual medis, sereis medidos”. Todos nós queremos, no dia do julgamento, que o Senhor olhe para nós com benevolência, que o Senhor se esqueça de muitas coisas ruins que fizemos na vida. E isto é justo, porque somos filhos, e um filho espera isto do pai, sempre. Mas se julgares constantemente os outros, com a mesma medida serás julgados: isto é claro.

Primeiro, o mandamento, o fato: Não julgueis para não ser julgados. Segundo, a medida será a mesma que vós usais para com os irmãos. E depois o terceiro passo: olha-te ao espelho mas não a fim de te maquiar para que não se vejam as rugas; não, não, não é este o conselho! Pelo contrário, olha-te ao espelho para te veres a ti mesmo, como és.

As palavras de Jesus são claras: Por que olhas para o cisco que está no olho do teu irmão e não te dás conta da trave que está no teu? Ou como dirás ao teu irmão: deixa que te tire o cisco do olho enquanto no teu há a trave?” Como nos qualifica o Senhor quando fazemos isto? Uma só palavra: Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás ver com clareza para tirar o cisco do olho do teu irmão.

Na realidade, não deveria surpreender a reação do Senhor que se altera; é muito forte, e parece também que nos insulta: chama “hipócrita” quem julga os outros. A razão é que quem coloca-se no lugar de Deus, considera-se Deus e duvida da palavra de Deus.
É precisamente o que a serpente convenceu os nossos pais a fazer: Não, não, Deus é um mentiroso, se vós comerdes disto, sereis como ele. E eles queriam colocar-se no lugar de Deus.
Por esta razão, é muito feio julgar: deixemos o julgamento só a Deus, só a ele! A nós compete o amor, a compreensão, rezar pelos outros quando vemos coisas que não são boas, se serve também falar com eles para os admoestar se algo parece não estar no caminho certo.
De qualquer forma nunca julgar, nunca, porque se julgarmos será hipocrisia. Aliás, quando julgamos colocamo-nos no lugar de Deus, isto é verdade, mas o nosso juízo é pobre: nunca, nunca pode ser um verdadeiro julgamento. Porque, o verdadeiro julgamento é o que Deus faz.

E por que o nosso não pode ser como o de Deus? Por que Deus é Onipotente e nós não? Não, porque ao nosso julgamento falta a misericórdia. E quando Deus julga, fá-lo com misericórdia.

Pensemos hoje naquilo que o Senhor nos diz: não julgar, para não ser julgado, a medida com a qual julgarmos será a mesma que usarão para conosco; e, terceiro, olhemo-nos ao espelho antes de julgar. E assim quando temos a tentação de dizer: ela faz isto, ele faz aquilo, é melhor olhar-se ao espelho antes de falar. Caso contrário, serei um hipócrita porque me coloco no lugar de Deus. E contudo o meu julgamento é pobre: falta algo tão importante que o juízo de Deus possui, falta a misericórdia. O Senhor, nos faça compreender bem estas coisas.

Papa Francisco - 20 de junho de 2016

Hoje celebramos:


25 de junho - São Máximo de Turim

Entre o final do quarto século e o início do quinto, temos a figura de São Máximo, Bispo de Turim, em 398, que contribuiu decididamente para a difusão e o consolidamento do cristianismo no norte da Itália. São poucas as notícias sobre ele; em compensação chegou até aos nossos dias uma coletânea de cerca de noventa Sermões. Deles sobressai aquele vínculo profundo e vital do Bispo com a sua cidade, que afirma um ponto de contato evidente entre o ministério episcopal de Ambrósio, e o de Máximo.

Naquela época graves tensões perturbavam a convivência civil ordenada. Máximo, neste contexto, conseguiu reunir o povo cristão em volta da sua pessoa de pastor e de mestre. A cidade estava ameaçada por grupos espalhados de bárbaros que, tendo entrado pelas portas orientais, se adentraram até aos Alpes ocidentais. Por isso Turim era estavelmente presidiada por guarnições militares, e tornava-se, nos momentos críticos, o refúgio das populações em fuga dos campos e dos centros urbanos privados de proteção. As intervenções de Máximo, perante esta situação, testemunham o compromisso de reagir à degradação civil e à desagregação. Foi uma lúcida escolha pastoral do Bispo, que entreviu neste tipo de pregação o caminho mais eficaz para manter e fortalecer o próprio vínculo com o povo.

Nesta perspectiva, para ilustrar o ministério de Máximo na sua cidade, gostaria de expor por exemplo os Sermões 17 e 18, dedicados a um tema sempre atual, o da riqueza e da pobreza nas comunidades cristãs. Também neste âmbito a cidade estava invadida de graves tensões. As riquezas eram acumuladas e ocultadas. 
"Ninguém pensa nas necessidades dos outros", constata amargamente o Bispo no seu décimo sétimo Sermão. "De fato, muitos cristãos não só não distribuem os próprios bens, mas subtraem também os dos outros. Não só, digo, recolhendo o seu dinheiro não o levam aos pés dos apóstolos, mas também afastam dos pés dos sacerdotes os seus irmãos que procuram ajuda". E conclui: "Encontram-se na nossa cidade muitos hóspedes e peregrinos. Fazei quanto prometestes" aderindo à fé, "para que não se diga também a vós quanto foi dito a Ananias: "Não foi aos homens que mentistes, mas a Deus" (Sermão 17, 2-3).

No Sermão sucessivo, o dezoito, Máximo estigmatiza formas recorrentes de crueldades sobre as desgraças do próximo. "Diz-me, cristão, diz-me: porque te apoderaste da vítima abandonada pelos salteadores? Por que introduziste na tua casa um "proveito", como tu mesmo consideras, dilacerado e contaminado?". "Mas talvez", continua, "tu digas que o compraste e por isso pensas que evitas a acusação de avarento. Mas não é deste modo que se pode fazer corresponder a compra à venda. É uma boa coisa comprar, mas em tempo de paz e o que se vende livremente, não o que foi roubado durante um saque... Portanto, comporta-se como cristão e como cidadão aquele que compra para restituir" (Sermão 18, 3).

Sem o evidenciar demasiado, Máximo chega assim a pregar uma relação profunda entre os deveres do cristão e os do cidadão. Aos seus olhos, viver a vida cristã significa também assumir os compromissos civis. Ao contrário, cada cristão que, "mesmo podendo viver com o seu trabalho, captura a vítima do próximo com a fúria das feras"; quem "insidia o seu vizinho, que todos os dias procura corroer os confins do outro, apoderar-se dos produtos", não é sequer semelhante à raposa que degola as galinhas, mas ao lobo que se lança contra os porcos" (Sermão 41, 4).

Em síntese, a tonalidade e o conteúdo dos Sermões deixam supor uma aumentada consciência da responsabilidade política do Bispo nas específicas circunstâncias históricas. Ele é "a sentinela" posta na cidade. Quem são estas sentinelas, pergunta de fato Máximo no Sermão 92, "a não ser os beatíssimos Bispos que, por assim dizer, são postos sobre uma fortaleza de sabedoria para a defesa dos povos, veem de longe os males que chegam inesperadamente?". E no Sermão 89 o Bispo de Turim ilustra aos fiéis as suas tarefas, servindo-se de uma comparação singular entre a função episcopal e a das abelhas: "Como a abelha", diz ele, os Bispos "observam a castidade do corpo, concedem o alimento da vida celeste, usam o aguilhão da lei. São puros para santificar, meigos para restaurar, severos para punir". Assim São Máximo descreve a tarefa do Bispo no seu tempo.
Papa Bento XVI – 31 de outubro de 2007

Máximo nasceu depois da metade do século IV, na região do Piemonte, na Itália. Foi discípulo de dois grandes santos: Eusébio de Vercelli e Ambrósio de Milão, e sob a orientação de ambos fundou a diocese de Turim, da qual foi nomeado o primeiro bispo.
De personalidade firme e decidida, com caráter manso e benévolo, diante da invasão dos bárbaros chegou a propor aos seus fiéis, amedrontados pela aproximação do inimigo destruidor, empunhar as armas do jejum, da oração e da misericórdia para enfrentá-lo.

Aos medrosos e acovardados, que pensavam em abandonar a cidade, pregou que seriam injustos e pífios se abandonassem a mãe no perigo, pois a pátria é sempre uma doce mãe.

Entretanto, ao tratar dos temas da doutrina dogmática, a sua palavra era uma luz que aclarava imensamente os textos bíblicos, os quais interpretava com a mais perfeita ortodoxia. Venerado como um dos Padres da Igreja pela Igreja ocidental, documentos mais recentes revelam que ele teria convocado o Concílio de Turim, na condição de primeiro bispo daquela diocese, em 398.
Morreu no ano 423, e segundo antiga tradição local, suas relíquias ficaram escondidas por muitos séculos. Depois, perderam-se durante as várias invasões dos bárbaros e pela ação dos hereges iconoclastas no início do século IX. Finalmente, alguns poucos fragmentos dessas relíquias foram encontrados no século XVII e são conservados na catedral de Turim.


O bispo Máximo tinha uma particular veneração por são João Batista, cuja devoção incutiu aos fiéis que elegeram aquele santo como padroeiro de Turim. Por esse motivo, a Igreja marcou a festa litúrgica de são Máximo de Turim para 25 de junho, um dia após a celebração da Natividade de São João Batista