sábado, 31 de outubro de 2020

Fratelli Tutti - Capítulo 1 - As sombras de um mundo fechado: O descarte mundial: nºs 18 a 21

18. Partes da humanidade parecem sacrificáveis em benefício duma seleção que favorece a um setor humano digno de viver sem limites. No fundo, as pessoas já não são vistas como um valor primário a respeitar e tutelar, especialmente se são pobres ou deficientes, se “ainda não servem” (como os nascituros) ou “já não servem” (como os idosos). Tornamo-nos insensíveis a qualquer forma de desperdício, a começar pelo alimentar, que aparece entre os mais deploráveis.

19. A falta de filhos, que provoca um envelhecimento da população, juntamente com o abandono dos idosos numa dolorosa solidão, exprimem implicitamente que tudo acaba conosco, que só contam os nossos interesses individuais. Assim, objeto de descarte não são apenas os alimentos ou os bens supérfluos, mas muitas vezes os próprios seres humanos. Vimos o que aconteceu com as pessoas de idade nalgumas partes do mundo por causa do coronavírus. Não deviam morrer assim. Na realidade, porém, tinha já acontecido algo semelhante devido às ondas de calor e noutras circunstâncias: cruelmente descartados. Não nos damos conta de que isolar os idosos e abandoná-los à responsabilidade de outros sem um acompanhamento familiar adequado e amoroso mutila e empobrece a própria família. Além disso, acaba por privar os jovens daquele contato que lhes é necessário com as suas raízes e com uma sabedoria que a juventude, sozinha, não pode alcançar.

20. Este descarte exprime-se de variadas maneiras como, por exemplo, na obsessão por reduzir os custos laborais sem se dar conta das graves consequências que provoca, pois o desemprego daí resultante tem como efeito direto alargar as fronteiras da pobreza. Além disso, o descarte assume formas abjetas, que julgávamos já superadas, como o racismo que se dissimula mas não cessa de reaparecer. De novo nos envergonham as expressões de racismo, demonstrando assim que os supostos avanços da sociedade não são assim tão reais nem estão garantidos duma vez por todas.

21. Há regras econômicas que foram eficazes para o crescimento, mas não de igual modo para o desenvolvimento humano integral. Aumentou a riqueza, mas sem equidade, e assim nascem novas pobrezas. Quando dizem que o mundo moderno reduziu a pobreza, fazem-no medindo-a com critérios doutros tempos não comparáveis à realidade atual. Pois noutros tempos, por exemplo, não ter acesso à energia elétrica não era considerado um sinal de pobreza nem causava grave incômodo. A pobreza sempre se analisa e compreende no contexto das possibilidades reais dum momento histórico concreto.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Fratelli Tutti - Capítulo 1 - As sombras de um mundo fechado: Sem um projeto para todos: nºs 15 a 17

15. A melhor maneira de dominar e avançar sem entraves é semear o desânimo e despertar uma desconfiança constante, mesmo disfarçada por detrás da defesa de alguns valores. Usa-se hoje, em muitos países, o mecanismo político de exasperar, exacerbar e polarizar. Com várias modalidades, nega-se a outros o direito de existir e pensar e, para isso, recorre-se à estratégia de ridicularizá-los, insinuar suspeitas sobre eles e reprimi-los. Não se acolhe a sua parte da verdade, os seus valores, e assim a sociedade empobrece-se e acaba reduzida à prepotência do mais forte. Desta forma, a política deixou de ser um debate saudável sobre projetos a longo prazo para o desenvolvimento de todos e o bem comum, limitando-se a receitas efêmeras de marketing cujo recurso mais eficaz está na destruição do outro. Neste mesquinho jogo de desqualificações, o debate é manipulado para o manter no estado de controvérsia e contraposição.

16. Nesta luta de interesses que nos coloca a todos contra todos, onde vencer se torna sinónimo de destruir, como se pode levantar a cabeça para reconhecer o vizinho ou ficar ao lado de quem está caído na estrada? Hoje, um projeto com grandes objetivos para o desenvolvimento de toda a humanidade soa como um delírio. Aumentam as distâncias entre nós, e a dura e lenta marcha rumo a um mundo unido e mais justo sofre um novo e drástico revés.

17. Cuidar do mundo que nos rodeia e sustenta significa cuidar de nós mesmos. Mas precisamos de nos constituirmos como um “nós” que habita a casa comum. Um tal cuidado não interessa aos poderes econômicos que necessitam dum ganho rápido. Frequentemente as vozes que se levantam em defesa do ambiente são silenciadas ou ridicularizadas, disfarçando de racionalidade o que não passa de interesses particulares. Nesta cultura que estamos a desenvolver, vazia, fixada no imediato e sem um projeto comum, é previsível que, perante o esgotamento de alguns recursos, se vá criando um cenário favorável para novas guerras, disfarçadas sob nobres reivindicações. 

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Fratelli Tutti - Capítulo 1 - As sombras de um mundo fechado: O fim da consciência histórica: nºs 13 e 14

13. Pelo mesmo motivo, favorece também uma perda do sentido da história que desagrega ainda mais. Nota-se a penetração cultural duma espécie de “desconstrucionismo”, em que a liberdade humana pretende construir tudo a partir do zero. De pé, deixa apenas a necessidade de consumir sem limites e a acentuação de muitas formas de individualismo sem conteúdo. Neste contexto, colocava-se um conselho que dei aos jovens: “Se uma pessoa vos fizer uma proposta dizendo para ignorardes a história, não aproveitardes da experiência dos mais velhos, desprezardes todo o passado olhando apenas para o futuro que essa pessoa vos oferece, não será uma forma fácil de vos atrair para a sua proposta a fim de fazerdes apenas o que ela diz? Aquela pessoa precisa de vós vazios, desenraizados, desconfiados de tudo, para vos fiardes apenas nas suas promessas e vos submeterdes aos seus planos. Assim procedem as ideologias de variadas cores, que destroem (ou desconstroem) tudo o que for diferente, podendo assim reinar sem oposições. Para isso, precisam de jovens que desprezem a história, rejeitem a riqueza espiritual e humana que se foi transmitindo através das gerações, ignorem tudo quanto os precedeu”.

14. São as novas formas de colonização cultural. Não nos esqueçamos de que os povos que alienam a sua tradição e – por mania imitativa, violência imposta, imperdoável negligência ou apatia – toleram que se lhes roube a alma, perdem, juntamente com a própria fisionomia espiritual, a sua consistência moral e, por fim, a independência ideológica, económica e política. Uma maneira eficaz de dissolver a consciência histórica, o pensamento crítico, o empenho pela justiça e os percursos de integração é esvaziar de sentido ou manipular as grandes palavras. Que significado têm hoje palavras como democracia, liberdade, justiça, unidade? Foram manipuladas e desfiguradas para utilizá-las como instrumento de domínio, como títulos vazios de conteúdo que podem servir para justificar qualquer ação.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Fratelli Tutti - Capítulo 1 - As sombras de um mundo fechado: Sonhos desfeitos em pedaços nºs 09 a 12

9. Sem pretender efetuar uma análise exaustiva nem tomar em consideração todos os aspetos da realidade que vivemos, proponho apenas manter-nos atentos a algumas tendências do mundo atual que dificultam o desenvolvimento da fraternidade universal.

Sonhos desfeitos em pedaços

10. Durante décadas, pareceu que o mundo tinha aprendido com tantas guerras e fracassos e, lentamente, ia caminhando para variadas formas de integração. Por exemplo, avançou o sonho duma Europa unida, capaz de reconhecer raízes comuns e regozijar-se com a diversidade que a habita. Lembremos a firme convicção dos Pais fundadores da União Europeia, que desejavam um futuro assente na capacidade de trabalhar juntos para superar as divisões e promover a paz e a comunhão entre todos os povos do continente. E ganhou força também o anseio duma integração latino-americana, e alguns passos começaram a ser dados. Noutros países e regiões, houve tentativas de pacificação e reaproximações que foram bem-sucedidas e outras que pareciam promissoras.

11. Mas a história dá sinais de regressão. Reacendem-se conflitos anacrônicos que se consideravam superados, ressurgem nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos. Em vários países, uma certa noção de unidade do povo e da nação, penetrada por diferentes ideologias, cria novas formas de egoísmo e de perda do sentido social mascaradas por uma suposta defesa dos interesses nacionais. Isto lembra-nos que cada geração deve fazer suas as lutas e as conquistas das gerações anteriores e levá-las a metas ainda mais altas. É o caminho. O bem, como aliás o amor, a justiça e a solidariedade não se alcançam duma vez para sempre; hão de ser conquistados cada dia. Não é possível contentar-se com o que já se obteve no passado nem instalar-se a gozá-lo como se esta situação nos levasse a ignorar que muitos dos nossos irmãos ainda sofrem situações de injustiça que nos interpelam a todos.

12. Abrir-se ao mundo é uma expressão de que, hoje, se apropriaram a economia e as finanças. Refere-se exclusivamente à abertura aos interesses estrangeiros ou à liberdade dos poderes econômicos para investir sem entraves nem complicações em todos os países. Os conflitos locais e o desinteresse pelo bem comum são instrumentalizados pela economia global para impor um modelo cultural único. Esta cultura unifica o mundo, mas divide as pessoas e as nações, porque a sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos. Encontramo-nos mais sozinhos do que nunca neste mundo massificado, que privilegia os interesses individuais e debilita a dimensão comunitária da existência. Em contrapartida, aumentam os mercados, onde as pessoas desempenham funções de consumidores ou de espectadores. O avanço deste globalismo favorece normalmente a identidade dos mais fortes que se protegem a si mesmos, mas procura dissolver as identidades das regiões mais frágeis e pobres, tornando-as mais vulneráveis e dependentes. Desta forma, a política torna-se cada vez mais frágil perante os poderes econômicos transnacionais que aplicam o lema divide e reinarás.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Fratelli Tutti - Sem fronteiras: nºs 06 a 08

6. As páginas seguintes não pretendem resumir a doutrina sobre o amor fraterno, mas detêm-se na sua dimensão universal, na sua abertura a todos. Entrego esta encíclica social como humilde contribuição para a reflexão, a fim de que, perante as várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a palavras. Embora a tenha escrito a partir das minhas convicções cristãs, que me animam e nutrem, procurei fazê-lo de tal maneira que a reflexão se abra ao diálogo com todas as pessoas de boa vontade.

7. Além disso, quando estava a redigir esta carta, irrompeu de forma inesperada a pandemia do Covid-19 que deixou a descoberto as nossas falsas seguranças. Por cima das várias respostas que deram os diferentes países, ficou evidente a incapacidade de agir em conjunto. Apesar de estarmos superconectados, verificou-se uma fragmentação que tornou mais difícil resolver os problemas que nos afetam a todos. Se alguém pensa que se tratava apenas de fazer funcionar melhor o que já fazíamos, ou que a única lição a tirar é que devemos melhorar os sistemas e regras já existentes, está a negar a realidade.

8. Desejo ardentemente que, neste tempo que nos cabe viver, reconhecendo a dignidade de cada pessoa humana, possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de fraternidade. Entre todos: “Aqui está um ótimo segredo para sonhar e tornar a nossa vida uma bela aventura. Ninguém pode enfrentar a vida isoladamente (…); precisamos duma comunidade que nos apoie, que nos auxilie e dentro da qual nos ajudemos mutuamente a olhar em frente. Como é importante sonhar juntos! (…) Sozinho, corres o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é juntos que se constroem os sonhos”. Sonhemos como uma única humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz, mas todos irmãos.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Fratelli tutti - Sem fronteiras: nºs 03 a 05


3. Na sua vida, há um episódio que nos mostra o seu coração sem fronteiras, capaz de superar as distâncias de proveniência, nacionalidade, cor ou religião: é a sua visita ao Sultão Malik-al-Kamil, no Egito. A mesma exigiu dele um grande esforço, devido à sua pobreza, aos poucos recursos que possuía, à distância e às diferenças de língua, cultura e religião. Aquela viagem, num momento histórico marcado pelas Cruzadas, demonstrava ainda mais a grandeza do amor que queria viver, desejoso de abraçar a todos. A fidelidade ao seu Senhor era proporcional ao amor que nutria pelos irmãos e irmãs. Sem ignorar as dificuldades e perigos, São Francisco foi ao encontro do Sultão com a mesma atitude que pedia aos seus discípulos: sem negar a própria identidade, quando estiverdes “entre sarracenos e outros infiéis (...), não façais litígios nem contendas, mas sede submissos a toda a criatura humana por amor de Deus”. No contexto de então, era um pedido extraordinário. É impressionante que, há oitocentos anos, Francisco recomende evitar toda a forma de agressão ou contenda e também viver uma “submissão” humilde e fraterna, mesmo com quem não partilhasse a sua fé.

4. Não fazia guerra dialética impondo doutrinas, mas comunicava o amor de Deus; compreendera que “Deus é amor, e quem permanece no amor, permanece em Deus” (1 Jo 4, 16). Assim foi pai fecundo que suscitou o sonho duma sociedade fraterna, pois “só o homem que aceita aproximar-se das outras pessoas com o seu próprio movimento, não para retê-las no que é seu, mas para ajudá-las a serem mais elas mesmas, é que se torna realmente pai”. Naquele mundo cheio de torreões de vigia e muralhas defensivas, as cidades viviam guerras sangrentas entre famílias poderosas, ao mesmo tempo que cresciam as áreas miseráveis das periferias excluídas. Lá, Francisco recebeu no seu íntimo a verdadeira paz, libertou-se de todo o desejo de domínio sobre os outros, fez-se um dos últimos e procurou viver em harmonia com todos. Foi ele que motivou estas páginas.

5. As questões relacionadas com a fraternidade e a amizade social sempre estiveram entre as minhas preocupações. A elas me referi repetidamente nos últimos anos e em vários lugares. Nesta encíclica, quis reunir muitas dessas intervenções, situando-as num contexto mais amplo de reflexão. Além disso, se na redação da Laudato si’ tive uma fonte de inspiração no meu irmão Bartolomeu, o Patriarca ortodoxo que propunha com grande vigor o cuidado da criação, agora senti-me especialmente estimulado pelo Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb, com quem me encontrei, em Abu Dhabi, para lembrar que Deus “criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos”. Não se tratou de mero ato diplomático, mas duma reflexão feita em diálogo e dum compromisso conjunto. Esta encíclica reúne e desenvolve grandes temas expostos naquele documento que assinamos juntos. E aqui, na minha linguagem própria, acolhi também numerosas cartas e documentos com reflexões que recebi de tantas pessoas e grupos de todo o mundo.

domingo, 25 de outubro de 2020

Fratelli tutti - Introdução: nºs 01 e 02

Carta Encíclíca do Santo Padre Papa Francisco sobre a Fraternidade e Amizade Social

1. “FRATELLI TUTTI”: escrevia São Francisco de Assis, dirigindo-se a seus irmãos e irmãs para lhes propor uma forma de vida com sabor a Evangelho. Destes conselhos, quero destacar o convite a um amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço; nele declara feliz quem ama o outro, “o seu irmão, tanto quando está longe, como quando está junto de si”. Com poucas e simples palavras, explicou o essencial duma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada uma nasceu ou habita.

2. Este Santo do amor fraterno, da simplicidade e da alegria, que me inspirou a escrever a encíclica Laudato si, volta a inspirar-me para dedicar esta nova encíclica à fraternidade e à amizade social. Com efeito, São Francisco, que se sentia irmão do sol, do mar e do vento, sentia-se ainda mais unido aos que eram da sua própria carne. Semeou paz por toda a parte e andou junto dos pobres, abandonados, doentes, descartados, dos últimos.

 

sábado, 24 de outubro de 2020

24 de outubro - Beata Benigna Cardoso da Silva

Beata Benigna Cardoso da Silva
Beata Benigna Cardoso da Silva
“Heroína da Castidade”, Benigna Cardoso da Silva nasceu em 15 de outubro de 1928 em Sítio Oiti, perto de Santana do Cariri no Ceará, Brasil, era a última dos quatro filhos de José Cardoso da Silva e Teresa Maria da Silva. Ela foi batizada no dia 21 de outubro seguinte. 

Benigna não conheceu o pai, que morreu antes do nascimento, e perdeu a mãe com apenas um ano. Ela e seus irmãos foram adotados pelas irmãs Rosa e Honorina Sisnando Leite, proprietárias do Sitio Oitis, que também se interessaram em fazer Benigna frequentar a escola e a igreja. 

Sua infância foi cercada pela alegria das inocentes brincadeiras com cantigas de roda, bonecas, casinha, piqueniques, passeios etc., ao lado de suas irmãs de criação Tetê e Irani, que ainda vivem. Benigna gostava muito de uma cantiga de roda que dizia mais ou menos assim: “Carneirinho, carneirão, neirão, neirão, olhai pro céu, olhai pro céu, pro céu, pro céu, para ver Nosso Senhor, Senhor, Senhor, e todos se ajoelharem...”

Era uma jovem muito simples e cheia de humildade. De estatura média, Benigna era magra, de cabelos e olhos castanhos meio ondulados, morena clara, rosto arredondado e queixo afinado. Tinha um leve estrabismo em um dos olhos.

Modesta por natureza, tímida, reservada e meditativa, não usava vestidos sem mangas, curtos nem com decotes. Sua generosidade, carisma e simpatia a fazia querida e cativada por familiares, amigos e conhecidos, tornando-se um modelo de juventude para época.

Em casa, desenvolvia bem todas as tarefas domésticas, com intuito de ajudar sua família adotiva. Era boa filha, sempre obediente e prestativa.

Aos doze anos, a Serva de Deus foi abordada por um menino autoritário, que começou a assediá-la. Benigna, que não estava interessado em iniciar um relacionamento tão jovem, o rejeitou. Ela procurou a orientação do pároco, que a aconselhou a resistir firmemente e lhe deu um livro ilustrado sobre histórias bíblicas. O jovem, no entanto, continuou a insistir cada vez mais intensamente, até chegar a formas de violência.

Depois de várias tentativas malsucedidas, na tarde de 24 de outubro de 1941, quando soube que Benigna pegaria água de um poço, ele decidiu esperar por ela, escondido na vegetação. Então ele a surpreendeu e tentou agarrá-la à força, mas Benigna mostrou um vigor notável. Com raiva, o jovem pegou um facão que ele havia trazido e a acertou quatro vezes: o primeiro golpe cortou três dedos da mão direita da garota, que fez um gesto de defesa automática; o segundo a atingiu na testa; o terceiro, os rins; a quarta e fatal, no pescoço, que praticamente cortou sua garganta. Quando o assassino percebeu sua ação, fugiu. A jovem Benigna tinha apenas 13 anos.

O corpo da Serva de Deus foi encontrado por um de seus irmãos, que saíra em busca dela. O corpo foi enterrado na manhã do dia seguinte no cemitério público.

Os requintes de crueldade do crime abalaram todo o Município. Desde essa data, começaram as visitas ao túmulo e ao local do martírio até o tempo presente. As rogativas feitas à “Santa de Inhumas”, assim como as promessas são geradoras de graças alcançadas por intercessão dessa memorável jovem, que é tida por todos como “santa” e “Heroína da Castidade”.

O assassino foi preso, pagou pelo seu crime e, arrependido, voltou ao local 50 anos depois para chorar, elevar preces e pedir perdão a Benigna. Neste retorno, relatou sua mudança de vida, sua conversão ao cristianismo. Fez penitências para salvar sua alma, e pedindo a intercessão de Benigna, alcançou graças sempre recorrendo à sua inocente vítima, a quem sempre rogava nas horas de aflição. Segundo ele, seu ato foi de loucura e “ela se mostrou virtuosa, quando resistiu para não pecar e não apenas para ver se escaparia.”

No dia 02 de outubro de 2019 o Papa Francisco reconheceu o martírio da jovem que seria beatificada no dia 21 de outubro de 2020, mas em função da pandemia essa data foi desmarcada e aguardamos a nova data.


segunda-feira, 19 de outubro de 2020

19 de outubro - Beato Jerzy Popieluszko


“Rezemos para que fiquemos livres do medo e da intimidação, mas principalmente do desejo de vingança e violência.” Pe. Popieluszko

Em Varsóvia, capital da Polônia, foi beatificado no dia 6 de junho de 2010 aquele que é considerado um dos mártires do movimento pela democratização da Polônia, o sacerdote Jerzy Popieluszko, morto pelo governo comunista em 1984, foi alguém que “somente com as armas espirituais da verdade, da justiça e da caridade, procurou reivindicar a liberdade de consciência dos cidadãos e dos sacerdotes”, disse o prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Dom Angelo Amato, que presidiu a Celebração.

Padre Jerzy, “desde o início do seu serviço sacerdotal, com zelo pastoral e natural bondade atraía os fiéis a Cristo”, e “tinha a capacidade de unir as pessoas provenientes de diversos ambientes e grupos sociais já que por qualquer um nutria um profundo respeito”, disse o Arcebispo de Varsóvia, Dom Kazimierz Nycz.

Em sua homilia Dom Angelo Amato disse que o “Padre Jerzy era simplesmente um leal sacerdote católica, que defendia a sua dignidade de ministro de Cristo e da Igreja e a liberdade de todos aqueles que, como ele, eram oprimidos e humilhados”.

Por uma ideologia que “não suportava o esplendor da verdade e da justiça”, prosseguiu o enviado do Papa, “o inerme sacerdote foi espionado, perseguido, capturado, torturado e jogado na água, ainda agonizante. Foi encontrado somente dez dias depois.”

Estavam também presentes à cerimônia de beatificação em Varsóvia a mãe do beatificado, Marianna Popieluszko, com 100 anos, seus irmãos e irmãs.

Numa época em que o Comunismo consolidava o seu poder vitorioso sobre a Polônia, em 1947, Jerzy Popieluszko nascia numa família de camponeses. Cerca de quarenta anos depois, quando o comunismo europeu começava a desagregar-se, ele foi assassinado. Chamavam-no “a consciência do povo”. Jerzy Popieluszko era apenas um jovem capelão de uma aldeia desconhecida, Okopy, perto de Suchowola.

Trabalha com crianças e jovens e, em 1980, com a idade que Cristo tinha ao morrer, empenha-se no movimento operário polaco, prega justiça social e patriotismo, celebra uma grande missa para soldadores em greve no recinto da sua fábrica.

A partir daí, fica na mira dos serviços secretos. É vigiado e ameaçado por eles; sucedem-se os acidentes de automóvel de que é vítima, instauram-lhe um processo, assaltam e vandalizam a sua casa. O capelão mantém-se firme. Por fim, na noite de 19 de outubro de 1984, é raptado, torturado e afogado. Com a mordaça na boca foi espancado até a inconsciência com um bastão de madeira, amarrado com pedras, o corpo mutilado foi colocado em um saco e jogado no Rio Vístula, perto da barragem na região de Wloctawek, uma morte desumana, espancado por mais de 14 vezes, com chutes na cabeça, enforcado e afogado, ainda vivo.

Mas a consciência não morre. O seu enterro transforma-se numa manifestação. Milhares de pessoas, incluindo os pais, participam profundamente desgostosos. Para todos é evidente: o Padre Jerzy sacrificou a sua vida pela verdade.

A notícia de seu sequestro e assassinato, aos 37 anos, deu a volta ao mundo. Seu funeral foi em 3 de novembro de 1984, e atraiu cerca de 600 a 800 mil pessoas de todo o país. Já dois dias depois chegaram à Cúria de Varsóvia os primeiros pedidos de sua beatificação.
No início do processo de beatificação pode ler-se: “A morte dele abre-nos os olhos: os olhos do nosso coração, do nosso entendimento, da nossa fé”. Mesmo depois de morto, fala às consciências.

Entrou no Seminário de Varsóvia aos dezoito anos em 1965. Em 1967, junto com os outros seminaristas, é convocado pelo exército nacional. Durante dois anos será obrigado a permanecer na carreira militar. No quartel, destacou-se pelas suas firmes convicções religiosas. Nunca negará a sua fé. Basta dizer que diante dos regimes totalitários, ninguém conseguiu arrancar seu Rosário e sua Medalha de Nossa Senhora. Por isso, foi punido várias vezes por seus superiores.

Entre milhões de peregrinos que veneraram a memória do mártir, houve alguém muito especial que visitou o túmulo do Pe. Jerzy no dia 14 de junho de 1987. Era do conhecimento geral que João Paulo II desejava rezar junto do túmulo do Pe. Popieluszko durante a sua visita à Polônia. Inúmeras referências aos ensinamentos e exemplo do Pe. Popieluszko, presentes nas homilias do Santo Padre, não deixam dúvidas acerca da sua estima pelo sacerdote martirizado.

O Padre George (em português) nasceu em 14 de setembro de 1947, na aldeia Okopy da região de Białystok. Seus pais, Mariana e Vladislau, trabalhavam na agricultura. As condições de vida eram difíceis, mas os pais criaram os filhos com muito cuidado. Em primeiro lugar estava o Senhor Deus, a Santa Missa e a oração da família reunida. A decisão sobre a escolha do sacerdócio foi tomada após a graduação no segundo grau. Em 1965, ingressou no Seminário Arquidiocesano, em Varsóvia. Foi ordenado sacerdote em 28 de maio de 1972.
Durante o seu ministério sacerdotal executou muitas tarefas. Em fevereiro de 1979, recebeu a função de pastor do grupo médico em Varsóvia. Dedicou muita atenção às questões da defesa da vida dos nascituros e da necessidade de prestação de assistência concreta às mulheres grávidas, que se encontravam em situações difíceis.

No domingo memorável de 31 de agosto de 1980, quando o país inteiro estava tomado por uma onda de greves, os trabalhadores dos estaleiros de Huta que estavam protestando em Varsóvia, estavam à procura de um sacerdote que pudesse celebrar as santas missas em suas instalações. O Cardeal Wyszyński enviou o seu capelão. Sem qualquer plano prévio, o Cardeal parou em frente à Igreja de São Estanislau Kostka. Lá descobriu que apenas o padre Popiełuszko poderia ir. Desta forma, pareceria um acaso, mas começou a grande aventura do ministério espiritual para o povo trabalhador. Após a missa o padre George permaneceu no estaleiro até a noite e desde então vinha várias vezes por semana.

O Pe. Popiełuszko simplesmente gostava das pessoas. Sem imposição e obsessão podia realmente interessar-se com profundidade pelo homem, sua vida, sua perspectiva, seus problemas. Atraía-as para si porque sentiam a sua bondade. Era mestre em fazer contatos, construir relacionamentos, criar ligações. Era um patrono para todos aqueles que individualmente estavam em busca de realizações, sofrendo de isolamento e mesmo com tratamentos caros em psicoterapeutas não eram capazes de superá-lo. Sem contar com os empecilhos, interferia por aqueles que eram os mais oprimidos.

Em seus sermões, falou muito sobre a liberdade. Ressaltava que a liberdade não significa anarquia, isto é, fazer toda e qualquer coisa que o homem deseje e o que é viável, mas que seja pela livre busca do bem. Vencer o mal com o bem. Permanecer livre do ódio, da repressão e da vingança. O Pe. Popiełuszko levava café quente para os policiais gelados, que durante o inverno em plena lei marcial vigiavam sua casa.
Desde fevereiro de 1982, assumiu a celebração de Santas Missas pela Polônia. Elas eram celebradas regularmente no último domingo do mês, e logo começou a reunir multidões de fiéis. Ouviam-no os trabalhadores e professores, opositores e até mesmo aqueles pertencentes ao partido da oposição. As pessoas vinham de toda a Polônia, de mês a mês vinham mais e mais pessoas. Não é de admirar que logo por parte das autoridades aparecessem provocações e tentativas de intimidação.

Nas Santas Missas pela Pátria ocorriam muitas conversões, muitos voltaram para a Igreja depois de muitos anos ou até depois de dezenas de anos, e muitos pediam para ser batizados. Os trabalhadores se opunham ao comunismo sem portar armamentos além do Santo Rosário em suas mãos e com imagens da Virgem e do Papa polaco João Paulo II.

Mês após mês, a atmosfera em torno Pe. Popiełuszko tornava-se cada vez mais tensa. Sempre era seguido, sabia que sua moradia era vigiada e o telefone gravado. Não escapou de artigos difamatórios na imprensa e muitas horas de oitivas no posto policial.
Em setembro de 1983, junto com Lech Walesa organizou a primeira peregrinação de trabalhadores para Jasna Góra (para o santuário de Częstochowa – e esta idéia mantêm-se até hoje). Um ano mais tarde recebia telefonemas anônimos: “Se fores novamente para Jasna Góra – vais morrer”.

No dia 13 de outubro de 1984, três oficiais do serviço secreto causaram-lhe um acidente automobilístico. Providencialmente, dele o padre sobreviveu. Alguns dias depois, afirmaria: “A vida deve ser vivida com dignidade, porque temos apenas uma. Peçamos que sejamos libertos do medo, do terror, mas sobretudo, do desejo de vingança. Devemos vencer o mal com o bem, mantendo intacta a nossa dignidade de homens, e por isso não podemos fazer uso da violência”.

No mesmo dia em que dissera estas palavras acima foi sequestrado por aqueles mesmos três homens. Pronunciamentos a favor de sua libertação foram feitos por bispos e sacerdotes. Até mesmo João Paulo II a favor dele se pronunciou na Audiência do dia 24:
Apelo às consciências daqueles que cometeram esse ato vergonhoso e são responsáveis ​​por ele. Queridos irmãos e irmãs, por favor, juntem-se a mim. em oração pela libertação imediata de Pe. Popiełuszko e seu retorno ao trabalho pastoral;
e no Angelus do dia 28.
Caros compatriotas. Continuamos a perseverar em oração pelo Pe. Jerzy Popieluszko.
Agradecemos a todos que aqui em Roma, Itália e em todo o mundo se juntam a nós em oração por esta história. Pedimos a Deus paz e ordem em nosso país, em nossa terra natal. Pedimos que esse novo sofrimento sirva à renovação espiritual de nossa nação.

Finalmente, no dia 30, seu corpo foi encontrado.

O Papa Bento o apresentou, no último Angelus do Ano Sacerdotal, como modelo para os sacerdotes no dia 13 de junho de 2010, ocasião que encerrava uma longa série de ensinamentos a respeito do Ano Sacerdotal afirmou: “Padre Jerzy Popieluszko, Servo da Verdade e do Perdão”.
A ele, o Papa Bento dedicou dois Angelus. O primeiro, no dia de sua beatificação, assim dizia: “Dirijo cordial saudação a Igreja na Polônia, que hoje rejubila com a elevação aos altares do presbítero Jerzy Popieluszko. O seu serviço zeloso e o martírio são sinais particulares da vitória do bem sobre o mal. O seu exemplo e a sua intercessão façam aumentar o zelo dos sacerdotes e inflamem de amor os fiéis leigos”.

Palavras da Senhora Marianna Popieluszko, mãe do Pe. Popieluszko:
“Ofereci meu Filho a Deus.”
“Havia pedido a Deus a graça de ter um filho sacerdote. Quando estava grávida dele o ofereci a Deus.”
“Pouco antes de nascer o ofereci a Virgem Maria.”


sábado, 10 de outubro de 2020

Oração para Canonização do Beato Carlo Acutis

Oração: 

Matheus - miraculado
Ó Pai,
que nos deu o testemunho apaixonado
do jovem Beato Carlo Acutis,
que fez da Eucaristia o centro de sua vida
e a força de seu empenho diário
porque mesmo os outros Te amaram acima de qualquer coisa,
faça com que possa ser em breve
considerado um dos Santos de Sua Igreja.

Confirme minha Fé,
alimente minha Esperança,

revigore minha Caridade,
à imagem do jovem Carlo
que, ao crescer com estas virtudes,
agora vive perto de Vós.
Conceda a graça que tanto desejo... (coloque sua intenção)

Confio em Vós, Pai,
e em Seu amadíssimo Filho Jesus,
na Virgem Maria, nossa doce Mãe,
e na intercessão do Beato Carlo Acutis.

Pai Nosso

Ave Maria

Gloria ao Pai



Frases do Beato Carlo Acutis

"Todos nascem como originais, muitos morrem como fotocópias".

“Nosso objetivo deve ser o infinito, não o finito”.

“Não amor próprio, mas a glória de Deus”.

“Estar sempre unido a Jesus é o meu programa de vida”.

"De que adianta o homem vencer mil batalhas se não conseguir vencer a si mesmo?".

“A santificação não é um processo de adição, mas de subtração. Menos eu para deixar espaço para Deus”.

“A felicidade é o olhar voltado para Deus. A tristeza é o olhar voltado para si mesmo”.

“Se Deus possui nosso coração, possuiremos o Infinito”.

“A conversão nada mais é do que mover o olhar de baixo para cima, basta um simples movimento dos olhos”.

“Encontre Deus e você encontrará o sentido da sua vida”.

“A vida é uma dádiva porque, enquanto estivermos neste planeta, podemos aumentar nosso nível de caridade. Quanto mais alto for, mais desfrutaremos da Bem-aventurança Eterna de Deus”.

“Depois da Sagrada Eucaristia, o Rosário é a arma mais poderosa para combater o Diabo”.

“O que realmente nos tornará belos aos olhos de Deus será apenas a maneira como o amamos e como amamos nossos irmãos”.

“Sem Ele não posso fazer nada”.

 “Só quem faz a vontade de Deus será verdadeiramente livre”.

“O verdadeiro discípulo de Jesus Cristo é aquele que em tudo tenta imitá-lo e fazer a vontade de Deus”.

"O Rosário é a escada mais curta para subir ao Céu"

“A vida só é verdadeiramente bela se passamos a amar a Deus acima de tudo, ao próximo como a nós mesmos”.

“Criticar a Igreja significa criticar a nós mesmos! A Igreja é a dispensadora de tesouros para a nossa salvação”.

“A única coisa que devemos realmente temer é o pecado”.

“Por que os homens se importam tanto com a beleza de seu corpo e então não se importam com a beleza de sua alma?”.

"Não eu, mas Deus".

10 de outubro - Beato Carlo Acutis


Carlo Acutis comprovou que é possível a um jovem viver a santidade sendo original. Nascido em Londres em1991 foi com seus pais morar na Itália e desde a infância descobriu um caminho espiritual de amor a Jesus Eucarístico e buscou durante sua vida essa intimidade na Eucaristia.

Com o tempo descobre a devoção a Nossa Senhora, mas continua a sua vida de jovem. Amigo e companheiro, destacou na caridade um sentimento que o levou a amar a todos em especial os mais pobres e excluídos.

Ao descobrir a leucemia que o levou ao Hospital decidiu oferecer seu sofrimento pelo Papa Bento XVI e pela igreja. Faleceu nas primeiras horas do dia 12 de outubro de 2006, com apenas 15 anos.

A lição de Carlo Acusti é ser um jovem alegre e que vivia na Terra com os olhos voltados para o infinito e desde criança aspirava ser santo.

Partilhou com os amigos a alegria de um jovem que gostava de jogar bola, assistir desenhos animados, brincar de videogame e nunca perder o foco que é manter o coração puro de atitudes que desagradassem a Deus.

Recebeu a doença como um momento de seu voo rumo à Pátria Celeste.  Jovem, amante de computadores e apaixonado por Jesus Cristo. É o mais recente exemplo de santidade que a Igreja propõe para todos.

Jovem amante de computadores e apaixonado por Jesus Cristo. Com seu grupo de amigos dá conselhos para que todos levem uma vida de acordo com a proposta cristã. Alertava os colegas e amigos para os perigos do mau uso dos computadores. Levava uma vida muito pura no trato com todos, especialmente os mais jovens.

Desde cedo já despontava um gênio da informática e surpreendia a todos com a sua capacidade. E através da Internet realizou ações visando evangelizar na rede mundial. Um dom que procurou aperfeiçoar. Alguns engenheiros de computação e amigos da família ficavam encantados com a capacidade e os conhecimentos de Carlo.

Aplicou os conhecimentos e o gosto pelos computadores também na obra da evangelização, além de vários filmes de entretenimento e criou vídeos em que seus animais de estimação empenhavam os papeis principais. Fazia pequenos filmes em que apresentava pontos sobre a fé, especialmente a Eucaristia. Montava filmes em que procurava mostrar a beleza da criação e a beleza da presença de Deus na vida das pessoas.  

O talento de Carlo para a informática pode torná-lo um excelente padroeiro para os internautas. Carlo teve muito presente essa vontade de evangelizar através dos meios digitais, por isso é exemplo para todos.

Na sua participação diária na Santa Missa, Carlo procurava chegar mais cedo para alguns momentos de adoração a Jesus. No final permanecia também alguns momentos em adoração para agradecer a Jesus o grande dom dado aos homens ao se tornar presente no Sacramento da Eucaristia. Para Carlo a Eucaristia é o diálogo íntimo e seguro com Jesus.  A presença de Nossa Senhora na vida de Carlo acontecia de forma particular através da oração do terço.

O Carlo mostra como a fé sem obras está morta. A fé que ele vivia, a sua vida de oração muito exigente resultava numa caridade pronta e total aos mais necessitados.

Impressiona a seriedade da sua vida cristã. Ele abraça a fé a sério e segue-a. Vê-se isso na forma como dá testemunho de Jesus, como procura adorar Jesus na Eucaristia, como se consagrava constantemente a Nossa Senhora.

É impressionante como ele é, ao mesmo tempo, tão igual a qualquer jovem de hoje e ao mesmo tempo tão sério na vida cristã.

Carlo Acutis dizia: «Todos nascem como originais, muitos morrem como fotocópias». Ele ensinou que cada pessoa tem a possibilidade de procurar Deus de todo o coração e descobrir a vocação única e irrepetível que cada um tem. Ninguém deve ser uma «fotocópia» de outro: cada um deve tomar a vida a sério e ser santo. Os santos mostram onde a graça de Deus e o Evangelho nos podem levar e o Carlo é um exemplo claríssimo disso!

Carlo e seu kit para se tornarem Santos

Para ajudar as crianças, ele ensinava catecismo, e formulou seu "kit para se tornarem santos":

1) Você tem que querer de todo o coração e se não quiser ainda tem que pedir ao Senhor com insistência.

2) Procure ir à Santa Missa todos os dias e tome a Sagrada Comunhão.

3) Lembre-se de recitar o Santo Rosário todos os dias.

4) Leia a cada dia uma passagem da Sagrada Escritura.

5) Se você puder fazer alguns momentos de Adoração Eucarística em frente ao Tabernáculo onde Jesus está realmente presente, você verá como seu nível de santidade aumentará prodigiosamente.

6) Se você puder confesse seus pecados veniais todas as semanas.

Conheça a Mostra Internacional sobre os Milagres Eucarísticos criada e projetada pelo Beato de Deus Carlo Acutis: Milagres Eucarísticos

A cura de um menino brasileiro que sofria de uma anomalia congênita rara foi o milagre reconhecido pelo Vaticano que levou à beatificação de Carlo Acutis, no dia 10 de outubro de 2020.

O pequeno Matheus sofria de pâncreas anular, uma doença que fazia com que ele vomitasse tudo o que ingeria, e ficou milagrosamente curado após pedir para “parar de vomitar” diante de uma relíquia do beato.

No dia 12 de outubro de 2013, na capela de Nossa Senhora Aparecida, no momento da Bênção com a Relíquia, o menino aproximou-se, levado por seu avô. Na fila para bênção, a criança ao tocar na relíquia, espontaneamente faz seu pedido: ‘para parar de vomitar’, e assim aconteceu, não vomitou mais”.

Em  fevereiro de 2014, a família mandou fazer novos exames no garoto e foi-lhe constatado a plena cura.

Hoje, Matheus tem 9 anos e mora em Campo Grande com os avós, Solange Lins Viana, de 62 anos, e Elias Verão Viana, de 75 anos, a mãe Luciana Viana, de 37, e o irmão Ângelo, de 13 anos.

“Eu lembro que no dia da cura, estávamos eu, Matheus e meu pai na fila. Meu pai pediu para pegá-lo no colo e eu expliquei o que era uma relíquia e que as pessoas beijavam e faziam um pedido. Eu expliquei que a relíquia era um pedacinho de Carlo Acutis e que ele poderia pedir o que quisesse”, contou a mãe.

Luciana recordou que já tinha combinado com seu pai de pedirem pela cura de Matheus. “Mas como ele estava no colo, chegou na frente e soltou um: parar de vomitar”.

Exames posteriores comprovaram que o menino não tinha mais pâncreas anular.