Diz a tradição que
Narciso nasceu na Grécia por volta do ano 96 e que tinha quase 100 anos de
idade quando foi nomeado o décimo-terceiro Bispo de Jerusalém, no ano 186.
Mais de um século
havia se passado desde que a cidade fora destruída pelos romanos e reconstruída
com o nome de Élia Capitolina pelo imperador Adriano.
Como sacerdote, São
Narciso realizou um trabalho notável dedicado aos doentes e pobres da cidade de
Jerusalém. Este trabalho foi tão intenso que os cristãos da Cidade Santa
quiseram que ele assumisse a paróquia dedicada a São Tiago. Nesta paróquia, ele
dedicou-se à caridade para com os necessitados e à evangelização. Nesta missão,
ele arrebanhou multidões.
Quando a diocese de
Jerusalém perdeu seu bispo, por volta do ano 186, os cristãos, em unanimidade,
quiseram que São Narciso assumisse o comando da diocese. Por isso, ele foi
sagrado bispo de Jerusalém. Ele contava, então, com quase cem anos de idade.
Mesmo assim, a idade tão avançada não lhe pesou. Ao contrário, ele teve forças
para governar a diocese com firmeza por quase dezesseis anos.
Narciso, junto com
Teófilo, bispo de Cesareia, Síria Palestina, presidiu ao concílio de Cesareia
onde foi aprovada a determinação de se celebrar a Páscoa sempre no Domingo,
diferenciando-a assim da Páscoa judaica. Desta forma, ele foi contra o costume
dos bispos da Ásia Menor e dos judeu-cristãos que celebravam a Páscoa no 14 de
Nisan.
De acordo com
Eusébio de Cesareia, encabeçou a lista de assinaturas de uma carta que o
episcopado da Palestina enviara ao papa Vítor I. Nela, os bispos declaravam
observar os rito e usos da Igreja romana.
O final da vida de
São Narciso teve uma marca trágica. Ele foi acusado injustamente por três
indivíduos. Estes afirmaram que o viram praticando atos ilícitos e fizeram
juramentos:
O primeiro,
disse: “Que eu seja queimado vivo se estiver mentindo!”
O segundo
disse: “Que a lepra me devore se eu não estiver falando a verdade!”
E o terceiro
afirmou: “Que eu fique cego se não for verdade o que digo!”
São Narciso afirmou
sua inocência e que perdoava seus acusadores, mas depois da acusação, preferiu
isolar-se no deserto. Pouco tempo depois, seus acusadores receberam o castigo
tal qual tinham jurado. O primeiro, morreu queimado num incêndio. O segundo,
tornou-se leproso e o terceiro, após ter chorado bastante diante dos cristãos,
arrependido e confessando o crime cometido, ficou cego.
O povo saiu em
busca de São Narciso para que reassumisse seu cargo. Porém, não o encontraram e
pensaram que ele tivesse falecido e passaram a trata-lo como santo. Por isso,
outros três bispos assumiram em seu lugar.
Alguns anos mais
tarde, porém, eis que São Narciso reapareceu. O povo o acolheu com grande alegria
e surpresa e fez com que ele reassumisse suas funções.
Narciso aceitou,
mas quis ter a seu lado um coadjutor escolhido por ele. Assim pôde confiar a
cura pastoral ao amigo Alexandre, então bispo na Capadócia, que ficou junto
dele nos seus últimos dez anos de vida.
Por meio de uma
carta do bispo Alexandre aos fiéis de Antínoe, no Egito, ficamos sabendo da
longevidade de Narciso. Nela se lê:
“Saúda-vos
Narciso, que antes de mim ocupou esta sede episcopal e agora está colocado na
mesma categoria que eu nas orações. Ele agora completou 116 anos e vos exorta,
como eu, à concórdia”.
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