domingo, 29 de março de 2015

Domingo de Ramos: Porta de Entrada para a Semana Santa


Hoje, Domingo de Ramos, ao entrar na igreja, todo nós, exultantes, com os ramos de oliveira e as palmas, daremos um duplo testemunho acerca do Senhor: pelos ramos de oliveira confessaremos o Messias, o Ungido, já que é da oliveira que sai o azeite para a unção; e ao recebê-lo com as palmas da vitória, daremos testemunho de seu triunfo sobre a morte, porque teremos compreendido o significado de seu último sinal que foi o Despertar de Lázaro.
Através destas duas portas entraremos na Semana Santa e este curto tempo que vamos viver estará marcado por acontecimentos misteriosos, muitas vezes, aparentemente contraditórios, pouco claro para a nossa mente “pragmática” e “realista”.

Olhando atentamente para o Senhor, veremos no Evangelho deste Domingo de Ramos que o Senhor avança e entra triunfalmente em Jerusalém e é recebido como um rei vitorioso. Não obstante, montado num jumento, se apresenta como um soberano humilde, não-violento. E isto já nos adverte que seu reino não é deste mundo (Jo 18,36).

Jesus recebe silencioso todas estas aclamações do povo e, ante a curiosidade de alguns gregos que querem vê-lo, diz umas palavras que, até mesmo para os discípulos mais próximos são, no mínimo, enigmáticas:
É chegada a hora em que o Filho do Homem será glorificado. Amém! Amém! 
Digo-vos: se o grão de trigo caído na terra não morre, fica só; 
mas se morre, dá muito fruto. Jo 12, 23-24.

Seus discípulos, certamente se perguntariam: Como pode ser que o Senhor, que acaba de ressuscitar Lázaro, e que hoje é aclamada pela maioria do povo de Israel, nos diga agora que sua glorificação consiste em que morrerá como um grão de trigo?
É que neste curto espaço de tempo de uma semana, momento em que vamos nos submergir no Mistério de nossa Salvação, tudo será renovado.
A morte vai adquirir um novo significado, será uma morte frutífera; Deus será glorificado por sua morte porque irá transformá-la numa passagem luminosa para a Ressurreição. Porém, esta transformação o Senhor a realizará atravessando a dor, as trevas e a solidão que a morte contém em suas entranhas.
Todas as palavras que o Senhor dirige à multidão são pouco compreensíveis. Como pode ser que um dos elementos mais repulsivos da época, o elemento de tortura por excelência que utilizavam os romanos, a cruz, seja transformado pelo Senhor, com sua presença, num pólo de atração para Ele?
Eu, quando for erguido no alto sobre a terra, atrairei todos a Mim.Dizia isto para significar de que morte iria morrer. Jo 12, 32

Quem se recorda dos que mataram os profetas e o Cristo?
Então, com um novo olhar, estes acontecimentos nos podem ser iluminados.
Nas palavras finais do Evangelho do Domingo de Ramos, o Senhor vai se distanciando lentamente da multidão até ocultar-se dela. A sua vida pública vai chegando ao seu fim. A hora da glória só será compartilhada na intimidade por alguns poucos. Veremos que a maioria dos que hoje o recebem como rei, pedirão que seja crucificado. O aparente êxito de hoje, será transformado no aparente fracasso dos dias que virão.
Por isso, tudo pode ser novo nesta semana que começa se não abandonamos o Senhor porque, é a partir de suas ações, e não de nossos pensamentos, que cada coisa terá um novo olhar.
Seguir o Senhor para estar com Ele, para servi-Lo, fazer um silêncio profundo sobre nossas necessidades, sobre nossos pensamentos, sobre nossos sentimentos, sobre nossas opiniões. Estar atentos aos acontecimentos sem a interferência de nosso eu, sequer para tentar compreender.
Quiçá então, ao final deste curto percurso, animemo-nos a recorrer, algo se faça novo em nós, e comece nosso caminho rumo a verdadeira conversão.


No Domingo de Ramos, o Senhor entra em Jerusalém e nos convida para que O sigamos. Que as portas da igreja, que abrimos hoje solenemente na liturgia, sejam simbolicamente as portas de nosso coração aberto e vulnerável, orientado unicamente, neste tempo de uma semana, para a realização do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

sábado, 28 de março de 2015

São Gontrão

Clotário I, rei de França, e de uma parte da Alemanha, com sua morte deixou quatro filhos que lançaram a sorte sobre o reino. Gontrão recebeu Orleans, a Borgonha e estabeleceu a capital em Châlon-sobre-o-Saône.

Era uma época de revoluções e de assassínios políticos. Seus irmãos guerrearam entre si e acabaram mortos. Gontrão serviu de pai aos dois sobrinhos.

No começo de seu reinado, sua conduta não foi exemplar: repudiou a primeira esposa – culpada de ter-lhe dado apenas um filho natimorto.
A segunda esposa não teve melhor sorte. Nem a terceira, que caiu em desgraça quando os dois filhos morreram ainda pequenos.

Pensou em casar-se novamente mas, convencido de que a morte dos filhos era por culpa dos seus pecados, mudou radicalmente de conduta.

Um dia, quando se dirigia para fazer orações, às diversas igrejas de Orleans, o rei Gontrão rumou para a residência de São Gregório de Tours, que morava na igreja de Santo Avito. Gregório levantou-se cheio de alegria ao reconhecê-lo e, depois de lhe ter dado a benção, o convidou para jantar. O que ele fazia por Gregório de Tours, fazia-o por todos os cidadãos de Orleans. Aceitava o convite, comparecia ao jantar e encantava a todos com sua bondade. Chamavam-no geralmente o bom rei.

O zelo de Gontrão sustinha e animava a todos de seu reino. Perdendo os dois filhos que deviam suceder-lhe, aplicou-se mais do que nunca a toda sorte de boas obras. Os exemplos de um rei tão bom santificaram a família. As duas princesas, suas filhas, Clodoberge e Clotilde, renunciaram às grandezas e aos prazeres do mundo, para se consagrarem a Deus, na sua virgindade.

Gontrão distinguiu-se especialmente pala magnificência com que fundava e dotava as igrejas. Deu diversas terras ao mosteiro de São Sinfrônio de Autun e ao de São Benigno de Dijon. Neste último estabeleceu os salmos perpétuos, a exemplo do mosteiro de Agaune, onde os monges, divididos em vários grupos, se revezavam dia e noite, para cantarem, sem interrupção, os louvores de Deus.

Mandou construir uma igreja magnífica e um mosteiro nos arredores de Châlon-sobre-o-Saône, em honra de São Marcelo, mártir, e instituiu também um coro contínuo querendo com isso que a ordem dos salmos fosse a mesma a ser observada na igreja de Tours.
O rei Gontrão reuniu vários concílios, não somente para regular os negócios da Igreja, como também para tratar dos bens temporais dos povos, para conciliar as diferenças do reino a outro, e prevenir, dessa forma, as guerras civis entre os francos. Para ele, os concílios eram ainda conselhos de Estado.

Um navio que chegara da Espanha, espalhara em Marselha a peste, enquanto Teodoro, bispo dessa cidade se encontrava fora da cidade. O santo bispo retornou imediatamente para consolar o povo, e aliviar-lhe o sofrimento. Não omitiu nenhum dos socorros espirituais e temporais que podia dar. E quando a doença e a deserção reduziram os habitantes da grande cidade a um pequeno número, encerrou-se no recinto da igreja de São Vítor, com os que restavam, passando os dias e as noites em orações, para acalmar a cólera divina. O mal contagioso passou de Marselha para Lião.

Gontrão desempenhou, ao mesmo tempo, as funções de um bom rei e de um piedoso bispo. Ordenou que fossem celebradas as rogações e que, durante três dias, tempo que deviam durar, se jejuasse, comendo pão de cevada e bebendo água. Foi o primeiro a dar exemplo, redobrando as austeridades, as orações e as esmolas costumeiras. Seus súditos o olhavam com veneração e respeitavam nele mais a qualidade de santo do que a de rei. Arrancavam-lhe pedaços das vestes para aplicá-los aos doentes.

Uma mulher curou dessa forma, seu filho de uma febre. Levavam-lhe até os possessos, e Gregório de Tours disse que fora testemunha do poder que tinha sobre eles.
Enfim, o bom rei Gontrão – assim chamavam os contemporâneos – morreu em 28 de março de 593, em Châlon-sobre-o-Saône, onde foi sepultado na igreja de São Marcelo, que ele mesmo havia fundado.

Com sua morte, o sobrinho Childeberto, rei da Austrásia, herdou-lhe o reino da Borgonha. A igreja colocou o nome do rei Gontrão entre os santos e celebra-lhe a memória no dia 28 de Março.


sexta-feira, 27 de março de 2015

São Ruperto

Grande apóstolo da Baviera, assim era conhecido São Ruperto. As datas históricas não são precisas, mas acredita-se que nasceu por volta do ano 680. Filho de uma nobre família de condes que residiam na região de Worms. Ruperto foi iniciado e acompanhado em sua educação cristã pelos monges irlandeses.
Alguns historiadores narram que apesar de sua nobreza, era um jovem muito caridoso e por vezes vinham pessoas de outras regiões para receber doações e também seus conselhos. Após a consolidação e desenvolvimento do trabalho missionário em sua região, o jovem partiu no ano 700 para a Baviera na Alemanha com o intuito de contribuir com o aprofundamento da fé e conversão das pessoas daquela região.

De fato, sua atuação gerou inúmeros frutos de conversão.Em vez de destruir os templos pagãos como faziam muitos missionários, Ruperto preferia consagrá-los como igrejas cristãs. Por exemplo, em Regensburg e Altotting os templos foram apenas alterados para servir ao cristianismo. Diz a tradição que a estátua da Virgem Maria de Altotting foi trazida da Irlanda por um" irlandês chamado Ruperto". Onde não haviam templos para serem adequados ou adaptados, igrejas foram construídas e Regensburg tornou-se totalmente cristã. Deus confirmou suas as pregações com vários milagres e logo o seu trabalho missionário tornou-se um sucesso tão grande que vários ajudantes vieram de Franconia para ajudar nas necessidades espirituais dos convertidos de Ruperto.

Conseguiu também através da conversão do conde Teeldo da Baviera que fosse fundada uma igreja dedicada a São Pedro, próximo a cidade de Wallersee. Ainda não convencido que aquele seria o melhor lugar para a sede de um mosteiro conseguiu junto ao conde um local próximo à Salzburgo. Ali construiu o mosteiro que levou o nome também de São Pedro e que se tornou referência de ensino e vivência cristã para toda a Baviera. Anexo a este mosteiro erigiu também um núcleo feminino para acolher as monjas que ficaram sob os cuidados da abadessa Erentrudes, sua sobrinha.

Ruperto teve uma vida totalmente dedicada ao anúncio do Evangelho e à formação de novos religiosos para os mosteiros e fundações que realizava. Também empreendeu grande trabalho junto aos trabalhadores das minas de sal, daí o nome da cidade de Salzburgo da qual é padroeiro. Ruperto faleceu no dia 27 de março de 718, um domingo de Páscoa, após rezar a Santa Missa no mosteiro de Juvavum. Suas relíquias encontram-se guardadas na Catedral de Salzburgo da qual foi seu primeiro bispo.

São Ruperto, reconhecido como o fundador da bela cidade de Salzburgo, cujo significado é cidade do sal, aparece retratado com um saleiro na mão, tamanha sua ligação com a própria origem e desenvolvimento da cidade. Foi seu primeiro bispo e sua influência alastrou-se tanto, que é festejado nesse dia, não só nas regiões de língua alemã, como também na Irlanda, onde estudou, porque ali foi tomado como modelo pelos monges irlandeses.


terça-feira, 24 de março de 2015

Santa Catarina da Suécia

Santa Catarina de Suécia, nasceu em 1331. Era a quarta filha do Príncipe Ulf Gudmarsson, e de sua esposa, Santa Brígida da Suécia. Pequena ainda foi confiada à abadessa do Mosteiro Cisterciense de Bisberg, para ali receber sua educação.
     
Por decisão de seu pai, casou-se aos dezesseis anos com o virtuoso Conde Egard Lydersson van Kurner. Como era freqüente então, os jovens esposos decidiram, de comum acordo, viver em castidade, imitando a Santíssima Virgem e São José, e inteiramente dedicados à oração, aos jejuns e às obras de caridade.
     
Karl, o irmão mais velho de Catarina, príncipe leviano e mundano, procurou de todas as formas afastar a irmã de tal vida de perfeição, sem resultado. Por outro lado, com suas admoestações e com seu exemplo Santa Catarina conseguiu que sua cunhada, Gyda, esposa de Karl, renunciasse à vida luxuosa e dissipada que levava.
     
Numa peregrinação a Santiago de Compostela, que Santa Brígida fizera com o marido, este faleceu ainda na Espanha. Viúva, Santa Brígida resolveu ir para Roma, a fim de estar nos lugares santos e para socorrer os peregrinos suecos.
     
Catarina desejou ardentemente ir reunir-se à mãe. Tendo obtido a permissão do marido, iniciou a longa viagem para Roma no Ano Santo de 1350. Quando chegou na Cidade Eterna, sua mãe se encontrava no Mosteiro de Farfa, no Lácio. Dirigiu-se então Catarina para aquele mosteiro para se encontrar com a mãe.
     
Catarina havia passado já algumas semanas com a mãe, quando decidiu voltar à Suécia. Contudo, sua mãe havia tido uma revelação divina em que Deus a fazia saber que Catarina era a companheira e a colaboradora que Ele havia designado para que Brígida concluísse a fundação da Ordem de São Salvador.
     
Consultada sobre os planos de Deus a seu respeito, sabedora que junto com sua mãe teria que enfrentar dores e contrariedades, Catarina respondeu que estava disposta a acatar a vontade divina, nem que para isso devesse deixar a Pátria, os amigos e parentes, e mesmo seu esposo. Pouco depois Santa Brígida tomou conhecimento, por meio de uma visão, do falecimento do Conde Egard em seu castelo da Suécia.
     
Catarina passou então por uma provação enorme: foi invadida por uma grande depressão. Em meio à tristeza sentia um grande amargor e desalento. Enquanto sua mãe e seus acompanhantes visitavam as igrejas romanas para ganhar indulgências, ela permanecia em casa. A Virgem Maria veio em seu socorro: apareceu-lhe e prometeu-lhe sua proteção se ficasse junto de sua mãe.
     
Catarina obedeceu a sua Mãe celeste: ela e a mãe viviam em Roma na mais estrita pobreza voluntária, ganhando o sustento com o trabalho de suas mãos, visitando igrejas, dedicando-se a penitências e jejuns, sem abandonar os exercícios de piedade, especialmente a meditação da Paixão de Cristo, e praticando a caridade. Davam esmolas aos pobres e ensinavam a doutrina católica para os pobres estrangeiros.
     
Os biógrafos nos contam um fato que ressalta a ternura filial de Catarina. Ela e sua mãe dormiam sobre o solo; porém quando Santa Brígida já havia adormecido, sua filha procurava pôr uma almofada sob a cabeça da mãe.

     
Catarina viveu durante 25 anos com sua mãe, a quem procurava imitar. Em 1372, ela e seu irmão Birger acompanharam a mãe em peregrinação pela Itália - foram a Assis para visitar a igreja de São Francisco - e chegaram à Terra Santa. Após regressarem a Roma, Santa Brígida faleceu, em 1373, e foi enterrada na Igreja de São Lourenço. Seu corpo foi depois transladado para a Suécia por Catarina.
     
A passagem dos restos mortais de Santa Brígida pela Suécia foi uma procissão triunfal. O povo acudia de toda parte e os milagres floresciam.
     
Após o enterro de sua mãe, Catarina ingressou no Mosteiro de Vadstena, vivendo ali sob a Regra que durante vinte e cinco anos havia praticado em Roma junto de sua mãe. Pouco tempo depois, foi eleita abadessa.

Os registros relatam mais fatos prodigiosos, ocorridos com a nova abadessa, pois Catarina foi eleita sucessora da mãe no convento. Eles contam que alguns pretendentes queriam que ela abandonasse os votos e o hábito depois a morte de Edgard. Um, mais audacioso, ao tentar atacá-la, teria ficado cego e só recuperado a visão depois de se ajoelhar aos seus pés e pedir perdão, quando abriu os olhos viu ao lado de Catarina um cervo selvagem. Por isso, nas suas representações sempre há um cervo junto dela. 
     
Catarina voltou a Roma para apressar a canonização de sua mãe, lá permanecendo cinco anos. Com a morte de Gregório XI e o cisma que ocorreu com a ascensão de Urbano VI, a canonização de Santa Brígida só seria aprovada por Bonifácio IX em 1401, quando Catarina já havia falecido.
     
Em 1380, Catarina já estava de volta ao seu Mosteiro de Vadstena, onde morreu em 24 de março de 1381, após longos meses de enfermidade, dando exemplos de humildade, mortificação e paciência. Mas, o fim de sua vida não foi o fim de sua influência. Logo após seu falecimento luzes eram vistas sobre seu corpo, e por vários dias uma estrela pairou sobre a casa onde estavam seus restos mortais.
     
Conta-se que em uma ocasião Catarina salvara Roma de uma inundação apenas tocando as águas do Tibre com seus pés. Ainda em Roma, a irmã de um de seus conhecidos caiu doente. Ela havia levado uma vida pecaminosa e, apesar de estar à morte, não queria se arrepender nem se confessar. Santa Catarina de joelhos pediu a Deus que comovesse aquele coração duro. Imediatamente desencadeou-se uma grande tormenta que abrandou o coração da moribunda: ela fez uma confissão contrita e morreu convertida.

   
Seus biógrafos relatam inúmeros outros milagres, certificados e fidedignos, apresentados em seu processo de canonização.
     
Em 1484, o Papa Inocêncio VIII permitia festejar Santa Catarina como a segunda fundadora dos mosteiros brigidinos. Santa Brígida fora a autora da Regra da Ordem e foi sua filha quem a pôs em prática em Vadstena, organizando o primeiro mosteiro e trabalhando para obter a aprovação canônica da Ordem. Santa Catarina deixou assegurada a fundação da Ordem de São Salvador, de monges e monjas, sob a jurisdição da Abadessa de Vadstena.

domingo, 22 de março de 2015

Santa Leia

Os poucos dados sobre Santa Leia estão contidos numa carta escrita por São Jerônimo a Santa Marcela quando soube da sua morte, em 384.
     
Leia era uma rica romana que ao ficar viúva ainda jovem recusou um novo casamento, como era o costume da época, para se juntar à Marcela e outras mulheres, em um mosteiro criado em sua própria residência em Aventino, Roma. São Jerônimo, Doutor da Igreja, em sua estadia em Roma dava a elas lições de Sagrada Escritura e as dirigia,
     
Leia havia recusado ninguém menos que Vécio Agorio Pretestato, cônsul romano, que lhe proporcionaria uma vida ainda mais luxuosa pelo prestigio e privilégios que envolviam aquele cargo. Teria uma vila inteira como moradia e incontáveis criados para atendê-la. Entretanto, Leia preferiu viver numa cela pequena, fria e escura, com simplicidade e dedicada à oração, à caridade e à penitência. Curiosamente, Leia morreu em Roma no mesmo ano em que faleceu Vécio, o cônsul rejeitado por ela.

Na ocasião da morte de Leia, São Jerônimo já havia se retirado de Roma, depois de ter sido caluniado, para viver solitariamente perto de Belém. Dali continuou a dirigir suas discípulas de Roma.
     
Santa Leia logo foi venerada pelo povo.
     
Eis o resumo feito por São Jerônimo sobre sua santa discípula, contido na carta a Santa Marcela:
     
“Quem renderá a bem-aventurada Leia os louvores que merece? Renunciou a pintar o rosto e a adornar a cabeça com pérolas brilhantes. Trocando ricos atavios por vestido de saco, deixou de dar ordens aos outros para obedecer a todos; viveu num canto com alguns móveis; passava as noites em oração; ensinava as companheiras mais com o exemplo do que com admoestações ou discursos; esperou a chegada ao Céu para ser recompensada pelas virtudes que praticou na terra.
     
É lá que ela goza, daqui em diante, felicidade perfeita. Do seio de Abraão, onde está com Lázaro, olha para o nosso cônsul, outrora coberto de púrpura e agora revestido de ignomínias, pedindo em vão uma gota de água para matar a sede. Embora ele tivesse subido ao Capitólio entre os aplausos da população e a sua morte enlutasse toda a cidade, é em vão que sua mulher proclama imprudentemente que ele foi para o Céu e lá ocupa um grande palácio. A realidade é que foi precipitado nas trevas exteriores, ao passo que Leia, que queria passar na terra por insensata, foi recebida na casa do Pai ao festim do Cordeiro.
     
Por isso vos peço, com lágrimas nos olhos, que não procureis os favores do mundo e que renuncieis a tudo o que é da carne. Em vão se procuraria seguir ao mesmo tempo o mundo e Jesus. Vivamos na renúncia de nós mesmos, porque o nosso corpo em breve se converterá em pó e o resto não durará também muito.”



sexta-feira, 20 de março de 2015

São João Nepomuceno

João Nepomuceno nasceu na cidade de Nepomuk, em um dos vales da Boêmia, por volta do ano de 1345. Já no ano de 1370 tinha o cargo de notário na Cúria Metropolitana. Nove anos depois, foi ordenado sacerdote e nomeado pároco de São Gall. Não obstante os encargos dessa grave função, continuou seus estudos de direito eclesiástico na Universidade de Praga, na qual obteve o bacharelato. Em 1382, o arcebispo o enviou a Pádua, onde se doutorou em direito canônico, em 1387. Voltando logo em seguida a Praga, foi nomeado cônego da igreja de São Gil, mas ali permaneceu só dois anos. Em agosto de 1390, tornou-se cônego honorário da Catedral de São Vito e vigário geral dessa já então ampla e importante arquidiocese. A partir desse momento, a Providência o transformou em homem público. 

Os sermões pregados por São João Nepomuceno produziram notável mudança nos costumes e assim ele foi chamado a desempenhar o cargo de confessor da Rainha. Para isso concorreram sua já conhecida virtude e a segurança doutrinária por ele tantas vezes demonstrada no púlpito. 

Se, no entanto, a piedosa rainha colocava-se docilmente sob a direção espiritual do virtuoso sacerdote, o mesmo não se passava com o rei Venceslau. Além de ser dado a violentos acessos de fúria, foi ele tomado por uma infundada desconfiança em relação à fidelidade de sua esposa. Como nada encontrasse para comprovar essa dúvida, mas seu coração mesquinho continuasse apegado a essa fantasiosa ideia, mandou trazer o confessor à sua presença e exigiu-lhe contar em detalhes o que no confessionário lhe confidenciava a rainha. Espantado pela infundada desconfiança, e muito mais pelo inaudito pedido, João Nepomuceno com firmeza o recusou, afirmando categoricamente o princípio da inviolabilidade do segredo da confissão, o mesmo até hoje mantido pela Igreja: 

"O que é dito dentro das santas paredes do confessionário é o mais estrito dos segredos. As palavras pelo penitente declinadas ante o sacerdote, sendo a matéria para a absolvição da alma pecadora, ali mesmo morrem. Disso tudo, somente Deus é testemunha, e o sacerdote que algo disso revelasse a um terceiro cometeria um dos mais abomináveis sacrilégios, contra o qual se levantaria imediatamente terrível excomunhão". 

A nada disso, porém, deu ouvidos o rei. Cego de fúria, mandou brutalmente torturar o fiel confessor. Suportando sofrimentos terríveis, João Nepomuceno manteve-se irredutível e isso só aumentou a fúria do cruel soberano. Por fim, vendo que nada conseguiria tirar de um homem tão firme e compenetrado de sua
fé, mandou os soldados amarrarem-no e atirarem-no de uma das pontes de Praga.

Assim, o intrépido sacerdote entregou sua alma a Deus, perecendo afogado nas águas do rio Moldava. Era a noite de 20 de março de 1393.

No dia seguinte, a população percebeu um cadáver boiando no rio, circundado por uma luz misteriosa com cinco estrelas. Ao recolhê-lo, reconheceram que se tratava do capelão João. A cidade toda, então, ficou sabendo o que acontecera com ele e reconheceu no rei Venceslau o autor daquela crueldade. Assim, em procissão, o corpo foi levado e enterrado na igreja da Santa Cruz, onde permanece até hoje.


Em 1729, ele foi canonizado. Hoje são João Nepomuceno é celebrado como o mártir da confissão e venerado por todos os habitantes da cidade de Praga.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Oração a São José

“A vós, São José, recorremos em nossa tribulação e, depois de ter implorado o auxílio de Vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança solicitamos o vosso patrocínio.
Por esse laço sagrado de caridade, que os uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus, pelo amor paternal que tivestes ao Menino Jesus, ardentemente vos suplicamos que lanceis um olhar benigno para a herança que Jesus conquistou com seu sangue,e nos socorrais em nossas necessidades com o vosso auxílio e poder.
Protegei, ó Guarda providente da Divina Família, a raça eleita de Jesus Cristo.
Afastai para longe de nós, ó Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício.
Assisti-nos do alto do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas; assim como outrora salvastes da morte a vida do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus contra as ciladas de seus inimigos e contra toda adversidade.
Amparai a cada um de nós com o vosso constante patrocínio, a fim de que, a vosso exemplo, e sustentados com vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e obter no céu a eterna bem-aventurança. Assim seja."


quarta-feira, 18 de março de 2015

São Cirilo nos ensina a comungar

Ao te aproximares da comunhão não vás com as palmas das mãos estendidas, nem com os dedos separados; mas faze com a mão esquerda um trono para a direita como quem deve receber um Rei e no côncavo da mão espalmada recebe o corpo de Cristo, dizendo: «Amém».
Com segurança, então, santificando teus olhos pelo contato do corpo sagrado, toma-o e cuida de nada se perder. Pois se algo perderes é como se tivesses perdido um dos próprios membros. Dize-me, se alguém te oferecesse lâminas de ouro, não as guardarias com toda segurança, cuidando que nada delas se perdesse e fosses prejudicado? Não cuidarás, pois, com muito mais segurança de um objeto mais precioso que ouro e pedras preciosas, para dele não perderes uma migalha sequer?

Depois de teres comungado o corpo de Cristo, aproxima-te também do cálice do seu sangue. Não estendas as mãos, mas inclinando-te, e num gesto de adoração e respeito, dize «Amém». Santifica-te também tomando o sangue de Cristo. E enquanto teus lábios ainda estão úmidos, roça-os de leve com tuas mãos e santifica teus olhos, tua fronte e teus outros sentidos. Depois, ao esperares as orações finais, rende graças a Deus que te julgou digno de tamanhos mistérios.


Conservai inviolavelmente essas tradições e vós mesmos guardai-vos sem ofensa. Não vos separeis da comunhão nem pela mancha do pecado vos priveis desses santos e espirituais mistérios.

terça-feira, 17 de março de 2015

Oração Couraça de São Patrício

Esta oração, que deve ser rezada todas as manhãs, foi escrita originalmente em Gaélico em meados do século V por São Patrício, e recebeu esse nome por seu enorme poder de proteção contra inimigos dos mundos físico e espiritual. É, também, considerada a mais antiga expressão de poesia vernácula europeia.

Levanto-me, neste dia que amanhece,
Por uma grande força, pela invocação da Trindade,
Pela fé na Tríade,
Pela afirmação da unidade
Do Criador da Criação.

Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força do nascimento de Cristo em Seu batismo,
Pela força da crucificação e do sepultamento,
Pela força da ressurreição e ascensão,
Pela força da descida para o Julgamento Final.

Levanto-me, neste dia que amanhece,
Pela força do amor dos Querubins,
Em obediência aos Anjos,
A serviço dos Arcanjos,
Pela esperança da ressurreição e da recompensa,
Pelas orações dos Patriarcas,
Pelas previsões dos Profetas,
Pela pregação dos Apóstolos
Pela fé dos Confessores, 
Pela inocência das Virgens santas,
Pelos atos dos Bem-aventurados.

Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força do céu:
Luz do sol,
Clarão da lua,
Esplendor do fogo,
Pressa do relâmpago,
Presteza do vento,
Profundeza dos mares,
Firmeza da terra,
Solidez da rocha.

Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força de Deus a me empurrar,
Pela força de Deus a me amparar,
Pela sabedoria de Deus a me guiar,
Pelo olhar de Deus a vigiar meu caminho,
Pelo ouvido de Deus a me escutar,
Pela palavra de Deus em mim falar,
Pela mão de Deus a me guardar,
Pelo caminho de Deus à minha frente,
Pelo escudo de Deus que me protege,
Pela hóstia de Deus que me salva,
Das armadilhas do demônio,
Das tentações do vício,
De todos que me desejam mal,
Longe e perto de mim,
Agindo só ou em grupo.

Conclamo, hoje, tais forças a me protegerem contra o mal,
Contra qualquer força cruel que ameace meu corpo e minha alma,
Contra a encantação de falsos profetas,
Contra as leis negras do paganismo,
Contra as leis falsas dos hereges,
Contra a arte da idolatria,
Contra feitiços de bruxas e magos,
Contra saberes que corrompem o corpo e a alma.

Cristo guarde-me hoje,
Contra veneno, contra fogo,
Contra afogamento, contra ferimento,
Para que eu possa receber e desfrutar a recompensa.
Cristo comigo, Cristo à minha frente, Cristo atrás de mim,
Cristo em mim, Cristo embaixo de mim, Cristo acima de mim,
Cristo à minha direita, Cristo à minha esquerda,
Cristo ao me deitar,
Cristo ao me sentar,
Cristo ao me levantar,
Cristo no coração de todos os que pensarem em mim,
Cristo na boca de todos que falarem em mim,
Cristo em todos os olhos que me virem,
Cristo em todos os ouvidos que me ouvirem.

Levanto-me, neste dia que amanhece,
Por uma grande força, pela invocação da Trindade,
Pela fé na Tríade,
Pela afirmação da Unidade,
Pelo Criador da Criação.

segunda-feira, 16 de março de 2015

São Julião de Rimini

Existem algumas fontes que falam deste mártir, padroeiro da cidade de Rimini e são todas do século XIV. Em Rimini sua igreja, não é de grandes proporções,  provavelmente foi construída sobre um templo pagão do qual a primeira menção é de 816, em seguida, foi reconstruída em sua forma atual, no século XVI e terminada em  1797 pelos monges beneditinos da Cassinese.
É nesta igreja que estão concentradas as obras de arte de maior valor, descrevendo São Julião como mártir, e que representam as fases do seu martírio e os eventos ligados a ele, nela está também o caixão com o seu corpo; em especial, é de grande importância  o retábulo, trabalhado por Bittino de Faenza de 1409, com os painéis que contam a sua história.

Julião era um jovem de dezoito anos nascido em Istria, era filho de um senador romano pagão e sua mãe chamava-se Asclepiodora, cristã, que o educou na sua fé.
Não escondendo que era cristão foi preso durante a perseguição de Décio (200-251), que em 249 ordenou a sétima perseguição aos cristãos em todo o império.
Aparece nos painéis na Igreja a figura da sua mãe Asclepiodora, que o encoraja durante o interrogatório feito por Martian, procônsul da cidade e também na execução do martírio na mesma cidade.
O jovem Julião foi incentivado a negar sua fé e após negar-se foi condenado pelo Tribunal de Justiça, e colocado em um saco fechado, contendo areia e cobras e lançado ao mar, onde ele se afogou, supostamente, em 16 de março de 249.
Seu corpo foi então devolvido pelo mar, na costa de Proconnesus (hoje Marmara), e lá colocado em um caixão; mas, durante o império de Otto I (912-973), imperador do Sacro Império Romano, a Itália caiu sob seu domínio, e o sarcófago foi lançado ao mar, tendo então flutuado no mar Adriático, conduzido por anjos e chegando até Rimini, na localidade Sacred Mora.

O povo tentou levá-lo para a catedral, mas os esforços foram inúteis, então orações foram realizadas por Dom João e todo o povo de Rimini para que eles pudessem levá-lo até um mosteiro dos Santos Pedro e Paulo nas proximidades, sob a custódia do abade Lupicínio.

Seguindo outro abade chamado João, procedeu-se ao reconhecimento do sarcófago encontrando as relíquias do jovem mártir Julião, ainda intactas, juntamente com um documento que contava a sua história. Parece que no sarcófago havia também os restos de sete outros mártires não identificados; evidentemente colocados juntos durante o longo período de permanência na ilha de Proconnesus.

No livro "Atas dos Santos”, (editado em Veneza, 1734-1770) são citados alguns milagres obtidos por intercessão do mártir e a sua história, que afirmava que 16 de março era o dia de sua devoção para toda a diocese de Rimini.
Querendo eliminar toda a parte da lenda, os estudiosos concordam que São Julião era um nativo de Istria, cujo martírio teve lugar em 16 de março; suas relíquias foram vítimas de guerras e ataques por parte dos marinheiros de Rimini; também o material com que é construída a arca vem de Istria, bem como seu nome poderia confirmar a sua origem, porque em Istria houve ou ainda há quatro cidades nomeadas 'Julia', (na Idade Média, o adjetivo " iuliensis "já havia se tornado" Julião ").

Já no século XII, o culto do santo mártir de Ístria floresceu muito em Rimini; suas relíquias estão preservadas na igreja atual de São Julião a Mare, que antigamente era a igreja do antigo mosteiro de São Pedro e São Paulo, na Ponte de Augustus; em 1152 a igreja foi uma doação (documentado) feita pelo Conde Rainerio; em 1164 o mosteiro foi chamado de Santos Pedro e Julião, e, finalmente, a partir de 1204 só São Julião.
O jovem mártir é altamente reverenciado pela cidade de Rimini; as moedas locais Mint são cunhadas e marcadas com as palavras "Sanctus Iulianus".

domingo, 15 de março de 2015

Santa Luisa de Marillac

Luisa nasceu em 12 de agosto de 1591, filha de Luis de Marillac. Não conheceu sua mãe. A menina tinha três anos quando seu pai se casou com Antonieta Le Camus, esta não aceitou Luisa, por isso seu pai a mandou para um internato das Religiosas Dominicanas, em Poissy, onde recebeu uma esmerada educação, durante seis anos.
Espírito vivo e penetrante, com grande dedicação para os estudos e as artes. Aprendeu a ler e escrever com esmero a língua materna, história Sagrada, história da vida dos santos, latim, grego, filosofia, teologia, música e pintura. Distinguia-se entre as companheiras pelo seu bom senso, sua piedade e responsabilidade, bem como amor a Deus e a Virgem Maria e ao próximo.

Luisa tinha 13 anos de idade quando seu pai morreu, ficando sob custódia de seu tio Miguel de Marillac. Ela desejava dedicar sua vida à Deus, para cuidar dos pobres e doentes, mas agora com a escassez financeira teria de esperar para atingir esse objetivo. 

Durante dois anos viveu numa casa simples de moças custeando-se com trabalhos feitos em domicílio, especialmente bordados Ela tentou ingressar no mosteiro das capuchinhas das Filhas da Paixão que acabavam de chegar em Paris, mas foi rejeitada pela aparência de saúde débil, imprópria para a vida de mosteiro. Depois disso viu-se constrangida a aceitar um casamento que os tios lhe arranjara. Foi com Antonio de Gràs, que trabalhava como secretário da rainha. Com ele teve um filho, Miguel Antonio. Viveu feliz, pois o marido a respeitava e amava a família. E se orgulhava da esposa que nas horas vagas cuidava dos deveres de piedade, mortificando-se com jejuns freqüentes, visitando os pobres, os hospitais e os asilos confortando a todos com seu socorro. Até que ele próprio foi acometido por grave e longa enfermidade e ela passou a se dedicar primeiro à ele sem abandonar os demais. Mas com isso novamente os problemas financeiros voltaram. 

Nesse período teve dois grandes conselheiros espirituais: Francisco de Sales e Vicente de Paulo, ambos depois declarados Santos pela Igreja. Foi graças à direção deles, que pôde superar e enfrentar os problemas que agitavam o seu cotidiano e a sua alma. Somente sua fé a manteve firme e graças à sua força, suplantou as adversidades, até o marido falecer, em 1625 e Miguel Antonio foi para o seminário. 

O Padre Vicente de Paulo a encarrega de visitar e organizar as confrarias da caridade, fundadas por ele para socorrer os pobres. Luisa aceitou com alegria esta missão, fonte de graça que deu novo rumo em sua vida.
Margarida Naseau, uma jovem camponesa, no desejo sincero de servir os pobres, apresenta-se ao Padre Vicente que a confia a Luisa de Marillac.

Margarida Naseau é considerada a primeira Filha da caridade, “aquela que abriu caminho às outras”. Morreu vitima da peste, sendo contagiada após deitar uma doente em sua própria cama.

Em 1634 Luísa, com ajuda e orientação de Vicente de Paulo, fundou a Congregação das Damas da Caridade, inicialmente com três senhoras da sociedade, mas esse núcleo se tornaria depois uma Congregação de Irmãs. Isso  porque serviço que estas Damas prestavam aos pobres era limitado pelos seus deveres familiares e sociais e pela falta de hábito aos trabalhos humildes e fatigantes.
Era necessário colocar junto delas, pessoas generosas, livres e totalmente consagradas a Deus e aos pobres. Mas na Igreja não existiam porque a vida de consagração para as mulheres estava concebida apenas como vida de clausura.

Então, Vicente e Luísa, em 1642 ousaram e, criam as Irmãs dos Pobres, as Filhas da Caridade, a quem foram confiados os doentes, os enjeitados, os velhos, os mendigos, os soldados feridos e os condenados às prisões.

Nascia um novo tipo de Irmã, com uma missão inédita para aqueles tempos: uma vida consagrada em dispersão pelos caminhos do sofrimento humano, assim estava criada a Congregação das Irmãs Filhas da Caridade, em 1642. Na qual Luísa fez os votos perpétuos, sendo consagrada pelo próprio Vicente de Paulo. A obra, sob a direção dela foi notável.
Quando Paris foi assolada pela guerra e peste, em 1652, as Irmãs chegaram a atender quatorze mil pessoas, de todas as categorias sociais, sendo inclusive as primeiras Irmãs a serem requisitadas para o atendimento dos soldados feridos, nos campos de batalhas. 

Luisa, no relacionamento com as Irmãs, sabia aliar a energia e a bondade de uma mãe com a sabedoria e perspicácia de uma mestra. Tinha por todas as Irmãs, uma grande ternura, paciência, dedicação em orientar, instruir e formar a cada uma. Dando-lhes o exemplo de um profundo amor a Deus e a Santíssima Virgem, dedicação aos pobres, humildade, simplicidade e pobreza.

É impossível avaliar tudo que Luisa e as Irmãs realizaram em favor do próximo. Atendiam nas pequenas escolas criadas por ela própria diante da falta de conhecimento intelectual, devido a discriminação com as mulheres e meninas pobres de seu tempo.Atendiam ainda os doentes, mendigos, feridos de guerra, os presos, desempregados, crianças órfãs, os velhos abandonados, menores delinquentes, loucos moças decaídas que necessitavam de assistência naqueles tempos de guerras e calamidades, no século XVII, na França.

Todas essas atividades foram desgastando-lhe a saúde, agravando a sua fraqueza física; a doença precursora da morte foi minando as últimas energias daquele organismo já debilitado pela idade, pelos sacrifícios e trabalhos.
Luisa reuniu as Irmãs em volta do leito e deu-lhes as últimas recomendações dizendo-lhes:
“Minhas caras Irmãs,... Cuidai muito do serviço dos pobres e, sobretudo vivei juntas em grande união e cordialidade, amando-vos umas as outras para imitar a vida de Nosso Senhor. Peço-vos que ameis a Santíssima Virgem como vossa única Mãe”.

Às seis horas do dia 15 de março de 1660, Luisa morre com 69 anos.
Foi Beatificada pelo Papa Bento XV em 09 de maio de 1920; Canonizada pelo Papa Pio XI, em 11 de março de 1934. E declarada Padroeira de todas as Obras Sociais Cristãs, pelo Papa João XXIII, em 10 de fevereiro de 1960.


sábado, 14 de março de 2015

Santa Matilde da Alemanha

Matilde era filha de nobres saxões. Nasceu em Westfalia, por volta do ano 895 e foi educada pela avó, também Matilde, abadessa de um convento de beneditinas em Herford. Por isso, aprendeu a ler, a escrever e estudou teologia e filosofia, fato pouco comum para as nobres da época, inclusive gostava de assuntos políticos.

Constatamos nos registros da época que associada à brilhante inteligência estava uma impressionante beleza física e de alma. Casou-se aos catorze anos com Henrique, duque da Saxônia, que em pouco tempo se tornou Henrique I, rei da Alemanha, com o qual viveu um matrimônio feliz por vinte anos.

Foi um reinado justo e feliz também para o povo. Segundo os relatos, muito dessa justiça recheada de bondade se deveu à rainha que, desde o início, mostrou-se extremamente generosa com os súditos pobres e doentes. Enquanto ela assistia à população e erguia conventos, escolas e hospitais, o rei tornava a Alemanha líder da Europa, salvando-a da invasão dos húngaros, regularizando a situação de seu país com a Itália e a França e exercendo ainda domínio sobre os eslavos e dinamarqueses.
Havia paz em sua nação, graças à rainha, e por isso, ele podia se dedicar aos problemas externos, fortalecendo cada vez mais o seu reinado.

Matilde visitava incógnita, as casas mais pobres, munida da bolsa de dinheiro para aliviar os sofrimentos dos mais necessitados.

Mas essa bonança chegou ao fim. Henrique I faleceu e começou o sofrimento de Matilde. Antes de morrer, o rei indicou para o trono seu primogênito Oton, mas seu irmão Henrique queria o trono para si. As forças aliadas de cada um dos príncipes entraram em guerra, para desgosto de sua mãe.
O exército do príncipe Henrique foi derrotado e Oton foi coroado rei assumindo o trono. Em seguida, os filhos se voltaram contra a mãe, alegando que ela esbanjava os bens da coroa, com a Igreja e os pobres. Tiraram toda sua fortuna e ordenaram que deixasse a corte, exilando-a.
Matilde, triste, infeliz e sofrendo muito, retirou-se para o convento de Engerm.

Contudo, muitos anos mais tarde, Oton e Henrique se arrependeram do gesto terrível de ingratidão e devolveram à mãe tudo o que lhe pertencia. De posse dos seus bens, Matilde distribuiu tudo o que tinha para os pobres.

Preferindo continuar sua vida como religiosa permaneceu no convento onde, depois de muitas penitências e orações, desenvolveu o dom das profecias. Matilde faleceu em 968, sendo sepultada ao lado do marido, no convento de Quedlinburgo.

Logo foi venerada como Santa pelo povo que propagou rapidamente a fama de sua santidade por todo mundo católico do Ocidente ao Oriente. Especialmente na Alemanha, Itália e Mônaco ainda hoje sua festa, autorizada pela Igreja, é largamente celebrada no dia 14 de março.


sexta-feira, 13 de março de 2015

São Rodrigo de Córdoba

Segundo a tradição, Rodrigo era um sacerdote em Cabra, na Espanha, era um sacerdote muito zeloso na busca da santidade e cumprimento dos seus deveres, em um tempo onde os cristãos eram duramente perseguidos. 
Rodrigo tinha dois irmãos, um muçulmano e outro sem religião, ele atuava frequentemente como mediador das disputas dos dois irmãos.
Certa noite, ao tentar apartar uma briga entre seus dois irmãos, foi espancado e ridicularizado publicamente por ambos. O irmão muçulmano mandou colocarem Rodrigo numa padiola e o levarem pelas ruas, enquanto ele ia gritando que Rodrigo havia apostatado – renunciado ao cristianismo –  e queria, antes de morrer, que fosse publicamente reconhecido como muçulmano. Rodrigo encontrava-se sem forças para reagir, mas sentia uma profunda angústia. Um escândalo foi gerado e o caluniado refugiou-se numa serra, em oração e contemplação, indo a cidade somente para buscar alimentos.
Algum tempo depois, ao encontrar Rodrigo numa das ruas de Córdoba, o irmão muçulmano o arrastou até o cádi (magistrado muçulmano), acusando-o de retornar à fé cristã após ter se declarado muçulmano.
Rodrigo negou que algum dia houvesse abandonado a religião cristã.  Ao ser questionado pelo juiz, Rodrigo declarou:“Nasci cristão e cristão hei de morrer”. O cádi, no entanto, não acreditou em Rodrigo e o lançou numa das masmorras da cidade.
No local, Rodrigo encontrou outro prisioneiro, Salomão, que fora preso pelo mesmo motivo. Os dois encorajaram-se mutuamente durante o longo encarceramento, que, segundo esperava o cádi, os faria renegar a fé. Como permaneceram inflexíveis, os dois foram separados; mas, quando nem isso deu resultado, foram decapitados em 13 de março de 857.
O Convento e o Hospital de São Rodrigo, fundados no século XVI em Cabra, receberam esse nome em homenagem ao mártir.


quarta-feira, 11 de março de 2015

Santo Eulógio de Córdoba

Eulógio talvez seja a vítima mais célebre da invasão da Espanha pelos árabes vindos da África ao longo dos séculos VIII ao XIII. Entretanto, inicialmente todos os cristãos espanhóis não eram candidatos ao martírio ou à escravidão e os Califas não eram tidos como intolerantes e sanguinários. Ao contrário, a Espanha gozava, sob a dominação dos árabes, longos períodos de paz e de benesses, determinantes para o desenvolvimento de um alto padrão de civilização, diferente do concedido pela dominação dos romanos.

Também na religião, eles pareciam tolerantes. Não combatiam o Cristianismo, mas o mantinham na sombra e abafado, sem força para se difundir, para fazer progressos, para que não entrasse em polêmica com a religião do Estado, ou seja, a muçulmana. Desejavam um Cristianismo adormecido.

Mas os católicos da Espanha não se submeteram aos desejos dos árabes. E não por provocação aos muçulmanos, mas porque a sua fé, vivida com coerência, não podia se apagar pela renúncia e pelo silêncio. Também Eulógio, nascido em Córdoba de uma família da nobreza da cidade, foi um desses cristãos íntegros.

Ele era sacerdote de Córdoba quando a perseguição aos cristãos começou e já era famoso pela cultura e atuação social audaciosa, ao mesmo tempo em que trabalhava com humildade junto aos pobres e necessitados. Formado na Universidade de Córdoba, muito requisitada na época, ele lecionava numa escola pública e se reciclava visitando dezenas de museus, mosteiros e centros de estudos.

Escrevia muito, como por exemplo os livros: "Memorial" e "Apologia", nos quais fez uma contundente análise da religião muçulmana confrontada com a cristã, pregando a verdade que é a liberdade pela fé em Cristo. Essa defesa da fé e dos fiéis ele apregoava na escola pública onde lecionava bem como nos conventos e igrejas que visitava, aprimorando os preceitos do cristianismo aos fiéis e às pessoas que o escutavam, conseguindo milhares de conversões. 

Humilde, cedia aos conselhos dos amigos para assim fazer a vontade de Deus: Em sua infância ele decidiu fazer uma peregrinação a pé até Roma. Apesar de seu grande fervor e sua devoção ao Túmulo de São Pedro, ele abandonou o projeto ao ceder aos conselhos de amigos mais prudentes.
Novamente, durante a perseguição dos muçulmanos, em 850, após ler uma passagem nas obras de Epifânio, ele decidiu evitar rezar a Missa por um tempo para poder defender a causa dos mártires. Porém, aconselhado por seu bispo, Saulo de Córdoba, ele se livrou de todos os escrúpulos, retornando às suas atividades.

Por isso, e por assistir aos cristãos presos, os quais amparava na fé, o valoroso padre espanhol irritou as autoridades árabes que, apesar do respeito que tinham por ele, mandaram prendê-lo. Baseado no que ocorria nos calabouços, onde eram jogados os cristãos antes da execução da pena de morte, escreveu a "História dos Mártires da Espanha". Uma obra que registrou para a posteridade o martírio de pessoas cujo único crime era manter sua convicção na fé em Cristo.

Depois, libertado graças à influência de familiares e autoridades locais, voltou a atuar com a mesma força.
Falecido o bispo de Córdoba, Eulógio foi nomeado para o cargo. Passou então a ser considerado líder da resistência aos muçulmanos e, quando Leocrícia, filha de um influente chefe árabe se converteu ao cristianismo, procurou a proteção de Eulógio contra seus enfurecidos pais.
Ele a escondeu entre seus amigos por um tempo, mas eventualmente acabou descoberto e preso. A paciência dos islâmicos chegou ao fim. Eulógio, foi novamente processado, e desta vez, condenado à morte.
Ele foi decapitado em 11 de março de 859 e Santa Leocrícia, quatro dias depois em 15 de março de 859.





terça-feira, 10 de março de 2015

São Macário de Jerusalém

Macário viveu um momento muito importante como bispo: terminara a última perseguição anticristã, ordenada e depois suspensa pelo imperador Galério, entre os anos 305 a 311. Depois de Galério foram imperadores Constantino e Licínio, que concederam aos cristãos plena liberdade para praticarem a fé, para celebrarem seu culto e também, para construírem suas igrejas.
Trata-se da "paz constantiniana" que se estendeu a todo Império e inclusive à Jerusalém, onde, o bispo Macário se pôs a trabalhar. 


São poucos os dados registrados sobre sua origem e de boa parte de sua vida, Macário cujo nome tem um significado interessante, quer dizer: "feliz", "iluminado", foi indicado Bispo de Jerusalém em 314. Ele conviveu com Santa Helena, a mãe do Imperador Constantino, que exerceu importante influência sobre seu filho. Já idosa e cansada, ela foi para a Palestina, onde supervisionou a construção de basílicas, como a da Natividade e a do Santo Sepulcro.

Macário obteve do imperador, autorização para demolir o Capitólio Romano, construído na área em que ficavam o Calvário e o Sepulcro do Senhor. Em cima desse local, foi construída mais tarde a grandiosa Basílica da Ressurreição. De acordo com a tradição, Macário estava com Santa Helena quando ela encontrou as três cruzes da crucificação de Jesus e dos dois ladrões, e sugeriu que uma mulher seriamente doente tocasse em cada uma das cruzes. Segundo ela, a mulher ficaria curada quando tocasse a cruz de Jesus, o que realmente aconteceu.

Macário foi encarregado pelo Imperador Constantino para construir uma igreja sobre o sepulcro de Cristo e supervisionou a construção da Basílica, que foi consagrada em 13 de setembro de 335. Logo depois ele faleceu, de causas naturais, no dia 10 de março de 335.

Macário se notabilizou também por sua luta contra o arianismo. Na época, essa doutrina provocou grande ruptura no mundo cristão. A firmeza com que o Concilio de Nicéia tratou o assunto decorreu, em grande parte, da postura e da ação de Macário.

Os registros mostram ainda que o bispo Macário foi um dos autores do símbolo niceno, ou seja, do Credo que até hoje pronunciamos durante a celebração da Santa Missa, onde professamos a fé ”em um só Deus, Pai Onipotente” e ”em um só Senhor, Jesus Cristo... Deus verdadeiro de Deus Verdadeiro”.

domingo, 8 de março de 2015

Obrigado a ti, Mulher!

“O obrigado ao Senhor pelo seu desígnio sobre a vocação e a missão da mulher no mundo, torna-se também um concreto e direto obrigado às mulheres, a cada mulher, por aquilo que ela representa na vida da humanidade.


Obrigado a ti, mulher-mãe, que te fazes ventre do ser humano na alegria e no sofrimento de uma experiência única, que te torna o sorriso de Deus pela criatura que é dada à luz, que te faz guia dos seus primeiros passos, amparo do seu crescimento, ponto de referência por todo o caminho da vida.

Obrigado a ti, mulher-esposa, que unes irrevogavelmente o teu destino ao de um homem, numa relação de recíproco dom, ao serviço da comunhão e da vida.

Obrigado a ti, mulher-filha e mulher-irmã, que levas ao núcleo familiar, e depois à inteira vida social, as riquezas da tua sensibilidade, da tua intuição, da tua generosidade e da tua constância.

Obrigado a ti, mulher-trabalhadora, empenhada em todos os âmbitos da vida social, econômica, cultural, artística, política, pela contribuição indispensável que dás à elaboração de uma cultura capaz de conjugar razão e sentimento, a uma concepção da vida sempre aberta ao sentido do « mistério », à edificação de estruturas econômicas e políticas mais ricas de humanidade.

Obrigado a ti, mulher-consagrada, que, a exemplo da maior de todas as mulheres, a Mãe de Cristo, Verbo Encarnado, te abres com docilidade e fidelidade ao amor de Deus, ajudando a Igreja e a humanidade inteira a viver para com Deus uma resposta « esponsal », que exprime maravilhosamente a comunhão que Ele quer estabelecer com a sua criatura.

Obrigado a ti, mulher, pelo simples fato de seres mulher! Com a percepção que é própria da tua feminilidade, enriqueces a compreensão do mundo e contribuis para a verdade plena das relações humanas.”

Carta do Papa São João Paulo II às mulheres
1995


A Ordem Hospitaleira

A Ordem Hospitaleira de São João de Deus (OH) é uma Ordem Religiosa laical masculina da Igreja Católica, vocacionada para a promoção da saúde e ação social. Foi fundada por São João de Deus na Espanha, e aprovada canonicamente em 1572.

Tendo recebido como herança o carisma da hospitalidade, a sua missão, seguindo o exemplo do fundador, consiste no serviço aos doentes e às pessoas necessitadas. Materializando a maneira de viver e de agir no carisma da hospitalidade.

Atualmente a OH está presente em 52 países, constituída com cerca de 1.142 Irmãos (religiosos consagrados) distribuídos em mais de 232 Comunidades, atendendo cerca de 334 Obras Apostólicas: hospitais, clínicas, centros psiquiátricos, albergues, lares, ambulatórios, ONGs e projetos sociais diversos.

Estão a serviço dos doentes em geral. Nos últimos tempos tem se dedicado muito empenho à criação de unidades de cuidados paliativos, portadores de HIV positivo, doentes de Alzheimer, etc.

Inseridos em sociedades tão diferentes, procuram, a partir da identidade de centros católicos, promover não só a recuperação da saúde ou a reabilitação física e social das pessoas, mas fazer também o acompanhamento da enfermidade ou do estado de marginalização e promover a evangelização, transmitindo com a palavra, mas, sobretudo com a vida, a Boa Nova que Jesus Cristo trouxe ao mundo.

O seu primeiro modo de evangelizar consiste em acolher a todos, respeitando a identidade e a situação em que cada um se encontra, depois procurando intervir no processo de aproximação a Jesus Cristo, que dá sentido à vida, e à sua Igreja.

A OH tem sua sede em Roma, onde reside o Superior Geral, e organiza-se por Províncias. Cada Província é presidida por um Superior Provincial e constituída por várias Comunidades, as quais tomam conta das obras apostólicas.

No Brasil, é uma Delegação da Província Portuguesa que tem sua sede em Lisboa.
Está presente em Divinópolis (MG), Petrópolis (RJ) , São Paulo (SP) e Aparecida do Taboado (MS)


Algumas histórias de São João de Deus

- Ocorreu que um homem, desconfiado de João de Deus e da "loucura" com que dizia levar a sua vida - porque para muitos trata-se de verdadeira loucura abandonar a própria vida em favor dos outros - quis testar a João de Deus para saber se ele realmente usava as esmolas que conseguia para cuidar dos pobres.
Ao ver João de Deus aproximar-se pelo caminho, deu-lhe uma esmola. Saiu dali apressadamente, vestiu-se de mendigo a fim de lhe testar a caridade e foi para a beira do caminho solicitar ajuda a São João de Deus. Qual não foi a surpresa do homem quando João de Deus tirou dos bolsos tudo o que tinha e entregou-lhe tudo sem hesitar. Com isso, o homem converteu-se, aderiu a causa do Santo e passou a ser Colaborador de sua obra.


- Certo dia, chegando João de Deus a casa de um rico, percebeu ele que as janelas de sua casa possuíam belas cortinas. Todas elas aveludadas e grossas.
É sabido que na Espanha, assim  como em toda Europa, os invernos são muito rigorosos e milhares de pessoas acabavam morrendo de frio por serem muito pobres. Os mesmos pobres os quais cuidava São João de Deus.
Observando aquilo, João de Deus disse ao homem que enquanto as janelas de sua casa eram cobertas por cortinas luxuosas, com tecidos finos, os seus pobres morriam de frio por falta de roupas.
O homem sentiu-se tão envergonhado com tal comentário, que mandou que fossem retiradas todas as cortinas da casa e serem entregues a João de Deus.
Ao recebê-las, João de Deus agradeceu-lhe. E imediatamente perguntou ao homem se não gostaria de comprar as tais cortinas, pois estava precisando de dinheiro para os pobres.




quinta-feira, 5 de março de 2015

São Focas

Focas era um modesto camponês de Sínope, próximo ao mar Negro no início do século IV.
Para entendermos o seu martírio, convém lembrar que, na extremidade do Império Romano, a perseguição ao cristianismo desencadeada por Dioclesiano golpeava indistintamente grandes e pequenos: do bispo ao intelectual, até o camponês mais humilde.

Quando a perseguição dos cristãos é decretada, Focas não altera seu procedimento, não foge, continua a sua vida como sempre, como se a perseguição não tivesse nada a ver com ele, porque uma de suas características mais fortes é a serenidade ou assim dizendo, o sangue frio.

Focas trabalhava como agricultor e jardineiro, e o seu nome figurava na relação dos cristãos indiciados e condenados que deveriam ter a sentença de morte executada em domicílio. Apenas sendo identificado era executado.

Um dia os soldados que o procuravam, e tinham ordens para matá-lo, mas que não o conheciam, chegaram à sua casa e disseram que procuram o cristão de nome Focas, que seria executado.
Focas era muito hospitaleiro e, como de costume, os convidou a entrar, serviu o almoço e os hospedou naquela noite e, enquanto eles dormiam, cavou a cova para o seu enterro.

Na parte da manhã, ele apareceu aos soldados, dizendo:
 "Eu sou Focas, a quem buscam, estou pronto.”  
Diante do constrangimento dos soldados ele foi firme:
 “Fazei sem demora o que tendes de fazer”, e lhes mostrou a cova.
Dentro dela caiu pouco depois o corpo do mártir decapitado.

Desde então, o túmulo de São Focas, o jardineiro de Sínope, é um local de peregrinação e sua história chega até nós pelas narrativas do bispo Astério de Amaséia.