domingo, 30 de abril de 2017

30 de abril - Beato Bento de Urbino

O Beato Bento de Urbino é, ainda hoje, modelo de oração constante, de contemplação, de austeridade, de presença salvífica junto dos irmãos e anunciador da Palavra de Deus, sobretudo, junto dos irmãos mais pobres e humildes.

Nasceu em Urbino a 23 de Setembro de 1560 no seio de uma família nobre. Recebeu no Batismo o nome de Marcos. Ficou órfão aos 10 anos de idade. Profundamente inteligente e com gosto pelo estudo, foi enviado, primeiro para Perusa, e depois para Pádua onde se doutorou em Direito, depois de um curso brilhante, tendo apenas 22 anos.

Passou a viver em Roma na corte do Cardeal João Jerônimo Albani, porém, teve de se afastar dali devido a dificuldades de índole familiar. Entretanto, ia amadurecendo a sua vocação religiosa e, saturado da vida mundana que se respirava à sua volta, ao fazer 23 anos, pediu para entrar na Ordem dos Capuchinhos. A sua constituição frágil e delicada criou-lhe grandes obstáculos, que venceu com a sua constante insistência e com as belíssimas qualidades morais de que se encontrava adornado.

Foi admitido à profissão na Ordem dos Capuchinhos em 1585, com o nome de Frei Bento de Urbino. Completados os estudos sacerdotais, foi ordenado presbítero. Aprovado para o ofício da pregação, bem depressa se entregou a esse ministério com grande fervor de espírito e simplicidade de palavra, atraindo a todos pela sua modéstia, por uma grande alegria de espírito unida à oração constante, à pobreza e austeridade.

Em 1599 foi escolhido para integrar o grupo de capuchinhos enviados à Boemia sob a direção de São Lourenço de Brindisi para aí defender e difundir a fé católica no meio dos Ussitas e Luteranos. Exerceu, ali, uma qualificada e prodigiosa atividade. Porém, por motivos de saúde e pela dificuldade em falar a língua local, teve de voltar para o seu país. Novamente na sua terra, retomou o apostolado, tendo como preferidos os lugares e as pessoas mais humildes e mais pobres. Dedicou-se também à educação da juventude e viveu uma vida de ascese. Foi escolhido Guardião e posteriormente Definidor da sua Província.

Extremamente humilde, fugia de tudo aquilo que pudesse trazer-lhe motivo de honra ou de glória. A sua meditação preferida era a Paixão de Jesus. Amava a Virgem Maria com ternura filial, preparando-se sempre para as suas festas com uma novena de orações e de jejum. A sua oração era contínua. Sendo Guardião, jamais dispensou os seus irmãos das duas horas de meditação.

Com paciência e resignação, suportou as doenças que martirizavam o seu frágil corpo, ao ponto de ficar reduzido a pele e ossos. Flagelava-se com disciplinas de ferro e levava apertado à cintura o cilício. Era extremamente frugal na sua alimentação. Viajava a pé e descalço. Dormia muito pouco. Consagrava horas sem conta à oração, à pregação e ao confessionário. Para ele sofrer era uma alegria. O sofrimento considerava-o como uma identificação com o Senhor Crucificado; a dor via-a como semente de felicidade eterna. Com muita antecedência previu a sua morte que ele mesmo anunciou, esperando-a com serenidade e alegria, à maneira do Pai São Francisco, para dela voar para o céu.

Sentindo próxima a última hora, pediu o viático e a unção dos doentes que recebeu com piedade. Na tarde de 30 de Abril de 1625, plácida e serenamente, entregou o seu espírito nas mãos do Senhor, em Fossombrone, no Convento de Montesacro onde ainda hoje se conserva o seu corpo. Tinha 65 anos de idade dos quais 41 passados na Ordem Capuchinha no exercício das mais heroicas virtudes.
O seu funeral constituiu uma solene manifestação de piedade e veneração. Os milagres logo tornaram célebre o seu sepulcro. Por isso mesmo, o Papa Pio IX beatificou-o em Roma a 15 de Janeiro de 1867.
Para todos, o Beato Bento de Urbino é, ainda hoje, um modelo de oração constante, de contemplação, de austeridade, de presença salvífica junto dos irmãos e anunciador da Palavra de Deus, sobretudo, junto dos irmãos mais pobres e humildes.

ORAÇÃO

Senhor, nosso Deus, que glorificais sempre a santidade dos que Vos servem fielmente, despertai em nós o mesmo amor à Cruz e o mesmo zelo pelo ministério da Palavra, que tão maravilhosamente ardia no coração do Beato Bento de Urbino. Por Nosso Senhor.

sábado, 29 de abril de 2017

29 de abril - Santa Catarina de Sena

Canonizada em 1461 por Pio II, Caterina di Iacopo di Benincasa, que não tinha aprendido a ler nem a escrever, foi em 4 de outubro de 1970, solenemente proclamada doutora da Igreja por Paulo VI.

Catarina era a vigésima terceira de uma família de vinte e cinco irmãos.  Nasceu em 25 de março de 1347, em Sena, na Itália.  Seu pai Iacopo,era um homem piedoso e caridoso…Lapa, era excelente mãe. Amava os filhos com fervor e ternura: a perfeita mamma popular, à italiana. Na velhice, a exemplo da filha Catarina, tornou-se terciária dominicana.

Quando Catarina tinha seis anos, voltava com o irmão Stefano da casa da irmã mais velha, Bonaventura. As duas crianças subiam a ladeira, a Valle Piata, erguendo os olhos para o cimo da Igreja de São Domingos, dos irmãos pregadores, a menina de repente viu diante de si “suspenso no ar, um trono de grande beleza, ornado com uma magnificência majestosa. Nesse trono, como um imperador ornamentado à maneira pontifical, tiara na cabeça, estava sentado o Senhor Jesus Cristo, Salvador do mundo. Perto dele estava Pedro, o príncipe dos apóstolos, Paulo e o santo evangelista João.”
Diante dessa visão, a menina ficou como que grudada ao solo, olhar fixo, olhando amorosamente seu Salvador e Senhor, que para mostrar seu amor assim se mostrava. Com os olhos fixados na menina, olhos cheios de majestade, e com um sorriso doce, ele ergueu a mão direita e, fazendo o sinal da cruz, como fazem os prelados, concedeu-lhes o dom de sua benção eterna.

Tomada de um zelo ainda infantil, ela saiu pela porta de Sant’ Ansano, refugiou-se em uma gruta e pôs-se a rezar com fervor; ei-la a erguer-se “lentamente no ar, até a altura máxima permitida pela gruta”, para assim permanecer até cerca de três horas da tarde.

Catarina tinha então sete anos (1354). Seu espírito amadurecera. Já nesta altura, quando tomava uma decisão, nada detinha sua vontade. Sua vocação se afirmava. Para não mais recuar, precisava engajar-se para sempre. Certo dia, em um lugar retirado, ela se ajoelhou, instalou um longo silêncio no coração e, em seguida, em voz alta, dirigindo-se à Virgem Maria, pronunciou as seguintes palavras:
“Bem-aventurada e Santa Virgem, vós que sois a primeira entre todas as mulheres, que consagrastes perpetuamente vossa Virgindade ao Senhor, por graça de quem vos tornastes a Mãe de seu único Filho, suplico vossa incomparável clemência que, sem olhar meus méritos nem minha indignidade, dignai-vos conceder-me a imensa graça de me dar por Esposo Aquele que desejo com todas as forças da minha alma, vosso Santíssimo Filho, o único Senhor, Jesus Cristo. Eu vos prometo, a ele e a vós, jamais escolher nenhum outro esposo e tudo fazer para conservar intacta minha pureza.”

Depois deste voto, tudo passou a indicar o progresso feito por Catarina na via da santidade, a fim de preservar a pureza de seu corpo e de seu espírito. Seu pendor para a mortificação acentuou-se a tal ponto que atingiu proporções inquietantes: a recusa em comer carne (disfarçadamente ela repassava os pedaços a seu irmão Stefano, ou jogava-se para os gatos); as flagelações, sozinha ou com as amiguinhas; o interesse intenso pela severidade da ascese dos santos famosos. 

Catarina guardava, porém, em segredo o voto de consagrar sua vida a Deus. Tinha então treze anos.
A morte de sua irmã Bonaventura fez redobrar o empenho da família Benincasa em encontrar um marido para Catarina. Catarina recusava categoricamente esse destino que, aos olhos das pessoas ao redor, se impunha sem discussão a uma jovem que caminhava para seus quinze anos.
O furor dos Benincasa ultrapassou os limites. Reprovação, imprecações, insultos grosseiros, sarcasmos, ameaças, insultos de todo tipo…. Assim, maltratada pelos seus, feita de empregada, alvo constante de sarcasmos, Catarina, no frescor de sua imaginação, teve uma ideia preciosa que a ajudou a suportar suas desgraças.

Transformada em serviçal para todo tipo de tarefas, pôs-se na cabeça que seu pai representava Jesus Cristo em pessoa, que sua mãe era a própria Maria, a gloriosa Mãe de Deus, e que as demais pessoas de casa eram apóstolos e discípulos do Senhor. Desse modo, ao servir a mesa, ela se imaginava servindo ao seu Divino Esposo, enquanto, ao cozinhar, ocupava-se dos santos mistérios. Com isso ela fazia reinar a alegria a si mesma e ao redor.


Um sonho lhe mostrou o caminho que se abria diante dela. São Domingos de Gusmão apareceu-lhe em pessoa durante o sono. Tendo à mão um lírio de brancura radiante e, dobrado sob o braço o hábito das Irmãs Dominicanas da Penitencia, bastante numerosas então em Sena, ele lhe disse: “não deves temer nenhum obstáculo, pois, segundo teu desejo, eu te asseguro que vestiras este habito.”
Diante de toda a família reunida, Catarina revelou seu voto de virgindade e proclamou sua decisão irrevogável de se entregar a Deus. Serva junto aos seus, até o fim de seus dias, ou jogada à rua, se assim o quisessem, o Esposo “tão rico e poderoso” que ela escolhera nunca a abandonaria.

Lapa estava horrorizada e desesperada com isso. Suspirava, arranhava o rosto, arrancava os cabelos. “Minha pobre filha”, gritava ela, “eu te vejo morta, vais acabar te matando, não há a menor dúvida! Pobre de mim! Quem roubou minha filha?! Que fiz para merecer tamanha desgraça?.

Aos quinze anos, Catarina ingressou na Ordem Terceira de São Domingos. Durante as orações contemplativas, envolvia-se em êxtase, de tal forma que só esse fato possibilitou que convertesse centenas de almas durante a juventude. Já adulta e atuante, começou por ditar cartas ao povo, orientando suas atitudes, convocando para a caridade, o entendimento e a paz. Foi então que enfrentou a primeira dificuldade que muitos achariam impossível de ser vencida: o cisma católico.

Dois papas disputavam o trono de Pedro, dividindo a Igreja e fazendo sofrer a população católica em todo o mundo. Ela viajou por toda a Itália e outros países, ditou cartas a reis, príncipes e governantes católicos, cardeais e bispos, e conseguiu que o papa legítimo, Urbano VI, retomasse sua posição e voltasse para Roma. Fazia setenta anos que o papado estava em Avignon e não em Roma, e a Cúria sofria influências francesas.



Outra dificuldade, intransponível para muitos, que enfrentou serenamente e com firmeza, foi a peste, que matou pelo menos um terço da população européia. Ela tanto lutou pelos doentes, tantos curou com as próprias mãos e orações, que converteu mais algumas centenas de pagãos. Suas atitudes não deixaram de causar perplexidade em seus contemporâneos. Estava à frente, muitos séculos, dos padrões de sua época, quando a participação da mulher na Igreja era quase nula ou inexistente.

Em 1º de abril, um domingo de Ramos, ela assistiu à missa celebrada por frei na Capela de Santa Cristina. Depois da comunhão, entrou em êxtase. Seu corpo prostrado levantou-se aos poucos, pôs-se de joelhos, os braços se abriram em cruz, o rosto se iluminou. Permaneceu assim por muito tempo, retesada, de olhos fechados; em seguida, de repente caiu como que ferida de morte, antes de recuperar logo depois as forças. “Então”, prosseguiu frei Raimundo, ela me chamou e me disse em voz baixa: Saiba, padre, que pela misericórdia do Senhor, levo no corpo esses estigmas. Vi o Senhor pregado na cruz vir até mim em meio a uma grande luz. O arrebatamento da minha alma, desejosa de ir ao Criador foi tamanho que meu corpo foi obrigado a subir. Daí essas cicatrizes de suas santas chagas; vi descer na minha direção cinco raios de sangue, dirigidos para minhas mãos, meus pés e meu coração.

Catarina de Sena morreu no dia 29 de abril de 1380, após sofrer um derrame aos trinta e três anos de idade. Depois de acusar de suas faltas, Catarina recebeu a absolvição pela segunda vez em nome da indulgência que lhe concedera o papa Urbano VI. Em seguida, rezou ardentemente, olhos detidos no crucifixo, fazendo as últimas recomendações a seus discípulos. Teve ainda forças para abençoar os que se encontravam ao redor, assim como amigos que estavam ausentes. Em meio a suas últimas palavras retornou à imagem que lhe era muito cara: o sangue, símbolo da graça do Cristo.
Barduccio Canigiani assim relatou seus últimos instantes: “Assim ela chegava ao fim tão desejado, sempre rezando.
E dizia: “Senhor, tu me chamas para que eu vá a ti, e eu vou; por certo não por causa dos meus méritos, mas graças somente a tua misericórdia. É ela que te peço em nome do sangue dulcíssimo de teu Filho." E clamou várias vezes: “O sangue, o sangue”. Em seguida, falando com grande doçura: “Pai, em tuas mãos coloco minha alma e meu espírito… Era domingo, anterior à Ascensão, 29 de abril de 1380, por volta de meio-dia.”
Sua cabeça está em Sena, onde se mantém sua casa, e seu corpo está em Roma, na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva. 


29 de abril - Conselho de Santa Catarina de Sena aos jovens

Carta 157
Para Vanni e Francisco Buonconti (Eram irmãos. Muito amigos de Catarina)

1 – Saudações e objetivo
Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, eu Catarina, serva e escrava dos servos de Deus, vos escrevo e conforto no precioso sangue do Seu Filho, desejosa de vos ver como verdadeiros filhos, sempre vivendo no autêntico e santo temor de Deus, de maneira que jamais desprezeis o sangue de Cristo.

2 – Evitai o pecado mortal
Muito ao contrário, vós deveis desprezar e abominar o pecado mortal, que ocasionou a morte do Filho de Deus. De fato, bem merece repreensão quem entrega o próprio corpo à maldade e à impureza. Pensando na perfeita união de Deus com a humanidade, meus queridos irmãos, quero que isso não aconteça convosco. Especialmente tu, Vanni! Quero que tenhas um outro modo de viver, diferente do passado.
Põe tua alma diante dos olhos, bem como a brevidade da vida. Lembra-te de que deves morrer e não sabes quando. Como seria triste a morte, se então te encontrasses em pecado mortal. Por um triste prazer, perderíamos um grande bem, que é a presença de Deus pela graça, e por fim, a vida eterna, que jamais acabará.
Mas convido os três a sacrificar os próprios corpos e a aceitar morrer por Cristo crucificado (na Cruzada), se for preciso. Antes disso, até que chegue a hora, quero que sejais santamente virtuosos confessando-vos e alegrando-vos sempre em ouvir a Palavra de Deus. Porque, como o corpo não pode ficar sem o alimento, também a alma não pode ficar sem ouvir a Palavra de Deus.
Cuidado com os maus companheiros, pois seriam um obstáculo ao bom propósito.

3 – Conclusão

Nada mais acrescento. Queridos e bondosos irmãos em Cristo Jesus, permanecei no santo e doce amor de Deus.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

28 de abril - Santa Gianna Beretta Molla


"Toda vocação é vocação à maternidade material, espiritual e moral e preparar-se significa prepara-se em ser doadores de vida.
Se na luta pela nossa vocação tivéssemos que morrer; aquele seria o dia mais bonito de nossa vida." 

Gianna Beretta nasce em Magenta (Milão, Itália) aos 04 de outubro de 1922. Desde sua primeira juventude, acolhe plenamente o dom da fé e a educação cristã, recebidas de seus ótimos pais. Esta formação religiosa ensina-lhe a considerar a vida como um dom maravilhoso de Deus, a ter confiança na Providência e a estimar a necessidade e a eficácia da oração.

Durante os anos de estudos e na Universidade, enquanto se dedicava diligentemente aos seus deveres, vincula sua fé com um compromisso generoso de apostolado entre os jovens da Ação Católica e de caridade para com os idosos e os necessitados nas Conferências de São Vicente. Laureada em medicina e cirurgia em 1949 pela Universidade de Pavia (Itália), em 1950 abre seu consultório médico em Mêsero (nos arredores de Milão). Especializa-se em pediatria na Universidade de Milão em 1952 e, entre seus clientes, demonstra especial cuidado para as mães, crianças, idosos e pobres.

Enquanto exercia sua profissão médica, que a considerava como uma «missão», aumenta seu generoso compromisso para com a Ação Católica, e consagra-se intensivamente em ajudar as adolescentes. Através do alpinismo e do esqui, manifesta sua grande alegria de viver e de gozar os encantos da natureza. Através da oração pessoal e da dos outros, questiona-se sobre sua vocação, considerando-a como dom de Deus. Opta pela vocação matrimonial, que a abraça com entusiasmo, assumindo total doação «para formar uma família realmente cristã».
Inicia seu noivado com o engenheiro Pedro Molla. Prepara-se ao matrimônio com expansiva alegria e sorriso. Ao Senhor tudo agradece, e ora. Na basílica de São Martinho, em Magenta, casa aos 24 de setembro de 1955. Transforma-se em mulher totalmente feliz. Em novembro de 1956, já é a radiosa mãe de Pedro Luís; em dezembro de 1957 de Mariolina e, em julho de 1959, de Laura. Com simplicidade e equilíbrio, harmoniza os deveres de mãe, de esposa, de médica e da grande alegria de viver.

Em setembro de 1961, no final do segundo mês de gravidez, vê-se atingida pelo sofrimento e pela dor. Aparece um fibroma no útero. Antes de ser operada, embora sabendo o grave perigo de prosseguir com a gravidez, suplica ao cirurgião que salve a vida que traz em seu seio e, então, entrega-se à Divina Providência e à oração. Com o feliz sucesso da cirurgia, agradece intensamente a Deus a salvação da vida do filho. Passa os sete meses que a distanciam do parto com admirável força de espírito e com a mesma dedicação de mãe e de médica. Receia e teme que seu filho possa nascer doente e suplica a Deus que isto não aconteça.

Alguns dias antes do parto, sempre com grande confiança na Providência, demonstra-se pronta a sacrificar sua vida para salvar a do filho: «Se deveis decidir entre mim e o filho, nenhuma hesitação: escolhei - e isto o exijo - a criança. Salvai-a». Na manhã de 21 de abril de 1962 nasce Joana Manuela. Apesar dos esforços para salvar a vida de ambos, na manhã de 28 de abril, em meio a atrozes dores e após ter repetido a jaculatória «Jesus eu te amo, eu te amo» morre santamente. Tinha 39 anos. Seus funerais transformaram-se em grande manifestação popular de profunda comoção, de fé e de oração. A Serva de Deus repousa no cemitério de Mêsero, distante 4 quilômetros de Magenta, nos arredores de Milão (Itália).

«Meditata immolazione» (imolação meditada), assim Paulo VI definiu o gesto da Beata Gianna recordando, no Ângelus dominical de 23 de setembro de 1973, «uma jovem mãe da Diocese de Milão que, para dar a vida à sua filha sacrificava, com imolação meditada, a própria». É evidente, nas palavras do Santo Padre, a referência cristológica ao Calvário e à Eucaristia.

Seu marido Pietro, faleceu à idade de 97 anos no Sábado Santo de 2010, um dia de especial importância para esta família. Pietro passou muito tempo de sua vida como viúvo logo depois da morte de sua esposa em 1962, ele ficou com seus quatro filhos e nunca voltou a casar-se.
Para o Pe. Rosica "esta história de santidade não terminou com Santa Gianna Beretta Molla".

"Tenho a certeza de que a causa de beatificação e canonização será aberta logo. Que poderoso testemunho será isto para a dignidade do matrimônio e a vida familiar!", manifestou.


A relação dos Molla com o sábado santo está em que foi precisamente esse dia, em 1962, quando Gianna deu à luz a Gianna Emanuela. Uma semana depois, já na Páscoa, Santa Gianna faleceu. "Santa Gianna deu sua vida para que o bebê em seu ventre pudesse viver. Agora Pietro volta para a Casa do Pai na manhã do Sábado Santo de 2010". 

28 de abril - Carta de amor de uma santa

Meu queridíssimo Pietro,

(...) Você é bom, querido, deseja-me muito bem e também lhe quero muito, muito; as suas alegrias são também as minhas, e tudo o que o preocupa faz sofrer também a mim.

Quando reflito sobre o nosso mútuo e grande amor, agradeço ao Senhor incessantemente. è mesmo verdade que o amor é o sentimento mais belo que o Senhor colocou na alma dos homens. E nós nos amaremos sempre, como agora, Pietro.

Faltam apenas vinte dias e depois serei... Gianna Molla! Você não acha interessante fazermos um tríduo para nos prepararmos espiritualmente antes do casamento? Nos dias 21,22 e 23, santa missa e comunhão, você em Ponte Nuovo, eu no Santuário de Nossa Senhora da Assunção. a Senhora acolherá as nossas preces e desejos e,porque a união faz a força, Jesus não pode deixar de escutar-nos e ajudar-nos.

Estou certa e que dirá sim e lhe agradeço.
Se for for de seu agrado, a próxima viagem estarei bem junto de você e lhe direi muitas e muitas vezes, até cansá-lo, que seja por toda a minha via.

Graças mil, Pietro, pela magnífica casinha que me preparou. Mais bonita do que ela não poderia desejar. Agora devo recompensa-lo, tornando-a cada vez mais doce e acolhedora.
Beijos grandes, muito grandes, sua

Gianna

Carta escrita no dia 4 de setembro de 1955, o casamento estava marcado para o dia 24 de setembro de 1955

quinta-feira, 27 de abril de 2017

27 de abril - Beato Nicolás Roland

O mistério da Redenção, queridos irmãos e irmãs, que hoje recordamos com força. Sim, temos "um grande sumo sacerdote que penetrou os céus" (Hb 4, 14). É Jesus Cristo, crucificado, ressuscitado e vivo na glória. Ele foi o ânimo da vida de Nicolás Roland.
Ao longo de sua vida, breve, mas de grande espiritualidade, ele deixou que o Senhor cumprisse através dele a sua missão de sumo sacerdote. Configurado à pessoa de Cristo, ele compartilhou o amor para com aqueles que o guiaram ao sacerdócio para "receber misericórdia" (Hb 4, 16): "O imenso amor de Jesus por você, costumava dizer, é ainda maior de sua infidelidade" .

Essa fé e essa esperança, invencíveis no amor misericordioso do Verbo Encarnado, o levariam a fundar a Congregação das Irmãs do Santo Menino Jesus, dedicada ao apostolado da educação e da evangelização de crianças pobres. Ele afirmou essa verdade, de uma forma maravilhosa: "Os órfãos representam Jesus Cristo nos anos de sua infância."

Bendito seja Deus, que, estando Ele mesmo conduzindo o Sínodo dos Bispos sobre a vida consagrada, nos faz reconhecer em Nicolás Roland, o que favoreceu a educação dos pobres, um exemplo vivo para muitos religiosos de hoje!

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 16 de outubro de 1994

Nicolás Roland nasceu em 08 de dezembro de 1642 na pequena cidade de Baslieux-les-Reims,  filho de Jean Baptiste Roland, comissário para as guerras e comerciante de tecidos e sua mãe chamava-se Nicole. O padrinho de seu batismo foi seu tio, o então famoso Matthieu Beuvelet.
Em 1650 ele ingressou na escola dos jesuítas de Reims , perto da igreja de St. Maurice , o que demonstra uma inteligência aguda e deseja se tornar um sacerdote. Em 1653 , ele recebeu a tonsura das mãos do Bispo de Pouy em Abbey of Saint-Pierre les Dames.
Começa seus estudos para clérigo com as disciplinas de Retórica e Teologia , também participando em várias peças de teatro. Depois de terminar seus estudos, momentaneamente deixa os estudos para o sacerdócio, e embarca em uma viagem através da França para conhecer o país. Depois de uma jornada memorável pelo mar, ele decidiu dedicar-se totalmente a Deus e tornar-se um sacerdote.

Mudou-se para Paris em 1660 para estudar filosofia e teologia , provavelmente com os jesuítas. Pertence a várias associações piedosas, demonstrando ser um homem apaixonado e ativo, características que o acompanharam ao longo de sua vida. Ele considerou juntar-se a Companhia de Jesus, mas animado com os missionários  decidiu se deslocar para Siam , depois de terminar seus estudos de teologia.  Em 1664, ele recebeu o diaconato e em março de 1665, foi ordenado sacerdote.

Seu desejo de ser um missionário em terras distantes se dissipa quando se torna pregador da catedral de Reims. E, como um cânone, ele faz algumas viagens missionárias como pregador popular, mas sua principal função é para escrever sermões e treinar novos sacerdotes. 
Em 1666 ele deixou a casa da família e se mudou para a rua de Barbâtre em Reims, onde a sua vida de pobreza começa. Estabelece contatos com o Seminário de São Nicolau-du-Chardonnet , onde seu tio trabalha e é impregnado com o espírito de Adrian Bourdoise, Jean Jacques Olier e movimento de renovação do clero francês. É guiado por Antoine de la Haye  ao total desprendimento e pobreza. Após esta experiência, sua casa torna-se uma espécie de seminário preparatório para jovens aspirantes para o sacerdócio, que ele incentiva e ajuda de várias maneiras.

De todas as suas muitas atividades apostólicas e em adição à direção espiritual, a educação popular é a que ele mais se sente atraído, especialmente após a publicação em 1668 das advertências de Charles Démia, verdadeiro precursor da escola os pobres. Em Ruan encontra um outro apaixonado religioso e que iniciou o trabalho das escolas para os pobres: o futuro beato Nicolás Barré.
Em 15 de outubro como 1670 executa a defesa legal do orfanato Rheims fundado por Marie Varlet que pede para o Padre Barré enviar duas professoras religiosas das Irmãs da Providência, fundada pela Ordem dos Mínimos, para ajudar neste trabalho.

Em 27 de dezembro do mesmo ano recebe as professoras e as aloja na casa. Era Françoise Duval e Anne Le Coeur, com a qual a começar a Congregação das Irmãs do Santo Menino Jesus, dedicada à educação das meninas pobres e abandonadas.

Em 1672 ele conhece João Batista de La Salle , assumindo por um tempo sua direção espiritual. Encorajam um ao outro no trabalho apostólico que eles desempenham. Enquanto ele estava no Seminário de Saint-Sulpice , em Paris, o mantém perto através de correspondência e várias reuniões. Suas primeiras relações são mais espirituais, incutindo o desprendimento que ele tem e, em seguida, manifestando o carisma de fundador dos Irmãos das Escolas Cristãs . 

Após a morte de seu pai em 1673, ele se entrega ao apostolado sacerdotal e à animação da nova comunidade das Irmãs do Santo Menino Jesus. No Orfanato é responsável por várias escolas do bairro. Em 13 de junho abre em Reims a primeira escola própria das Irmãs. Fá-lo às suas próprias custas. Ele se sente seguro com as meninas de campo, mas não sabe como cuidar de crianças, como escolas. 
Em 1675 recebe a aprovação da Regra das Irmãs, pelo arcebispo Charles-Maurice Le Tellier. As notas chamadas "Irmãs do Santo Menino Jesus" por sua devoção a esta invocação venerada no  Carmelo de Beaune, lugar favorito de peregrinação. Escreve diversas obras espirituais e publica Os Avisos, manifesto para pessoas normais. Um dos avisos que deixou para as Irmãs diz:

O fogo sagrado é que deve inflamar as irmãs, leva-las para os outros, especialmente as professoras, aos alunos e a quantas pessoas mais. Então, elas vão conseguir, com bons exemplos e palavras edificantes, fazer o bem que a Providência Divina mandar. Com o fogo, elas vão amar o seu próximo, pois Deus não separa caridade e quer que amemos a todos os homens. Este é o princípio que deve incentivar a educação das meninas na escola, sem fazer distinção de pessoas ou de suas qualidades humanas e naturais. 

No ano seguinte, entrega todos os seus bens para consolidar a jovem congregação. Multiplica suas atividades em nome dos necessitados. Sofre vários mal-entendidos por parte do capítulo da catedral e autoridade eclesial. Empreende várias viagens a Paris para reconhecimento civil da sua comunidade, mas o processo está atrasado.
Durante os meses de março e abril de 1678, ele participa de uma campanha de pregação e de apostolado, ajudando os pais do oratório. Em 30 de março auxilia com alegria na primeira missa de João Batista de La Salle. 

A 19 de abril de 1678 tem que ficar na cama sofrendo de uma febre alta. A 23 do mesmo mês elabora seu testamento, deixando a comissão a João Batista de La Salle e ao jovem clérigo Nicolas Rogier para dar conclusão ao Instituto. No dia 27 morreu pacificamente e foi sepultado na capela das Irmãs. Ele tinha apenas 36 anos de idade e deixou um grande projeto apostólico que começou, embora com apenas vinte Irmãs, um lar de idosos e quatro escolas.

São João Batista de La Salle vai continuar a aprovação de seu trabalho e, posteriormente, seguir o exemplo de fundar a Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs de educação humana e cristã dos filhos de artesãos e do pobre .
Nicolás Roland foi beatificado em Roma, pelo Papa João Paulo II no dia 16 de outubro de 1994.

A sua pedagogia tem muito a ver com a sua vida: humilde, simples, natural, mas também ambiciosa e exigente, mesmo cativante e contagiosa:
-   É a pedagogia de ponta, para trabalhos pioneiros de educação popular.
- O maior valor de sua atitude foi o seu testemunho e sua paixão.Traços que foram considerados valores educativos insubstituíveis em seus professores. 


Nicolás Roland é um dos professores que fizeram possível no século XVII a propagação de escolas populares, precursor em São Pedro Fourier e Charles Démia que mais tarde se tornaram escolas da Igreja populares, especialmente no trabalho de São João Batista de La Salle.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

26 de abril - Nossa Senhora do Bom Conselho

Em todo o mundo, Igrejas Agostinianas são agraciadas com a devoção de Maria, Nossa Mãe do Bom Conselho.
A agradável imagem de Jesus nos braços de sua Mãe tem sua origem em 1467 na Igreja Agostiniana em Genazzano, na Itália.

Peregrinos de todo o mundo visitam e veneram Nossa Senhora do Bom Conselho. Entre eles, muitas pessoas santas. Durante séculos muitos Papas honraram o santuário, inclusive os Papas João XXIII e João Paulo II. Antes deles, o Papa Leão XIII, devoto da Imagem, acrescentou a invocação Mãe do Bom Conselho, rogai por nós na Litania de Loreto.

No século IV o Papa São Marcos mandou construir uma igreja em Genazzano, não muito distante das ruínas de um antigo templo pagão, que foi dedicado a Nossa Senhora do Bom Conselho.
Em vista do amor que as pessoas de Genazzano participavam das festas e celebrações, o Papa declarou o dia 25 de abril como o dia da celebração cristã em honra à Mãe do Bom Conselho. 
Através dos séculos, Nossa Senhora foi honrada de maneira especial na pequena igreja na colina, que passou a ficar sob a responsabilidade dos freis da Ordem de Santo Agostinho a partir de 1356.

Como o tempo é implacável, a igreja passou a necessitar de reformas sérias. Petruccia, uma cristã do povoado, se sentiu inspirada em reconstruí-la. Desejando que fosse mais bonita e maior, apesar das dificuldades, sabia que Nossa Senhora havia inspirado tal intenção.

Anos mais tarde, durante uma festa no povoado, no dia 25 de abril de 1467, muitas pessoas estavam reunidas na praça festejando, cantando e dançando. Durante as festas, alguém viu uma nuvem passando no claro céu azul. Toda a atenção foi posta na nuvem que se aproximava cada vez mais, até que finalmente se deteve em uma das paredes da igreja que ainda estava em reforma.

A nuvem se abriu gradualmente e em seu meio apareceu uma pintura de Nossa Senhora com o Menino Jesus. Os sinos do povoado começaram a tocar sem ajuda de mãos humanas. Ao presenciar tal milagre, Petruccia foi correndo ao templo para se ajoelhar diante da pintura. Ninguém conhecia a procedência da pintura e nem sequer a tinham visto antes. Muito embora a pintura fosse um afresco muito de espessura fina, a imagem se manteve em pé encima de um suporte.

A tradição diz que a pintura milagrosa permaneceu assim por centenas de anos, mesmo depois de a Igreja ter sido quase toda destruída durante a Segunda Guerra Mundial.

De imediato uma chuva de graças e curas milagrosas começaram a acontecer. 
Dois estrangeiros procedentes de Scutari, na Albânia, chegaram a Genazzano procurando a pintura da Virgem. Eles contaram seu testemunho:

Quando compreenderam que não poderiam mais resistir ao ataque dos turcos, pediram conselho à Virgem para manter a fé diante de circunstâncias tão adversas. Naquela mesma noite, diante do assombro deles, a imagem da Virgem se desprendeu da parede e elevou-se aos céus iniciando sua viagem lenta em direção ao oeste.

Foi assim que eles puderam seguir a imagem, cruzando o mar Adriático até chegar a Genazzano. Eles decidiram ficar por ali mesmo para poder viver perto de sua Senhora.

Quando o Santo Padre ficou sabendo da pintura e de seus milagres, mandou dois bispos examinar e estudar os acontecimentos extraordinários. Depois de uma criteriosa investigação, o Papa e seus comissários se convenceram de que a pintura era verdadeiramente Nossa Senhora do Bom Conselho, a mesma que havia sido venerada por séculos em Scutari.

O espaço vazio com as dimensões exatas onde havia estado a pintura na igreja da Albânia era evidente aos olhos de todos. A imagem havia sido pintada sobre o gesso da parede. Nenhuma habilidade humana poderia ter tirado, com êxito, a pintura da parede sem danificá-la. Nenhuma mão humana poderia ter trazido a pintura através do mar Adriático e colocá-la na parede da igreja de Genazzano sem quebrá-la.

Naturalmente, a igreja foi terminada. Houve tantas doações e foi oferecida tanta ajuda que ela acabou se convertendo numa belíssima basílica. A pintura foi colocada em um relicário maravilhoso com um marco de ouro adornado com pedras preciosas.

Mais tarde, duas coroas de ouro foram enviados pelo Vaticano e foram colocadas nas cabeças da Mãe e do Filho.

No dia 26 de abril de 1965 a igreja foi inaugurada novamente, depois de ser restaurada dos estragos provocados pela Segunda Guerra Mundial. A Ordem Agostiniana é responsável pela igreja desde que lhe foi recomendada em 1356.

A reprodução em mosaico da pintura original está rodeada por santos, santas e fiéis conhecidos pela sua devoção à Mãe do Bom Conselho: Santa Rita de Cássia (monja agostiniana), o Beato Stephen Bellesini (pastor do Santuário de Genazzano), Santo Agostinho (inspirador e fundador da Ordem Religiosa), o Papa Leão XIII (devoto de Maria sob o título de Mãe do Bom Conselho) e Petruccia dei Nocera (benfeitora do Santuário de Genazzano).

O altar é de mármore Botticino e a parte frontal apresenta vários símbolos agostinianos. Do lado direito do altar está uma imagem - em forma de estátua - de tamanho natural da Nossa Mãe do Bom Conselho.

Oração:

Senhor, vós sabeis que os pensamentos dos homens são inseguros e frágeis; por Maria, na qual se encarnou vosso Filho, enviai-nos o dom de vosso conselho, que nos leve a conhecer o que é de vosso agrado e nos dirija em nossos trabalhos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

terça-feira, 25 de abril de 2017

25 de abril - São Marcos


São Marcos, ou João Marcos hebreu de origem, da tribo de Levi, foi um dos primeiros discípulos de São Pedro, que na festa de Pentecostes receberam o santo Batismo das mãos do Apóstolo, razão talvez, de Pedro em sua primeira epístola o chamar “seu filho”. (I Pedro 5,13).
Os atos dos Apóstolos (12,12) mencionam a mãe de Marcos, Maria, proprietária de uma casa em Jerusalém, onde os cristãos realizavam suas reuniões. Alguns autores reconhecem Marcos como o parente de Barnabé, e quem, bem moço ainda, se associou com São Paulo na primeira viagem apostólica e, terminada esta, por divergências entre eles, voltou para Jerusalém.  Na segunda viagem paulina não o vemos ao lado do apóstolo. (At. 15, 3).

Mais tarde, porém, foi companheiro de São Paulo na primeira prisão em Roma (Filem. 4); pelo mesmo apóstolo foi mandado aos Colossenses (Col. 4, 10).

Pela segunda vez preso em Roma, Paulo o chamou para junto de si. (2. Tim. 4, 11.) Seu apostolado é intimamente ligado também ao de São Paulo, em Roma, onde desenvolveu com tanto zelo as atividade apostólicos, que seu Chefe desejou tê-lo sempre em sua companhia.

Em Roma teve Marcos o prazer de ver os belos frutos, que a pregação do príncipe dos Apóstolos produzira, crescendo dia por dia o número dos que pediam o santo Batismo.
Durante sua ausência, São Pedro confiou a Marcos a vigilância sobre a jovem Igreja.
Atendendo ao insistente pedido dos primeiros cristãos de Roma, de deixar-lhes um documento escrito, que contivesse tudo que da boca de Pedro ouviram da vida, da doutrina, dos milagres e da morte de Jesus Cristo, Marcos escreveu o Evangelho que lhe traz o seu nome.
Dos quatro Evangelhos o mais curto e por assim dizer, o mais incompleto; não contém a história da Infância de Cristo, nem o sermão da montanha. São Pedro leu-o aprovou-o e recomendou aos cristãos que dele fizessem a leitura.

Depois de ter passado alguns anos em Roma, Marcos pregou o Evangelho na ilha de Chipre, no Egito e nos países vizinhos. As conversões produzidas por esta pregação contavam-se aos milhares.
Milhares de ídolos ruíram por terra, e nos lugares dos templos se ergueram igrejas cristãs. O Egito, antes um país entregue à idolatria, tornou-se teatro da mais alta perfeição cristã e refúgio de muitos eremitas.
Marcos trabalhou 19 anos em Alexandria, onde a Igreja chegou a um estado de extraordinário esplendor.
Não satisfeitos com a observância de tudo aquilo que o Evangelho apresentava como indispensável, muitos cristãos observavam do modo mais perfeito os conselhos evangélicos, abstendo-se, a exemplo do mestre, do uso da carne e do vinho e distribuindo os bens entre os pobres. Inúmeros eram aqueles que viviam em perfeita castidade. O número dos cristãos cresceu de tal maneira, que para todos terem ocasião de assistir ao santo sacrifício da Missa e à pregação, foi necessária destacar um número de casas bem grande onde se pudessem reunir.

Tão grande prosperidade da causa do Senhor não podia deixar de inquietar e irritar os sacerdotes pagãos contra o grande Apóstolo. Marcos, sabendo que os inimigos seus e de Cristo estavam conspirando contra sua vida, e, prevendo uma generalização da perseguição, na qual muitos cristãos poderiam não ter a força de perseverar na fé, deu à Igreja de Alexandria um novo bispo, na pessoa de Aniano, e ausentou-se da cidade.

Dois anos durou essa ausência. Ao voltar, havia uma grande festa, que os pagãos celebravam em honra do deus Serapis. A maior homenagem que podiam render à divindade havia de ser — assim opinavam os idólatras — a oferta da vida do Galileu: por este nome era conhecido o grande evangelista.
Imediatamente se puseram a caminho em busca de Marcos. A eles se uniram muitas pessoas. Descobrir-lhe paradeiro e penetrar na casa que hospedava, foi obra de minutos.
Marcos estava celebrando os santos mistérios, quando a horda sequiosa do seu sangue, entrou. Prenderam-no e, com muita brutalidade, conduziram-no pelas ruas da cidade. O trajeto todo ficou marcado do sangue do Mártir.
Marcos não opôs resistência; ao contrário, deu louvor a Deus por ter sido achado digno de sofrer pelo nome de Cristo.
Na noite seguinte apareceu-lhe um anjo e disse-lhe: “Marcos, Servo de Deus, teu nome está escrito no livro da vida, e tua memória jamais se apagará. Os Arcanjos receberão em paz teu espírito”.

Além desta teve a aparição de Deus Nosso Senhor, da maneira por que muitas vezes o tinha visto durante a vida mortal e disse-lhe:
 “Marcos, a paz seja contigo”. Estas, como as palavras do Anjo, encheram a alma do Mártir de grande consolo e ânimo.

O dia seguinte,  25 de abril, foi o dia do martírio. Os pagãos maltrataram-no de um modo tal que morreu no meio das crueldades. As últimas palavras que proferiu foram: “Em vossas mãos encomendo o meu espírito”.
Os pagãos quiseram queimar seu corpo. Uma fortíssima tempestade, que sobreveio, frustrou-lhes os planos e forneceu aos cristãos, ocasião de tirar o corpo e dar lhe honesta sepultura, numa rocha em Bucoles.


Em 815 foram as relíquias de São Marcos transportadas para Veneza, onde ainda se acham.
O leão é o símbolo deste evangelista, que inicia seu Evangelho com estas palavras: “Voz daquele que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor”.


segunda-feira, 24 de abril de 2017

24 de abril - Santa Maria de Santa Eufrásia

"A glória de Deus e a salvação das pessoas – esta é minha vida".

"Devemos ter os pensamentos, os sentimentos e os afetos de Jesus Bom Pastor".

"Eu não tinha grandes talentos, nem tampouco riquezas. Só amei. Porém amei com todas as forças de minha alma...".

"Minhas Filhas queridas, deixo-vos como meu testamento o amor à cruz e o zelo pela salvação das almas".

"Se vos amardes sempre e vos ajudardes mutuamente, podereis realizar maravilhas".
"Duas coisas são essencialmente necessárias, amadas Filhas: o espírito interior e o amor ao sofrimento".

"Não quero que se diga de mim que sou francesa... Sou de todos os países onde há almas para salvar”

Santa Maria de Santa Eufrásia Pelletier nasceu a 31 de julho de 1796, na Ilha de Noirmoutier, próxima à costa da Bretanha. Era a última de oito filhos do piedoso e caritativo médico Juliano Pelletier e de Ana Amada Mourain. No Batismo, recebeu o nome de Rosa Virginia.
Rosa ficava muito impressionada com a Fé profunda de seus pais em meio a terrível Revolução Francesa. Cresceu na atmosfera criada pelas histórias contadas sobre lutas heroicas do catolicismo da Vendéia contra os desmandos da Revolução Francesa, o que talvez explique em parte a sua fé robusta e conquistadora.

Ela desfrutava das belezas de sua ilha-prisão, mas o viver numa família carinhosa não ocultava o lado sério da vida: traficantes de escravos na costa, morte inesperada do pai quando tinha 10 anos, ida para um internado fora da ilha e perda de sua mãe quando era uma jovenzinha. Educada pelas Ursulinas de Chavagne, frequentou também o Instituto da Associação Cristã de Tours.

Na escola de Tours, Rosa ouviu falar do Convento do Refúgio, pertencente a uma Congregação que São João Eudes havia fundado em 1641, para resgatar mulheres decaídas e proteger meninas e jovens órfãs. A Congregação se chamava Instituto de Nossa Senhora da Caridade do Refúgio ou do Bom Pastor.

Rosa sentiu-se atraída pela Congregação, entrou no noviciado em 1814 e tomou o nome de Maria de Santa Eufrásia. A sua generosidade e a sua confiança em Deus cresceram. Logo lhe deram a responsabilidade de cuidar de um grupo de meninas. Seu fervor não tinha limites.
Em 1825, quando foi eleita Superiora, fundou a Obra das Madalenas, distinta das Penitentes e das Preservadas, constituindo verdadeira Congregação para as jovens reconduzidas ao caminho reto poderem aderir à vida religiosa, segundo o modelo carmelitano, com Regra e hábito, morando em uma ala própria do convento.

O empenho da Santa como Superiora não excluía a busca de melhorias no vestuário, na alimentação e nas instalações do seu rebanho. Em 1830, havia na casa 70 penitentes, 12 "madalenas" e 80 órfãs.

Em 1829, a cidade de Angers pediu uma nova fundação. Há vários anos a cidade contava com uma Casa do Refúgio, chamada "O Bom Pastor", mas que estava em decadência. Madre Santa Eufrásia (como era conhecida) para lá se dirigiu a fim de tomar posse da casa. O êxito que ela obteve ali foi tão grande, que a população da cidade não queria deixá-la voltar para a comunidade de Tours. Após longas negociações, Madre Pelletier foi nomeada Superiora da nova fundação.
Em 1831, Madre Maria Eufrásia fundou uma comunidade contemplativa no convento de Angers. Conhecidas hoje como Irmãs Contemplativas do Bom Pastor tem a missão de rezar pelas pessoas com quem as Irmãs Ativas exercem seu trabalho apostólico e pela salvação das pessoas do mundo inteiro.

O estímulo de trabalhar sempre mais para a redenção de tantas pessoas afastadas de Deus a levou a transformar a casa de Angers na casa mãe de uma organização paralela ao Instituto de Nossa Senhora da Caridade, com a finalidade específica de centralização organizativa, já que o Instituto tinha conventos autônomos.

Sem perder nada de sua humildade e de seu respeito pela autoridade, conseguiu, com a ajuda da Providência, fundar em Angers um novo Instituto, o Instituto do Bom Pastor, do qual se tornou Superiora Geral. Vislumbrando o papel mundial do seu Instituto, a Fundadora pretendia colocá-lo sob a proteção da Santa. Apoiada no Bispo de Angers, Madre Pelletier conseguiu obter do Papa Gregório XVI que desse à Congregação um cardeal protetor.
O progresso da Congregação foi muito rápido e a sua Obra se difundiu no mundo todo, fazendo um bem imenso na reeducação feminina. A formação de uma centena de noviças exigia de Madre Santa Eufrásia uma solicitude maternal. Além disto, as fundações na Europa, na África e na América, deviam ser acompanhadas por seus cuidados.

Os resultados obtidos pela força da bondade e da sensibilidade pedagógica das religiosas suscitam ainda hoje a admiração. As jovens que atingem a maioridade não são abandonadas: elas podem escolher permanecer no Instituto do Bom Pastor ou são encaminhadas a outras obras católicas. Além da assistência, da educação religiosa e moral, é-lhes garantida uma instrução intelectual e técnica tornando possível sua inserção na vida social.
Santa Maria Eufrásia fundou 110 casas durante sua vida. Quando morreu, em Angers, a 24 de abril de 1868, a Congregação existia em vários países e contava com 2.760 religiosas, 960 "madalenas" e 15 mil jovens e meninas órfãs.

Madre Santa Eufrásia foi beatificada a 30 de abril de 1933 por Pio XI e canonizada por Pio XII a 2 de maio de 1940. Uma imagem sua, feita pelo escultor G. Nicolini, foi colocada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, entre os grandes fundadores de Ordens Religiosas.

"Tendo concebido todas minhas Filhas na Cruz", disse em certa ocasião, "amo-as mais que a minha própria vida; depois, este amor tem suas raízes em Deus e no conhecimento de minha miséria, pois reconheço que, se tivesse tanto tempo de profissão como elas, não suportaria nem as privações nem os trabalhos que elas suportam".

Para Santa Maria Eufrásia, a imagem do Bom Pastor é a que melhor expressa o amor misericordioso de Deus para conosco. "Jesus, o Bom Pastor", dizia ela a suas Irmãs, "é o verdadeiro modelo que temos que imitar. Vós não fareis nenhum bem se não tiverdes os pensamentos e os afetos do Bom Pastor, de Quem vós tendes que ser imagens vivas".
A Santa plasmou realmente para suas Irmãs a ternura e a solicitude do Bom Pastor, que deixa as 99 ovelhas para buscar a que se perdeu. Inspirada por seu exemplo, cada Irmã busca viver e servir com o coração do pastor, recordando sempre a filosofia da Fundadora:"Uma pessoa vale mais que o mundo todo".

A atividade incansável de Santa Maria Eufrásia não impedia uma vida de contemplação, elevada a um alto grau de união mística. "Quando não tiverdes senão Deus, minhas queridas Filhas, a vossa oração será mais pura, a vossa prece mais fervorosa. Eu consentiria em estar muito tempo privada da felicidade do Céu, contanto que na terra tivesse Nosso Senhor para amar na Eucaristia e almas para salvar. Ah! minhas Filhas, quanta fé nos dão as cruzes!"