sábado, 31 de agosto de 2019

31 de agosto - Beatos Edmígio, Amálio e Valério


“As testemunhas de Jesus Cristo também foram os Irmãos das Escolas Cristãs, da Escola La Salle de Almería. Sua vida consagrada ao Senhor, com os três votos de pobreza, castidade e obediência, havia sido forjada através de sua humilde e silenciosa obra no ensino. Com as mesmas palavras de São Paulo, eles poderiam ter repetido: “Eu sei viver na pobreza e na abundância. Aprendi a viver em toda e qualquer situação”. 
Esses religiosos sabiam muito bem, tendo em mente os ensinamentos e o exemplo de seu fundador, São João Batista de La Salle, estavam expostos a todo tipo de indignação e calúnia, apesar de seu trabalho altruísta de educar crianças e jovens de maneira cristã. A esse respeito, Aurélio María, ao saber do martírio dos Irmãos de Turón, nas Astúrias, exclamou: “Que alegria nossa se derramarmos nosso sangue por um ideal tão alto! Vamos redobrar nosso fervor de educadores religiosos e assim seremos dignos de tal honra.”

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 10 de outubro de 1993.

A Escola Almeria, na Espanha, contava em 1936 com 19 Irmãos das Escolas Cristãs: 15 atendiam ao Colégio São José e quatro, à Escola de Las Chocillas. Sete deles seriam escolhidos por Deus para receber a palma do martírio. Entretanto, não o sofreram na mesma data. Na noite de 30 para 31 de agosto, os Irmãos Edmígio, Amálio e Valério Bernardo foram trucidados. A 8 de setembro foi a vez dos Irmãos Teodomiro Joaquim e Evencio Ricardo sacrificarem suas vidas. E na noite de 12 para 13 de setembro foram imolados os Irmãos Aurélio Maria, Diretor do Colégio, e José Cecílio.

Fazendo parte do grupo de Almeria, foram martirizados Dom Diego Ventaja Milán, Bispo de Almeria, e Dom Manuel Medina Olmos, de Guadix. Todos formaram um único processo e a documentação, com os testemunhos e o relato do martírio, estiveram unificados desde o princípio. Os nove partilharam dos mesmos sofrimentos na cadeia.

Outros Irmãos do Colégio também estiveram presos, mas conseguiram se livrar da morte e, em geral, nunca se soube bem o porquê. As principais características dos Irmãos martirizados são:

Irmão Edmígio: já como aluno era modelar. Como religioso era uma pessoa realmente piedosa, prudente, trabalhadora e abnegada. Sua piedade era manifesta e sincera. 

Irmão Amálio: era simples e de caráter serviçal. Excelente professor de alunos menores, os quais o tinham em grande estima.

Irmão Valério Bernardo: Exato cumpridor dos deveres religiosos e de professor. Caráter alegre e simples. Admirável exemplo de obediência religiosa. 


O Papa João Paulo II beatificou o grupo no dia 10 de outubro de 1993.

31 de agosto - Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. Mt 25,14


O Evangelho hoje nos narra a célebre parábola dos talentos. O "talento" era uma antiga moeda romana, de grande valor, e precisamente por causa da popularidade desta parábola tornou-se sinônimo de dote pessoal, que cada um é chamado a fazer frutificar. Na realidade, o texto fala de "um homem que, ao partir para uma viagem, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens". O homem da parábola representa o próprio Cristo, os servos são os discípulos e os talentos são os dons que Jesus lhes confia. Por isso tais dons, além das qualidades naturais, representam as riquezas que o Senhor Jesus nos deixou em herança, para que as fecundemos: a sua Palavra, depositada no Santo Evangelho; o Batismo, que nos renova no Espírito Santo; a oração o "Pai-Nosso" que elevamos a Deus como filhos unidos no Filho; o seu perdão, que Ele ordenou de levar a todos; o sacramento do seu Corpo imolado e do seu Sangue derramado. Em síntese: o Reino de Deus, que é Ele mesmo, presente e vivo no meio de nós.

Este é o tesouro que Jesus confiou aos seus amigos, no final da sua breve existência terrena. A parábola insiste na atitude interior com que acolher e valorizar este dom. A atitude errada é a do receio: o servo que tem medo do seu senhor e teme o seu retorno, esconde a moeda debaixo da terra e ela não produz qualquer fruto. Isto acontece por exemplo com quem, tendo recebido o Batismo, a Comunhão e a Crisma, depois enterra tais dons debaixo de uma camada de preconceitos, sob uma falsa imagem de Deus que paralisa a fé e as obras, a ponto de atraiçoar as expectativas do Senhor. Mas a parábola põe em maior evidência os bons frutos produzidos pelos discípulos que, felizes pelo dom recebido, não o conservaram escondido, com receio e inveja, mas fizeram-no frutificar, compartilhando-o, comunicando-o. Sim, o que Cristo nos concedeu multiplica-se quando é doado! É um tesouro feito para ser despendido, investido, compartilhado com todos, como nos ensina aquele grande administrador dos talentos de Jesus, que é o Apóstolo Paulo.

Papa Bento XVI – 16 de novembro de 2008

Hoje celebramos:

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

30 de agosto - O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo. Mt 25,1


O Evangelho de hoje é uma célebre parábola, que fala de dez virgens convidadas para uma festa de bodas, símbolo do Reino dos céus, da vida eterna. É uma imagem feliz, com a qual contudo Jesus ensina uma verdade que nos põe em questão; com efeito, daquelas dez virgens, cinco entram na festa porque, quando o esposo chega, têm óleo para acender as próprias lâmpadas; enquanto as outras cinco permanecem fora porque, insensatas, não tinham trazido óleo.

O que representa este óleo, indispensável para serem admitidas no banquete nupcial? Santo Agostinho e outros antigos autores veem nisto um símbolo do amor, que não se pode comprar, mas que recebemos como dom, conservamos no íntimo e praticamos com as obras. A verdadeira sabedoria consiste em aproveitar a vida mortal para realizar obras de misericórdia, porque depois da morte isto já não será possível.

Quando formos despertados para o juízo final, isto acontecerá com base no amor praticado na vida terrena. E este amor é dom de Cristo, efundido em nós pelo Espírito Santo. Quem crê em Deus-Amor tem em si uma esperança invencível, como uma lâmpada com a qual atravessar a noite para além da morte, e chegar à grande festa da vida.

A Maria peçamos que nos ensine a verdadeira sabedoria, aquela que se fez carne em Jesus. Ele é o Caminho que conduz desta vida para Deus, para o Eterno. Ele fez-nos conhecer o rosto do Pai, e ofereceu-nos uma esperança cheia de amor. Por isso, a Igreja dirige-se com estas palavras à Mãe do Senhor: “Vida, doçura e esperança nossa”. Aprendamos dela a viver e a morrer na esperança que não desilude.

Papa Bento XVI – 06 de novembro de 2011

Hoje celebramos:

30 de agosto - Santa Margarida Ward


“O que caracteriza o homem, o que ele tem de mais íntimo no seu ser e na sua personalidade, é a capacidade de amar, de amar profundamente, de se dedicar com aquele amor que é mais forte do que a morte e que continua na eternidade.

O martírio dos cristãos é a expressão e o sinal mais sublime deste amor, não só porque o mártir se conserva fiel ao seu amor, chegando a derramar o próprio sangue, mas também porque este sacrifício é feito pelo amor mais nobre e elevado que pode existir, ou seja, pelo amor d'Aquele que nos criou e remiu, que nos ama como só Ele sabe amar, e que espera de nós uma resposta de total e incondicionada doação, isto é, um amor digno do nosso Deus.

Na sua longa e gloriosa história, a Grã-Bretanha, Ilha de Santos, deu ao mundo muitos homens e mulheres, que amaram a Deus com este amor franco e leal. Por isso, sentimo-Nos feliz por termos podido incluir hoje, no número daqueles que a Igreja reconhece publicamente como Santos, mais quarenta filhos desta nobre terra, propondo-os, assim, à veneração dos seus fiéis, para que estes possam haurir, na sua existência, um vívido exemplo.

Quem lê, comovido e admirado, as atas do seu martírio, vê claramente e, podemos dizer, com evidência, que eles são os dignos émulos dos maiores mártires dos tempos passados, pela grande humildade, simplicidade e serenidade, e também pelo gáudio espiritual e pela caridade admirável e radiosa com que aceitaram a sentença e a morte."

Papa Paulo VI – Homilia de canonização

Margarida Ward nasceu em Congleton, Cheshire, em torno de 1550, no seio de uma distinta família inglesa. Pouco se sabe de sua vida, somente que nos últimos anos viveu na casa da nobre senhora Whitall, da qual era dama de companhia.

Margarida era católica, e soube que haviam prendido o sacerdote Guilherme Watson, que estava encarcerado e era submetido a contínuas torturas. Estava em curso a perseguição da sanguinária rainha Elizabeth I contra os católicos, e a tortura era uma prática usual. Margarida decidiu visitá-lo repetidas vezes, para ajudá-lo e confortá-lo.

Watson, que escreveu a obra conhecida como "Quodlibets", já tinha estado preso uma primeira vez, porém logo, em um momento de debilidade pelas torturas sofridas, tinha consentido participar do culto protestante, e por isso fora libertado. Porém amargamente arrependido desta ação, se retratou publicamente e declarou ser católico, e foi novamente preso e levado para a prisão de Bridewel.

Depois de várias visitas, que suavizaram a vigilância do carcereiro, Margarida levou uma corda para ele poder escapar. Na hora fixada, o barqueiro que se havia comprometido a transportar o sacerdote rio abaixo, se negou a levar a cabo seu trabalho. Em sua angústia, Margarida confiou seu problema ao jovem John Roche (ou Neele), que se comprometeu a ajudá-la. Preparou um bote e trocou de roupa com Watson, que pode fugir. Porém a roupa traiu John Roche e a corda convenceu o carcereiro que Margarida Ward havia sido o instrumento da fuga do prisioneiro. Ambos foram detidos.

O Venerável Robert Southwell escreveu ao Padre Acquaviva, S.J.:
"Foi açoitada e suspensa pelos punhos, só tocava o solo com as pontas dos dedos de seus pés, durante tanto tempo, que ficou inválida e paralisada, porém estes sofrimentos reforçaram em grande medida a gloriosa mártir em sua luta final".

A dama não só confirmou plenamente tudo quanto tinha feito, como negou revelar onde o fugitivo estava escondido; não quis pedir perdão à rainha, nem aderir ao culto protestante, condições que lhe eram impostas para obter a liberdade. Ela estava convencida de que não havia ofendido a soberana, e considerava coisa absolutamente contrária à sua genuína fé católica o assistir às funções de um culto herético.

Foi julgada e condenada à morte em Newgate por alta traição. Imolou sua vida pela fé católica que não quis abjurar, e caminhou para o patíbulo em Tyburn no dia 30 de agosto de 1588.

Ricardo Leigh, sacerdote, e os leigos Eduardo Shelley, Ricardo Martin, ingleses, e John Roche, irlandês, e Ricardo Lloyd, galês, foram seus companheiros de martírio. O primeiro por ser sacerdote e os outros por terem dado hospitalidade a sacerdotes. Todos eles foram beatificados em 1929 pelo Papa Pio XI, e Margarida foi canonizada em 25 de outubro de 1970 pelo papa Paulo VI entre os 40 mártires da Inglaterra e Gales.


quinta-feira, 29 de agosto de 2019

29 de agosto - João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. Mc 6,18-


Hoje celebramos a memória do martírio de são João Batista, o precursor de Jesus. No Calendário romano, é o único santo do qual se celebra tanto o nascimento, a 24 de junho, como a morte ocorrida através do martírio.

João Batista não se limita a pregar a penitência e a conversão mas, reconhecendo Jesus como o Cordeiro de Deus que veio para tirar o pecado do mundo, tem a profunda humildade de mostrar em Jesus o verdadeiro Enviado de Deus, pondo-se de lado a fim de que Jesus possa crescer, ser ouvido e seguido.

Como último gesto, João Batista testemunha com o sangue a sua fidelidade aos mandamentos de Deus, sem ceder nem desistir, cumprindo a sua missão até ao fim. São Beda, monge do século IX, nas suas Homilias diz assim: São João, por Cristo deu a sua vida; embora não lhe tenha sido imposto que negasse Jesus Cristo, só lhe foi imposto que não dissesse a verdade. E ele dizia a verdade, e assim morreu por Cristo, que é a Verdade. Precisamente pelo amor à Verdade, não cedeu a compromissos nem teve medo de dirigir palavras fortes a quantos tinham perdido o caminho de Deus.

Caros irmãos e irmãs, celebrar o martírio de são João Baptista recorda-nos, também a nós cristãos deste nosso tempo, que não se pode ceder a compromissos com o amor a Cristo, à sua Palavra e à Verdade. A Verdade é Verdade, não existem compromissos. A vida cristã exige, por assim dizer, o martírio da fidelidade quotidiana ao Evangelho, ou seja, a coragem de deixar que Cristo cresça em nós e que seja Cristo quem orienta o nosso pensamento e as nossas ações.
Papa Bento XVI – 29 de agosto de 2012

Hoje celebramos:


quarta-feira, 28 de agosto de 2019

28 de agosto - Vós sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão! Mt 23,27


Quando praticardes o bem e oferecerdes uma esmola não o façais para serdes admirados. A vossa mão direita não saiba o que faz a esquerda. Fazei-o escondido. E quando fizerdes penitência, jejum, por favor, poupai-vos da melancolia, não sejais melancólicos para que todo o mundo saiba que estais a fazer penitência. Resumindo: o que importa é a liberdade que a redenção nos concedeu, que o amor nos ofereceu, que a recriação do Pai nos deu. É uma liberdade interior que leva a praticar o bem de forma escondida, sem fazer soar a trombeta: de fato, o caminho da verdadeira religião é o mesmo de Jesus: a humildade, a humilhação. Dado que Jesus se humilhou a si mesmo, esvaziou-se a si mesmo. É o único caminho para eliminar de nós o egoísmo, a avidez, a soberba, a vaidade, a mundanidade.

Diante deste modelo, ao contrário, temos a atitude de quantos Jesus repreende: pessoas que seguem a religião da maquiagem: a aparência, o aparecer, fazer de conta, mas dentro... Para eles, Jesus usa uma imagem muito forte: “Sois semelhantes aos sepulcros caiados, formosos por fora, mas por dentro cheios de ossos de mortos, e de toda a espécie de imundície”. Ao contrário, Jesus chama-nos, convida-nos a praticar o bem com humildade, porque se não se cai num engano perigoso: Tu podes praticar todo o bem que quiseres, mas se não o fizeres com humildade, como nos ensina Jesus, este bem não serve, por ser um bem que nasce de ti mesmo, da tua segurança, não da redenção que Jesus nos deu. Uma redenção que, chega através da estrada da humildade e das humilhações: com efeito nunca se chega à humildade sem as humilhações. Tanto é que vemos Jesus humilhado na cruz.

Papa Francisco – 11 de outubro de 2016

Hoje celebramos:


28 de agosto - São Moisés, o Etíope


Moisés, o Etíope, que viveu no Egito durante o quarto século, foi um dos mais pitorescos Padres do Deserto. Em seus primeiros anos de vida foi criado como escravo por um aristocrata egípcio que, mais tarde, se viu obrigado a despedi-lo – e, surpreende-se que não o tenha matado, considerando a barbárie da época – por causa de suas inclinações ao roubo e a imoralidade.
Depois disso, Moisés tornou-se um bandido e, sendo um homem muito forte e de grande estatura, logo se juntou a um bando de marginais, e por causa de seu mau caráter e de seu físico avantajado acabou sendo escolhido como líder, passando a causar terror em toda a região.

Certa vez, quando estava prestes a cometer um assalto, o cão de um pastor latiu para Moisés que, por isso, jurou matar o pastor. Para chegar até onde estava o pastor teve de atravessar à nado o Rio Nilo, levando uma faca entre os dentes. Mas o pastor teve tempo de esconder-se entre as dunas. Não conseguindo encontrá-lo, Moisés matou quatro dos seus carneiros, amarrando-os em seguida pelas pernas e levando-os através do rio. Depois, cortou-os em pedaços, assou e comeu as melhores porções, vendendo depois as sobras da carne. Logo foi se juntar aos companheiros, oitenta quilômetros de distância dali. 

Isso nos dá uma ideia do tipo de pessoa que era Moisés. Nada se sabe, infelizmente, sobre como se deu a sua conversão à fé cristã. Algumas narrativas falam que ele teria ido buscar refúgio entre os solitários do deserto, quando fugia da justiça, e o exemplo de vida destes homens o tenha conquistado. O fato é que se tornou monge no monastério de Petra, no deserto do Esquela. Uma vez na comunidade, Moisés se destacou por sua extrema obediência ao Abade e aos demais irmãos, sempre chorando arrependido por seu anterior modo de vida. Após um certo tempo, Moisés passou a viver em uma cela solitária, onde passava seu tempo em oração e rigorosos jejuns, vivendo com grande austeridade.

Certo dia, quatro bandidos assaltaram sua cela. Moisés lutou com eles e os venceu.  Amarrou-lhes uns aos outros, então, e colocando-os sobre as costas os levou até a igreja. Ao chegar à igreja jogou-os ao chão e disse aos monges, que não cabiam em si de surpresa: “A regra não me permite fazer mal a ninguém. O que vamos fazer então com esses homens?”

Conta-se que os bandidos se arrependeram e, mais tarde, receberam o hábito monástico. Mas o pobre Moisés não conseguia vencer suas inclinações violentas e, para alcançar isso foi preciso, um dia, ir ao encontro de Santo Isidoro.
O abade o conduziu ao amanhecer ao terraço do monastério e lhe disse: “Vê que a luz vai vencendo lentamente a escuridão. O mesmo se passa com a alma!”

Moisés foi superando gradualmente suas más inclinações, suas paixões, à custa certamente de muito trabalho manual, caridade fraterna, mortificação e perseverando sempre na oração. Chegou a alcançar tal autodomínio que Teófilo, o arcebispo de Alexandria, o ordenou sacerdote. Depois da ordenação, quando ainda estava revestido com a túnica branca, o arcebispo lhe disse: “Veja só, padre Moisés, o homem negro foi transformado em branco.” São Moisés respondeu então, sorrindo: “Só exteriormente. Deus sabe quão negra é ainda minha alma”.

Quando os bárbaros se aproximaram para atacar o monastério, São Moisés proibiu seus monges de se defenderem e os mandou fugir, dizendo: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido.” O santo ficou no monastério na companhia de sete outros monges. Apenas um escapou com vida. São Moisés tinha, então, setenta e cinco anos. Foi sepultado no monastério chamado Dair al-Baramus, que ainda hoje existe.


terça-feira, 27 de agosto de 2019

27 de agosto - Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Mt 23,23


Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Esta frase garante o significado íntimo da liberdade para a qual nos liberta Cristo. Libertação significa transformação interior do homem, que é consequência do conhecimento da verdade. A transformação é, portanto, processo espiritual, em que o homem se aperfeiçoa na justiça e na santidade verdadeira. O homem, assim amadurecido internamente, torna-se representante e porta-voz dessa justiça e santidade verdadeira nos diversos meios da vida social.

A verdade tem importância não só para o crescimento da consciência humana, aprofundando deste modo a vida interior do homem; a verdade tem ainda significado e força profética.

Constitui o conteúdo do testemunho e requer um testemunho. Encontramos esta força profética da verdade no ensinamento de Cristo. Como Profeta, como testemunha da verdade, Cristo opõe-se repetidamente à não-verdade; fá-lo com grande força e decisão e muitas vezes não hesita em deplorar o que é falso. Tornemos a ler cuidadosamente o Evangelho; nele encontraremos não poucas expressões severas, por exemplo sepulcros caiados, guias cegos, hipócritas, expressões que pronuncia Cristo, consciente das consequências que O esperam.
Portanto, este serviço prestado à verdade, como participação no serviço profético de Cristo, é missão da Igreja, que procura cumpri-la nos diversos contextos históricos.

Papa João Paulo II – 21 de fevereiro de 1979

Hoje celebramos

27 de agosto - Beato Domingos da Mãe de Deus Barberi


Domingos Barberi, que na vida religiosa recebeu o nome de “Domingos da Mãe de Deus”, nasceu em 1792, perto de Viterbo (Itália). Duplamente órfão aos oito anos de idade, Domingos se entrega aos cuidados da Mãe do Céu. E Maria o recebe sob seu manto...Domingos Barberi foi o sétimo e último filho do casal José Barberi e Maria Antonia Pacelli, humildes camponeses de Palanzana.  
A família trabalhava a meias num sitio das cônegas de Santo Agostinho, viviam uma situação financeira estável, porém logo após o nascimento de Domingos, morreu o Sr. José Barberi, o seu pai, e a Sra. Maria Antonia teve que trabalhar dobrado para sustentar a família e educar os filhos como verdadeiros e bons cristãos, o que ela fez com bom êxito pois dos sete filhos do casal, dois entraram na vida religiosa e os outros se casaram e formaram famílias exemplares.

O menino Domingos experimentou a presença de Maria Santíssima em sua vida desde muito cedo; primeiro através de sua Mãe que foi curada milagrosamente de uma ruptura no braço após ter invocado a intercessão da virgem; segundo através de um Padre capuchinho o qual lhe ensinou as primeiras letras e também a devoção a Maria e a Eucaristia e por último, aos oito anos de idade quando se tornou duplamente órfão, vendo sua mãe morrer diante dos seus olhos e nada podendo fazer, na dor, na angustia e na impotência ele se entregou e se consagrou por inteiro como filho da Virgem Maria, dizendo as seguintes palavras:
- Já não tenho mais Papai e nem Mamãe nesta terra! Ó Maria, sede vós de agora em diante minha Mãe e velai por mim! 
Foi aos 22 anos quando, pelos frequentes chamados interiores, compreendeu que Deus o convidava ao apostolado.

Deixando então o cultivo dos campos, ingressou na Congregação Passionista, onde revelou extraordinárias qualidades de inteligência e oração. Um dia, enquanto rezava diante da imagem da SS. Virgem, ouviu claramente em seu espírito essas palavras:
- Serás Missionário e levará a fé à Inglaterra!

Domingos não se preocupou. A providência se encarregaria de realizar o que Maria anunciara. No dia 15 de novembro de 1815, fez sua profissão religiosa. Aprofundou-se nos estudos superiores, com o único objetivo de tornar instrumento hábil nas mãos de Deus, para a salvação das almas, ao mesmo tempo em que ia aperfeiçoando o seu espírito na prática de todas as virtudes religiosas. Chegou, afinal, o dia esperado! A mão do Sr. Bispo pousou sobre sua cabeça, transmitindo-lhe os sagrados poderes no dia 01 de março de 1818. Com quanta alegria e comoção, celebra Domingos sua primeira Missa! E no dia ele sentiu novamente em sua alma o anúncio de Maria que seria missionário na Inglaterra. Ordenado sacerdote, dedicou-se ao ensino, ao ministério da Palavra, à direção espiritual e à composição de numerosos escritos sobre filosofia, teologia e pregação.

Imbuído do espírito de São Paulo da Cruz, preocupou-se pelo regresso da Inglaterra à unidade da Igreja. Fundador dos Passionistas na Bélgica em 1840 chegou à Inglaterra em 1842. Ali se entregou, com todo o empenho, ao apostolado para o qual Deus o tinha escolhido.
Em junho de 1844 na festa de São Jorge, patrono da Inglaterra, é inaugurada uma igreja católica em Stone. Para pôr um dique aos progressos do “papismo” reúnem-se em Oxford os magnatas do anglicanismo. Mas o resultado foi apenas mais um passo para Roma. As orações e os sacrifícios de Domingos conseguiram de Deus, logo após essa reunião, à volta à Igreja católica de mais de sessenta ministros e professores da grande universidade. Entre eles estava o que se tornou mais tarde o celebre Cardeal Newman, bem como Lord Spencer, que foi depois sacerdote Passionista.

Durante uma viagem para fundação de um novo convento Domingos passou mal e teve que apear na primeira estação, chegou assim a Reading, onde poucas horas depois falecia numa pensão protestante, assistido pelo sacerdote que o acompanhava na viagem. Era o dia 27 de agosto de 1849 às três horas da tarde. Nesta mesa casa, uma criada protestante, ao contemplá-lo morto, caiu de joelhos... a quem lhe perguntava por que procedia assim respondeu:
- Eu mesmo não sei dizer! Uma força estranha me obriga a ajoelhar diante desse servo de Deus!
Os seus restos mortais veneram-se em Sutton, Saint Helens aonde acorrem peregrinações das várias regiões da Inglaterra.
O Santo Padre Papa Paulo VI, no dia 27 de outubro de 1963, durante o Concílio Vaticano II, lhe conferiu o título de Bem Aventurado.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

26 de agosto - Santa Teresa de Jesus Jornet e Ibars


Há alguns momentos, com contida emoção e em virtude de nossa autoridade apostólica, pronunciamos uma sentença solene, acrescentando ao catálogo dos Santos, Santa Teresa de Jesus Jornet e Ibars, fundadora das Irmãs dos Anciãos Desamparados. Nós a declaramos Santa, isto é, digna de receber adoração universal na Igreja; nos confiaremos a sua intercessão e poderemos tomá-la como orientação para nossa vida espiritual.

Papa Paulo VI – homilia de canonização – 27 de janeiro de 1974

Teresa nasceu na cidade de Aytona (Espanha), no dia 9 de janeiro de 1843, em uma família profundamente cristã, filha de Francisco Jornet e de Antonieta Ibars, agricultores. Desde cedo sentiu o chamado para a vida religiosa.

Aconselhada por seu tio, o Beato Francisco Palau y Quer, carmelita descalço, estudou em Lérida, se formando professora e dava aula na cidade de Argensola. Com grande espírito de piedade, percorria dois quilômetros a pé até Lérida para confessar-se.

O Beato Palau havia pensado em Teresa como uma possível colaboradora de uma fundação que ele havia iniciado. Em 1862 Teresa de associou as Terceiras Carmelitas dirigidas pelo tio, tornando-se diretora da escola.

Nos primeiros dias de julho de 1868, desejando maior perfeição, entrou no convento das Clarissas de Briviesca, perto de Burgos. Lá fez o seu postulantado e noviciado com grande alegria, esperando o dia tão sonhado de sua profissão religiosa. Quando já se preparava para emitir os seus votos, uma ordem do governo republicano proibiu a emissão de votos religiosos e Teresa não pode professar.

Como os desígnios de Deus são outros, um dia surgiu no seu rosto uma ferida, que alarma toda a comunidade; não sabendo se essa ferida era maligna, ou até contagiosa, por prudência a mandaram para casa para se tratar.

Ela sentiu muito a partida do convento, sofreu muito em ver seu grande sonho desvanecer, mais seguiu adiante, confiando na Providência de Deus.

Em junho de 1872, Teresa e sua mãe chegaram de passagem a Barbastro e encontram um amigo de seu tio, o Pe. Pedro Llacera, que era muito amigo do Pe. Saturnino López Novoa, que nessa época estava com planos de fundar uma congregação para o cuidado dos velhinhos pobres e desamparados. Pe. Pedro, conhecendo a vida e o espírito de Teresa, convidou-a a fazer parte dessa fundação que estava marcada para os primeiros dias de outubro.

Teresa, vendo aí a mão de Deus, sem hesitar respondeu o seu sim, e nos primeiros dias de outubro, foi para Barbastro, não sozinha, mas com sua irmã, Maria Jornet, e uma amiga, Mercedes Calzada, frutos de seu apostolado de amor.

No dia 27 de janeiro de 1873, juntamente com as outras 11 aspirantes, vestiu o hábito tendo se iniciado oficialmente a Congregação das Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados. Pouco tempo depois, foi nomeada superiora do pequeno grupo e recebeu as primeiras Constituições, comentando: "Este livrinho, padre, me salvará ou me condenará".

Em 25 anos de mandato, fundou 103 casas e obteve a aprovação da Congregação pela Santa Sé, vivendo uma vida santa e exemplar para todas as suas Irmãs.

Aos 54 anos, depois de uma longa e dolorosa enfermidade, morreu santamente na cidade de Liria, no dia 26 de agosto de 1897, deixando um rastro de santidade em toda a Congregação. Em 1904, seus despojos foram transladados de Liria para a Casa-mãe de Valência.

O seu testamento espiritual foi esse: "Cuidem com interesse e esmero dos anciãos, tenham muita caridade e observem fielmente as Constituições, nisso está a nossa santificação".

Foi beatificada pelo Papa Pio XII no dia 27 de abril de 1958, e canonizada por Paulo VI em 27 de janeiro de 1974, ano centenário da fundação da Congregação. É considerada a padroeira dos anciãos e dos pensionistas idosos. Sua festa é celebrada no dia 26 de agosto.


26 de agosto - Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Mt 23,13


Jesus hoje nos adverte contra a hipocrisia dos “justos”, dos “puros”, dos que se julgam salvos pelos próprios méritos externos. Mas Jesus diz aos hipócritas “sepulcros caiados”. Cemitérios lindos, mas dentro putrefação e podridão. A alma dos hipócritas é mesmo assim.

A Igreja, quando caminha na história, é perseguida pelos hipócritas: hipócritas dentro e fora. O diabo nada pode fazer com os pecadores arrependidos, porque olham para Deus e dizem: “Senhor, sou pecador, ajudai-me!”. E se o diabo é impotente com os pecadores arrependidos, é forte com os hipócritas. É forte e usa-os para destruir, destruir as pessoas, a sociedade, a Igreja. E o cavalo de batalha do diabo é a hipocrisia, porque ele é um mentiroso: mostra-se como príncipe poderoso, muito bonito, mas por trás é um assassino.

Peçamos a Jesus que proteja sempre a nossa Igreja que, como mãe, é santa, mas cheia de filhos pecadores como nós. E que proteja cada um de nós com a sua misericórdia e o seu perdão.

Papa Francisco – 20 de setembro de 2018

Hoje celebramos:

domingo, 25 de agosto de 2019

25 de agosto - “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Lc 13,23


A liturgia de hoje nos propõe uma palavra de Cristo iluminadora e ao mesmo tempo desconcertante. Durante a sua última subida a Jerusalém, alguém lhe pergunta: "Senhor, são poucos os que se salvam?" E Jesus responde: "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque muitos, eu vos digo, tentarão entrar sem o conseguir".

Que significa esta "porta estreita"? Por que muitos não conseguem entrar por ela? Trata-se porventura de uma passagem reservada a alguns eleitos? De fato, este modo de raciocinar dos interlocutores de Jesus, considerando bem, é sempre atual: a tentação de interpretar a prática religiosa como fonte de privilégios ou de certezas está sempre pronta para armar uma cilada. Na realidade, a mensagem de Cristo é precisamente em sentido oposto: todos podem entrar na vida, mas para todos a porta é "estreita". Não há privilégios. A passagem para a vida eterna está aberta a todos, mas é "estreita" porque é exigente, requer compromisso, abnegação, mortificação do próprio egoísmo.

Mais uma vez o Evangelho nos convida a considerar o futuro que nos espera e para o qual nos devemos preparar durante a nossa peregrinação na terra. A salvação, que Jesus realizou com a sua morte e ressurreição, é universal. Ele é o único Redentor e convida todos para o banquete da vida imortal. Mas a uma só e igual condição: a de se esforçar por segui-l'O e imitá-l'O, assumindo sobre si, como Ele fez, a própria cruz e dedicando a vida ao serviço dos irmãos.

Portanto, esta condição para entrar na vida celeste é única e universal. No último dia recorda ainda Jesus no Evangelho não seremos julgados com base em privilégios presumíveis, mas segundo as nossas obras. Os "operadores de iniquidade" serão excluídos, e serão acolhidos os que tiverem realizado o bem e procurado a justiça, à custa de sacrifícios. Portanto, não será suficiente declarar-se "amigos" de Cristo vangloriando-se de falsos méritos: "Comemos e bebemos contigo e Tu ensinaste nas nossas praças". A verdadeira amizade com Jesus expressa-se no modo de viver: expressa-se com a bondade do coração, com a humildade, com a mansidão e a misericórdia, o amor pela justiça e a verdade, o compromisso sincero e honesto pela paz e pela reconciliação. Poderíamos dizer que é este o "bilhete de identidade" que nos qualifica como seus autênticos "amigos"; é este o "passaporte" que nos permitirá entrar na vida eterna.
Papa Bento XVI – 26 de agosto de 2007

Hoje celebramos:

25 de agosto - Beata Maria do Trânsito Eugenia das Dores Cabanillas


Não ardia o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" (Lc 24, 32). Esta surpreendente confissão daqueles discípulos que foram os primeiros a ir a Emaús teve lugar também na vocação da Madre Maria do Trânsito de Jesus Sacramentado Cabanillas, fundadora das Irmãs Terciárias Missionárias Franciscanas e a primeira argentina a alcançar a honra dos altares.

A chama que ardia no seu coração levou Maria do Trânsito a buscar a intimidade com Cristo na vida contemplativa. A sua chama não se extinguiu quando, por enfermidade, ela teve de abandonar os Mosteiros em que vivia, mas perseverou com confiança e abandono à vontade de Deus, que continuou a procurar incessantemente. Então, o ideal franciscano manifestou-se como o verdadeiro caminho que Deus queria para ela e, com a ajuda de diretores sábios, empreendeu uma vida de pobreza, humildade, paciência e caridade, dando vida a uma nova Família religiosa.

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 14 de abril de 2002

Maria do Trânsito Eugenia das Dores Cabanillas nasceu em 15 de agosto de 1821 em Santa Leocádia, Córdoba, Argentina. Seu pai, Felipe Cabanillas Toranzo, descendente de uma família de Valência (Espanha) emigrou para a Argentina durante a segunda metade do século XVII e conseguiu reunir uma certa fortuna econômica no seu novo ambiente, mas se notabilizou principalmente pela sua profunda religiosidade católica

Em 1816, o Sr. Felipe Cabanillas se uniu em casamento com a jovem Francisca Antônia Luján Sánchez, de quem teve onze filhos. Três morreram prematuramente, quatro se casaram e os outros se consagraram a Deus: um como sacerdote secular e três como religiosos em vários Institutos, continuando assim uma longa e gloriosa tradição familiar.

A Beata foi a terceira nascida na família. Batizada em 10 de janeiro de 1822 na capela de São Roque, impuseram-lhe os nomes de Trânsito, ou seja, Maria do Trânsito ou Maria Assunção e Eugênia das Dores. Ela recebeu o sacramento da confirmação com algum atraso, em 4 de abril de 1936, dada a distância do centro diocesano.

Após a primeira educação familiar, Maria do Trânsito foi enviada para Córdoba, e continuando seus estudos, cuidou de seu irmão mais novo, que se preparava para o sacerdócio no seminário de Nossa Senhora de Loreto, na citada cidade de Córdoba.

Em 1850, após a morte do Sr. Felipe Cabanillas, toda a família se mudou permanentemente para Córdoba, então a Beata se instalou com sua mãe, seu irmão, que foi ordenado em 1853, suas irmãs e cinco primas órfãs em uma pequena casa perto da igreja de São Roque. Maria do Trânsito se distinguiu por sua piedade, especialmente em relação à Eucaristia, realizou uma intensa atividade como catequista e fez muitas obras de misericórdia, visitava frequentemente os pobres e doentes na companhia de sua prima Rosário.

Após a morte de sua mãe (13 de abril de 1858), a Beata entrou na Ordem Terceira Franciscana e intensificou a sua vida de oração e penitência, dirigida espiritualmente pelo Pe. Buenaventura Rizo Patrón, franciscano que foi ordenado bispo de Salta em 1862. Mas ela desejava se consagrar inteiramente a Deus. Assim, em 1859, por ocasião da sua profissão na Ordem Terceira Franciscana, ela emitiu o voto de virgindade perpétua e começou a pensar na fundação de um Instituto para a educação cristã da infância pobre e abandonada.

Em 1871 ela entrou em contato com a Sra. Isidora Ponce de León, que estava profundamente interessada na construção de um mosteiro carmelita em Buenos Aires. No ano seguinte, Maria do Trânsito foi a Buenos Aires e ingressou no mosteiro em 19 de março de 1873, no mesmo dia em que foi inaugurado. Mas seu compromisso ascético mostrou ser maior do que a sua força física, caiu doente e, por motivos de saúde, teve que deixar a clausura em abril de 1874. Em setembro do mesmo ano, acreditando-se suficientemente recuperada, ela ingressou no convento das religiosas da Visitação de Montevidéu, mas também adoeceu alguns meses depois.

A Beata aceitou tudo com resignação admirável, abandonando-se cada vez com mais confiança nas mãos da Divina Providência. Ao mesmo tempo, sua ideia de uma fundação educacional e assistencial a serviço da infância reaparece. Vários franciscanos a incentivam a isto e D. Agustín Garzón oferece uma casa e sua colaboração e contatos com o Pe. Ciríaco Porreca.

Em 8 de dezembro de 1878, obteve a aprovação eclesiástica de seu projeto de fundação e das constituições, e depois de uns exercícios espirituais, Maria do Trânsito Cabanillas, acompanhada de suas duas companheiras: Teresa Fronteras e Brígida Moyano, inicia a Congregação das Irmãs Missionárias Franciscanas Terciárias da Argentina. A pedido da Fundadora, o Pe. Ciríaco Porreca, OFM, é nomeado diretor do Instituto. Em 2 de fevereiro de 1879 Maria do Trânsito Cabanillas e suas primeiras companheiras emitem a profissão religiosa e no dia 27 do mesmo mês e ano escrevem ao Pe. Bernardino de Portogruaro, Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, pedindo a agregação seu Instituto à Ordem Franciscana. O padre Bernardino de Portogruaro respondeu afirmativamente em 28 de janeiro de 1880.

A nova Congregação teve um florescimento imediato de vocações, de modo que ainda em vida da Fundadora foram inaugurados o colégio de Sta. Margarida de Cortona, em San Vicente, bem como os colégios de Carmen em Rio Cuarto e da Imaculada Conceição, em Villa Nueva.

A Beata dirigia o florescente Instituto com admirável sabedoria, mas suas forças físicas iam cedendo gradualmente diante do cansaço diário e dos rigores ascéticos. Em 25 de agosto de 1885 morreu santamente como tinha vivido durante toda a sua vida, deixando exemplos heroicos de humildade e de caridade especialmente no serviço às crianças, aos pobres, aos doentes e às suas irmãs. Em seu currículo espiritual deve ser salientado acima de tudo a prudência, a paciência, a coragem para enfrentar as muitas provações da vida, sua assídua atividade na catequese e atendendo crianças abandonadas, o seu amor à pureza e a confiança na Providência Divina, que lhe respondia frequentemente com sinais surpreendentes.

Como Fundadora, Madre Maria do Trânsito soube incutir em suas filhas o espírito sobrenatural, a generosidade, o amor à infância, o espírito de penitência e de mortificação.

Em 1974 foi aberto o processo para reconhecer as virtudes heroicas da Madre Cabanillas. No dia 28 de junho de 1999, ela foi declarada Venerável, e Beata em 14 de abril de 2002, graças à cura milagrosa do sacerdote argentino Pe. José Roque Chielli, missionário franciscano que sofria um aneurisma cerebral incurável, do qual se recuperou inexplicavelmente depois de rezar uma oração para pedir a intercessão da Madre Cabanillas.



sábado, 24 de agosto de 2019

24 de agosto - Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jo 1,48


Na leitura de hoje, Filipe fala a Natanael que encontrara "aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas:  Jesus, filho de José de Nazaré", e Natanael atribuiu-lhe um preconceito bastante pesado:  "De Nazaré pode vir alguma coisa boa?". Esta espécie de contestação é, à sua maneira, importante para nós. De fato, ela mostra-nos que segundo as expectativas judaicas, o Messias não podia provir de uma aldeia tanto obscura como era precisamente Nazaré. Mas, ao mesmo tempo realça a liberdade de Deus, que surpreende as nossas expectativas fazendo-se encontrar precisamente onde não o esperávamos.
Por outro lado, sabemos que Jesus na realidade não era exclusivamente "de Nazaré", pois tinha nascido em Belém e que por fim provinha do céu, do Pai que está no céu.

Outra reflexão sugere-nos a vicissitude de Natanael:  na nossa relação com Jesus não devemos contentar-nos unicamente com as palavras. Filipe, na sua resposta, faz um convite significativo:  "Vem e verás!" O nosso conhecimento de Jesus precisa sobretudo de uma experiência viva:  o testemunho de outro é certamente importante, porque normalmente toda a nossa vida cristã começa com o anúncio que chega até nós por obra de uma ou de várias testemunhas. Mas depois devemos ser nós próprios a deixar-nos envolver pessoalmente numa relação íntima e profunda com Jesus.

Voltando ao cenário de vocação, o evangelista refere-nos que, quando Jesus vê Natanael aproximar-se exclama:  "Aqui está um verdadeiro Israelita, em quem não há fingimento". Trata-se de um elogio que recorda o texto de um Salmo:  "Feliz o homem a quem Iahweh não atribui iniquidade", mas que suscita a curiosidade de Natanael, o qual responde com admiração:  "Como me conheces?" A resposta de Jesus não é imediatamente compreensível. Ele diz:  "Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas sob a figueira". Não sabemos o que aconteceu sob esta figueira. É evidente que se trata de um momento decisivo na vida de Natanael. Ele sente-se comovido com estas palavras de Jesus, sente-se compreendido e compreende:  este homem sabe tudo de mim, Ele sabe e conhece o caminho da vida, a este homem posso realmente confiar-me. E assim responde com uma confissão de fé límpida e bela, dizendo:  "Rabi, tu és o filho de Deus, tu és o Rei de Israel".

Papa Bento XVI – 04 de outubro de 2006

Hoje celebramos:

24 de agosto - Santa Joana Antida Thouret


“Minha filha, aqui é a vontade de Deus! Ele quer você, na França. Os jovens ignorantes abandonados estão esperando por você; vá, portanto, como uma filha generosa de São Vicente de Paulo e evangelize os pobres” disse um eremita à jovem Joana Antida Thouret que nasceu na cidade de Sancey-le-Long em Besançon, na França no dia 27 de novembro de 1765.

Desde cedo, a jovem Joana, primeira dos cinco filhos do casal Francisco e Cláudia, de natureza melancólica, com saúde delicada, um caráter gentil e  muito caridosa,  aspirava a uma vida de comunhão com Deus. A família simples, dedicada a vida rural, sempre foi voltada para a fé cristã. Joana perdeu sua mãe quando tinha 16 anos e teve de assumir a responsabilidade de manter sua casa junto com o pai. Mas o apelo de Deus ao seu coração era muito forte e aos 22 anos, com o consentimento do pai, ela ingressou no noviciado do Convento das Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo, indo para Langres, na França e depois para Paris.

Após alguns anos de trabalho e após ter se recuperado de uma grave doença, devido a sua frágil saúde, recebeu o hábito religioso no ano de 1788. Nesta época, a Revolução Francesa espalhava morte e terror, levando muitos religiosos, leigos e sacerdotes à condenação e à morte. Joana e suas companheiras foram embora em 1795 para a Suíça, mas em 1797 retornou a sua cidade natal, onde fundou uma escola gratuita para meninas, onde funcionava também o atendimento aos pobres. Algum tempo depois abre uma nova escola e uma farmácia. Entretanto os revolucionários a descobriram e teve de se esconder por dois anos.
Em 1799 pôde retornar e junto com quatro religiosas fundou outra escola com farmácia, formando o primeiro núcleo do que seria o Instituto das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. 

Assim vai se expandindo suas obras de caridade e em 1802 escreve as regras e em 1807 funda o Instituto das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo.  Suas missões alcançam a França, Suíça e Nápoles, onde assumem a direção de um hospital. Em 23 de julho de 1819 as regras do Instituto são aprovadas pelo Papa Pio VII.

Joana continua a empreender vigorosos esforços na fundação de novas casas até que no dia 24 de agosto de 1826 veio a falecer no convento de Nápoles.

Joana foi beatificada em 23 de maio de 1926 pelo Papa Pio XI e canonizada também por ele em 14 de janeiro de 1934.


sexta-feira, 23 de agosto de 2019

23 de agosto - Beato Ladislau Findysz


Ladislau Findysz nasceu em Kroscienko Nizne, na Polônia no dia 13 de dezembro de 1907. Filho de Estanislao Findysz e Apolonia Rachwal, camponeses de antiga tradição católica, foi batizado no dia seguinte ao seu nascimento na Paróquia da Santíssima Trindade em Krosno.

Em 1919 termina o Primário, feito na Escola das Irmãs Felicianas (CSSF) e inicia o Fundamental no Liceu do Estad, onde ingressou na Congregação Mariana.

No outono de 1927 ingressou no Seminário maior de Przemysl, onde começa os estudos de Filosofia e Teologia. Foi ordenado em 19 de junho de 1932 na Catedral da cidade.

Após um mês de férias, em 1 de agosto de 1932 assume como Segundo Vigário Paroquial em Borysław, atualmente localizada na Ucrânia. Em 17 de setembro de 1935 foi nomeado Vigário paroquial de Drohobycz, também atualmente na Ucrânia. Em 1 de agosto de 1937 é transferido como Vigário para a Paróquia de Strzyżow, sendo nomeado administrador dela em 22 de setembro de 1939.

Em 1 de setembro de 1939, as Forças Armadas alemãs deram início a invasão à Polônia: era o início da Segunda Guerra Mundial.
Em 10 de outubro de 1940 foi nomeado vigário de Jasło e em 8 de julho de 1941, administrador da paróquia dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo em Żmigród Nowy, sendo seu pároco em 13 de agosto de 1942.
Em Żmigród Nowy, pe. Ladislau passou três anos de trabalho pastoral árduo e sofrendo dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Era o resultado da ocupação da Polônia pela Alemanha Nazista. Em 3 de outubro de 1944 os alemães expulsam todos da cidade. Poucos meses antes do fim do conflito, retornou para reorganizar a paróquia em 23 de janeiro de 1945.

Mas pior que sob o domínio alemão revelou ser o domínio soviético. A Polônia tornara-se parte do Socialismo e foram tempos difíceis para padre Ladislau. Continuando com o trabalho de renovação moral e religiosa de sua paróquia, se esforça para proteger os fiéis, especialmente os jovens, do processo de doutrinação ateia desencadeado pelo Comunismo. Ajudava a cada um dos habitantes da paróquia, inclusive materialmente, fosse qual fosse sua nacionalidade ou religião. Nessa iniciativa, salvou várias famílias de greco-católicos de Lemki que foram duramente perseguidos pelas autoridades comunistas para tirá-los de suas casas.

Evidentemente o trabalho pastoral do padre Ladislau tornou-se um incômodo para os comunistas e até o ano de 1946 era vigiado pela KGB. Em 1952 as autoridades do Ensino Público o suspendem do ensino de Catequese nas escolas. Além disso, as autoridades do distrito tiraram sua permissão de trabalho em todo o território paroquial por duas vezes (1952 e 1954).
Mas as autoridades eclesiásticas o consideram um pároco de grande zelo apostólico. Recebeu as honras do Expositorio Canonicali (1946) e o Roquete e o Mantel em 1957. Neste ano foi nomeado Vice-arcipreste do Arciprestado de Nowy Żmigród, sendo Arcipreste em 1962.

Para manutenção espiritual do Concílio Vaticano II, inicia em 1963 as Obras Conciliares da Bondade. Envia cartas aos afiliados em situação religiosa irregular animando-os a porem novamente suas vidas de acordo com o Evangelho. Não tarda a haver reação das autoridades comunistas, acusando-o de “obrigar as pessoas a práticas e ritos religiosos”.

Em 25 de novembro de 1963 foi interrogado em Rzeszów, sendo preso e confinado no Castelo. Durante os dias 16 e 17 de dezembro de 1963 o processo se desdobra, sendo então condenado a trinta meses de reclusão. O motivo da acusação era estar contra o Decreto de Tutela da Liberdade de Consciência e de Confissão, datado de 15 de agosto de 1949. Usado pelos comunistas, era um instrumento de cerceamento e eliminação da Fé Católica na vida pública da Polônia. A imprensa publicou textos apócrifos desacreditando, caluniando e condenando o padre Ladislau e seu trabalho. No Castelo de Rzeszów foi submetido a maus tratos e humilhações físicas, espirituais e psicológicas. Em 25 de janeiro de 1964 foi transferido para a Prisão Central na rua Montelupich, em Cracovia.

Sua saúde havia piorado muito, pois havia feito no Hospital de Gorlice uma perigosa operação para retirada da tireoide em setembro de 1963, antes de sua prisão. Sua saúde desde então tinha ficado frágil. Ficou à espera de uma segunda cirurgia marcada para dois meses após para retirada de um carcinoma no esôfago. O processo penal, e os maus tratos na prisão, fizeram piorar seu quadro. A falta de profissionais capacitados, e a ausência da futura cirurgia só fizeram aumentar sua doença. Os médicos da prisão diagnosticam um abcesso na garganta, provavelmente originário do carcinoma no esôfago.

Essa era a base de defesa do advogado da Cúria de Episcopal de Przemyśl, que desde o início de sua prisão recorreu para suspender a condenação que poderia ameaçar a vida do Padre Ladislau. Depois de inúmeras recusas, as petições foram enfim aceitas em fins de fevereiro de 1964 pelo Supremo Tribunal de Varsóvia.

Foi no dia 29 que saiu do cárcere em direção a sua casa. Com paciência e resignação à vontade de Deus, permaneceu na casa paroquial suportando os sofrimentos e esgotamento vindos da sua enfermidade. Mas em abril é internado no Hospital de Wrocław, onde foi constatado o carcinoma entre o esôfago e o estômago. O quadro não sugere intervenção cirúrgica. Por um enfisema pulmonar, cai em forte anemia que lhe indicaria a óbito. É quando o padre Ldislau retorna para casa.

No verão, no Seminário Maior de Przemyśl, participa de um retiro espiritual para sacerdotes. Foi o seu último. Na manhã de 21 de agosto de 1964, após receber os Sacramentos, vem a falecer na casa paroquial de Nowy Żmigród, sendo sepultado no cemitério paroquial no dia 24.

A Igreja reconhece que o padre Ladislau foi preso e condenado pelas autoridades do regime comunista polonês apenas por anunciar o Evangelho. Sua prisão em 1964 na cidade de Nowy Żmigród, Polônia, bem como suas torturas físicas e psicológicas foram as causas de sua morte. Isso permitiu ver nele um Mártir da Fé. Ou seja, todo o seu sofrimento foi oriundo de apenas ser cristão. "É um sacerdote herói. Como menino e depois como jovem, pessoalmente pude ver isso”, afirmou D. Edwars Nowak, secretário da Congregação para a Causa dos Santos.

Foi beatificado em 19 de junho de 2005 em Varsóvia, durante o Congresso Eucarístico da Polônia. 25 mil pessoas assistiram à Missa de beatificação, presidida Arcebispo de Varsovia, Cardeal Jòzef Glemp, em representação do Papa Bento XVI. Sua festa é comemorada em 23 de agosto.