sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

31 de janeiro - Santa Marcela de Roma


Marcela nasceu por volta do ano 325 em Roma, tendo como ancestrais cônsules e governadores de províncias. Cresceu em meio ao luxo, numa família ilustre, frequentando os mais altos ambientes de Roma.
A presença pagã ainda era forte no Império quando Marcela nasceu. Havia decorrido pouco mais de uma década do Edito de Milão (ano 313), pelo qual Constantino tirou a Igreja das catacumbas, dando-lhe liberdade e permitindo sua expansão.
Santa Marcela viveu parte de sua vida durante o reinado desse imperador. Roma já não era mais a orgulhosa cidade que causava inveja a todos os povos. Com a divisão do Império e a importância que adquiriu Bizâncio ao se tornar Constantinopla, perdera muito de sua grandeza.
Durante a vida de Santa Marcela, a Cidade Eterna tornou-se cobiçada como possível presa por vários povos bárbaros. Foi várias vezes sitiada e por fim saqueada a ferro e fogo.

Com a educação que recebeu, Marcela tornou-se uma donzela muito culta, capaz de manter conversação em qualquer campo do saber. Perdeu o pai após a adolescência, e o marido sete meses depois de casada. Jovem, bela, de alta estirpe, logo apareceram vários pretendentes à sua mão, mas ela tinha decidido consagrar-se inteiramente a Jesus Cristo.

Até essa época, nenhuma grande dama de Roma tinha feito profissão de vida monástica, e era mesmo degradante aos olhos das classes mais elevadas pensar em tal possibilidade. Teve, portanto, que desafiar o ambiente mundano que a cercava, ao tornar-se a primeira grande dama romana a professar abertamente a vida de devoção. Entretanto, “bela, rica, de alta linhagem, muito culta, perfeitamente ao nível de tudo o que Roma encerrava de mais refinado e erudito, ninguém se atrevia a desconsiderá-la”. As elites, quando dão o bom exemplo, arrastam para Deus.

Marcela entrou em contacto com alguns sacerdotes de Alexandria que se haviam refugiado em Roma, devido à perseguição ariana. Deles ouviu o relato da vida de Santo Antão, ainda vivo, e de como funcionavam os mosteiros da Tebaida fundados por São Pacômio para virgens e viúvas. Resolveu pautar sua vida pela dessas virgens da solidão.

Vestiu-se com uma pobre túnica, passou a jejuar moderadamente por causa de sua frágil saúde, e a dedicar longo tempo à oração e ao estudo das Sagradas Escrituras. Aos poucos algumas virgens e viúvas, seguindo seu exemplo, uniram-se a ela e passaram a dedicar-se também à vida de piedade e ao estudo. Entre estas destacamos Santa Paula, de tão alta estirpe quanto a sua, que também tinha consagrado a Deus sua viuvez.

São Jerônimo afirma que “foi na cela de Marcela que Eustóquia [filha de Paula, ainda criança], esse paradigma de virgens, foi gradualmente formada”. Mais tarde Santa Eustóquia mudou-se com sua mãe para a Terra Santa, a fim de trabalharem com São Jerônimo.

No ano 382 o imperador Teodósio (com razão chamado “o Magno”) e o Papa São Dâmaso resolveram convocar um sínodo em Roma para combater as heresias, que pululavam principalmente no Oriente. Entre os que compareceram figuravam Santo Epifânio, bispo de Salamina (Chipre), e São Paulino, bispo de Antioquia. Com eles veio a Roma o monge Jerônimo, já então com fama de grande exegeta. Adoecendo Santo Ambrósio, que deveria ser o secretário do sínodo, São Dâmaso nomeou São Jerônimo para substituí-lo.

Esse futuro Doutor da Igreja assinalou-se tanto por sua erudição e segurança de doutrina que, terminado o sínodo, São Dâmaso escolheu-o para seu secretário particular.
Santa Marcela, estudiosa erudita das Escrituras, tudo fez para que o santo a dirigisse, com suas discípulas, nos estudos e na vida de piedade. Conta São Jerônimo: “Em minha modéstia, evitava os olhos das damas de alta categoria. Contudo ela pleiteou tão pressurosamente — ‘oportuna e importunamente’ (2 Tm 4, 2), como diz o Apóstolo — que por fim sua perseverança superou minha relutância. E, como nesses dias meu nome tinha alguma fama como estudante das Escrituras, ela nunca veio me ver sem que me perguntasse alguma questão relativa a elas; nem aquiescia logo às minhas explicações, pelo contrário, as debatia. Não era, entretanto, para discutir, mas para aprender as respostas às objeções que poderiam ser feitas aos meus pronunciamentos”. 
Com admiração, acrescenta: “Quanta virtude e habilidade, quanta santidade e pureza encontrei nela, espanto-me em dizer. [...] E o que em mim era o fruto de longo estudo e, como tal, feito pela constante meditação que se tornou parte de minha natureza, isso ela saboreou e fez como próprio dela” (Carta 127, 7).

Quando São Jerônimo retirou-se para Belém, Santa Marcela ficou como árbitra em matéria de Sagrada Escritura para os discípulos que o santo deixara em Roma, inclusive alguns sacerdotes.

Santa Marcela tinha uma irmã mais nova, Santa Asélia, que fora consagrada a Deus desde o seio materno, e embora vivessem sob o mesmo teto, as duas irmãs pouco se viam e pouco se falavam, cada uma entregue às suas próprias orações e mortificações.

Falando ainda à virgem de nome Princípia, discípula de Marcela, diz São Jerônimo: “Vós duas moráveis na mesma casa e ocupáveis o mesmo quarto, de maneira que todo mundo na cidade soube com certeza que encontrastes nela uma mãe, e ela em vós uma filha. Vós duas encontrastes nos subúrbios uma reclusão monástica, e escolhestes o campo em vez da cidade para vossa solidão. Por longo tempo morastes juntas, e como outras senhoras pautaram sua conduta pelos vossos exemplos, tive a alegria de ver Roma transformada em outra Jerusalém. Os estabelecimentos monásticos para virgens tornaram-se numerosos, e os eremitas lá eram em número incontável”.

São Jerônimo diz que Sanat Marcela estava atenta à pureza da fé. E quando surgiram em Roma, ou nela se tornaram conhecidas algumas heresias como a dos pelagianos, ela pôs-se em guarda: “Consciente de que a fé de Roma — louvada por um apóstolo (Rm 1, 8) — estava agora em perigo, e de que essa nova heresia estava levando consigo não somente padres e monges, mas também muitos leigos, [...] ela resistiu a seus mestres, escolhendo agradar antes a Deus que aos homens”.

Em 410, quando Alarico e os seus bárbaros invadiram Roma, encontraram no prestigioso bairro do Aventino a casa de Santa Marcela. Apesar dos seus 85 anos de idade, ela os recebeu sem nenhum temor. Quando perguntaram por ouro, mostrou-lhes seu pobre hábito como prova de que vivia na pobreza. Mas eles não acreditaram, e flagelaram-na impiedosamente. Esquecida de si mesma, ela só pedia que poupassem sua discípula Princípia, então ainda nova, pois sabia que a ela, octogenária, eles não ultrajariam, o mesmo não se dando com a jovem virgem. Afinal os bárbaros levaram as duas para a basílica de São Paulo Apóstolo, e lá as abandonaram. Poucos dias depois, Santa Marcela entregava sua alma a Deus.
A festa de Santa Marcela comemora-se a 31 de janeiro.



31 de janeiro - Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. Mc 4,33


A liturgia nos propõe duas breves parábolas de Jesus: a da semente que cresce sozinha e a do grão de mostarda. Através de imagens tiradas do mundo da agricultura, o Senhor apresenta o mistério da Palavra e do Reino de Deus, indicando as razões da nossa esperança e do nosso compromisso.

Na primeira parábola, presta-se atenção ao dinamismo da sementeira: quer o camponês durma, quer esteja acordado, a semente que é lançada na terra germina e cresce sozinha. O homem semeia com a confiança de que o seu trabalho não será infecundo.
O que sustém o agricultor na sua labuta quotidiana é precisamente a confiança na força da semente e na bondade do terreno. Esta parábola evoca o mistério da criação e da redenção, da obra fecunda de Deus na história. Ele é o Senhor do Reino, o homem é o seu colaborador humilde, que contempla e rejubila com a obra criadora divina e dela espera pacientemente os frutos. A narração final faz-nos pensar na intervenção conclusiva de Deus no fim dos tempos, quando Ele realizará plenamente o seu Reino. O tempo presente é época de sementeira, e o crescimento da semente é garantida pelo Senhor. Então, cada cristão sabe bem que deve fazer tudo aquilo que pode, mas que o resultado final depende de Deus.

Também a segunda parábola utiliza a imagem da sementeira. Aqui, no entanto, trata-se de uma semente específica, o grão de mostarda, considerada a menor de todas as sementes. Porém, embora seja tão pequenina, ela está cheia de vida, e do seu partir-se nasce um rebento capaz de romper o terreno, de sair à luz do sol e de crescer até se tornar maior que todas as hortaliças: a debilidade é a força da semente, o romper-se é o seu poder. E assim é o Reino de Deus: uma realidade humanamente pequena, formada por quantos são pobres no coração, por quem não confia na própria força, mas na força do amor de Deus, pelos que não são importantes aos olhos do mundo; e no entanto, é precisamente através deles que irrompe a força de Cristo e transforma aquilo que é aparentemente insignificante.

Papa Bento XVI – 17 de junho de 2012

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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

30 de janeiro - “Quem é que traz uma lâmpada para colocá-la debaixo de um caixote, ou debaixo da cama? Ao contrário, não a põe num candeeiro? Mc 4,21


Os cristãos, novo Israel, recebem uma missão em relação a todos os homens: com a fé e com a caridade podem orientar, consagrar, tornar fecunda a humanidade.
Todos nós, batizados, somos discípulos e missionários e estamos chamados a tornar-nos no mundo um evangelho vivente: com uma vida santa daremos sabor aos diversos ambientes e defendê-los-emos da corrupção, como faz o sal; e levaremos a luz de Cristo com o testemunho de uma caridade genuína.

Mas se nós cristãos perdermos sabor e cancelarmos a nossa presença de sal e luz, perderemos a eficiência. Como é bonita esta missão de levar a luz ao mundo! É uma missão nossa. É bela! É também muito bom conservar a luz que recebemos de Jesus, guardá-la e preservá-la.

O cristão deveria ser uma pessoa luminosa, que dá luz, que dá sempre luz! Uma luz que não é sua, mas é a prenda de Deus, é a prenda de Jesus. E nós levamos esta luz. Se o cristão apagar esta luz, a sua vida não terá sentido: é cristão só de nome, que não leva a luz, uma vida sem sentido.
Mas agora eu gostaria de vos perguntar como pretendeis viver?
Como uma lâmpada acesa ou como uma lâmpada apagada?
Acesa ou apagada?
Como quereis viver?
Lâmpada acesa! É precisamente Deus que nos dá esta luz e nós devemos levá-la aos outros. Lâmpada acesa! Eis a vocação cristã.

Papa Francisco – 09 de fevereiro de 2014

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30 de janeiro - Beato Columba Marmion


O Beato Columba José Marmion nasceu em Dublim (Irlanda), no dia 1 de abril de 1858, de pai irlandês e mãe francesa. Três das suas irmãs consagraram-se a Deus numa Congregação Religiosa chamada "Irmãs da Misericórdia".

Ingressou no Seminário diocesano de Dublim aos dezasseis anos, e terminou os seus estudos de teologia no Colégio "de Propaganda Fide", em Roma; foi ordenado sacerdote no dia 16 de junho de 1881.

Sonhava ser monge missionário na Austrália, mas deixou-se cativar pela atmosfera litúrgica da nova Abadia de Maredsous, que tinha sido fundada na Bélgica em 1872, onde foi visitar um companheiro de estudos antes de regressar à Irlanda. Quis ingressar nesse mosteiro, mas o seu Bispo pediu-lhe que esperasse algum tempo.

No seu ministério sacerdotal, de 1881 a 1886, conservou o zelo pastoral de missionário desempenhando várias funções:  vigário em Dundrum, professor no Seminário Maior de Clonliffe, capelão de um convento de monjas redentoristas e de um cárcere feminino. Mas o seu grande desejo era tornar-se monge beneditino, cuja permissão lhe foi dada só em 1896 para ingressar na Abadia de Maredsous na diocese de Namur (Bélgica).

O seu noviciado entre monges mais jovens foi difícil, pois teve de mudar de costumes, cultura e língua; entretanto, esforçou-se na formação da disciplina monástica e assim pôde emitir os votos solenes no dia 10 de fevereiro de 1891.
A partir desse momento, viveu intensamente o espírito monástico beneditino e a sua influência espiritual atingiu sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, orientando-os para uma vivência deveras cristã através dos seus escritos ("Cristo, vida da alma", "Cristo nos seus mistérios" e "Cristo, ideal do monge"), dos retiros e da direção espiritual. Todos estes livros tiveram uma influência considerável na formação espiritual de seminaristas, do clero, dos religiosos e religiosas, dos leigos, também no Brasil. É considerado um dos grandes mestres espirituais do séc. XX.

Foi cogitada sua vinda ao Brasil (Olinda), em 1896, para ajudar Dom Gerardo van Caloen e demais monges alemães e belgas, que no ano anterior tinham iniciado a restauração da vida monástica no país. Declarou-se disponível, mas ao final seu abade não permitiu sua saída da Bélgica. Já abade, escreverá a Dom Gerardo: “A obra (de restauração) do Brasil tem as minhas simpatias mais sinceras e quero favorecer toda verdadeira vocação (para aí) (carta de 20/10/1909). 

Exerceu cargos importantes, como Diretor espiritual, Professor e Prior da Abadia de Mont-César, em Lovaina, e 3° Abade de Maredsous.

Quando faleceu, a 30 de janeiro de 1923, vítima de uma epidemia de gripe, muitos dos seus contemporâneos o consideravam um santo e mestre de vida espiritual.

Foi beatificado pelo Papa São João Paulo II, em Roma, a 03 de setembro de 2000, no contexto do Ano Santo juntamente com os Papas Pio IX, João XXIII, o arcebispo de Gênova, Tomas Reggio e o sacerdote francês Guilherme José Chaminade.

Trecho da homilia de beatificação:
Hoje, a Ordem Beneditina está encantada com a beatificação de um de seus filhos mais ilustres, Dom Columba Marmion, monge e abade de Maredsous. Dom Marmion deixou um autêntico tesouro de ensino espiritual para a Igreja de nosso tempo. Nos seus escritos, ele ensina um caminho de santidade, simples e ainda exigente, para todos os fiéis, que Deus, por amor, pretendia ser seus filhos adotivos em Cristo Jesus (cf. Ef 1, 5). Jesus Cristo, nosso Redentor e fonte de toda graça, é o centro de nossa vida espiritual, nosso modelo de santidade.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

29 de janeiro - São Julião Hospitaleiro


Conta a tradição que os pais de Julião eram nobres e viviam num castelo. No dia do seu batizado, seus pais tiveram um sonho idêntico. Nele, um ermitão lhes dizia que o menino seria um santo. O menino foi educado como um nobre, apreciando a caça como esporte, e apesar do caráter violento, era caridoso com os pobres.

Na adolescência, foi a vez de Julião. Ele sonhou com um grande veado negro que lhe disse: "Você será o assassino de seus pais". Impressionado, fugiu para nunca mais voltar. Ficou famoso como soldado mercenário. Casou-se com uma princesa e foi morar num castelo. Certa noite, saiu para caçar, avisando que voltaria só ao nascer do sol. Algumas horas depois, seus pais, já idosos, chegaram para revê-lo. Foram bem acolhidos pela nora que lhes cedeu o seu quarto para aguardarem o filho, repousando.

Julião regressou irritado porque não conseguira nenhuma caça. Mas a lembrança da esposa a sua espera acalmou seu coração. Na penumbra do quarto, percebeu que na cama havia duas pessoas. Possuído pela cólera matou os dois com seu punhal. Ao tentar sair, viu o vulto de sua mulher na porta do quarto. Então, ele compreendeu tudo. Desesperado abriu as janelas e viu que tinha assassinado os pais. Após os funerais, colocou a esposa num mosteiro, doou os bens aos pobres e partiu para cuidar da alma.

Tornou-se outro homem, calmo, humilde e pacífico. Andou pelos caminhos do mundo, esmolando. Por espírito de sacrifício contava a sua história e, então, todos se afastavam fazendo o sinal da cruz. Foi renegado por homens e animais. Vivia afastado, remoendo sua culpa, rezando em penitência, amargando suas visões fúnebres e os soluços da alma. Mas, Julião sentia necessidade de salvar vidas, ajudar os velhos e as crianças doentes e pobres. Decidiu então ajudar os leprosos na travessia de um rio, que pela violência da correnteza fazia muitas vítimas.

Julião, construiu sozinho um caminho para descer até ao rio. Em seguida reparou um velho barco e ergueu uma grande cabana. A travessia passou a ser conhecida por todos os leprosos, pois além de conduzi-los de graça, eram tratados por ele, na cabana. Ficou conhecido por "Julião Hospitaleiro". Costumava ir esmolar para distribuir o que ganhava com os que já não podiam caminhar. A cabana se tornou um verdadeiro hospital para leprosos. A fama de sua santidade começou a se espalhar, mas Julião continuava a sentir o tormento de sua alma, que só era aplacado quando cuidava dos seus leprosos. Até que uma noite, após um leproso morrer nos seus braços, Julião sentiu sua alma inundada por uma alegria infinita e caminhou para se encontrar face a face com Nosso Senhor Jesus Cristo, que o chamou para a glória do céu.

Esta é a história de Julião Hospitaleiro, e se encontra descrita, num dos vitrais da Catedral de Notre Dame, na França, que guarda suas relíquias. A diocese de Macerata, na Itália, onde dizem que ele permaneceu durante anos mendigando e ajudando as pessoas com seus prodígios de santidade, também recebeu algumas delas. 


29 de janeiro - Escutai! O semeador saiu a semear. Mc 4,3


No Evangelho de hoje, Jesus dirige-se à multidão com a célebre parábola do semeador. Trata-se de uma página de certo modo «autobiográfica», porque reflete a própria experiência de Jesus, da sua pregação: Ele identifica-se com o semeador, que difunde a boa semente da Palavra de Deus, e dá-se conta dos vários efeitos que ela alcança, segundo o tipo de acolhimento reservado ao anúncio. Há quem ouve superficialmente a Palavra, mas não a acolhe; há outros que a recebem no momento, mas não têm constância e perdem tudo; há depois aqueles que são dominados pelas preocupações e seduções do mundo; e há enfim quantos ouvem de modo receptivo, como o terreno bom: aqui a Palavra produz fruto em abundância.

Mas este Evangelho insiste também sobre o método da pregação de Jesus, ou seja, precisamente sobre o uso das parábolas. Por que lhes falas mediante parábolas? — perguntam os discípulos. E Jesus responde, apresentando uma distinção entre eles e a multidão: aos discípulos, isto é àqueles que já se decidiram a segui-lo, Ele pode falar do Reino de Deus abertamente, mas aos demais, ao contrário, deve anunciá-lo com parábolas, precisamente para estimular a decisão, a conversão do coração; com efeito, pela sua própria natureza as parábolas exigem um esforço de interpretação, interpelam a inteligência mas também a liberdade.
São João Crisóstomo explica: Jesus pronunciou estas palavras com a intenção de atrair a Si os seus ouvintes e de os estimular, assegurando que, se O procurarem, Ele curá-los-á.

No fundo, a verdadeira Parábola de Deus é o próprio Jesus, a sua Pessoa que, no sinal da humanidade, esconde e ao mesmo tempo revela a divindade. Deste modo, Deus não nos obriga a crer nele, mas atrai-nos a Si com a verdade e a bondade do seu Filho encarnado: Com efeito, o amor respeita sempre a liberdade.
Papa Bento XVI – 10 de julho de 2011

Hoje celebramos:


terça-feira, 28 de janeiro de 2020

28 de janeiro - Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe. Mc 3,35


O Evangelho de hoje fala-nos de uma incompreensão em relação a Jesus: a dos seus familiares. Eles estavam preocupados, porque a sua nova vida itinerante lhes parecia uma loucura.
Com efeito, Ele mostrava-se muito disponível com o povo, sobretudo com os doentes e os pecadores, a ponto de não ter tempo nem sequer para comer. Jesus era assim: primeiro as pessoas, servir o povo, ajudar o povo, ensinar ao povo, curar as pessoas. Era para as pessoas. Não tinha tempo nem sequer para comer. Por conseguinte, os seus familiares decidem reconduzi-lo a Nazaré, a casa.
Chegam ao lugar onde Jesus está a pregar e mandam chamá-lo. Disseram-lhe: Estão ali fora, Tua mãe e Teus irmãos que te procuram. Ele respondeu: Quem são Minha mãe e Meus irmãos? e olhando para as pessoas que estavam em seu redor a ouvi-lo, acrescentou: Aí estão Minha mãe e Meus irmãos. Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe.
Jesus formou uma nova família, já não baseada nos vínculos de sangue, mas na fé n’Ele, no seu amor que nos acolhe e nos une, no Espírito Santo. Todos aqueles que acolherem a palavra de Jesus são filhos de Deus e irmãos entre si. Acolher a palavra de Jesus torna-nos irmãos entre nós, faz de nós a família de Jesus. Falar mal dos outros, destruir a fama dos outros, torna-nos a família do diabo.
Aquela resposta de Jesus não é uma falta de respeito para com a sua mãe e os seus familiares. Aliás, para Maria é o maior reconhecimento, pois precisamente ela é a discípula perfeita que obedeceu em tudo à vontade de Deus. Que a Virgem Mãe nos ajude a viver sempre em comunhão com Jesus, reconhecendo a obra do Espírito Santo que age n’Ele e na Igreja, regenerando o mundo para a vida nova.
Papa Francisco – 10 de junho de 2018

Hoje celebramos:

28 de janeiro - Beata Maria Luisa Montesinos Orduna


Maria Luisa nasceu em 3 de março de 1901 em Valência, Espanha, e foi batizada dois dias depois. Ela recebeu a confirmação em 18 de março de 1907, aos seis anos de idade, na igreja de San Andrés Apóstolo.

Educada em uma escola religiosa, ela optou por uma boa cultura geral. Sua vida voltou-se para o serviço de seus pais. Ingressou na Ação Católica Espanhola e participava diariamente da celebração eucarística, destacando-se também por sua devoção mariana. Ela era uma catequista ativa, ensinava alfabetização, dedicou-se aos cuidados dos doentes e da caridade aos pobres. 

Quando a guerra civil eclodiu e a feroz perseguição religiosa pela qual a Espanha passou, Maria Luisa e sua família foram denunciadas por serem católicas por um servo e a FAI do Grau de Valencia os prendeu. Ela foi baleada com o pai, os dois irmãos e a irmã, além de uma tia dele. Foi a única que subiu aos altares, porque não tinha militância política e foi baleada por ser católica.  O massacre ocorreu em 28 de janeiro de 1937 em Picassent, perto de Valência.

Em 11 de março de 2001, o Papa São João Paulo II elevou as honras dos altares a nada menos que 233 vítimas da mesma perseguição, incluindo a Beata Maria Luisa Montesinos Orduña, sua memória é celebrada hoje no aniversário de seu martírio. 

28 de janeiro - São Tomás de Aquino segundo Bento XVI


Agora gostaria de falar daquele ao qual a Igreja chama o Doctor communis: isto é, São Tomás de Aquino. O meu venerado Predecessor, Papa João Paulo II, na sua Encíclica Fides et ratio recordava que São Tomás "foi sempre proposto pela Igreja como mestre de pensamento e modelo do modo reto de fazer teologia". Não surpreende que, depois de Santo Agostinho, entre os escritores eclesiásticos mencionados no Catecismo da Igreja Católica, São Tomás seja citado mais do que todos os outros, por sessenta e uma vezes! Ele foi denominado também o Doctor Angelicus, talvez pelas suas virtudes, de modo particular pela sublimidade do pensamento e pureza da vida.

Tomás nasceu entre os anos de 1224 e 1225, no castelo que a sua família, nobre e abastada, possuía em Roccasecca, nos arredores de Aquino, perto da célebre abadia de Montecassino, aonde tinha sido enviado pelos seus pais para receber os primeiros elementos da sua instrução. Alguns anos mais tarde transferiu-se para a capital do Reino da Sicília, Nápoles, onde Frederico II tinha fundado uma prestigiosa Universidade. Nela ensinava-se, sem os limites em vigor alhures, o pensamento do filósofo grego Aristóteles, no qual o jovem Tomás foi introduzido, e de quem intuiu imediatamente o grande valor. Mas sobretudo, nesses anos transcorridos em Nápoles, nasceu a sua vocação dominicana. Com efeito, Tomás sentiu-se atraído pelo ideal do Oriente, fundado não muitos anos antes de São Domingos. Todavia, quando vestiu o hábito dominicano, a sua família opôs-se a esta escolha, e ele foi obrigado a deixar o convento e a transcorrer um pouco de tempo com a família.

Em 1245, já de maior idade, pôde retomar o seu caminho de resposta ao chamamento de Deus. Foi enviado a Paris, para estudar teologia sob a guia de outro santo, Alberto Magno, sobre o qual falei recentemente. Alberto e Tomás estreitaram uma amizade verdadeira e profunda, e aprenderam a estimar-se e a respeitar-se um ao outro, a tal ponto que Alberto quis que o seu discípulo o seguisse também até Colónia, onde ele tinha sido convidado pelos Superiores da Ordem para fundar uma Casa de estudos teológicos. Então, Tomás entrou em contacto com todas as obras de Aristóteles e dos seus comentadores árabes, que Alberto ilustrava e explicava.

Naquele período, a cultura do mundo latino tinha sido profundamente estimulada pelo encontro com as obras de Aristóteles, que permaneceram desconhecidas por muito tempo. Tratava-se de escritos sobre a natureza do conhecimento, as ciências naturais, a metafísica, a alma e a ética, ricos de informações e de intuições que pareciam válidas e convincentes. Era toda uma visão completa do mundo, desenvolvida sem e antes de Cristo, com a mera razão, e parecia impor-se à razão como "a" própria visão; por conseguinte, ver e conhecer esta filosofia era para os jovens um fascínio incrível. Muitos acolheram com entusiasmo, aliás com entusiasmo acrítico, esta enorme bagagem do saber antigo, que parecia poder renovar vantajosamente a cultura, abrir horizontes totalmente novos. Porém, outros temiam que o pensamento pagão de Aristóteles estivesse em oposição à fé cristã e rejeitavam estudá-lo. Encontraram-se duas culturas: a cultura pré-cristã de Aristóteles, com a sua racionalidade radical, e a cultura clássica cristã. Determinados ambientes eram impelidos à rejeição de Aristóteles também pela apresentação que se fizera deste filósofo por parte dos comentadores árabes Avicena e Averroes. Com efeito, foram eles que transmitiram ao mundo latino a filosofia aristotélica. Por exemplo, estes comentadores tinham ensinado que os homens não dispõem de uma inteligência pessoal, mas que só existe um único intelecto universal, uma só substância espiritual, comum a todos, que age em todos como "única": portanto, uma despersonalização do homem. Outro ponto questionável, veiculado pelos comentadores árabes era aquele segundo o qual o mundo é eterno, como Deus. Compreensivelmente, desencadearam-se disputas infinitas nos mundos universitário e eclesiástico. A filosofia aristotélica ia-se difundindo até entre as pessoas simples.

Na escola de Alberto Magno, Tomás de Aquino desempenhou um trabalho de importância fundamental para a história da filosofia e da teologia, diria para a história da cultura: estudou profundamente Aristóteles e os seus intérpretes, encontrando novas traduções latinas dos textos originais em grego. Assim, não se apoiava mais unicamente nos comentadores árabes, mas podia ler pessoalmente os textos originais, e comentou uma boa parte das obras aristotélicas, distinguindo nelas aquilo que era válido daquilo que era duvidoso, ou que devia ser totalmente rejeitado, demonstrando a consonância com os dados da Revelação cristã e utilizando ampla e perspicazmente o pensamento aristotélico na exposição dos escritos teológicos que ele mesmo compôs. Em última análise, Tomás de Aquino mostrou que entre fé cristã e razão subsiste uma harmonia natural. E foi esta a grande obra de Tomás, que naquele momento de desencontro entre duas culturas – naquele momento em que parecia que a fé devia render-se perante a razão – demonstrou que elas caminham a par e passo, que quanto parecia ser razão não compatível com a fé não era razão; e aquilo que parecia ser fé não era tal, enquanto se opunha à verdadeira racionalidade; deste modo, ele criou uma nova síntese, que veio a formar a cultura dos séculos seguintes.

Em virtude das suas excelentes qualidades intelectuais, Tomás foi chamado novamente a Paris como professor de teologia na cátedra dominicana. Ali começou também a sua produção literária, que continuou até à morte, e que contém algo de prodigioso: comentários à Sagrada Escritura, porque o professor de teologia era sobretudo intérprete da Sagrada Escritura, comentários aos escritos de Aristóteles, obras sistemáticas imponentes, entre as quais sobressai a Summa Theologiae, tratados e discursos sobre vários argumentos. Na composição dos seus escritos, era coadjuvado por alguns secretários, entre os quais o irmão dominicano Reginaldo de Piperno, que o acompanhou fielmente e com o qual o ligava uma amizade fraterna e sincera, caracterizada por uma grande confidência e confiança. Trata-se de uma característica dos santos: cultivam a amizade, porque ela é uma das manifestações mais nobres do coração humano, e contém em si algo de divino, como o próprio Tomás explicou em algumas quaestiones da Summa Theologiae, onde escreve: "A caridade é principalmente a amizade do homem com Deus, e com os seres que Lhe pertencem".

Não permaneceu prolongada e estavelmente em Paris. Em 1259 participou no Capítulo Geral dos Dominicanos em Valenciennes, onde foi membro de uma comissão que estabeleceu o programa de estudos na Ordem. Depois, de 1261 a 1265, Tomás esteve em Orvieto. O Pontífice Urbano IV, que nutria uma grande estima por ele, comissionou-lhe a composição dos textos litúrgicos para a festa do Corpus Christi, instituída a seguir ao milagre eucarístico de Bolsena. Tomás tinha uma alma requintadamente eucarística. Os lindos hinos que a liturgia da Igreja entoa, para celebrar o mistério da presença real do Corpo e do Sangue do Senhor na Eucaristia são atribuídos à sua fé e à sua sabedoria teológica. De 1265 a 1268 Tomás residiu em Roma onde, provavelmente, dirigia um Studium, ou seja, uma Casa de estudos da Ordem, e onde começou a escrever a sua Summa Theologiae.

Em 1269 foi chamado novamente a Paris, para um segundo ciclo de ensino. Os estudantes – pode-se compreender – entusiasmavam-se com as suas lições. Um dos seus ex-alunos declarou que uma enorme multidão de estudantes seguia os cursos de Tomás, a tal ponto que as salas tinham dificuldades em contê-los e, com um apontamento pessoal, acrescentava que "ouvi-lo era para ele uma profunda felicidade". A interpretação de Aristóteles formulada por Tomás não era aceite por todos, mas até os seus adversários no campo acadêmico, como Gofredo de Fontaines, por exemplo, admitiam que a doutrina de frei Tomás era superior a outras pela sua utilidade e valor, e servia como corretivo para aquelas de todos os outros doutores. Talvez também para o subtrair dos intensos debates em curso, os Superiores enviaram-no novamente a Nápoles, para permanecer à disposição do rei Carlos I, que tencionava reorganizar os estudos universitários.

Além do estudo e do ensino, Tomás dedicou-se inclusive à pregação pública. E também o povo ia ouvi-lo de bom grado. Diria que é verdadeiramente uma grande graça, quando os teólogos sabem falar com simplicidade e fervor aos fiéis. Por outro lado, o ministério da pregação ajuda os próprios estudiosos de teologia a ter um sadio realismo pastoral, e enriquece a sua investigação com estímulos intensos.

Os últimos meses da vida terrena de Tomás permanecem circundados por uma atmosfera particular, diria misteriosa. Em dezembro de 1273 ele chamou o seu amigo e secretário Reginaldo para lhe comunicar a decisão de interromper todos os trabalhos porque, durante a celebração da Missa, tinha compreendido, a seguir a uma revelação sobrenatural, que tudo aquilo que tinha escrito até então era apenas "um monte de palha". É um episódio misterioso, que nos ajuda a compreender não só a humildade pessoal de Tomás, mas também o fato de que tudo o que conseguimos pensar e dizer sobre a fé, por mais elevado e puro que seja, é infinitamente ultrapassado pela grandeza e pela beleza de Deus, que nos será revelada plenamente no Paraíso. Alguns meses depois, cada vez mais absorvido numa meditação reflexiva, Tomás faleceu enquanto viajava para Lião, aonde ia para participar no Concílio Ecuménico proclamado pelo Papa Gregório X. Veio a falecer na Abadia cisterciense de Fossanova, depois de ter recebido o Viático com sentimentos de grande piedade.

A vida e o ensinamento de São Tomás de Aquino poder-se-iam resumir num episódio transmitido pelos antigos biógrafos. Enquanto o Santo, como fazia habitualmente, estava em oração diante do Crucifixo, de manhã cedo na Capela de São Nicolau em Nápoles, Domingos de Caserta, o sacristão da igreja, ouviu um diálogo. Tomás perguntava, preocupado, se aquilo que tinha escrito sobre os mistérios da fé cristã era correto. E o Crucificado respondeu-lhe: "Tu falaste bem de mim, Tomás. Qual será a tua recompensa?". E a resposta que Tomás deu é aquela que também nós, amigos e discípulos de Jesus, sempre gostaríamos de lhe dizer: "Nada mais do que Tu, Senhor!"

Papa Bento XVI – 02 de junho de 2010

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

27 de janeiro - Santo Henrique de Ossó y Cervelló


Henrique nasceu em Vinebre, Espanha, no dia 15 de outubro de 1840. Aos 14 anos, perdeu sua querida mãe, vítima do cólera. Esta perda prematura, despertou no jovem Henrique o desejo de ser sacerdote: “Serei sempre de Jesus, seu ministro, seu apóstolo, seu missionário de paz e de amor”.

Foi ordenado sacerdote aos 27 anos. Teve uma vida curta, pois morreu antes de completar 56 anos, mas nem por isso foi menos intensa na entrega a Deus e no serviço aos irmãos.
Profundamente movido pela experiência de ser criatura amada e acompanhada por Deus e pelo desejo de fazer com que outras pessoas também “Conhecessem e amassem a Jesus” desenvolveu uma série de atividades, atingindo especialmente as crianças e a mulher.
Sua vida toda foi a confirmação do desejo de ser ministro, apóstolo e missionário de Jesus. Desde muito jovem aproximou-se de Santa Teresa de Ávila, através da leitura de seus escritos. Cativado pelos ensinamentos e pela vida de Teresa, tornou-se um incansável propagador de sua doutrina, despertando nos seus leitores e seguidores admiração e amor.

Quem se aproxima de Henrique, inevitavelmente chega a Teresa. Santo Henrique foi o fundador da Companhia de Santa Teresa de Jesus, Congregação das Irmãs Teresianas e também do MTA. Apóstolo dos novos tempos, com a pregação e o apostolado da impressa, após grandes provações e sofrimentos, morreu em Gilet (Valência) a 27 de janeiro de 1896. Foi beatificado em 1997 e canonizado em Madri no dia 16 de junho de 1993 por João Paulo II.

O Beato Henrique de Ossó oferece-nos imagem viva do sacerdote fiel, perseverante, humilde, animoso diante das contradições, desprendido de todo o interesse humano, cheio de zelo apostólico pela glória de Deus e salvação das almas, ativo no apostolado e contemplativo na sua vida extraordinária de oração.

Não era fácil a época que lhe tocou viver, numa Espanha dividida pelas guerras civis do século XIX e alterada por movimentos laicistas e anticlericais, que pretendiam a transformação política e social, dando mesmo origem a sangrentos episódios revolucionários. Apesar de tudo, soube ele manter-se firme, intrépido na sua fé, na qual encontrou inspiração e força para projetar a luz do seu sacerdócio na sociedade do seu tempo. Com consciência clara de qual era a sua missão própria como homem da Igreja, que amava entranhadamente; sem buscar nunca protagonismos humanos em campos que eram alheios à sua condição; numa abertura a todos sem distinção, para melhorá-los e levá-los a Cristo. Cumpriu o seu propósito: “Serei sempre de Jesus, seu ministro, seu apóstolo e seu missionário de paz e de amor”.

Os trinta anos escassos, da sua vida sacerdotal deram lugar a um contínuo desabrochar de empreendimentos católicos bem meditados e abnegadamente executados, com impressionante confiança em Deus.

A sua existência foi feita de oração contínua que lhe alimentava a vida interior e lhe informava todas as obras. Na escola da grande Santa de Ávila aprende que a oração, esse trato de amizade com Deus, é meio necessário para uma pessoa conhecer e viver de verdade, para crescer na consciência de ser filha de Deus, para crescer no amor. E é, além disso, meio eficaz para transformar o mundo. Por esse motivo, será ele também apóstolo e pedagogo da oração. A quantas almas ensinou a orar com a sua obra o Quarto de hora de oração!

Este foi o segredo da sua profunda vida sacerdotal, aquilo que lhe deu alegria, equilíbrio e fortaleza; o que fez que ele — sacerdote, servidor e ministro de todos, sofrendo com todos, amando e respeitando a todos — se sentisse feliz por ser o que era, consciente de ter nas mãos dons recebidos do Senhor para a redenção do mundo, dons que ele, embora sentindo-se pequeno e indigno, oferecia, inspirado na infinita superioridade do mistério de Cristo, dons que enchiam a sua alma de gozo inefável. Testemunho e lição de vida eclesial plenamente válido para o sacerdote de hoje que — no exemplo dos Santos e nos ensinamentos ou normas da Igreja, não em sugestões ou teorias estranhas — pode encontrar orientação segura para conservar a sua identidade, para se realizar com plenitude.

Se quiséssemos assinalar agora um dos rasgos mais característicos da fisionomia apostólica do novo Beato, poderíamos dizer que foi um dos maiores catequistas do século XIX, o que o torna muito atual neste momento em que toda a Igreja reflete sobre o dever de catequizar que impende a todos os seus filhos.

Como catequista genial, distinguiu-se pelos escritos e pelo labor prático; atento em dar a conhecer, adequadamente e em sintonia com o magistério da Igreja, o conteúdo da fé, e em ajudar a vivê-lo. Os seus métodos ativos fizeram que se antecipasse às conquistas pedagógicas posteriores. Mas o objetivo que se propôs foi sobretudo dar a conhecer e despertar o amor a Deus, a Cristo e à Igreja, amor que é o centro da missão do verdadeiro catequista.

Nesta missão, percorreu todos os campos: o da infância, com as suas inesquecíveis catequeses em Tortosa (pelas crianças ao coração dos homens); o do mundo juvenil, com as Associações de jovens que chegaram a ter amplíssima difusão; o da família, com os seus escritos de propaganda religiosa, particularmente a Revista Teresiana; o dos operários, procurando dar a conhecer a doutrina social da Igreja; o da instrução e da cultura em que, atendendo à mentalidade da época, lutou para assegurar a presença do ideal católico na escola, a todos os níveis, incluído o universitário. Dedicou-se incansavelmente ao ministério da palavra falada, através da pregação, e da palavra escrita, através da imprensa como meio de apostolado.

Mas no seu afã de catequista, formou a sua obra predileta — que lhe consumiu a maior parte das energias —, a fundação da Companhia de Santa Teresa de Jesus.

Para estender o raio da ação dela no tempo e no espaço; para penetrar no coração da família; para servir a sociedade numa época em que a formação cultural começava a ser indispensável: chamou a si mulheres que podiam ajudá-lo em tal missão e entregou-se à tarefa de formá-las com esmero. Com elas deu começo ao novo Instituto, que se iria distinguir por estas características: como filhas do seu tempo, a estima dos valores da cultura; como consagradas a Deus, a entrega total ao serviço da Igreja; e como estilo próprio de espiritualidade, a assimilação da doutrina e dos exemplos de Santa Teresa de Jesus.

Poderíamos dizer que a Companhia de Santa Teresa de Jesus foi e é como que a grande catequese, organizada pelo Beato Osso para chegar à mulher, e por meio dela infundir nova vitalidade na sociedade e na Igreja.

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 14 de outubro de 1979

27 de janeiro - Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno. Mc 3,29


São três as grandes maravilhas do sacerdócio de Jesus: ofereceu a vida por nós uma vez por todas; continua também agora a rogar por cada um de nós; voltará para nos levar consigo. Ao homem é pedido que não feche o coração para se deixar perdoar pelo Pai.

Dois pontos contrastantes na liturgia de hoje. Por um lado, há esta grande maravilha, este sacerdócio de Jesus em três etapas — aquela em que perdoa os pecados uma vez para sempre; aquela em que intercede agora por nós; e aquela que terá lugar quando Ele voltar — mas há também o contrário, “a blasfêmia imperdoável”. E é duro ouvir Jesus dizer isto: mas é Ele quem o diz, e se o diz é verdade.

Com efeito, Marcos escreve, citando as palavras do Senhor: Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos filhos dos homens — e sabemos que o Senhor perdoa tudo, se abrirmos um pouco, totalmente, o coração! — os pecados e todas as blasfêmias que disserem — até as blasfêmias serão perdoadas! — mas quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo não será perdoado eternamente: é réu de culpa eterna. Assim esta pessoa, quando o Senhor voltar, ouvirá estas palavras: “Afasta-te de mim!”. E isto porque, a grande unção sacerdotal de Jesus foi o Espírito Santo quem a fez no seio de Maria: os sacerdotes, na celebração de ordenação, são ungidos com o óleo; e fala-se sempre da unção sacerdotal. Até Jesus, como sumo sacerdote, recebeu esta unção. E a primeira unção foi a carne de Maria por obra do Espírito Santo. Assim, quem blasfema sobre isto, fá-lo sobre o fundamento do amor de Deus, que é a redenção, a recriação; blasfema sobre o sacerdócio de Cristo.

O Senhor perdoa tudo, mas quem diz tais coisas está fechado ao perdão, não quer ser perdoado, nem se deixa perdoar. Precisamente esta é a fealdade da blasfêmia contra o Espírito Santo: não se deixar perdoar, porque renega a unção sacerdotal de Jesus feita pelo Espírito Santo.

Papa Francisco – 23 de janeiro de 2017

Hoje celebramos:



Educar para a Esperança


Pensa, ali onde Deus te semeou, espera! Espera sempre.

Não te rendas à noite: recordas que o primeiro inimigo a vencer não está fora de ti: mas dentro. Por conseguinte, não concedas espaço aos pensamentos amargos, obscuros. Este mundo é o primeiro milagre que Deus realizou, Deus pôs nas nossas mãos a graça de novos prodígios. Fé e esperança procedem juntas. Crê na existência das verdades mais elevadas e bonitas. Confia no Deus Criador, no Espírito Santo que move tudo para o bem, no abraço de Cristo que espera cada homem no final da sua existência; crê, Ele espera-te. O mundo caminha graças ao olhar de tantos homens que abriram frestas, que construíram pontes, que sonharam e acreditaram; até quando ao redor deles ouviam palavras de escárnio.

Nunca penses que a luta que enfrentas na terra seja totalmente inútil. No final da existência não nos espera um naufrágio: em nós palpita uma semente de absoluto. Deus não desilude: se pôs uma esperança nos nossos corações, não a quer esmagar com frustrações contínuas. Tudo nasce para florescer numa primavera eterna. Também Deus nos criou para florescermos. Recordo aquele diálogo, quando o carvalho pediu à amendoeira: “Fala-me de Deus”. E a amendoeira floresceu.

Onde quer que estejas, constrói! Se estás no chão, levanta-te! Nunca permaneças caído, levanta-te, deixa-te ajudar para ficares em pé. Se estás sentado, começa a caminhar! Se o tédio te paralisa, derrota-o com as obras de bem! Se te sentes vazio ou desmoralizado, pede que o Espírito Santo possa encher de novo a tua carência.

Exerce a paz no meio dos homens e não escutes a voz de quem espalha ódio e divisões. Não escutes essas vozes. Os seres humanos, por mais que sejam diversos uns dos outros, foram criados para viver juntos. Nos contrastes, paciência: um dia descobrirás que cada um é depositário de um fragmento de verdade.

Ama as pessoas. Ama-as uma por uma. Respeita o caminho de todos, linear ou complicado que seja, porque cada um tem uma história para contar. Também cada um de nós tem a própria história para contar. Cada criança que nasce é a promessa de uma vida que de novo se demonstra mais forte do que a morte. Cada amor que brota é um poder de transformação que anseia pela felicidade.
Jesus entregou-nos uma luz que brilha nas trevas: defende-a, protege-a. Aquela luz única é a maior riqueza confiada à tua vida.

E sobretudo, sonha! Não tenhas medo de sonhar. Sonha! Sonha um mundo que ainda não se vê mas que certamente chegará. A esperança leva-nos a crer na existência de uma criação que se estende até ao seu cumprimento definitivo, quando Deus será tudo em todos. Os homens capazes de imaginação ofereceram ao homem descobertas científicas e tecnológicas. Sulcaram os oceanos, calcaram terras que ninguém jamais tinha pisado. Os homens que cultivaram esperanças são os mesmos que venceram a escravidão, e proporcionaram condições melhores de vida nesta terra. Pensai nestes homens.

Sê responsável por este mundo e pela vida de cada homem. Pensa que cada injustiça contra um pobre é uma ferida aberta, e diminui a tua dignidade. A vida não cessa com a tua existência, e neste mundo virão outras gerações que sucederão à nossa e muitas outras ainda. E todos os dias pede a Deus o dom da coragem. Recorda-te que Jesus venceu o medo por nós. Ele venceu o medo!

O nosso inimigo mais pérfido nada pode contra a fé. E quando te encontrares amedrontado diante de alguma dificuldade da vida, recorda-te que não vives só por ti mesmo. No Batismo a tua vida já foi imersa no mistério da Trindade e tu pertences a Jesus. E se um dia te assustares, ou pensares que o mal é demasiado grande para ser derrotado, pensa simplesmente que Jesus vive em ti. E é Ele que, através de ti, com a sua mansidão quer submeter todos os inimigos do homem: o pecado, o ódio, o crime, a violência; todos os nossos inimigos.

Tem sempre a coragem da verdade, mas recorda-te: não és superior a ninguém. Recorda-te disto: não és superior a ninguém. Se tivesses permanecido o último a crer na verdade, não fujas por causa disso da companhia dos homens.
Mesmo se vivesses no silêncio de uma ermida, conserva no coração os sofrimentos de cada criatura. És cristão; e na oração restituis tudo a Deus.

Cultiva ideais. Vive por algo que supera o homem. E mesmo se um dia estes ideais apresentarem uma conta alta a pagar nunca deixes de os conservar no coração. A fidelidade obtém tudo.

Se erras, levanta-te: nada é mais humano do que cometer erros. E aqueles mesmos erros não se devem tornar para ti uma prisão. Não fiques preso nos teus erros. O Filho de Deus veio não para os sadios, mas para os doentes: portanto, veio também para ti. E se errares ainda no futuro, não temas, levanta-te! Sabes por quê? Porque Deus é teu amigo.

Se a amargura te atinge, crê firmemente em todas as pessoas que ainda trabalham pelo bem: na sua humildade está a semente de um mundo novo. Frequenta pessoas que conservaram o coração como o de uma criança. Aprende da maravilha, cultiva a admiração.

Vive, ama, sonha, crê. E, com a graça de Deus, nunca te desesperes.

Papa Francisco – 20 de setembro de 2017



domingo, 26 de janeiro de 2020

26 de janeiro - O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz, e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz. Mc 4,16

A luz de Cristo Ressuscitado, pela sua Palavra de Deus e pela Eucaristia, afugenta todas as trevas e abre os nossos olhos para compreendermos qual estrada devemos seguir para encontrarmos o sentido de nossas vidas. Hoje, em conformidade com o pedido do Papa Francisco, celebramos o dia da Palavra de Deus. O Senhor continua chamando a cada um de nós a segui-lo, conhecê-lo e pelo anúncio da Palavra de Deus, anunciar o Evangelho do Reino.
“O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz”. Que luz é esta que o povo viu? Trata-se da luz que é o próprio Jesus. Quando Jesus se encarna, cumprindo as profecias todas, ele está se proclamando como verdadeira luz que veio ao mundo. É por isto que ele inicia seu ministério público afirmando: “Convertei-vos porque o Reino dos céus está próximo!” Jesus é o Reino dos céus no meio de nós. Converter-se é acolher a vida nova que nos introduz neste Reino. Isaías anuncia uma luz que Deus irá fazer brilhar por cima das montanhas da Galileia e que porá fim às trevas que submergem todos aqueles que estão prisioneiros da morte, da injustiça, do sofrimento, do desespero.

O Evangelho descreve a realização da promessa profética: Jesus é a luz que começa a brilhar na Galileia e propõe aos homens de toda a terra a Boa Nova da chegada do “Reino”.
Os destinatários da mensagem de Jesus sou eu, é você, quando nos abrimos à Palavra, para escutá-la com sinceridade, alcançamos a paz, a salvação, a vida. Ele continua a revelar-se para nossa divindade, quando fazemos o esforço necessário para nossa conversão.

26 de janeiro - Santa Paula Romana


Nascida em 347 d.C. no seio de uma ilustre família romana, - com laços de parentela com Cornélia, até remontar às origens do próprio Agamenon, - Paula casou-se, com a idade de dezesseis anos, com o senador Toxócio, do qual teve quatro filhas e um filho. Até aos 32 anos, viveu na riqueza e no luxo, vestindo-se de seda e carregada por escravos eunucos pelas ruas da cidade.

Com a morte do seu marido, Paula começou a frequentar um grupo de viúvas guiado por Santa Marcela: com elas, dedicou-se à oração e à penitência, hospedando, na sua grande mansão romana, no bairro do Aventino, esta Ordem semi-monacal. Santa Marcela, em 382, apresentou-lhe São Jerônimo, quando veio a Roma com os Bispos Epifânio de Salamina e Paulino de Antioquia. Ao hospedar em sua casa os três peregrinos, Paula ficou profundamente comovida. Jerônimo causou uma profunda influência em Paula, despertando nela o desejo de abraçar a vida monacal no Oriente.

Em setembro de 385, após a morte da filha Belsila, Paula decidiu partir para a Terra Santa, acompanhada pela filha Eustóquia, para seguir a vida monacal. Jerônimo, que as havia precedido de cerca um mês, encontrou com elas em Antioquia e, juntos, fizeram uma peregrinação pelos lugares santos da Palestina. A seguir, foram ao Egito para frequentar as lições dos eremitas e cenobitas; enfim, estabeleceram-se em Belém, onde fundaram dois mosteiros: um masculino e outro feminino. Todos os dias, as monjas cantavam todo o Saltério, que deviam saber de cor. Além do mais, Paula era particularmente fiel ao jejum e às obras de caridade, chegando a doar aos pobres até o necessário para a subsistência da sua comunidade. Tanto Paula como Eustóquia participaram ativamente da pregação de Jerônimo, do qual foram devotas colaboradoras, conformando-se, sempre mais, com a sua direção espiritual. Jerônimo tinha um temperamento irascível, mas Paula o ajudou, sobretudo no contraste com os seguidores de Orígenes, a manter um confronto fundado na humildade e na paciência.
Um claro exemplo do seu estilo de vida foi testemunhado em uma carta que Paula escreveu a Marcela, que tinha ficado em Roma, procurando convencê-la a deixar a Cidade e ir morar com elas em Belém.

Entre as contribuições mais significativas de Paula para as pregações de Jerônimo encontra-se a tradução da Bíblia do grego e hebraico para o latim. Foi ela quem sugeriu a necessidade de tal tradução, dedicando-se, com a filha Eustóquia, à compilação da obra, para que fosse divulgada.

Em 406, com 56 anos, Paula percebeu que o dia da sua morte estava se aproximando, tendo o pressentimento de ouvir a voz de Jesus, que se dirigia a ela com as palavras do Cântico dos Cânticos: “Levante-se, meu amor, minha formosa e vem. Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou e se foi; mostre-me seu rosto, faça-me ouvir sua voz, porque a sua voz é doce e o seu rosto gracioso”. E ela respondeu-lhe com as palavras do Salmo 27: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei? Pereceria, sem dúvida, se não cresse que veria a bondade do Senhor na terra dos viventes”, e adormeceu para sempre.

Participaram do seu funeral, não apenas os monges e as monjas dos dois mosteiros por ela fundados, mas também muitos pobres, que tinham sido ajudados por ela, durante anos, e que a consideravam mãe e benfeitora.

Santa Paula foi sepultada em Belém, na igreja da Natividade. São Jerônimo lhe dedicou o Epitaphium sanctae Paulae. Quando ele também morreu, foi sepultado ao lado dos túmulos de Paula e Eustóquia.


Domingo da Palavra de Deus



O Domingo da Palavra de Deus é uma iniciativa que o Papa Francisco confia a toda a Igreja para que “a comunidade cristã se concentre no grande valor que a Palavra de Deus ocupa na vida diária".
Este dia foi instituído pelo Papa Francisco em 30 de setembro de 2019, por ocasião dos 1600 anos da morte de São Jerônimo, grande estudioso da Sagrada Escritura que traduziu para o latim os textos originais.

Na ocasião o Papa publicava a sua Carta Apostólica Aperuit illis:
A dedicação dum domingo do Ano Litúrgico particularmente à Palavra de Deus permite, antes de mais nada, fazer a Igreja reviver o gesto do Ressuscitado que abre, também para nós, o tesouro da sua Palavra, para podermos ser no mundo arautos desta riqueza inexaurível. A propósito, voltam à mente os ensinamentos de Santo Efrém:
“Quem poderá compreender, Senhor, toda a riqueza duma só das tuas palavras? Como o sedento que bebe da fonte, muito mais é o que perdemos do que o que tomamos. A tua palavra apresenta muitos aspetos diversos, como diversas são as perspectivas daqueles que a estudam. O Senhor pintou a sua palavra com muitas belezas, para que aqueles que a perscrutam possam contemplar aquilo que preferirem. Escondeu na sua palavra todos os tesouros, para que cada um de nós se enriqueça em qualquer dos pontos que medita”. (Comentários sobre o Diatessaron, 1, 18)
(...)
Portanto estabeleço que o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus. Este Domingo da Palavra de Deus colocar-se-á, assim, num momento propício daquele período do ano em que somos convidados a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos. Não se trata de mera coincidência temporal: a celebração do Domingo da Palavra de Deus expressa uma valência ecumênica, porque a Sagrada Escritura indica, a quantos se colocam à sua escuta, o caminho a seguir para se chegar a uma unidade autêntica e sólida.