Durante três séculos a
Igreja de Deus esteve exposta às mais cruéis perseguições. O
império romano empregava todo o seu poder para aniquilar o reino de Deus; o
sangue corria em torrentes.
A Igreja permaneceu
crescendo, a apesar de todos os planos, afrontando tudo.
Os seus membros morriam aqui
e ali, mas a Igreja continuava a viver, e sempre novas pessoas entravam, para
preencher as lacunas.
Por fim o império romano se
curvou diante de Cristo e colocou a Cruz sobre o seu diadema e o sinal de
Cristo sobre a água de suas legiões.
Cristo tinha vencido mais
uma batalha, e o Papa Silvestre I viu como tudo mudava. Viu o suplício da cruz
ser abolido. Viu cristãos confessarem livre e francamente a sua fé e erigirem
casas de Deus.
Segundo o testemunho de
historiadores, Silvestre nasceu em Roma, filho de pais ótimos cristãos, que bem
cedo o confiaram aos cuidados do sacerdote Cirino, cujo preparo intelectual e
exemplo de vida santa fizeram com que o discípulo adquirisse uma formação
extraordinariamente sólida cristã.
Estava ainda em preparação
última, isto é, a décima e de todas as mais bárbaras das perseguições
dioclesianas, quando Silvestre, das mãos do Papa Marcelino, recebeu as ordens
sacerdotais. Teve, pois, ocasião de presenciar os horrores desta perseguição
sangrenta contra o Reino de Cristo. Pode ele ser e foi testemunha ocular do
heroísmo das pobres vítimas do furor desmedido do tirano coroado.
Em 314, por voto unânime do
povo e do clero foi proposto para ocupar a cadeira de São Pedro, como sucessor
do Papa Melquíades.
Com a vitória do
cristianismo e a conversão do imperador Constantino viu-se o Papa diante da
grande tarefa de, por meio das sábias leis, introduzir a religião cristã na
vida dos povos, dando-lhe formação concreta e definitiva. A paz, infelizmente
não foi de longa duração.
Duas terríveis heresias se
levantaram contra a Igreja, arrastando-a para uma luta gigantesca de quase um
século de duração. Foi a dos Donatistas, que tomou grande incremento na África.
A Igreja, ensinavam eles,
deve compor-se só de justos; no momento em que seu seio tolera pecadores, deixa
de ser a Igreja de Cristo.
O batismo administrado por
um sacerdote que se encontra em estado de pecado, é inválido. Um bispo, se
estiver com um pecado na alma, não pode crismar nem ordenar sacerdotes. Caso
administre estes sacramentos, são eles inválidos.
Pior e mais perigosa foi a
outra heresia, propalada pelo sacerdote Ario, da Igreja de Antioquia. Esta heresia afirmava que a Jesus Cristo, Filho de
Deus feito homem, faltavam as atribuições divinas; isto é, não era
consubstancial ao Pai, portanto não era Deus, mas mera criatura, de essência
diversa da do Pai e de natureza mutável.
Tanto contra a primeira como
contra a segunda o Papa Silvestre tomou enérgica atitude.
A dos Donatistas foi
condenada no Concílio de Arles. O arianismo teve sua condenação no célebre
Concílio de Nicéia - 325, ao qual compareceram 317 bispos.
O Papa Silvestre, já muito
idoso pessoalmente não podendo comparecer à grande Assembléia, fez-se nela
representar por dois sacerdotes de sua inteira confiança, que em seu lugar
presidiram as sessões.
Estas terminaram com a
solene proclamação dogmática da fórmula: " O Filho é consubstancial ao
Pai; é Deus de Deus; Deus verdadeiro de Deus Verdadeiro; gerado, não feito, da
mesma substância com o Pai".
As resoluções do Concílio o
Papa Silvestre as assinou. Na presença de 272 bispos foram as mesmas em Roma
solenemente confirmadas.
Sobre o túmulo de São Pedro,
o Papa, auxiliado pelo imperador, construiu a magnífica basílica vaticana, com oitenta colunas de mármore, templo que durante 1100 anos via chegar
milhares e milhares de peregrinos provenientes de todas as partes do mundo,
ansiosos de prestar homenagens ao "Rochedo", sobre o qual Cristo
tinha edificado a sua Igreja - até que deu lugar à atual grandiosa Basílica de
São Pedro.
O longo pontificado de São Silvestre (de 314 a 335) correu paralelo ao governo
do imperador Constantino, numa época muito importante para a Igreja recém saída
da clandestinidade e das perseguições. Foi nesse período que se formou uma
organização eclesiástica que duraria por vários séculos. Nesta época, teve
lugar de destaque o imperador Constantino.
Durante o seu pontificado a
autoridade da Igreja foi estabelecida e se construíram alguns dos primeiros
monumentos cristãos, como a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, e as
primitivas basílicas de Roma (São João de Latrão e São Pedro), bem como das
igrejas dos Santos Apóstolos e de Santa Sofia em Constantinopla.
dias depois.
São
Silvestre morreu em 335, depois de ter permanecido no trono de Pedro durante
vinte e um anos, e produzido tantos e bons frutos para o cristianismo. No ano
seguinte ao da sua morte, começou a ser dedicada a são Silvestre uma festa no
dia 31 de dezembro.