quinta-feira, 31 de maio de 2018

31 de maio - Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo


“Isto é o Meu corpo, que será entregue por vós... Este cálice é a Nova Aliança no Meu sangue... Fazei isto em Minha memória” (1Cor 11, 24-25).

A Liturgia atual comemora o grande mistério da Eucaristia com uma clara referência à Quinta-Feira Santa. Na Quinta-Feira Santa, como todos os anos, fazemos memória da Ceia do Senhor. No final da Santa Missa in «Caena Domini» seguiu-se a breve procissão que acompanha o Santíssimo Sacramento até à Capela da reposição, onde permaneceu até à solene Vigília pascal. Hoje, preparamo-nos para uma procissão muito mais solene, que nos levará pelas ruas da Cidade.

Na festividade de hoje, ajudam-nos a reviver os mesmos sentimentos da Quinta-Feira Santa as palavras de Jesus, pronunciadas no Cenáculo: “Tomai, isto é o Meu corpo”, “Isto é o Meu sangue, sangue da aliança, que vai ser derramado por muitos” (Mc 14, 22.24). Estas palavras, fazem-nos entrar ainda mais no mistério do Verbo de Deus encarnado que, sob as espécies do pão e do vinho, Se doa a cada homem, como alimento e bebida de salvação.

João, no seu Evangelho, oferece uma significativa chave de leitura das palavras do divino Mestre, referindo quanto Ele mesmo disse de Si junto de Cafarnaum: “Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Se alguém comer deste pão, viverá eternamente” (Jo6, 51).

Encontramos assim nas Leituras de hoje o sentido pleno do mistério da salvação. Se a primeira, tirada do Êxodo (cf. Êx 24, 3-8), nos remete à Antiga Aliança estabelecida entre Deus e Moisés, mediante o sangue de animais sacrificados, na Carta aos Hebreus recorda-se “entrou uma só vez no Santo dos Santos, não com o sangue dos carneiros ou dos bezerros, mas com o Seu próprio sangue” (9, 12).

A solenidade de hoje ajuda-nos, portanto, a atribuir a Cristo a centralidade que Lhe compete no desígnio divino para a humanidade, e impele-nos a configurar sempre mais a nossa vida a Ele, Sumo e Eterno Sacerdote.

Mistério da fé! Ao longo dos séculos, a solenidade atual foi objeto de atenção particular nas diversas tradições do povo cristão. Quantas manifestações religiosas surgiram em torno do culto eucarístico! Teólogos e pastores esforçaram-se por fazer compreender, com a linguagem dos homens, o mistério inefável do Amor divino.

Entre estas vozes autorizadas, um lugar especial ocupa o grande Doutor da Igreja, São Tomás de Aquino que, nas composições poéticas, canta com enlevo inspirado os sentimentos de adoração e de amor do crente diante do mistério do Corpo e Sangue do Senhor.
Sim, todo o nosso coração se abandona a Vós, ó Cristo, porque quem acolhe a Vossa palavra, descobre o sentido pleno da vida e encontra a verdadeira.

Brote espontâneo do coração o agradecimento pelo tão extraordinário dom. “Que darei eu ao Senhor por todos os Seus benefícios?  (Sl 115, 12). Cada um de nós pode pronunciar as palavras do salmista, na consciência do inestimável dom que o Senhor nos concedeu com o Sacramento eucarístico.

“Elevemos o cálice da salvação e invoquemos o nome do Senhor”: esta atitude de louvor e de adoração ressoa hoje, nas orações e nos cânticos da Igreja, em todos os cantos da terra.

Repetiremos com devoção:
Povos todos,
proclamai o mistério do Senhor!
Que nos foi dado através de mãe pura
e por todos nós encarnou...
Na noite da ceia com os irmãos
Se encontrou...
Aos Apóstolos admirados
como alimento Se doou.

O Filho de Deus doa-Se a Si mesmo. Sob as espécies do pão e do vinho, dá o Corpo e o Sangue, recebidos de Maria, Mãe virginal. Dá a Sua divindade e a Sua humanidade, para nos enriquecer de modo inexprimível.

Adoremos o Sacramento
que Deus Pai nos doou.
Amém!

Papa João Paulo II – 29 de maio de 1997

Hoje celebramos:

quarta-feira, 30 de maio de 2018

30 de maio - São José Marello


“Agradou a Deus que residisse n'Ele toda a plenitude" (Cl 1, 19). Desta plenitude foi tornado participante São José Marello, como sacerdote do clero de Asti e como Bispo da diocese de Acqui. Plenitude de graça, fomentada nele pela forte devoção a Maria santíssima; plenitude do sacerdócio, que Deus lhe conferiu como dom e empenho; plenitude de santidade, que lhe adveio ao conformar-se com Cristo, Bom Pastor. Dom Marello formou-se no período áureo da santidade do Piemonte, quando, entre numerosas formas de hostilidade contra a Igreja e a fé católica, floresceram exemplos do espírito e da caridade, como Cottolengo, Cafasso, Dom Bosco, Murialdo e Allamano.

Jovem bom e inteligente, apaixonado pela cultura e pelo empenho civil, o nosso Santo encontrou só em Cristo a síntese de qualquer ideal e a Ele se consagrou no Sacerdócio. "Ocupar-me dos interesses de Jesus" foi o mote da sua vida, e por isso se refletiu totalmente em São José, o esposo de Maria, o "guarda do Redentor". De São José atraiu-o fortemente o serviço escondido, alimentado por uma profunda espiritualidade. Ele soube transmitir este estilo aos Oblatos de São José, a Congregação por ele fundada. Gostava de lhes repetir: "Sede extraordinários nas coisas ordinárias" e acrescentava: "Sede cartuxos em casa e apóstolos fora de casa". Da sua forte personalidade, o Senhor quis servir-se para a sua Igreja, chamando-o ao Episcopado da Diocese de Acqui, onde, em poucos anos, gastou pela grei todas as suas energias, deixando uma marca que o tempo não cancelou.

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 25 de novembro de 2001

José Marello nasceu em 26 de dezembro de 1844, em Turim, Itália. Seus pais, Vincenzo e Ana Maria, eram da cidade de São Martino Alfieri. Quando sua mãe morreu, ele tinha quatro anos de idade e um irmão chamado Vitório. Seu pai, então, deixou seu comércio em Turim e retornou para sua cidade natal, onde os filhos receberiam melhor educação e carinho, com a ajuda dos avós.

Aos onze anos, com o estudo básico concluído, quis estudar no seminário de Asti. O pai não aprovou, mas consentiu. José o frequentou até o final da adolescência, quando sofreu uma séria crise de identidade e decidiu abandonar tudo para estudar matemática em Turim. Mas, em 1863, foi contaminado pelo tifo, ficando entre a vida e a morte. Quase desenganado, certo dia acordou pensando ter sonhado com Nossa Senhora da Consolação, que lhe dizia para retornar ao seminário. Depois disso, sarou e voltou aos estudos no seminário de Asti, do qual saiu em 1868, ordenado sacerdote e nomeado secretário do bispo daquela diocese.

José e o bispo participaram do Concílio Vaticano I, entre 1869 e 1870. Posteriormente, acompanhou o bispo por toda a arquidiocese astiniana. Com uma rotina incansável, ele atendia todos os problemas da paróquia, da comunidade e das famílias. Muitas vezes, pensou em tornar-se um monge contemplativo, entretanto sua forte vocação para as necessidades sociais o fez seguir o exemplo do carisma dos fundadores, mais tarde chamados de "santos sociais", do Piemonte.

Corajosamente, assumiu a responsabilidade dos problemas reais da época, sem se preocupar com o Estado, que fechava conventos, seminários e confiscava os bens da Igreja, sempre convicto de que os mandamentos não lhe poderiam ser confiscados por ninguém. Muito precisava ser feito, pois cresciam a miséria, o abandono, as doenças, a ignorância religiosa e a cultural. Mas, José também tinha de pensar nas outras pequenas paróquias da diocese, em condições precárias, e ainda, não podia deixar de estimular os padres, de cuidar da formação religiosa das crianças e jovens e de socorrer e amparar os velhos. Por isso decidiu criar uma "associação religiosa apostólica", em 1878, em Asti.

O início foi muito difícil, contando apenas com quatro jovens leigos. Mas a partir deles fundou, depois, a Congregação dos Oblatos de São José, integrada por sacerdotes e irmãos leigos, chamados a servir em todos os continentes. Os padres Josefinos pregam, confessam, educam, fundam escolas, orfanatos, asilos, constroem igrejas e seminários.

Dedicando-se igualmente aos jovens, velhos, doentes, por isso seu fundador os chamou de "oblatos", ou seja, "oferecidos" a servir em todas as circunstâncias.

Em 1888, o papa Leão XIII consagrou José Marello bispo de Acqui. Porém, já com o físico muito enfraquecido pelo ritmo do serviço que nunca conheceu descanso ou horário, quando foi para a cidade de Savona, acompanhar a festa de São Filipe Néri, passou mal e morreu, aos cinqüenta e um anos de idade, no dia 30 de maio de 1895.

Rezemos uns pelos outros para nos fortalecermos em suportar de maneira cristã o peso das fraquezas humanas e lembremo-nos de que é no Céu, e não aqui na terra, que temos a nossa herança.


30 de maio - Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos. Mc 10,45


A narração de São Marcos descreve a cena de Jesus a contas com os seus discípulos Tiago e João, que – apoiados pela mãe – queriam sentar-se, à sua direita e à sua esquerda, no reino de Deus, reivindicando lugares de honra, de acordo com a sua própria visão hierárquica do reino. A perspectiva, em que se movem, aparece ainda inquinada por sonhos de realização terrena. Então Jesus dá um primeiro abanão naquelas convicções dos discípulos, recordando o caminho d’Ele na terra: “Bebereis o cálice que Eu bebo (…), mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não pertence a Mim concedê-lo: é daqueles para quem está reservado”. Com esta imagem do cálice, Ele assegura aos dois discípulos a possibilidade de serem associados plenamente ao seu destino de sofrimento, mas sem garantir os desejados lugares de honra. A sua resposta é um convite a segui-Lo pelo caminho do amor e do serviço, rejeitando a tentação mundana de querer sobressair e mandar nos outros.

À vista de tantos que lutam por obter o poder e o sucesso, por dar nas vistas, frente a tantos que querem fazer valer os seus méritos, as suas realizações, os discípulos são chamados a fazer o contrário. Por isso adverte-os: “Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo”. Com estas palavras, Jesus indica o serviço como estilo da autoridade na comunidade cristã. Quem serve os outros e não goza efetivamente de prestígio, exerce a verdadeira autoridade na Igreja. Jesus convida-nos a mudar a nossa mentalidade e a passar da ambição do poder à alegria de se ocultar e servir; a desarraigar o instinto de domínio sobre os outros e exercer a virtude da humildade.

E, depois de apresentar um modelo a não imitar, oferece-Se a Si mesmo como ideal de referimento. No procedimento do Mestre, a comunidade encontrará o motivo da nova perspectiva de vida: “Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos”. Na tradição bíblica, o Filho do Homem é aquele que recebe de Deus “as soberanias, a glória e a realeza” (Dn 7, 14). Jesus enche de novo sentido esta imagem, especificando que Ele tem a soberania enquanto servo, a glória enquanto capaz de abaixamento, a autoridade real enquanto disponível ao dom total da vida. Na verdade, é com a sua paixão e morte que conquista o último lugar, alcança o máximo de grandeza no serviço, e oferece-o à sua Igreja.

Há incompatibilidade entre uma forma de conceber o poder segundo critérios mundanos e o serviço humilde que deveria caracterizar a autoridade segundo o ensinamento e o exemplo de Jesus; incompatibilidade entre ambições e carreirismo e o seguimento de Cristo; incompatibilidade entre honras, sucesso, fama, triunfos terrenos e a lógica de Cristo crucificado. Ao contrário, há compatibilidade entre Jesus que sabe o que é sofrer e o nosso sofrimento.

Cada um de nós, enquanto batizado, participa a seu modo no sacerdócio de Cristo: os fiéis leigos no sacerdócio comum, os sacerdotes no sacerdócio ministerial. Assim, todos podemos receber a caridade que brota do seu Coração aberto, tanto para nós mesmos como para os outros, tornando-nos canais do seu amor, da sua compaixão, especialmente para aqueles que vivem no sofrimento, na angústia, no desânimo e na solidão.

Papa Francisco - 18 de outubro de 2015

Hoje celebramos:

terça-feira, 29 de maio de 2018

29 de maio - Beato José Gerard


Este dia tem um significado especial para a jornada de fé que a Igreja no Lesoto está fazendo. Porque hoje celebramos a beatificação do servo de Deus, José Gerard.

Na primeira da leitura do livro de Gênesis, ouvimos Deus chamando Abraão para realizar uma jornada de fé, para estar andando em um caminho que vai levá-lo para longe de tudo o que ele conhece e ama, e ele colocou toda a sua fé na promessa do Senhor.

O padre Gerard ouviu Deus lhe fazer um chamado de fé. Como no caso de Abraão, o Senhor disse ao jovem francês chamado José: "Sai da tua terra, da tua terra e da casa de teu pai, e vai para a terra que eu te mostrarei" (Gn 12,1). E ele foi imediatamente, como o Senhor lhe havia dito. Ele seguiu o chamado de Deus e depositou toda a sua confiança na promessa que ouvira vinda de cima.

A terra que Deus mostrou ao Beato José foi a África, e mais precisamente a terra da África do Sul, e depois, anos depois, a terra do povo Basotho. Neste país, neste reino do Lesoto, ele veio porque foi chamado e enviado para proclamar o Reino de Deus.
Desde tenra idade, José Gerard estava convencido de que Deus o chamava para ser missionário. Seu coração transbordava de gratidão pelo dom da fé cristã e ansiava por compartilhar com outros esse precioso dom, essa pérola preciosa, a infinita riqueza do conhecimento de Jesus Cristo. E foi esse zelo constante pela evangelização que marcou cada momento de sua longa vida.

Após a sua chegada ao Lesoto, juntamente com o Bispo Allard e o Irmão Bernard, ele imediatamente começou a trabalhar para aprender a língua e os costumes do povo Basotho. Ele tentou entender seu modo de pensar, sua sensibilidade, suas esperanças e seus desejos. Ele estava ansioso para entender suas próprias almas, para que pudessem escolher os melhores métodos para pregar-lhes a boa nova da salvação.

O padre Gerard e seus confrades iniciaram seu trabalho evangélico na missão chamada Roma. Eles se dedicaram inteiramente e com um espírito de sacrifício à sua tarefa, confiando totalmente na graça do Espírito Santo. E o Espírito de Deus não demorou a dar frutos. Apenas alguns anos depois, em 1866, uma segunda missão foi estabelecida em Korokoro. Em 1868, uma terceira missão também foi estabelecida, dedicada a São Miguel.

Obedecendo a seu superior, o padre Gerard foi para a parte norte do país em 1876, onde fundou a missão de Santa Mônica. Nos vinte anos seguintes, ele trabalhou incansavelmente, montando um convento e uma escola, construindo outras missões nas redondezas. Em todos os seus esforços e projetos, ele depositou toda a sua esperança em Deus, lembrando-se das palavras que pronunciou durante sua ordenação sacerdotal, a saber, que Deus, que iniciara o bom trabalho nele, a completaria.

Onde quer que o beato Gerard fosse, ele viveu sua vocação missionária com excepcional fervor apostólico. Seu amor por Deus, que sempre ardia em seu coração, manifestou-se em amor concreto pelos outros. Ele é lembrado acima de tudo por sua preocupação particular com os doentes e os sofredores. Através de visitas frequentes e maneiras amáveis, sempre parecia trazer nova coragem e esperança. Para aqueles que estavam perto da morte, ele encontrou as palavras certas para prepará-los para encontrar Deus face a face, pacificamente.

O segredo de sua santidade e a chave para sua alegria e fervor veio do simples fato de que ele sempre viveu na presença de Deus, e toda a vida do Beato José foi centrada no amor à Santíssima Trindade. As pessoas queriam estar perto do padre Gerard porque ele sempre parecia próximo de Deus, cheio de espírito de oração, alimentado diariamente pela Liturgia das Horas e por frequentes visitas ao Santíssimo Sacramento. Ele tinha uma fervorosa devoção à Mãe de Deus e aos santos. Durante suas longas e difíceis jornadas às missões distantes ou às casas dos doentes, ele conversava continuamente com seu amado Senhor. É, sem dúvida, esta sensação muito viva de estar sempre em comunhão com Deus, que explica a sua fidelidade aos votos religiosos de castidade, pobreza e obediência e aos seus deveres como sacerdote.

Deus abençoou o padre Gerard com uma longa vida de serviço apostólico. Ele concedeu-lhe a graça de ver mais de meio século de evangelização no Lesoto. Pai Gerard está, certamente, regozijando-se hoje na vitalidade da Igreja neste país que era para ele tão querido: seus bispos são nativos do lugar, há um número crescente de vocações ao sacerdócio e à vida religiosa, os leigos ativos são mais de 600.000 pessoas, incluindo 140.000 que atualmente estudam em escolas católicas. Mas com o seu espírito missionário, ele não nos encorajaria hoje a levar adiante com renovado entusiasmo a tarefa complexa de proclamar o Evangelho de Cristo?

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 15 de setembro de 1988
   
O beato José Gerard nasceu em 12 de março de 1831 na França, primeiro dos cinco filhos de Giovanni Gérard e Orsola Stoffler, camponeses. A pobreza da família o condicionou às dificuldades da terra e da vida, recebendo ao mesmo tempo uma sólida educação cristã.
Quando menino, frequentou a escola elementar de seu país, depois dirigido pelas Irmãs da Doutrina Cristã; ao mesmo tempo, foi assíduo nas atividades da paróquia, onde o pároco Cayens, um ex-missionário na Argélia, preparou-o para a Primeira Comunhão, muitas vezes falando sobre suas experiências missionárias no norte da África. 

José Gerard fez sua Primeira Comunhão em 2 de fevereiro de 1842, aos 13 anos, de acordo com os costumes da época, e este foi o início de uma jornada espiritual que envolveu toda a sua vida. 

O pároco, profundo conhecedor de almas, sentiu em José uma predisposição natural à vocação sacerdotal e começou a ensinar-lhe as primeiras noções de latim e outros temas escolásticos; depois, graças à ajuda de um benfeitor generoso, ele pôde entrar no Seminário Menor, onde estudou por cinco anos. 

Em outubro de 1849 mudou-se para o Seminário Maior de Nancy, onde continuou seus estudos em teologia e filosofia, comprometendo-se com seriedade; mas já em 1847, quando era estudante da terceira escola secundária, o jovem seminarista conhecera os Padres da Congregação dos Oblatos de Maria Imaculada, que durante sua visita ao Seminário Menor de Pont-à-Mousson, disseram aos jovens estudantes suas experiências missionárias entre os índios americanos e do Canadá, isso provocou o entusiasmo de José Gerard, tanto que no verão de 1851, aos 20 anos, ele deixou o Seminário diocesano para se tornar Oblato de Maria Imaculada.

Em 9 de maio de 1851, depois de cumprimentar sua família em sua cidade natal, José Gerard ingressou no Noviciado dos Oblatos em Notre-Dame de l'Osier, perto de Grenoble; sua modéstia, piedade extraordinária, mortificação voluntária, associada à bondade e alegria e ao espírito de oração intensa, atraíram a atenção de seus professores e companheiros, particularmente do mestre noviço, que disse sobre ele: "É impressionante como a graça leva este jovem; basta vê-lo na igreja sentir-se trazido a Deus". 

Depois de ter feito a profissão perpétua, em 10 de maio de 1852, no final de seu noviciado, foi enviado ao Seminário Maior de Marselha para continuar o estudo da teologia.
Mas a jovem Congregação necessitava urgentemente de enviar missionários para o apostolado no sul da África, que havia sido confiada pela Igreja ao Instituto dos Oblatos; portanto, o enviou em 3 de abril de 1853, como diácono, na missão de Natal na África do Sul; ele partiu em maio de 1853 junto com o padre Barret e o irmão Bernard, deixando a França aos 22 anos, sem voltar. 

A viagem foi aventureira, o navio, deixou o Mediterrâneo através do Estreito de Gibraltar, em vez de costear a África, foi impulsionado pelos ventos contrários para o outro lado do Atlântico, para o Rio de Janeiro no Brasil; daqui em outro navio, os três missionários foram levados para as Ilhas Maurício, onde o oblato Gerard teve a oportunidade de se encontrar com o Beato James Desiderio Laval (1803-1864), missionário ativo na ilha, cujo exemplo e zelo influenciarão grandemente sua futura atividade missionária. 

Após vários meses de permanência em Maurício, os missionários saíram novamente e em 21 de janeiro de 1854 desembarcaram em Port Natal (Durban), no Oceano Índico.
Natal, a partir de 1845, uniu-se à colônia inglesa do cabo; e de 1839 a 1843, os bôeres, que o haviam povoado depois dos ingleses, haviam estabelecido a República de Natal. 

Aqui, o primeiro Vigário Apostólico, Mons. Francesco Allard, dos Oblatos de Maria Imaculada, logo apreciou as qualidades do diácono Gerard e, depois de um retiro de preparação, foi ordenado sacerdote em 19 de fevereiro de 1954 em Pietermaritzburg, a capital.
Depois de alguns preparativos para aprender inglês e zulu, o padre Gerard e o padre Barrett foram comissionados em fevereiro de 1855 para fundar a missão São Miguel, 50 km ao sul da capital, entre as tribos Zulu.
Mas o trabalho missionário não teve sucesso, então após sete anos, em 4 de setembro de 1860, o fundador Eugene De Mazenod, de Marselha, ordenou deixar essas tribos e penetrar no continente africano; embora descontente e desapontado, Mons. Allard obedeceu e retirou os missionários. 

Tendo ouvido falar do rei Moshoeshoe e seu povo, Mons. Allard decidiu ir visitá-lo nas montanhas, no território dos Basto, unindo-se a ele com o padre Gerard em 17 de fevereiro de 1862. Ele pediu permissão ao rei para se estabelecer em seu país, Moshoeshoe garantiu, escolhendo o lugar ele mesmo.
A primeira missão católica foi chamada de "Aldeia da Mãe de Jesus", um nome que depois será mudado para "Roma", porque os protestantes locais se referiam a eles com uma expressão que dizia "em Roma". 

Toda a obra missionária do padre José Gerard, entre o povo Basotho, baseava-se essencialmente no amor por eles, antes mesmo da evangelização; com paciência, amando os doentes e os idosos, conquistou estima e confiança. 

Quando os bôeres invadiram o reino tribal, colocando o rei Moshoeshoe em dificuldades, o padre Gerard, sem prestar atenção ao perigo, resgatou os feridos dos confrontos, cruzando as linhas inimigas sem danos; depois de anos de dedicação completa ao Basotho, ele agora também era considerado um verdadeiro Basotho. 

Em Basutoland, o padre Gérard logo abriu uma primeira capela, ensinando catecismo, com seu método simples, mas adequado ao espírito daqueles que o ouviam; depois deles vieram como ajuda da França, as Irmãs da Sagrada Família. 

Depois de 22 anos em Basutoland, o padre Gerard deixou a missão de "Roma", para ir fundar outro no norte do país, e no dia 15 de agosto de 1876 pôde inaugurá-lo abaixo do nome "Santa Monica".
Ali ele passou vinte anos de trabalho missionário duro, que infelizmente não deu frutos por muitos anos, provocando um desânimo no Padre Gerard, acreditando que ele não era mais capaz de alcançar os corações dos pagãos; mas no final as conversões chegaram numerosas e muitas alegrias espirituais aconteceram na dor interior. 

Em 1897, ele retornou à sua primeira missão a 'Roma', continuando a se mover nas várias áreas, com seu fiel cavalo 'Artaba'; verdadeiro pioneiro do apostolado católico no sul da África, que agora se tornou seu segundo lar, onde ele passou três quartos de sua vida. 

Em 1902, ele pôde celebrar o jubileu de ouro de sua profissão religiosa; no final de sua vida, sua visão enfraqueceu e sua artrite curvou-lhe todo; dois meses antes de seu fim, ele teve a alegria de batizar e dar a primeira comunhão ao rei Griffith Lerotholi, sucessor do rei Moshoeshoe, fundador da nação; um mês antes de sua morte em 29 de maio de 1914 em "Lesotho" em Roma (atual nome de Basotholand, assumido após a independência em 1966), o padre Gerard, de 83 anos, ainda estava andando nas montanhas para visitar a cidade e seus cristãos. 


29 de maio - “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. Mc 10,28


No trecho evangélico de hoje, Pedro garante a Jesus: “Nós deixamos tudo e seguimos-te”. Como quem diz: E a nós, o quê? Qual será o nosso salário? Deixamos tudo. Em poucas palavras, os ricos que nada deixaram — o jovem que não queria deixar as suas riquezas — não entrarão no reino de Deus, mas nós? Qual será o nosso ganho?

A questão é que os discípulos entendiam Jesus pela metade, porque o conhecimento pleno de Jesus aconteceu quando o Espírito Santo desceu. E de fato Jesus responde-lhes: “Em verdade vos digo: quem tiver deixado a casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por minha causa e por causa da boa nova receberá cem vezes mais agora, no tempo presente em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, juntamente com perseguições”. Praticamente Jesus responde indicando outra direção e não promete as mesmas riquezas que tinha o jovem. Precisamente este ter muitos irmãos, irmãs, mães, pais, bens é a herança do reino, mas com a perseguição, com a cruz. E isto muda.

Eis porque, quando um cristão é apegado aos bens, faz a má figura de quem quer duas coisas: o céu e a terra. E o termo de comparação é exatamente o que diz Jesus: a cruz, as perseguições, negar-se a si mesmo, sofrer a cruz todos os dias.

Por sua vez os discípulos sentiam esta tentação: seguir Jesus mas depois qual será o fim deste bom negócio? E, pensemos na mãe de Tiago e João quando pediu um lugar para os seus filhos: Ah, que este seja primeiro-ministro, e este ministro da economia. Era o interesse mundano no seguir Jesus: mas depois o coração desses discípulos foi-se purificando até ao Pentecostes, quando entenderam tudo.

A gratuidade no seguir Jesus é a resposta à gratuidade do amor e da salvação que nos dá Jesus. Quando se quer seguir Jesus e o mundo, quer com a pobreza quer com a riqueza, verifica-se um cristianismo a metade, que deseja um ganho material: é o espírito da mundanidade. 

Seguir Jesus sob o ponto de vista humano não é um bom negócio: é servir. De resto foi exatamente o que fez ele: e se o Senhor te der a possibilidade de ser o primeiro, tu deves comportar-te como o último, isto é no serviço. Se o Senhor te der a possibilidade de possuir bens, deves comportar-te no serviço, isto é, para os outros.

São três os aspectos, os degraus que nos afastam de Jesus: as riquezas, a vaidade e o orgulho. Por isto as riquezas são tão perigosas: levam-te a ser vaidoso e a pensar que és importante; mas quando te consideras importante, crias a cauda de pavão e perdes-te.

Esta obra de catequizar os discípulos levou tanto tempo porque não entendiam bem o que Jesus dizia. Assim hoje, também nós devemos pedir-lhe: que nos ensine este caminho, esta ciência do serviço, a ciência da humildade, a ciência de ser os últimos para servir os irmãos e as irmãs da Igreja.

É desagradável ver um cristão: leigo, consagrado, sacerdote ou bispo, que quer as duas coisas: seguir Jesus e os bens, seguir Jesus e a mundanidade. É um contratestemunho e afasta as pessoas de Jesus. Vamos pensar de novo na pergunta de Pedro: “Nós deixamos tudo: como nos pagarás?” E ter presente a resposta de Jesus porque o preço que ele nos dá é ser semelhante a ele: este será o “salário”. E assemelhar a Jesus, é um grande salário.

Papa Francisco - 26 de maio de 2015

Hoje celebramos:

segunda-feira, 28 de maio de 2018

28 de maio - Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus! Mc 10,23


A liturgia narra a passagem sobre o jovem rico, um episódio que se poderia intitular: O percurso que vai da alegria e da esperança para a tristeza e o fechamento de si mesmo.

De fato, aquele jovem queria seguir Jesus, viu-o e correu ao seu encontro, entusiasmado, perguntando-lhe: “Que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?” E, depois do convite a seguir os mandamentos, o Senhor exorta-o: “Vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu”. E o jovem, “ficou abatido e foi embora entristecido. Com efeito, possuía muitos bens”.

Passou do entusiasmo para a tristeza: Queria seguir Jesus e foi-se embora por outro caminho. O motivo? Estava apegado aos seus bens. Tinha muitos bens. E na balança venceram os bens.

Jesus disse aos seus discípulos com convicção: “Como é difícil para quem possui riquezas entrar no reino de Deus”. De fato, há um mistério na posse das riquezas. Elas têm a capacidade de seduzir, de nos levar a uma sedução e de nos fazer crer que estamos num paraíso terrestre. Em relação a isso, recordo nos anos setenta quando vi pela primeira vez um bairro fechado, de pessoas ricas; era fechado para se defender dos ladrões, para estarem seguros. Havia também pessoas boas, mas estavam fechadas naquela espécie de paraíso terrestre. Isto acontece, quando há um fechamento para defender os bens: perde-se o horizonte. É triste uma vida sem horizontes.

É preciso considerar, que as coisas fechadas se arruínam, entram em corrupção. O apego às riquezas é o início de todos os tipos de corrupção, em toda a parte: corrupção pessoal, nos negócios, até na pequena corrupção comercial como aquela, de quantos subtraem um grama no peso justo de uma mercadoria, corrupção política, corrupção na educação... Quantos vivem apegados ao próprio poder, às próprias riquezas, acreditam que estão no paraíso. Estão fechados, não têm horizontes nem esperança. No final terão que deixar tudo.

Lembremos da parábola na qual Jesus fala do homem que com roupas elegantes todos os dias oferecia lautos banquetes. Ele era tão fechado em si mesmo que não via além do seu nariz: não via que à porta da sua casa havia um homem que tinha fome e estava doente, cheio de chagas. O mesmo acontece a nós: o apego às riquezas faz-nos acreditar que tudo está bem, que existe um paraíso terrestre, mas tira-nos a esperança e os horizontes. E viver sem horizontes é estéril, viver sem esperança é triste.

Mas, estamos a criticar o apego e não a boa administração das riquezas. Com efeito, as riquezas existem para o bem comum, de todos, e se o Senhor as concede a alguém é para o bem de todos, não para si mesmo, não para que as encerre no seu coração, que depois com isto se torna corrupto e triste. Jesus usa uma expressão forte: Como é difícil para quem possui riquezas entrar no reino de Deus. As riquezas, são como a serpente no paraíso terrestre, encantam, enganam, fazem-nos acreditar que somos poderosos, como Deus. E no final tiram-nos o melhor, a esperança, e colocam-nos no desprezível, na corrupção. Por isso Jesus afirma: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino do céu”.

Disto deriva um conselho válido para cada um: quem possui riquezas deve fazer referência à primeira bem-aventurança: “Felizes os pobres de espírito”, isto é, despojar-se deste apego e fazer com que as riquezas que o Senhor lhe concedeu sejam para o bem comum. 
A única maneira de agir é abrir a mão, abrir o coração, abrir os horizontes. Se, ao contrário, manténs a mão fechada, o coração fechado como o homem que oferecia banquetes e vestia roupas luxuosas, não tens horizontes, não vês os outros que têm necessidade e acabarás como aquele homem: distante de Deus. O mesmo aconteceu ao jovem rico: tinha o caminho para a felicidade, procurava-a e... perdeu tudo. Por causa do seu apego às riquezas acabou como um derrotado.

Portanto, devemos pedir a Jesus a graça de não permanecer apegados às riquezas para não correr o perigo do fechamento do coração, da corrupção e da esterilidade.

Papa Francisco – 25 de maio de 2015

Hoje celebramos:


28 de maio - Beata Maria Serafina do Sagrado Coração


Clotilde Micheli nasceu em Imer (Trento) no dia 11 de setembro de 1849. Seus pais eram profundamente católicos. Com 03 anos, como era uso então, recebeu o Sacramento da Crisma e aos 10 anos recebeu a Primeira Comunhão.

No dia 2 de agosto de 1867, com 18 anos, quando estava em oração na igreja de Imer, Nossa Senhora manifestou-lhe que era a vontade de Deus que fosse fundado um instituto religioso com a finalidade específica de adorar a Santíssima Trindade, com especial devoção a Nossa Senhora dos Anjos, estes, modelos de oração e de serviço.

Seguindo os conselhos de uma senhora sábia e prudente, Constança Piazza, Clotilde dirigiu-se para Veneza para se aconselhar com Monsenhor Domenico Agostini, futuro patriarca daquela cidade, que a aconselhou a iniciar a obra desejada por Deus, começando por redigir a Regra do Instituto. Mas temendo não conseguir levar adiante o projeto, Clotilde retornou a Imer.

Em 1867, se transferiu para Pádua, onde permaneceu por nove anos, sendo dirigida por Monsenhor Ângelo Piacentini, professor do Seminário local, buscando compreender melhor a mensagem recebida.

Com a morte de Monsenhor Piacentini, em 1876, Clotilde mudou-se para Castellavazzo, onde o arcipreste Jerônimo Barpi, conhecedor das intenções da jovem, colocou à sua disposição um velho convento para a nova fundação.

Em 1878, para fugir de um casamento combinado, Clotilde vai para a Alemanha para onde seus pais tinham ido para trabalhar. Ali permaneceu por sete anos, de 1878 a 1885, trabalhando como enfermeira no Hospital das Irmãs Elisabetanas e tornando-se notável por sua caridade e delicadeza com os enfermos.

Depois da morte da mãe em 1882 e do pai em 1885, decidiu deixar a Alemanha e voltar para Imer, sua terra natal.

Dois anos depois, aos 38 anos, Clotilde e sua prima Judite, iniciam a pé uma peregrinação a Roma, fazendo visitas a vários santuários marianos com devoção e espírito de penitência, sempre em busca da vontade de Deus acerca da fundação idealizada.

Em agosto chegaram a Roma e se hospedaram nas Irmãs de Caridade Filhas da Imaculada, fundação de Maria Fabiano. A fundadora, conhecendo Clotilde mais profundamente, convenceu-a a tomar o hábito de sua fundação nascente, prometendo deixá-la livre se o seu plano juvenil se concretizasse.

Clotilde adotou o nome de Irmã Anunciada e permaneceu naquela fundação até o início de 1891, ocupando inclusive o cargo de superiora de 1888 a 1891 no convento de Sgurgola de Anagni.

Em 1891, Clotilde vai para Caserta, atendendo ao convite do Pe. Francisco Fusco de Trani, franciscano conventual, que queria propor a ela a realização de uma fundação idealizada pelo bispo Monsenhor Scotti, mas ela constatou que o projeto do prelado não concordava com o que lhe parecia ser a vontade de Deus.

Depois de permanecer em Caserta como hóspede de uma família que a sustentava, Clotilde mudou-se para Casolla, com duas jovens que a ela tinham se unido. Alguns meses depois, o bispo de Caserta, Monsenhor de Rossi, príncipe de Castelpetroso, autorizou a vestição religiosa do primeiro grupo de cinco irmãs.
No dia 28 de junho de 1891, com a presença do Pe. Fusco, a nova instituição adotou o nome de Irmãs dos Anjos, Adoradoras da Santíssima Trindade. Clotilde Micheli, a fundadora, tinha 42 anos; ela adotou então o nome de Irmã Maria Serafina do Sagrado Coração.

Um primeiro núcleo de irmãs foi enviado para dirigir um orfanato em Santa Maria Capua Vetere (Caserta), o qual se tornou a primeira Casa do Instituto, seguido de outras obras voltadas ao serviço da infância e da juventude abandonada.

A partir do fim de 1895, iniciou-se para Madre Serafina um período de sofrimentos físicos. Após uma cirurgia muito delicada, solicitada pelo próprio bispo de Caserta, sua debilidade era visível. Neste tempo, depois de vários problemas, foi aberta a Casa de Faicchio (Benevento), em junho de 1899. Esta casa se tornará o Instituto de formação da Congregação.

Madre Serafina empenhava-se em realizar outras obras, mas a fragilidade da saúde a constrange a não mais sair de Faicchio.

Como quase todas as fundadoras de Congregações religiosas, ela também teve muito que sofrer moralmente pela incompreensão até no interior de seu Instituto, e no dia 24 de março de 1911, consumida pelos sofrimentos físicos, faleceu na Casa de Faicchio, onde foi sepultada.

As Irmãs dos Anjos introduziram a causa de sua beatificação na Santa Sé em 9 de julho de 1990. A mensagem da Virgem no longínquo ano de 1867 a acompanhou por toda a vida e se difundiu na sua Congregação como um dom do Espírito Santo: “Como os Anjos adorem a Trindade e sereis na terra como eles são nos céus”.
Madre Serafina foi beatificada em 28 de maio de 2011.


domingo, 27 de maio de 2018

27 de maio - Santo Atanásio Bazzekuketta


Atanasio Bazzekuketta faz parte do grupo - venerado com Carlos Lwanga e seus companheiros - de 22 mártires ugandenses. Estes foram mortos em várias etapas durante o reinado do rei Muangaque executou uma perseguição que custou a vida, em pouco mais de um ano, de novembro de 1885 a fevereiro de 1887, para cem cristãos. 

Muanga e seu predecessor, o rei Mutesa, haviam recebido o anúncio do Evangelho pelos missionários dos Padres Brancos. Mas o herdeiro subiu ao trono, e tragicamente mudou de opinião. 

Atanásio era o guardião do tesouro real e foi morto em 27 de maio de 1886 com apenas 20 anos de idade. Ele ofereceu-se aos executores que durante uma marcha de transferência dos cristãos presos mataram um em cada encruzilhada, a fim de incitar o terror para os outros. Os mártires ugandenses foram beatificados em 1920 por Bento XV e canonizados em 1964 por Paulo VI, que em 1969 consagrou o santuário dedicado a eles na cidade ugandense de Namugongo. 

Bazzekuketta pertencia ao clã Nkima e era filho de um importante funcionário da corte.
Em 1881, durante a visita a uma das suas irmãs, Namuddu, Bazzekuketta adoece gravemente. Vendo-o em perigo de vida o seu amigo Sembuga, catecúmeno, fala-lhe de Deus e de Cristo e batiza-o com o seu consentimento. Bazzekuketta curou-se da doença.    
Já restabelecido da saúde foi apresentado a Mutesa de quem se tornou pajem assumindo um cargo de responsabilidade na corte: a guarda do tesouro real e a decoração do palácio.
Era de temperamento calmo e tranquilo e desempenhava com competência as suas funções.
Foi assíduo na aprendizagem do catecismo e em 1885 recebeu o batismo tomando o nome de Atanásio.
Tendo sido condenado a ser queimado vivo em Namugongo, cortaram-lhe a cabeça e os membros a caminho do fatídico local.

Santo Atanásio Bazzekuketta é patrono dos ecônomos e das cooperativas sociais.

27 de maio - Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Mt 28,19


Hoje celebramos a festa da Santíssima Trindade, que nos recorda o mistério do único Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.

A Trindade é comunhão de Pessoas divinas que existem uma para a outra, uma com a outra, uma pela outra, uma na outra: esta comunhão é a vida de Deus, o mistério de amor do Deus vivo. E foi Jesus quem nos revelou este mistério. Ele falou-nos de Deus como Pai; falou-nos sobre o Espírito; e falou-nos de Si mesmo como Filho de Deus. De tal modo nos revelou este mistério. E quando, ressuscitado, enviou os discípulos para evangelizar os povos, disse-lhes que os batizassem “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19). Cristo confia este mandamento em todas as épocas à Igreja, que dos Apóstolos herdou o mandato missionário. E dirige-o também a cada um de nós que, em virtude do Batismo, fazemos parte da sua Comunidade.

Por conseguinte, a solenidade litúrgica de hoje, enquanto nos faz contemplar o mistério maravilhoso do qual nós derivamos e rumo ao qual caminhamos, renova-nos a missão de viver a comunhão com Deus e de viver a comunhão entre nós segundo o modelo da Comunhão divina.

Somos chamados a viver não uns sem os outros, sobre os outros ou contra os outros, mas uns com os outros, pelos outros e nos outros. Isto significa acolher e testemunhar de modo concorde a beleza do Evangelho; viver o amor recíproco e por todos, partilhando alegrias e sofrimentos, aprendendo a pedir e a conceder o perdão, valorizando os vários carismas sob a guia dos Pastores. Em síntese, foi-nos confiada a tarefa de edificar comunidades eclesiais que sejam cada vez mais família, capazes de refletir o esplendor da Trindade e de evangelizar não apenas com as palavras, mas com a força do amor de Deus que vive em nós.

Como eu dizia, a Trindade é também o fim último para o qual está orientada a nossa peregrinação terrena. Com efeito, o caminho da vida cristã é uma senda essencialmente «trinitária»: o Espírito Santo guia-nos para o pleno conhecimento dos ensinamentos de Cristo, recordando-nos também o que Jesus nos ensinou; e Jesus, por sua vez, veio ao mundo para nos levar ao conhecimento do Pai, a fim de nos orientar para Ele e de nos reconciliar com Ele. Na vida cristã, tudo gira em volta do mistério trinitário e tudo se realiza em referência a este mistério infinito. Por conseguinte, procuremos manter sempre alto o tom da nossa vida, recordando-nos para que finalidadepara que glória existimos, trabalhamos, lutamos, sofremos; e a que imensa recompensa somos chamados! Este mistério abrange a nossa vida inteira e todo o nosso ser cristão. Recordamo-lo, por exemplo, cada vez que fazemos o sinal da cruz: em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. E agora convido-vos a fazer todos juntos o sinal da cruz, dizendo em voz alta: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!”

Papa Francisco – 31 de maio de 2015

Hoje celebramos:

sábado, 26 de maio de 2018

26 de maio - Santa Mariana de Jesus de Paredes


A história de Mariana de Jesus de Paredes é muito breve. Descendente de uma família nobre de origem espanhola, em cuja árvore genealógica as famílias Andaluzia e Castela se misturam, nasceu em Quito- Equador - em 1618. Há desde o primeiro momento em sua alma toda a suavidade desse clima, toda a clareza daquele céu e toda a graça, de suas palmeiras e suas flores. Prodigiosa da piedade, pela maturidade precoce de seu espírito, com cerca de dez anos faz os votos de pobreza, castidade e obediência; podemos ver que o corte foi arrancado do tronco ibérico e a terra do Novo Mundo foi generosa. O exemplo dos missionários arrebata-a, inflama a alma e preenche-a com desejos muito elevados, que se expressam em orações fervorosas, em contemplações extraordinárias e outros dons místicos, combinados com tais austeridades que sua mera enumeração causaria profundo estupor.

Vítima do amor em primeiro lugar, termina seus dias como um holocausto de caridade em 1645, oferecendo sua vida por seu povo. E quando a terra parou de tremer e a praga se dissolveu no ar, ela exalou o último suspiro entre delícias inefáveis, mas sempre coberta de ásperos cilícios. Ela tinha apenas vinte e seis anos de idade.

Não morava num claustro, porque a Providência a queria no meio do mundo; mas aspirava à perfeição, como a religiosa mais observadora podia fazer. Ela não era uma figura histórica; mas hoje é a honra de uma nação ilustre, que aclama sua "heroína nacional". Ela não dedicava exclusivamente suas horas à caridade; mas finalmente ela deu sua vida por seus irmãos. Ela amou a Igreja como a defensora mais zelosa de seus direitos e a honrou com suas virtudes. Finalmente, ela não foi imolada pelo furor dos outros, mas sabia como se mortificar com a própria mão.

Aprendemos nesta Santa o imenso poder da virtude cristã, capaz de amadurecer um espírito, com mais vigor que o sol de Quito faz amadurecer os frutos da terra equatoriana. Ensina ao mundo as energias que estão escondidas na oração e no sacrifício. Ensina os epicuristas, desde que o objetivo dos espíritos esteja no fim do caminho oculto, no qual o amor busca a dor para superar os apegos materiais. A jovem moderna e mundana aprende o que em seu ambiente pode fazer uma alma apaixonada por Senhor. E quantos hoje vivem na plena luz da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, admiram os vislumbres desta inocente vítima, que no alvorecer do século XVII soube fazer da reparação o centro de sua espiritualidade.

Mariana de Jesus de Paredes é um exemplo para todos, mas de uma maneira especial para você, amados filhos equatorianos. Muitas vezes as alternativas contingentes da política cotidiana podem imprimir tais oscilações nos critérios diretivos, que passam a ver em perigo valores fundamentais como a educação cristã. Não permita, mas exija às gerações futuras uma formação emoldurada pelas virtudes que tornaram o santo grande; propor aos seus filhos o modelo perfeito da sua "heroína nacional", Santa Mariana de Jesus de Paredes.
Para ela, amados filhos, nós os confiamos, enquanto, com verdadeira efusão de nosso afeto paternal, nós os abençoamos, implorando-lhe que também nos leve. Bênção para sua terra natal e a suas casas, como penhor do amor do Vigário de Cristo.

Papa Pio XII – Alocução após a canonização - 10 de julho de 1950

Mariana de Jesus de Paredes e Flores é a primeira santa do Equador e foi proclamada heroína nacional. Nasceu em Quito a 31 de outubro de 1618, oitava e última dos filhos do capitão espanhol Jerônimo Flores de Paredes e de Mariana Granobles Jaramillo, nascida em Quito. Cedo órfã de pai aos quatro anos e de mãe aos seis, foi educada por sua irmã maior, Jerônima, casada com o capitão Cosme de Casa Miranda.

Inclinada desde sua infância aos exercícios de piedade e de mortificação, fez a primeira comunhão aos sete anos, e fez o voto de virgindade tomando o nome de Mariana de Jesus. Fez os exercícios espirituais, e como Santa Teresa, quis fugir de sua casa com uma prima para ir a evangelizar os Índios Mainas.

Esta iniciativa não teve êxito como tampouco a de retirar-se a uma capela aos pés do vulcão Pichincha, para implorar a Virgem a proteção contra os perigos do vulcão. Sua família não a autorizou para entrar entre as irmãs Franciscanas; então ela decidiu ingressar na Terceira Ordem de São Francisco e se retirou para uma alcova de sua própria casa, se vestiu com um hábito marrom e começou uma vida de completo recolhimento, de largas orações e de duras penitências.
Estas austeridades não mudaram seu caráter alegre: tocava o violão, consolava aos tristes, reconciliava a negros e índios e fazia até milagres.

Mas sua saúde se ressentiu com as penitências as quais se ajuntaram dolorosas sangrias da parte dos médicos. Com os terremotos e as epidemias que tiveram lugar em Quito em 1645, Marianita, como a chamavam seus contemporâneos, ofereceu sua vida por seus concidadãos. Em sua reclusão foi atacada por febre altíssima e fortes dores. Ao mesmo tempo que progredia a enfermidade da Santa, ia diminuindo a peste na cidade e o terremoto havia cessado no momento de seu heroico oferecimento. Nos últimos três dias perdeu a voz e só no último dia aceitou que a colocassem num leito.

Fazia tempo que havia expressado a seus familiares o desejo de que depois de morta a vestissem com o hábito franciscano que sempre teve em sua cela, enquanto por muitos anos levava o escapulário e o cordão da Terceira Ordem Franciscana, recebidos dos Frades Menores, por conselho de seu confessor.

Predisse o dia e hora de sua morte, que teve lugar às 22 horas do dia 26 de maio de 1645. Tinha 26 anos, 6 meses e 26 dias de idade. Sua morte foi chorada por toda a cidade. Nos lábios de todos estava esta expressão: “Morreu a Santa”. Seus funerais foram um triunfo, uma explosão de agradecimento e de profunda veneração pela admirável concidadã, pela generosa vítima e sua salvadora.