segunda-feira, 31 de julho de 2017

31 de julho - Santo Inácio de Loyola

Tomai, Senhor, e recebei
Toda a minha liberdade, a minha memória também.
O meu entendimento e toda a minha vontade
Tudo o que tenho e possuo, vós me destes com amor.

Todos os dons que me destes, com gratidão vos devolvo
Disponde deles, Senhor, segundo a vossa vontade.
Dai-me somente, o vosso amor, vossa graça
Isto me basta, nada mais quero pedir.

O fundador da Companhia de Jesus nasceu no Castelo de Loyola, em Azpeitia, região basca ao norte da Espanha, em 1491. Filho de família cristã da nobreza rural, caçula de 13 irmãos e irmãs foi batizado como Iñigo. Mais tarde, entretanto, mudaria seu nome, passando a assinar Inácio.

Em 1506, quando tinha aproximadamente 15 anos, Inácio colocou-se a serviço de Juan Velázquez de Cuéllar, ministro do Tesouro Real durante o reinado de Fernando de Aragão. Aos cuidados de seu protetor, recebeu esmerada formação, aprimorou sua cultura e tornou-se exímio cavaleiro, mostrando inclinação pelas aventuras militares. E, como descreveu em sua autobiografia, até os 26 anos de idade, “tinha sido um homem entregue às vaidades do mundo”. Essa história começou a mudar de rumo em 1517, quando Juan Velázquez caiu em desgraça e Inácio passou a servir ao duque de Nájera e vice-rei de Navarra, Antônio Manrique, participando de vários combates militares.

Em 20 de maio de 1521, ao tentar, sem sucesso, proteger Pamplona (capital de Navarra) dos invasores franceses, Inácio foi ferido por uma bala de canhão que, além de partir sua perna direita, deixou lesões na esquerda. O grave ferimento foi fundamental para a mudança radical que aconteceria em sua vida.

Durante o período de convalescência no Castelo de Loyola, como não havia livros de Cavalarias - seus preferidos - Inácio dedicou-se à leitura de Vida de Cristo, escrita por Ludolfo da Saxônia, e de uma coletânea Vida dos Santos. Foi após o contato com os livros religiosos que ele percebeu, com atenção e paciência, que as ambições mundanas lhe causavam alegrias efêmeras, meros prazeres, ao passo que a entrega a Jesus Cristo lhe enchia o coração de alegria duradoura. Essa consolação foi, para Inácio, um sinal de Deus.

Já recuperado e com o forte desejo de mudanças em sua vida, Inácio decidiu partir rumo a Jerusalém. Saindo de Loyola, seguiu em peregrinação para Montserrat. No caminho, doou suas roupas de fidalgo a um pobre, passando a usar trajes rústicos. A espada foi deixada no altar da Igreja de Nossa Senhora de Montserrat, após uma noite de oração.

Em Manresa, Inácio abrigou-se em uma cova. Vivendo como eremita e mendigo, passou pelas mais duras necessidades. Mas seu objetivo era maior: queria ter tranquilidade para fazer anotações em um caderno que, mais tarde, iriam se transformar no livro dos Exercícios Espirituais (EE), considerado até hoje um de seus mais importantes legados. Após essa experiência, Inácio seguiu em sua longa peregrinação até Jerusalém, onde permaneceu por um tempo. De volta à Europa, sofreu perseguições e incompreensões que lhe fizeram perceber a necessidade de estudar para melhor ajudar os outros.

A cidade escolhida para dedicar-se aos estudos de Filosofia e Teologia foi Paris (França), onde conseguiu agrupar colegas a quem passou a chamar de companheiros ou amigos no Senhor. Esse foi o primeiro esboço do que seria a Companhia de Jesus.

Em 15 de agosto de 1534, na capela de Montmartre, em Paris, Inácio e seis companheiros – Francisco Xavier, Pedro Fabro, Afonso Bobadilha, Diogo Laínez, Afonso Salmeirão e Simão Rodrigues – fizeram votos de dedicarem-se ao bem dos homens, imitando Cristo, peregrinar a Jerusalém e, caso não fosse possível, apresentar-se ao Papa, com o objetivo de colocarem-se à disposição do Pontífice. Um ano depois, os votos foram renovados por eles e mais três outros companheiros – Cláudio Jaio, João Codure, Pascásio Broet.

Por meio da bula Regimini militantis Ecclesiae, a Companhia de Jesus foi aprovada oficialmente pelo Papa Paulo III, em 27 de setembro de 1540. No ano seguinte, 1541, Inácio foi eleito o primeiro Superior Geral da Ordem, passando a viver em Roma (Itália). Dedicou-se à função preparando e enviando os jesuítas ao mundo todo, servindo à Igreja e escrevendo as Constituições da Companhia de Jesus. Em 31 de julho de 1556, muito debilitado, Inácio morre em Roma. Sua canonização aconteceu em 12 de março de 1622, pelo Papa Gregório XV.

31 de julho - Frases de Santo Inácio de Loyola


"Tudo para a maior glória de Deus!"

"Muito mais depressa nos cansamos em receber os dons de Deus do que ele em no-los dar."

"Preferiria eu dar mais importância a uma falta minha, do que a todo mal que de mim dissessem."

"Conselho ou aviso, sempre é melhor recebe-los com humildade do que dá-los sem ela."

"Devemos confiar tão incondicionalmente na graça de Deus como se os meios humanos nada pudessem fazer, mas aproveitar, ao mesmo tempo, todos os meios humanos com tal visão e força, como se o resultado só dele dependesse."

"Eu vos ofereço a minha liberdade, a minha inteligência, a minha memória, a minha vontade. Todo o meu ser. Peço somente que me deis o vosso amor com a vossa graça. Plenamente rico com isso, nada mais busco."

"Se tenho de desgostar a Deus em alguma coisa ou afrouxar em seu santo serviço, antes queira ele me tirar a vida."

"Não me atreveria a pernoitar numa casa, em que soubesse haver um homem culpado de pecado mortal; temeria que o telhado nos esmagasse sob seus escombros."

domingo, 30 de julho de 2017

Sermão de São Pedro Crisólogo - «Deus à procura de uma só ovelha para salvação de todas»

O fato de encontrarmos um objeto que tínhamos perdido enche-nos de uma alegria nova cada vez que ocorre. E esta alegria é maior do que a que experimentávamos, antes de o perder, quando aquele objeto estava bem guardado. Mas a parábola da ovelha perdida fala mais da ternura de Deus do que da maneira como os homens habitualmente se comportam. E ela exprime uma verdade profunda.

Abandonar o que tem importância por amor do que há de mais humilde é próprio do poder divino, não da cobiça humana. Porque Deus faz mesmo existir o que não é; parte à procura do que está perdido, guardando o que deixou ficar para trás, e encontra o que se tinha transviado sem perder o que está à sua guarda.

É por isso que este pastor não é da terra mas do céu. A parábola não é de forma alguma a representação de obras humanas, mas esconde mistérios divinos, como é demonstrado cabalmente pelos números que menciona: "Se um de vós, diz o Senhor, tiver cem ovelhas e perder uma..."

Como vedes, a perda de uma só ovelha magoou o pastor, tanto como se o rebanho inteiro, privado da sua proteção, se tivesse metido por um caminho errado. É por isso que, deixando as outras noventa e nove, ele parte à procura de uma só, não se ocupa senão de uma só, a fim de a encontrar e, nela, as salvar a todas.

Sermão 168, 4-6


sábado, 29 de julho de 2017

29 de julho - Santa Marta


Hoje recordamos a figura da Santa Marta de Betânia, irmã de Maria e Lázaro, padroeira do lar, das cozinheiras, donas de casa, faxineiras, casas de hóspedes, hoteleiros, lavadeiras e das irmãs de caridade.
Em três ocasiões ela é mencionada nos Evangelhos:

Famosa é a cena que aconteceu um dia em que Jesus chegou a Betânia com seus 12 apóstolos. Marta corria de lá para cá preparando os mantimentos, arrumando os quartos, levando refrescos para os sedentos viajantes. Jesus como sempre, aproveitando aqueles instantes de descanso, dedicou-se a dar sábias instruções a seus discípulos. Ele estava sentado e outros, muito atentos, sentados no chão escutavam. Ali, em meio de todos eles, sentada também no chão estava Maria, a irmã da Marta, extasiada, ouvindo tão formidáveis ensinos.

De repente Marta se detém um pouco em suas tarefas e aproximando-se de Jesus lhe diz com toda confiança: "Senhor, que lhe parece que minha irmã tenha me deixado só com todo o trabalho da casa? Por que não lhe diz que me ajude um pouco nesta tarefa?".

Jesus com um suave sorriso e tom bondoso lhe responde: “Marta, Marta, te preocupas e te agitas por muitas coisas; e há necessidade de poucas, ou melhor, de uma apenas. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada”.

Através desta cena, os Santos Padres encontraram nas duas irmãs um modelo de vida ativa (Marta) e da vida contemplativa (Maria).

A segunda cena é relativa à morte de Lázaro. O diálogo de Marta com Jesus nesta ocasião é um dos mais belos do Evangelho de João: 
Marta disse a Jesus: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido! Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá.
Disse-lhe Jesus: Teu irmão ressurgirá.
Respondeu-lhe Marta: Sei que há de ressurgir na ressurreição no último dia. 
Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?

Respondeu ela: Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo. 

A terceira cena acontece poucos dias depois da ressurreição de Lázaro, quando realizou-se na casa de Marta uma ceia solene. Marta servia a mesa, Lázaro era um dos convidados e Maria unge com óleo os pés de Jesus e depois os enxuga com seus cabelos.

Santa Marta é representada vestida de azul ou verde, com uma cruz, um avental e levando consigo um molho de chaves ou uma tocha. Ela está em atitude de serviço. Esta discípula de Jesus é geralmente invocada pelos fiéis para pedir sua intercessão ante as coisas urgentes e difíceis, pois foi através de suas súplicas que obteve de Jesus a graça de que seu irmão Lázaro voltasse à vida.
A Santa que sempre mostrou um grande afã de serviço, é também invocada para que ajude os fiéis a desempenharem seus deveres cristãos com diligência e responsabilidade.

Santa Marta e seus irmãos, Maria e Lázaro, eram vários dos seguidores de Jesus e a quem o Senhor tinha especial afeto e carinho. No lar da Marta, Maria e Lázaro, sempre havia um quarto preparado e bem arrumado para receber o Divino Mestre, qualquer dia e na hora em que chegasse.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

28 de julho - São Pedro Poveda Castroverde

“É mais confortável fazer as coisas do que ensinar a fazer, mas assim não se forma nem se ajuda.”

“O seu exemplo será a melhor matéria que aprenderão os seus alunos.”

“É incalculável bem que podemos fazer se estamos cheios de Deus, se vivemos na dependência dele, e se dedicamos a ele todo o nosso trabalho e toda a glória que dele se origina.”

Os novos santos apresentam-se hoje diante de nós como verdadeiros discípulos do Senhor e testemunhas da sua Ressurreição: São Pedro Poveda, ao compreender a importância da função social da educação, realizou uma importante tarefa humanitária e educativa entre os marginalizados e carentes de recursos. Foi mestre de oração, pedagogo da vida cristã e das relações entre a fé e a ciência, convencido de que os cristãos deviam contribuir com valores e compromissos substanciais para a edificação de um mundo mais justo e solidário. A sua existência culminou com o martírio.

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 04 de maio de 2006

Pedro Poveda Castroverde nasceu em Linares – Espanha – em 3 de Dezembro de 1874, onde recebeu o Batismo uma semana depois e a Confirmação em 5 de Abril de 1875. Era o mais velho de seis irmãos, frutos do matrimônio de José e María Linarejos. Seu pai era um químico.

Era ainda muito novo quando sentiu a atração pelo sacerdócio e, aos dez anos, manifestou o seu desejo de entrar no Seminário, mas só o conseguiu depois de terminar o segundo curso de Bacharelato e com a condição de ter, ao mesmo tempo, estudos civis e eclesiásticos. Em 1893 obteve o Bacharelato, mas nele ia crescendo, também, a caridade para com os pobres dos arredores da cidade e pelos numerosos emigrantes que trabalhavam nas minas da região.

Por dificuldades econômicas da família, aliadas à enfermidade do pai, transferiu-se para o Seminário de Guadix (Granada), onde lhe foi concedida uma bolsa de estudos pelo Bispo da Diocese. Ali terminou os seus estudos e em 17 de Abril de 1897, Sábado Santo, foi ordenado sacerdote na capela da Paço Episcopal.

Ocupou diversos cargos na Diocese, ao mesmo tempo em que continuava os seus estudos, tendo obtido a Licenciatura em Teologia no ano de 1900. Dedicou-se à pregação e a uma ação social em favor da população local, promovendo humana e cristãmente várias atividades que a libertassem do desemprego, fome, analfabetismo e solidão.
Foi ajudado pelas entidades públicas e particulares para construir as "Escolas do Sagrado Coração de Jesus", para pagar aos Professores, dar de comer a alguns alunos, criar cursos noturnos, oficinas para os adultos, numa grande tarefa humanitária, educativa e de formação profissional e cristã. Guadix reconheceu este trabalho, nomeando-o "Filho adotivo predileto" e, dando  o  seu  nome  a  uma rua da cidade.

Perante as dificuldades encontradas, transferiu-se para Madrid, sempre a pensar nos mais pobres e nas crianças da rua, mas também ali não pôde desenvolver a sua ação.
Nomeado Cônego da Basílica de Santa Maria de Covadonga, aí permaneceu durante sete anos. Preocupou-se com o atendimento dos peregrinos, escreveu livros sobre a vida cristã e a oração para orientar a vida espiritual dos mesmos e, aí, descobriu uma nova vocação, a que ia dar novo sentido à sua vida:  a importância da função social da educação e que os mestres estivessem bem preparados profissionalmente e fossem coerentes e responsáveis, solidários e cooperadores.

Transferiu-se para Jaén, onde foi professor do Seminário e de Escolas Normais. Aí conheceu a Serva de Deus Maria Josefa Segóvia, que foi sua principal colaboradora e, depois, primeira Diretora-Geral da Instituição Teresiana, Obra que se desenvolveu e, em 1914, fundou a primeira residência universitária feminina da Espanha. Era uma instituição laical complexa, com um núcleo plenamente comprometido na entrega a Jesus Cristo e em missão de colaboração com outras instituições e que colocou sob o patrocínio de Santa Teresa de Jesus.

Mestre de oração, pedagogo da vida cristã e das relações entre a fé e a ciência, Pedro Poveda soube oferecer a sua Instituição para a formação integral da mulher-estudante, convencido de que os cristãos podiam e deviam dar à sociedade do seu tempo pontos de vista, valores e compromissos para a construção de um mundo mais justo e solidário.

Nos anos difíceis da perseguição à Igreja na Espanha, tornou-se um grande defensor da não violência, dizendo que "a mansidão, a afabilidade e a doçura são as virtudes que conquistam o mundo". Apesar disso, foi preso depois de ter celebrado a Santa Missa em 27 de Julho de 1936, declarando aos que o procuravam:  "sou sacerdote de Jesus Cristo".

Horas depois, ao ser separado de seu irmão, que o havia acompanhado, disse: "Serenidade, Carlos, o Senhor que me quis fundador, também me quer como mártir". Na manhã seguinte, uma professora e uma jovem doutora da Instituição Teresiana encontram seu corpo junto à capela do cemitério de La Almudena, com sinais de bala. Sobre seu peito estava o escapulário da Virgem do Carmo. Morreu com 61 anos.

Foi beatificado por João Paulo II em Roma, a 10 de Outubro de 1993 e canonizado pelo mesmo Papa em Madrid, no dia 4 de Maio de 2003.


quinta-feira, 27 de julho de 2017

27 de julho - Beata Maria da Paixão


É não só através do amor fraterno, mas também mediante a Eucaristia, que entramos em contato com Cristo, tornando-nos seus ramos e permanecendo com Ele. E precisamente este, parece-me, é um traço característico da fisionomia espiritual da Beata Maria da Paixão. Ela entregou-se ao mundo, oferecendo-se com Cristo e por Cristo, como vítima de reparação dos pecadores, reconhecendo de resto na necessidade da santidade dos sacerdotes a possibilidade de um mundo novo.

A vida da Beata foi consumada, permanecendo em Cristo, vivo e realmente presente no Sacramento da Eucaristia. As suas longas adorações, de dia e de noite, significam a sua escolha sábia de permanecer sempre com Jesus. Ela compreendeu o segredo que exprime com estas suas palavras: "Quero ser santa, amando Cristo na Eucaristia, sofrendo com Cristo crucificado, contemplando Cristo na pessoa do irmão". Por isso, o seu carisma é a admiração contemplativa da Eucaristia, em que a Beata encontrava as forças para superar as dificuldades, a tal ponto que nos últimos dias da sua vida se alimentava exclusivamente da Eucaristia.

Podemos ver a mensagem da nova Beata nas suas últimas palavras, dirigidas às irmãs de hábito, uma mensagem sempre original e atual. Sei que a citam com frequência, quase como um lemaas suas irmãs de convento e as pessoas devotas da Beata Maria Tarallo, mas quero repeti-las uma vez mais: "Recomendo a santa observância das regras, a prontidão à obediência e de modo particular adoração quotidiana de Jesus Sacramentado. Amai fortemente Jesus na Santíssima Eucaristia, nunca O deixeis sozinho, não O encolerizeis... não lhe causeis desgostos.”

Este apelo da Irmã Maria da Paixão é dirigido não só às Religiosas Crucificadas Adoradoras da Eucaristia, mas também a todos nós, a fim de renovarmos o fervor eucarístico, que em última análise realiza concretamente o conselho evangélico: "Permanecei em mim, como Eu permaneço em vós".

Permanecer no seu amor... este verbo em grego significa inclusive "habitar", ter uma comum residência e experiência de vida. Como é alto o nível de vida a que o cristianismo nos eleva... muito diferente daquilo que pensam os que reduzem a nossa religião a um conjunto de regras de vida e fórmulas de doutrina. Aqui, trata-se de sermos inseridos numa reciprocidade com o próprio Deus. O seu amor faz-se recíproco do nosso. Deus, que é o Amante, afirma que se encontra dentro de nós; e nós, em Cristo, estamos dentro dele.

Agora cabe a nós aceitar o convite de Jesus, que Maria da Paixão realizou durante toda a sua vida.
Mas é importante recordar que não se trata de uma contemplação que tem a finalidade em si mesma. O texto cita cinco vezes a expressão "dar fruto". Assim como a segunda leitura nos exortava a amar a Deus com os atos e na verdade. Quem ama Deus verdadeiramente, ama também o próximo, e deseja que ele chegue ao conhecimento da verdade: como é que se pode amar uma pessoa e, ao mesmo tempo, permitir que ela permaneça no erro, que esteja em perigo a sua salvação e, portanto, a sua felicidade eterna?
Esta insistência recorda-nos que o amor nunca é estéril, mas fecundo, sempre! Queira a Beata Maria da Paixão ajudar-nos a crescer no compromisso de trabalhar e de viver pelo único bem que é digno de ser buscado: o advento do Reino de Cristo no mundo, um Reino de amor, de justiça, de reconciliação e de paz entre os homens e os povos.

Cardeal José Saraiva Martins – Homilia de Beatificação – 14 de maio de 2006

 
Nasceu em 23 de setembro, 1866 em Bar (Nápoles, Itália). Foi batizada no dia seguinte com o nome de Maria Grazia. Seus pais, Leopoldo e Concetta Tarallo Borriello tiveram seis filhos, dois dos quais morreram muito cedo. Duas das filhas também eram religiosas. Seus pais, que lhe deram uma sólida formação humana e cristã, ainda viviam quando ela morreu Maria da Paixão e colaboraram como testemunhas no processo canônico.


Sua mãe disse no processo: "Desde a infância sempre mostrou dócil e tranquila, como se estivesse distante. Era a primeira de minhas filhas, e com amor e compromisso muito além de sua idade, me ajudou com o trabalho doméstico e  se ocupava ensinando suas irmãs pequenas que o ela aprendia na escola."

Ela desejava receber a Eucaristia. Em sua autobiografia, ele escreve: "Quando eu ia à missa com a minha mãe, observando as pessoas que vieram para a mesa eucarística, começava a chorar, porque eu também queria receber a Sagrada Comunhão, mas não me deixavam."
Finalmente, ela poderia fazê-lo, aos sete anos, a segunda-feira da Semana Santa de 1873. Ela recebeu o sacramento da Confirmação aos 10 anos. Quando terminou a escola primária, Maria Grazia aprendeu e praticou como costureira.

Sua vida era totalmente voltada para a perfeição cristã e a vida consagrada na vida terciária franciscana, vivia os conselhos evangélicos.
Aos vinte e dois anos, quando ela pensou que pertencia completamente a Jesus, seu pai, que se opôs a essa vocação, tentou impor a aceitação do casamento. O jovem Raffaelle Aruto pediu a mão de Maria Grazia. Como seu pai era muito autoritário não ousou recusar, convencida de que, mesmo que o casamento ocorresse ele não se consumaria. Esta certeza foi dada a ela por nosso Senhor Jesus Cristo.

Assim, a 13 de abril de 1889 foi realizado o casamento civil, deixando para mais tarde o religioso, como era tradição na região. Mas naquela noite, no banquete para comemorar, Raffaelle me senti mal por um ataque de hemoptise e os médicos aconselharam-no a mover-se para Torre del Greco para respirar um ar mais seguro. Ele morreu nove meses após o casamento civil em 27 de janeiro de 1890.
O pai  de Maria Grazia queri lhe impor um segundo casamento, mas ela disse: "Pai, não quero desistir agora, e  tendo visto o que aconteceu não é está convencido de que eu deveria ser uma freira? ".

Finalmente seu pai deixou que seguisse seu caminho para entregar-se sem reservas a Deus na vida consagrada. Em primeiro de junho de 1891, juntamente com sua irmã Drusiana, entrou para o convento das Irmãs Adoradoras da Eucaristia Crucificado, fundada por Maria Pia Notari Deus. Sua irmã Giuditta entrou na congregação três anos depois. Durante o processo canônico, a fundadora, que tinha lhe dado o nome de Maria da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo testemunhou a sua vida virtuosa e sua fama de santidade.
A professora das noviças, Irmã Maria disse: "Durante o noviciado, sob minha direção, com uma precisão admirável cumpriu todos os seus deveres religiosos, com distinção entre os suas parceiras, especialmente na virtude da santa obediência e humildade para não chamar a atenção para qualquer coisa."

Conduzida plenamente na sua vocação para o amor da Paixão de Cristo crucificado, à Eucaristia e Nossa Senhora das Dores. Ele disse: "Meu nome é Irmã Maria da Paixão e Eu sigo o Mestre". Recebeu várias funções, incluindo a direção espiritual de suas irmãs como noviças, mas também as mais humildes, como cozinheira, florete e porteira. Entre as atribuições ela preferia fabricar as partículas para a Santa Missa, porque ela via como uma extensão da adoração eucarística e como parte do carisma do instituto.
Orou constantemente, passou muito tempo durante o dia e às vezes à noite, rezando em último lugar no coro, e manteve-se em estreito diálogo com Deus. A oração era o alimento da alma. Sempre foi exemplar e edificante na caridade e na oração, na comunidade e admirada por todos. Num dos seus escritos manifesta seu zelo ardente com estas palavras: "Quanta tristeza meu coração sentia com a extensão do amor ardente do Coração do Verbo Divino aos homens, e que este tão grande amor era recebido com a mais negra ingratidão, eu disse: Oh, meu Deus, eu gostaria de poder gritar para o mundo para as praças para o mundo cego abrir os olhos e conhecer esse Deus e amá-lo. (...) O amor não é amado, porque ele não é conhecido."

Ela viveu os últimos dias de sua vida comendo somente a Eucaristia. Morreu em 27 de julho de 1912. Sua fama de santidade espalhou-se, e sua oferta heróica de  oferecer-se como vítima pelos pecadores e os sacerdotes, e pelos dons sobrenaturais que coroou o caminho da espiritualidade, santidade e misticismo. 
Ela foi beatificada em 12 de maio de 2006.

Hoje também celebramos São Pantaleão - médico e santo.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

26 de Julho - Santos Joaquim e Ana - Dia dos Avós


Joaquim e Ana eram pai e a mãe de Nossa Senhora, avós de Jesus, o que fez dessa data o dia dos avós.
    
Foi no ventre de Santa Ana que aconteceu a Imaculada Concepção de Maria. Certamente Seus pais foram uma das maravilhas que Deus fez por Nossa Mãe do Céu: "... o Todo-poderoso realizou grandes obras em meu favor: o Seu Nome é santo..." Lc 1,49

As informações que temos sobre São Joaquim e Santa Ana nos vêm de três apócrifos, livros que a Igreja não reconhece com totalmente inspirados.    
Não obstante, a Igreja os estuda, buscando neles possíveis indícios de fatos reais que contribuam para o melhor conhecimento dos sinais de Deus. Os fatos levantados da vida de São Joaquim e Santa Ana servem de exemplo desses estudos. No Proto-evangelho de São Tiago, nominalmente, temos informações da ascendência materna de Jesus dando conta que Seu avô era da Galileia e que Sua avó, de Belém. Eles teriam concebido Maria por uma graça, pois já eram idosos e Santa Ana, estéril. Conta também que São Joaquim era rico e que eles foram morar em Jerusalém, onde Nossa Senhora nasceu, fato que é confirmado por São Sofrônio, Bispo de Jerusalém no século VII.

Segundo estes escritos, as ofertas de Joaquim no Templo não eram aceitas por ele não ter descendência em Israel.
Joaquim entristeceu-se e retirou-se para o deserto para orar e jejuar.
Ao fim de algum tempo um anjo disse a Joaquim:
 -    "O Senhor escutou a tua insistente oração. Desce daqui, Ana, tua mulher conceberá no seu ventre”.

Por seu lado Ana, erguia duas lamentações e prorrompia em dois prantos, dizendo:
-"Chorarei a minha viuvez e lamentarei a minha esterilidade".

Olhando fixamente para o céu viu no loureiro um ninho de pássaros e compôs para si esta lamentação:
- Ai de mim!
A quem me assemelho eu afinal?
Não me assemelho às aves do céu,
Pois as aves do céu são fecundas diante de Ti, Senhor!
Ai de mim!
A quem me assemelho eu, afinal?
Não me assemelho aos animais terrestres
Pois também os animais terrestres
São fecundos diante de Ti, Senhor.
Ai de mim!
A quem me assemelho eu, afinal?
Não me assemelho a estas águas
Pois estas águas
São fecundas diante de Ti, Senhor.
Ai de mim!
A quem me assemelho eu, afinal?...

Mas eis que o Senhor atendeu as suas preces: nasceu-lhes uma filhinha, deram-lhe o nome de Maria e depois a consagraram ao Senhor».

Nesse apócrifo está também a informação de que a Virgem Santíssima foi consagrada ao Templo de Jerusalém quando tinha apenas 3 anos de idade, e aí estudou até os 12, quando retornou à casa dos pais. Esses anos de estudo explicam sua capacidade para compor cânticos religiosos, como o Magnificat que declamou na casa de Santa Isabel, engrandecendo a Deus pela vinda do Messias e agradecendo por ser a escolhida para O trazer à Luz.

Mas, como o próprio Jesus, Maria também perdeu seu pai muito cedo, logo após acabar seus estudos. Por isso muitas pinturas retratam apenas a Senhora Sant'Ana estudando as Escrituras com ela.

Mesmo vindas de um texto não reconhecido como sagrado essas informações nunca foram contestadas pelos Primeiros Padres. Ao contrário, vários Papas e Santos fizeram várias citações importantes de alguns de seus extratos, o que é mais um forte indício de que sejam informações verdadeiras. Assim, como Deus escolheu muito bem a Maria, para ser a mãe de Seu Filho Amado, Ele também escolheu muito bem o casal em cujo seio Maria seria concebida sem pecado. Sem dúvida, um homem e uma mulher que acreditavam na vinda do Salvador e eram muito fiéis aos planos de Deus.

São João Damasceno, Padre e Doutor da Igreja, o primeiro a falar da Imaculada Conceição e que no século VII escreveu uma linda homilia em homenagem ao nascimento de Nossa Senhora, fez esses louvores aos Seus pais:

"Oh Joaquim e Ana, casal venturoso! Toda a criação está em dívida para convosco, porque através de vós ela pôde oferecer ao Criador o dom – entre todos o mais excelso – de uma Mãe venerável, a única digna d’Aquele que a criou. Ditosos os rins de Joaquim, de onde saiu uma semente totalmente imaculada, e admirável o seio de Ana, graças ao qual se desenvolveu lentamente, onde se formou e de onde nasceu uma tão santa criança! Oh seio que aleitaste aquela que alimentou Aquele que alimenta o mundo!"

Discurso do Papa Francisco para os Avós

Manifesto o meu apreço aos que enfrentaram dificuldades e desconforto para estar aqui neste encontro; e ao mesmo tempo estou próximo a todas as pessoas idosas, sozinhas e doentes, que não puderam sair de casa, mas que se unem a nós espiritualmente.

“A Igreja olha para as pessoas idosas com afeto, reconhecimento e grande estima. Elas são parte essencial da comunidade cristã e da sociedade, em particular representam as raízes e a memória de um povo. Vocês são uma presença importante, porque a sua experiência constitui um tesouro precioso, indispensável para olhar o futuro com esperança e responsabilidade. A sua maturidade e sabedoria, acumuladas nos anos, podem ajudar os mais jovens, sustentá-los no caminho do crescimento e da abertura ao futuro, na busca de seu caminho”.

Os idosos, de fato, testemunham que, também nas provações mais difíceis, nunca se deve perder a confiança em Deus e no futuro melhor. Eles são como árvores que continuam dando frutos: Não obstante o peso dos anos, podem dar sua contribuição original por uma sociedade rica de valores e por uma afirmação da cultura da vida.

Não são poucos os idosos que dedicam o seu tempo e seus talentos que Deus lhes deu, abrindo-se à ajuda e apoio aos outros. E o que dizer de seu papel no âmbito familiar?

“Quantos avós cuidam dos netos, transmitindo com simplicidade aos pequenos a experiência de vida, os valores espirituais e culturais de uma comunidade e de um povo! Nos países que sofreram uma grave perseguição religiosa, foram os avós que transmitiram a fé às novas gerações, conduzindo as crianças a receberem o Batismo num contexto de clandestinidade sofrida”.

Em um mundo como o atual, em que a força e aparência se tornam muitas vezes um mito, vocês têm a missão de testemunhar os valores que realmente contam e que permanecem para sempre, porque estão inscritos no coração de cada ser humano e são garantidos pela Palavra de Deus.

Como pessoas da terceira idade, vocês, ou melhor, nós, porque eu também faço parte dessa categoria, somos chamados a trabalhar por um desenvolvimento da cultura da vida, testemunhando que cada estação da existência é um dom de Deus e tem a sua beleza e a importância mesmo se marcadas por fragilidades.

Agradeço ao Senhor pelas muitas pessoas e estruturas que se dedicam cotidianamente no serviço aos idosos, para favorecer contextos humanos adequados, em que cada um possa viver dignamente esta etapa importante da própria vida.
As instituições e as várias realidades sociais podem fazer ainda muito para ajudar os idosos e para fazer isso, é preciso combater a cultura nociva do descarte, que marginaliza os idosos, considerando-os improdutivos.

É importante também, favorecer a ligação entre as gerações. O futuro de um povo requer o encontro entre jovens e idosos: os jovens são a vitalidade de um povo a caminho e os idosos reforçam esta vitalidade com a memória e a sabedoria.

“Queridos avôs e queridas avós, obrigado pelo exemplo que vocês oferecem de amor, dedicação e sabedoria. Continuem testemunhando com coragem esses valores! Que não falte para a sociedade o seu sorriso e o brilho bonito de seus olhos! Eu os acompanho com a minha oração, e vocês também não se esqueçam de rezar por mim”.


Papa Francisco - 15 de outubro de 2016

26 de julho - Oração pelos Avós

Deus de bondade,  
Pai, Filho, Espírito Santo,  
nós te agradecemos por nos teres dado nossos queridos avós. 
Obrigado, Senhor, por suas histórias bonitas,
 
palavras amigas, conselhos, carinho e amor por nós.
 

Nós agradecemos pelo ombro amigo,  
pela cumplicidade com nossas brincadeiras,
 
por seus passos ao ritmo dos nossos,
 
pelo colo macio e o olhar sereno, cheio de bondade.
 

Nós te pedimos para estas pessoas
 
a quem tanto amamos, muita saúde, paz e alegria.

Pedimos para elas a graça 
de serem fiéis em cumprir a vontade de Deus,
 
na alegria e nos sofrimentos,
 
como o foram Joaquim e Ana,
 
pais de Maria Santíssima e avós de Jesus.
 

Nós te pedimos, Senhor, que os abençoes
 
com a mesma infinita ternura com que nos abençoam.
 
Amém. 


terça-feira, 25 de julho de 2017

25 de julho - Santa Maria do Carmo Salles y Baranguera

“Não espero nada das criaturas, mas de Deus, doador de todos os bens”.
“Enquanto houver jovens para educar e valores a transmitir, as dificuldades não contam”.

«Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em vós, nós esperamos!» Com essas palavras, a liturgia nos convida a fazer nosso este hino a Deus criador e providente, aceitando o seu plano nas nossas vidas. Assim o fez Santa Maria do Carmelo Salles y Baranguera, religiosa nascida em Vic, Espanha, em 1848. Vendo a sua esperança preenchida, após muitas dificuldades, ao contemplar o progresso da Congregação das Religiosas Concepcionistas Missionárias do Ensino, pôde cantar junto com a Mãe de Deus: «Seu amor de geração em geração, chega a todos que o respeitam». A sua obra educativa, confiada à Virgem Imaculada, continua a dar frutos abundantes entre os jovens e através da entrega generosa das suas filhas que, como ela, se confiam ao Deus que pode tudo.

Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 21 de outubro de 2012

Maria do Carmo Salles y Baranguera nasceu em Vic (Barcelona) no dia 9 de abril de 1848, filha de José Sallés e Francisca Barangueras, casal profundamente católico.
Tendo sua família se transferido para Manresa, frequentou o Colégio das religiosas da Companhia de Maria, recebendo uma educação religiosa e civil, sobretudo uma espiritualidade mariana, que a fez receber com grande alegria a proclamação do dogma da Imaculada Conceição.

Aos 16 anos expressou o desejo de tornar-se religiosa, enfrentando a insatisfação dos pais que desejavam que ela se inclinasse ao matrimônio.

Em 1869, ingressou no noviciado das Adoradoras, que se dedicavam à recuperação de mulheres marginais pela delinquência ou prostituição. Com o conselho de seu diretor espiritual, procurou um instituto dedicado a formação da mulher, mais afim com os anseios de sua alma. Assim, em 1871, decidiu-se pelas Dominicanas da Anunciada, fundadas pelo Padre Coll, que a recebeu no Noviciado.

Durante 22 anos se dedicou à educação em diversos lugares, dirigiu uma escolinha para que os filhos de mulheres que trabalhavam não ficassem na rua; em Barcelona, dirigiu um colégio dedicado à classe média, e, ajudada pelas alunas do curso diurno, conseguiu que se abrissem aulas noturnas para 300 operárias.

Esforçava-se para aumentar a cultura feminina e educar às jovens numa piedade profunda, bem fundamentada.
Em 1889, Carmem iniciou um profundo processo de busca. Rezava, consultava e se punha à escuta da voz do Espírito Santo. Sonhava com jovens que, graças ao harmonioso equilíbrio entre piedade e cultura, fossem propulsoras da família e da sociedade, fieis à hierarquia e plenamente inseridas na vida da Igreja.

Os problemas maiores aconteceram no final de 1891 e primeiros meses de 1892. Ela não quis sair da Congregação Dominicana, mas criar um ramo da mesma árvore. Queria continuar no Instituto para continuar nele o seu método de ensino. Porém, não lhe foi permitido e se viu forçada a iniciar um caminho novo.

Acompanhada de três companheiras, Candelária Boleda, Remédios Pujals, Emília Horta, iniciou uma Congregação nova na Igreja, chamada no primeiro momento Concepcionistas de São Domingos, hoje Concepcionistas Missionárias do Ensino.
Numa busca perseverante, porém tranquila, porque confiava no Senhor mais que em si mesma, Carmem fez uma viagem a Madrid. Ali a esperava a Providência Divina. A palavra firme e serena de Dom Celestino Pazos, pertencente ao Cabido de Zamora, a ajudou a buscar a vontade de Deus. Carmem entregou seu projeto à Virgem do Bom Conselho, situada na capela da Colegiada de São Isidoro. Depois de rezar, disse a suas companheiras: "É vontade de Deus. Vamos a Burgos. Ali trabalharemos e lutaremos com tudo que se apresente. E Deus proverá".

No dia 15 de outubro de 1892, festividade de Santa Teresa de Jesus, Carmem chegou a Burgos com as três companheiras. Ali encontrou um grande protetor na pessoa do Arcebispo, Dom Manuel Gómez-Salazar y Lucio Villegas, que em 7 de dezembro do mesmo ano, outorgou a aprovação Diocesana à nascente Congregação e autorizou a abertura do primeiro colégio Concepcionista.

Em 16 de abril de 1893, foi obtida a aprovação Diocesana das Constituições e Carmem Salles foi nomeada Superiora Geral.
Em 29 de fevereiro de 1908, Carmem Sallés solicitou ao Santo Padre a aprovação do Instituto. E em 19 de setembro do mesmo ano recebeu o Decreto outorgado por São Pio X.
Desde o primeiro momento se dedicou à preparação adequada das futuras religiosas mestras. Naquele tempo as leis não exigiam o título de professora para ensinar nos colégios privados da Igreja, mas Carmem quis que as religiosas cursassem o Magistério e piano, e as introduziu no domínio da língua francesa.

A Universidade ainda não abrira suas portas para a mulher, porém dois anos após a fundação do Instituto suas alunas já estudavam o Magistério. Carmem planejou a educação de uma forma integral e equilibrada: a menina e a jovem deviam desenvolver harmonicamente a inteligência e a alma.

Madre Carmem gastou sua vida no serviço da educação das crianças e das jovens. Em 19 anos de trabalho, empenhou todas as suas energias em fundar 13 “Casas de Maria Imaculada”, como gostava de chamar as suas Comunidades e Colégios: Burgos, Segovia, El Escorial, Madrid, Pozoblanco, Almadén, Valdepeñas, Manzanares, Santa Cruz de Mudela, Murchante, Barajas de Melo, Arroyo del Puerco (hoy de la Luz), Santa Cruz dela Zarza.

Uma mulher de grande caráter e de grande doçura, a Beata soube superar muitas dificuldades ao longo do itinerário de fundadora. Sua fé profunda e sua caridade ardente vão unidas a uma grande sensibilidade pela formação católica das mulheres de seu tempo, quando surgiam pressões laicistas e anticlericais.

A Beata também manifestou sempre um grande amor pelas meninas mais pobres: todas as suas fundações surgem unidas a iniciativas para favorecer as meninas mais pobres. Iniciou também os primeiros passos para levar sua obra para a Itália e o Brasil.

Morreu em Madrid, aos 63 anos, no dia 25 de julho de 1911, deixando 166 Irmãs na nova Congregação, deixando-lhes como herança seu desejo de expansão missionária do Instituto. Atualmente as Irmãs estão presentes nos países do Extremo Oriente, em cinco Estados americanos, na África e na Itália.
No dia 8 de dezembro de 1954, festividade da Imaculada Conceição e Ano Mariano, Pio XII aprovou definitivamente a Congregação.
João Paulo II a beatificou em Roma no dia 5 de março de 1998 e canonizada pelo Papa Bento XVI em 21 de outubro de 2012.