terça-feira, 30 de abril de 2019

30 de abril - Santa Maria da Encarnação (Maria Guyart)


Maria da Encarnação (Maria Guyart) foi chamada “Mãe da Igreja Católica do Canadá”.

Aos 17 anos casa-se com Claude Martin; aos 18 anos é mãe; aos 20 anos, fica viúva. Maria recusa um segundo casamento que lhe propõem os pais e, aos 32 anos, entra no mosteiro das Ursulinas de Tours. Deus levou-a a compreender a fealdade do pecado e a necessidade da redenção.

Tendo profunda devoção ao Coração de Jesus e meditando assiduamente o mistério da Encarnação, ela leva à maturidade a sua vocação missionária: O meu corpo estava no nosso mosteiro, escreverá ela na sua autobiografia, mas o meu espírito não podia estar encerrado. O Espírito de Jesus levava-me à Índias, ao Japão, à América, ao Oriente, ao Ocidente, às paragens do Canadá e dos Hurões, e a toda a terra habitável onde houvesse almas racionais que eu via pertencerem a Jesus Cristo”.
Em 1639, está ela no Canadá. É a primeira Irmã francesa missionária. O seu apostolado catequético em favor dos indígenas é infatigável: compõe um catecismo na língua dos Hurões, outro na dos Iroqueses e um terceiro na dos Algonquins.

Alma profundamente contemplativa, comprometida, todavia, na ação apostólica, faz o voto de “procurar a maior glória de Deus em tudo o que seja de maior santificação”, e em maio de 1653 oferece-se interiormente em holocausto a Deus pelo bem do Canadá.

Mestra de vida espiritual, a ponto de Bossuet a definir como a Teresa do Novo Mundo, promotora de obras evangelizadoras, Maria da Encarnação une em si, de maneira admirável, a contemplação e a ação. Nela a mulher cristã realizou-se plenamente e com raro equilíbrio, nos seus diversos estados de vida: esposa, mãe, viúva, diretora de empresa, religiosa, mística, missionária, isto sempre na fidelidade a Cristo, sempre em união estreita com Deus.

Papa João Paulo II - Homilia de Beatificação – 22 de junho de 1980

Filha de um mestre padeiro, Florêncio Guyart, e de Joana Michelet, Maria Guyart, nasceu em Tours, França, no dia 28 de outubro de 1599.
Dotada de grande memória, sobretudo para as coisas de Deus, ainda criança repetia, no final da Missa, a homilia escutada com toda a atenção. Aos sete anos, depois de uma experiência mística, manifestou o desejo de ser religiosa. Mas os pais casaram-na aos dezessete anos com Cláudio Martin, fabricante de sedas. Têm um filho e, aos vinte anos, enviuvou.

Após pagar as dívidas do marido, que entrara em falência, fez-se bordadeira; e novamente sente o desejo de se consagrar totalmente a Deus. Vai para casa da irmã e trabalha numa empresa de transportes terrestres e marítimos dirigida pelo cunhado. Rapidamente chega a chefe de administração, coisa bastante inusitada na época.

Embora empenhadíssima nas suas várias atividades, Maria mantém sempre uma estreita visão de Deus em uma vida ativa e contemplativa. Mas o antigo sonho continua vivo em sua alma e, no dia 21 de janeiro de 1631, ingressou no convento das Ursulinas de Tours, depois de entregar o filho aos cuidados da irmã.

Quem não ficou satisfeito foi o pequeno que rodeado de uma chusma de colegas pensa ir libertar a mãe, mas nem puderam entrar. Quando adulto, fez-se beneditino e entendeu o procedimento daquela de quem foi o primeiro biógrafo, já que tinha conhecido seu misticismo e suas virtudes.

Maria Guyart tomou o véu em 25 de março de 1631, com o nome de Maria da Encarnação; e professou em 25 de janeiro de 1633. Foi logo indicada para Mestra de Noviças.

Em 1622, o Papa Gregório XV havia instituído a Congregação de “Propaganda Fide” para ajudar os missionários que partiam para as terras longínquas, especialmente o Novo Mundo.

Iluminada por um sonho, Maria percebe que o Senhor a deseja no Canadá. Iniciou uma correspondência com os missionários jesuítas do Canadá, e em 1639 entrou em contato com Madame de la Peltrie, uma viúva de Alençon, que pensava fundar um convento em Quebec para a educação das meninas índias.

Em 22 de fevereiro de 1639, Maria deixou Tours e foi para Paris, na companhia da jovem Irmã Maria de S. José, preparando-se para a fundação. Depois de tormentosa viagem, chegou finalmente à terra do seu destino, onde encontrou uma epidemia de varíola. É a primeira missionária dessa região. Sem nada temer, lança-se na evangelização dos índios cujas línguas aprende rapidamente. Ensina os pequenos por meio de catecismos que ela própria traduziu – um na língua dos Hurões, outro na dos Iroqueses e ainda outro na dos Algonquins – depois de compor vários dicionários daqueles dialetos.

Nos anos de 1642 a 1649, oito missionários foram martirizados e, diante do perigo, convidaram Maria a voltar para a França, mas ela não quis abandonar o Canadá. Depois de construir o convento, em 1642, dirige-o, com uma competência assombrosa, e aí permaneceu por trinta anos. Em maio de 1653 foi inspirada a se oferecer em holocausto a Deus para o bem daquela terra.

Seu dinamismo apostólico não lhe roubava o espírito contemplativo nem o tempo de oração. Em 1669, foi dispensada da responsabilidade de Superiora devido suas condições de saúde, que continuaram a agravar-se, e, no dia 30 de abril de 1672, faleceu em Quebec, aquela que foi exemplar como esposa, mãe, viúva, diretora de empresa, freira, mística, missionária, mestra de religiosas, numa mescla admirável de dotes naturais e divinos, deixando uma comunidade de cerca de 30 religiosas, das quais se originou as Ursulinas do Canadá.

As suas relíquias repousam no Oratório da Capela das Ursulinas de Quebec e por seu papel de mestra de vida espiritual e promotora das obras evangelizadoras goza de tal estima na história canadense, que é considerada a “mãe” da Igreja Católica do Canadá.

Madre Maria da Encarnação Guyart foi beatificada em 22 de junho de 1980, pelo Papa João Paulo II e canonizada pelo Papa Francisco em 03 de abril de 2014.


30 de abril - O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito. Jo 20,8


O que significa viver realmente a Páscoa, o espírito pascal?
Para o cristão há o risco da idealização, de esquecer que a nossa fé é concreta, e temos um percurso a seguir: Ir pelos caminhos do Espírito sem comprometimentos, testemunhando a verdade com coragem e franqueza.
Para compreender este programa de vida é necessária uma mudança de mentalidade, libertar-se dos laços do racionalismo e aderir à liberdade do Espírito. Era isto que Jesus explicava a Nicodemos no célebre episódio evangélico da visita.

Este fariseu era um homem bom. Inquieto, não entendia. O seu coração estava na noite. Mas tratava-se de uma noite diversa da de Judas, porque era uma noite que levava o primeiro a aproximar-se de Jesus, e o outro a afastar-se. Foi ter com Jesus para pedir explicações e recebeu uma resposta que não entende.
Quase como se Jesus quisesse complicar a situação, pondo-o em dificuldade. Com efeito, responde: Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer do alto não poderá ver o Reino de Deus. Nicodemos pergunta: Como é possível nascer de novo? Parece, um pouco irônico, mas não é assim. Ao contrário, é a expressão de um grande tormento interior.
Então, Jesus explica que se trata da passagem de uma mentalidade para outra e com muita paciência e amor, ajuda este homem de boa vontade a fazer esta passagem.

Peçamos ao Senhor esta experiência do Espírito que vai e vem e que nos leva em frente, do Espírito que nos dá a unção da fé, a unção da solidez da fé. Voltam a ressoar as palavras ditas a Nicodemos: “O vento sopra onde quer; ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito”. Quem nasceu do Espírito ouve a voz, segue o vento, segue a voz do Espírito sem saber onde acabará. Porque fez uma opção pela solidez da fé e o renascimento no Espírito.

Papa Francisco – 24 de abril de 2017

Hoje celebramos:

segunda-feira, 29 de abril de 2019

29 de abril - Santo Hugo de Cluny


Santo Hugo nasceu em 1024 na Borgonha francesa. Seu pai foi Dalmácio, conde de Semur, e sua mãe Adelaide. Dizem as crônicas que, estando ela para dar à luz, pediu a um sacerdote que celebrasse o Santo Sacrifício em sua intenção. No momento da elevação, o celebrante viu acima do cálice um menino de extrema beleza, o que foi para a mãe um presságio de que o filho que lhe estava por nascer seria um digno ministro do altar.

O pai queria que Hugo seguisse as tradições da família, por isso, fez com que o menino fosse formado em todos os exercícios da juventude nobre daquele tempo, como domínio do cavalo, manejo de armas e prática de caçadas. Hugo, porém, sentia-se mais chamado a uma vida de piedade e de oração, de acordo com os desejos da mãe. Enfim ele obteve do pai o consentimento para fazer seus estudos junto a seu tio-avô, também chamado Hugo, Bispo de Auxerre. Foi ali que ele teve notícia da existência da Abadia de Cluny e de Santo Odilon, seu abade, bem como da vida piedosa e penitente que levavam os monges. Embora tivesse apenas 16 anos, procurou o abade santo e pediu para ingressar na abadia.

Quando Hugo foi apresentado à comunidade, um dos monges, inspirado pelo Espírito Santo, exclamou: “Ó bendita Ordem de Cluny, que recebes hoje em teu seio um tão digno tesouro!”
O jovem postulante tinha bom aspecto e um espírito recolhido, mas alerta, sendo muito bem-dotado tanto física quanto intelectualmente.

O conde Dalmácio, porém, não se conformava com a fuga do filho. Por isso, passando perto de Cluny, quis vê-lo para tentar convencê-lo a voltar para casa. Quando Hugo apareceu com muita modéstia e recolhimento, vestido com o áspero hábito monástico, o velho conde viu-o rodeado de uma atmosfera tão sobrenatural que a partir de então não insistiu mais.
Santo Odilon viu nesse jovem, tão maduro para a idade, uma grande promessa. Em vista disso, nomeou-o prior da abadia pouco depois de sua profissão religiosa, quando Hugo contava apenas 20 anos de idade.

Quatro anos depois, com o falecimento de Santo Odilon, Hugo foi escolhido pelos 200 monges de Cluny Abade e Geral de toda a Ordem, pois Cluny possuía em toda a Europa muitas abadias que dela dependiam.

Desde então Hugo consagrou-se às duas obras de sua vida: a defesa da pureza da Igreja e a organização definitiva dos cluniacenses. Durante 60 anos não haverá acontecimento importante em que não intervenha com prestígio singular. Encontramo-lo nos concílios e nas cortes de reis e imperadores, ao lado dos Papas, nas eleições pontifícias, animando a Cruzada, estabelecendo paz entre os imperadores e os povos que se agitavam na fronteira oriental do Império, confundindo os hereges. Percorria em sua mula todos os países da Europa para implantar os princípios renovadores emanados de Roma, depondo os bispos e abades indignos, aconselhando senhores e reis.

Sob sua direção chegou a tal ponto a observância da regra em Cluny, que o cardeal São Pedro Damião, legado pontifício na França, afirmou numa de suas epístolas que os monges podiam facilmente não ofender a Deus, nem por pensamento, porque estavam noite e dia ocupados no divino louvor. Entretanto, estando Santo Hugo uma vez em São João d’Angely, teve um sonho no qual viu um raio caindo sobre a abadia. Percebeu logo que isso era aviso de uma desgraça que estava por suceder. Voltou imediatamente a Cluny e reuniu o prior e os antigos do mosteiro para estudarem a possível causa do castigo. Como não chegassem a nenhuma conclusão, ele recorreu à oração, pedindo a Deus que o fizesse conhecer a causa daquilo. Deus comunicou-lhe que um de seus monges havia cometido em segredo um grande pecado. Santo Hugo impôs-lhe a penitência devida, que o monge contritamente cumpriu, e com isso o flagelo foi debelado.


O conhecimento profético do santo abade tornou-se proverbial. Certo dia ele estava com os bispos de Châlon e de Mâcon, quando encontraram um senhor que havia cometido ocultamente um pecado abominável, que não tinha coragem de confessar. Hugo chamou-o de lado e revelou-lhe seu crime. O milagre cobriu de vergonha o culpado, que pediu imediatamente para se confessar. Depois, dizia com finura a todo mundo que era muito perigoso estar na frente de Santo Hugo sem se confessar, pois ele podia ler as consciências.

O Imperador Henrique III tinha por Santo Hugo profunda admiração, como vemos por esta carta que lhe escreveu: “Receber tuas cartas é um dos meus maiores contentamentos. Sei muito bem o ardor com que te entregas às coisas divinas, e por isso agradeço mais ainda essa bondade que te inspira tanto interesse por nossas pobres coisas.”

Tendo recebido o anúncio sobrenatural de que sua morte se aproximava, Hugo preparou-se redobrando as austeridades e o fervor. Apesar de seus oitenta e cinco anos, ele suportou até o fim, durante a Quaresma de 1109, o peso do trabalho e das penitências monásticas. Na Quinta-feira Santa, ele participou do Ofício e distribuiu aos pobres as esmolas e doações costumeiras, lavou os pés dos Irmãos, arrancando-lhes lágrimas com uma emocionante homilia sobre o Evangelho. Hugo participou de todos os Ofícios da Sexta-feira Santa e do Sábado Santo, e ainda pôde celebrar a solenidade de Páscoa; à noite, porém, esgotado, precisou permanecer na cama e recebeu a Unção dos Enfermos:
Reconheceis, disseram-lhe, o Corpo Sagrado do Salvador? Sim, respondeu ele, eu O reconheço e O adoro! Hugo morreu deitado sobre cinzas e cilício.

São Hugo era amigo de Santo Udalrico, São Pedro Damião, São Bruno e inúmeros outros Santos. Sob sua autoridade, a Ordem de Cluny chegou a ter mais de trinta mil monges.


29 de abril - Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus. Jo 8,3

Em relação a Deus todos somos filhos.
Deus está na origem da existência de cada criatura, e é Pai de modo singular de cada ser humano: tem com ele ou com ela uma relação única, pessoal. Cada um de nós é querido, é amado por Deus.
E, também, nesta relação com Deus nós podemos, por assim dizer, “renascer”, ou seja, tornarmo-nos aquilo que somos. Isto acontece através da fé, através de um “sim” profundo e pessoal a Deus como origem e fundamento da minha existência.

Com este “sim” eu aceito a vida como dom do Pai que está no Céu, um Pai que não vejo, mas no qual acredito e que sinto profundamente no coração que é Pai meu e de todos os meus irmãos em humanidade, um Pai imensamente bom e fiel.
Sobre o que se baseia esta fé em Deus Pai? Baseia-se em Jesus Cristo: a sua pessoa e a sua história revelam-nos o Pai, fazem com que o conheçamos, na medida do possível neste mundo. Crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, permite “renascer do alto”, ou seja, de Deus, que é Amor.

Diz São João a propósito de Jesus: “A todos os que o receberam... / deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus”. É este o sentido do sacramento do Batismo: é um novo nascimento, que se realiza graças ao Espírito Santo no seio da Igreja.

Papa Bento XVI – 08 de janeiro de 2012

Hoje celebramos:

Christus vivit - Vós sois o agora de Deus: Desejos, feridas e buscas - Nºs 81 a 85

Nºs 81 a 85

Os jovens reconhecem que o corpo e a sexualidade são essenciais para a sua vida e para o crescimento da sua identidade. Mas, num mundo que destaca excessivamente a sexualidade, é difícil manter uma boa relação com o próprio corpo e viver serenamente as relações afetivas. Por esta e outras razões, a moral sexual é frequentemente causa de incompreensão e alheamento da Igreja, pois é sentida como um espaço de julgamento e condenação. Ao mesmo tempo, os jovens expressam de maneira explícita o desejo de se confrontar sobre as questões relativas à diferença entre identidade masculina e feminina, à reciprocidade entre homens e mulheres, e à homossexualidade.

No nosso tempo, os progressos da ciência e das tecnologias biomédicas incidem fortemente na percepção do corpo, induzindo a pensar que se pode modificar sem limites. A capacidade de intervir no DNA, a possibilidade de inserir elementos artificiais no organismo (cyborg) e o desenvolvimento das neurociências constituem um grande recurso, mas ao mesmo tempo levantam questões antropológicas e éticas. Podem levar-nos a esquecer que a vida é um dom, que somos seres criados e limitados, podendo facilmente ser instrumentalizados por quem detém o poder tecnológico.
Além disso, em alguns contextos juvenis, difunde-se a atração por comportamentos de risco como instrumento para explorar a si mesmo, procurar emoções fortes e obter reconhecimento. Estes fenômenos, a que estão expostas as novas gerações, constituem um obstáculo para o amadurecimento sereno.

Nos jovens, encontramos também, gravados na alma, os golpes recebidos, os fracassos, as recordações tristes. Muitas vezes são as feridas das derrotas da sua própria história, dos desejos frustrados, das discriminações e injustiças sofridas, de não se ter sentido amado ou reconhecido.
Além disso, temos as feridas morais, o peso dos próprios erros, o sentido de culpa por ter errado. Jesus faz-Se presente nestas cruzes dos jovens, para lhes oferecer a sua amizade, o seu alívio, a sua companhia sanadora, e a Igreja quer ser instrumento d’Ele neste percurso rumo à cura interior e à paz do coração.

Em alguns jovens, reconhecemos um desejo de Deus, embora não possua todos os delineamentos do Deus revelado. Em outros, podemos vislumbrar um sonho de fraternidade, o que já não é pouco. Em muitos, existe um desejo real de desenvolver as capacidades de que são dotados para oferecerem algo ao mundo. Em alguns, vemos uma sensibilidade artística especial, ou uma busca de harmonia com a natureza. Em outros, pode haver uma grande necessidade de comunicação. Em muitos deles, encontramos o desejo profundo de uma vida diferente. Trata-se de verdadeiros pontos de partida, energias interiores que aguardam, disponíveis, uma palavra de estímulo, luz e encorajamento.


domingo, 28 de abril de 2019

28 de abril - Beata Maria Felícia de Jesus Sacramentado - Chiquitunga


O dia 23 de junho de 2018, foi um grande dia para o Paraguai e para o Carmelo. No estádio do Club Porteño foi proclamada beata Maria Felícia de Jesus Sacramentado (Chiquitunga). A foi presidida pelo Cardeal Angelo Amato, Perfeito da Congregação para a causa dos Santos; que apresentou a Chiquitunga na sua homilia como uma jovem culta e santa, entusiasta da sua fé e da sua vocação de consagrada”. Uma santa que “convida hoje as suas irmãs a sentirem-se orgulhosas da sua vocação e alegres na sua quotidiana entrega ao Senhor”. Uma santa que “nos convida a todos a viver a nossa existência cristã e inspira a juventude paraguaia a viver fiel ao amor de Deus”.

Maria Felicia Guggiari Echeverría nasceu em Villarrica, em 12 de janeiro de 1925. Era fisicamente pequena, motivo pelo qual o seu pai apelidou-a, carinhosamente, de “Chiquitunga” (pequerrucha, em guarani). A sua mãe contou que, num dia de muito frio, Chiquitunga voltou da escola a tremer de frio porque tinha dado o seu agasalho a uma menina pobre. Uma das suas irmãs denunciou-a ao pai, porém ela respondeu: "Estás a ver, paizinho! Eu não sinto frio!" E repetia esfregando as mãozinhas nos seus braços nus e tiritantes. Numa outra vez chegou a casa com umas sandálias disformes e gastas porque tinha dado, em troca, os seus sapatos a uma menina necessitada. 
Desde os 14 anos, dedicou-se intensamente à oração e ao apostolado na Ação Católica do Paraguai.
Durante este tempo, ajudava na catequese de crianças, jovens trabalhadores, universitários com problemas, pobres, doentes e idosos.

O seu lema de vida: “TUDO TE OFEREÇO, SENHOR!”, que ela representava por T2OS, qual forma química para a felicidade, sintetiza a sua entrega a Deus, numa consagração total do seu ser. 
Em 14 de agosto de 1955, aos 30 anos, respondeu ao chamado de Deus e entrou para a vida contemplativa na Ordem das Carmelitas Descalças. Seu nome passou a ser Maria Felicia de Jesus Sacramentado.

A Madre Teresa Margarida resumiu em poucas palavras as atitudes da Irmã Felícia desde o início da sua entrada no Carmelo: "Tinha um grande espírito de sacrifício, caridade e generosidade, tudo envolvido em grande mansidão e comunicativa alegria, sempre viva e brincalhona". 
Aos 34 anos, teve hepatite e, em 28 de março de 1959, domingo de Páscoa, faleceu.

As últimas palavras da Chiquitunga foram: “Querido Papai, sou muito feliz! Como é grande a religião católica! Que alegria encontrar com meu Jesus! Sou muito feliz!” e “Jesus, eu te amo. Que doce encontro! Virgem Maria!”.

Em 13 de dezembro de 1997, começou o seu processo de beatificação. Em 2010, foi declarada “venerável” por Bento XVI. Em 24 de setembro 2011 foi feita a exumação dos restos mortais da Irmã Maria Felícia e, após a limpeza dos ossos, foi descoberto o seu cérebro incorrupto. 

Em 1º de junho de 2017, a junta médica do Vaticano comprovou a sua intercessão na cura milagrosa de Angel Ramón, um recém-nascido que em 2002 reviveu depois de permanecer durante 20 minutos sem sinais vitais após o parto.


28 de abril - Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos. Jo 20,22


Hoje, no Evangelho, o Senhor sopra sobre os seus discípulos. Ele concede-lhes o seu Espírito o Espírito Santo: "Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados..." O Espírito de Jesus Cristo é poder de perdão. É poder da Divina Misericórdia. Concede a possibilidade de iniciar de novo sempre de novo. A amizade de Jesus Cristo é amizade d'Aquele que faz de nós pessoas que perdoam, d'Aquele que perdoa também a nós, nos alivia continuamente da nossa debilidade e precisamente assim, infunde em nós a consciência do dever interior de amar, do dever de corresponder à sua confiança com a nossa fidelidade.

Narra também o encontro do apóstolo Tomé com o Senhor ressuscitado: ao apóstolo é concedido que toque nas suas feridas para assim o reconhecer e reconhece-o, além da identidade humana do Jesus de Nazaré, na sua verdadeira e mais profunda identidade: "Meu Senhor e meu Deus!" O Senhor levou consigo na eternidade as suas feridas. Ele é um Deus ferido; deixou-se ferir por amor para conosco. As feridas são para nós o sinal de que Ele nos compreende e de que se deixa ferir pelo amor para conosco. Estas suas feridas como podemos nós tocá-las na história deste nosso tempo! De fato, Ele deixa-se ferir sempre de novo por nós. Que certeza da sua misericórdia e que conforto elas significam para nós! E que segurança nos dão sobre o que Ele é: "Meu Senhor e meu Deus!"

As misericórdias de Deus acompanham-nos dia após dia. É suficiente que tenhamos o coração vigilante para as poder sentir. Somos demasiado inclinados para sentir apenas a fadiga quotidiana que, como filhos de Adão, nos foi imposta. Mas se abrirmos o nosso coração, então podemos, mesmo imersos nela, ver também continuamente quanto Deus é bom conosco; como Ele pensa em nós nas pequenas coisas, ajudando-nos assim a alcançar as grandes.

Papa Bento XVI – 15 de abril de 2007

Hoje celebramos:



sábado, 27 de abril de 2019

27 de abril - “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” Mc 16,15


A missão de anunciar a Palavra de Deus é dever de todos os discípulos de Jesus Cristo, em consequência do seu batismo. Nenhuma pessoa que crê em Cristo pode sentir-se alheia a esta responsabilidade que deriva do fato de ela pertencer sacramentalmente ao Corpo de Cristo. Esta consciência deve ser despertada em cada família, paróquia, comunidade, associação e movimento eclesial. Portanto toda a Igreja, enquanto mistério de comunhão, é missionária e cada um, no seu próprio estado de vida, é chamado a dar uma contribuição incisiva para o anúncio cristão.

Bispos e sacerdotes, segundo a missão própria de cada um, são os primeiros chamados a uma vida cativada pelo serviço da Palavra, para anunciar o Evangelho, celebrar os Sacramentos e formar os fiéis no conhecimento autêntico das Escrituras. Sintam-se também os diáconos chamados a colaborar, segundo a própria missão, para este compromisso de evangelização.

A vida consagrada resplandece, em toda a história da Igreja, pela sua capacidade de assumir explicitamente o dever do anúncio e da pregação da Palavra de Deus na missio ad gentes e nas situações mais difíceis, mostrando-se disponível também para as novas condições de evangelização, empreendendo com coragem e audácia novos percursos e novos desafios para o anúncio eficaz da Palavra de Deus.

Os fiéis leigos são chamados a exercer a sua missão profética, que deriva diretamente do batismo, e testemunhar o Evangelho na vida diária onde quer que se encontrem. A mais viva estima e gratidão bem como encorajamento pelo serviço à evangelização que muitos leigos, e particularmente as mulheres, prestam com generosidade e diligência nas comunidades espalhadas pelo mundo, a exemplo de Maria de Madalena, primeira testemunha da alegria pascal.

Papa Bento XVI – Verbum Domini

Hoje celebramos:
            Santa Zita


27 de abril - São Simeão de Jerusalém


A primeira comunidade cristã, reunida em Jerusalém, ofereceu ao mundo a imagem de fraternidade integral, realizando o preceito de Cristo: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. Todos os bens eram postos em comum, ricos e pobres sentavam à mesa e tinham tudo em comum. Isso caracteriza o clima de amor e de santidade em que viviam os primeiros cristãos da comunidade de Jerusalém. Simeão sucedeu a Tiago Menor, irmão do Senhor.

São Simeão serviu como o segundo Bispo de Jerusalém. Além disso, foi parente de Cristo, segundo descrevem os Evangelhos de São Mateus (13,55) e São Marcos (6,3).
No livro ‘História Eclesiástica’ de Eusébio de Cesareia (Pai da história da Igreja), este santo é descrito como primo do Senhor – segundo a carne – por ser filho de Cléofas, o irmão de São José.

Do mesmo modo, a mãe de Simeão é mencionada pelo escritor Hegesipo como concunhada da Virgem Maria. No evangelho de São João e da São Mateus é mencionada uma “irmã” da Mãe de Deus, que viria a ser Maria, esposa de Cléofas (pai de Simeão).

Depois do martírio pelos judeus do primeiro Bispo de Jerusalém, São Tiago o Justo, e a imediata tomada da cidade, a tradição conta que os apóstolos e discípulos do Senhor, que ainda permaneciam vivos, se reuniram e deliberaram que Simeão seria nomeado seu sucessor.

O santo bispo assistiu à destruição de Jerusalém, conforme havia predito Jesus. A pequena comunidade cristã, lembrando a admoestação de Cristo, teve tempo de fugir ao trágico destino que coube à cidade na qual os romanos não deixaram pedra sobre pedra. Logo após o furacão ele voltou e recomeçou, com os fiéis, a reconstrução das casas e da Igreja que é a mãe de todas as igrejas. Houve muitas conversões, pois o acontecimento fez muita gente refletir sobre a mensagem evangélica, havia pouco tempo rejeitada.

Simeão teve longa vida. Por mais de 40 anos foi bispo de Jerusalém.
Como descreve Eusébio de Cesareia, na época do imperador Trajano, ressurgiu nas cidades e outros lugares da Palestina uma nova perseguição contra os cristãos por causa das revoltas do povo.
Foi então que o Bispo de Jerusalém foi denunciado como cristão e descendente de Davi. Simeão, ancião de 120 anos, recebeu ordem de prisão e intimação de prestar homenagem aos deuses.

“Nunca, nunca – foi à resposta do venerável Apóstolo – nunca jamais farei tal coisa, negando e traindo assim meu Mestre e Senhor. Teus deuses têm sido entes infames e ímpios; Jesus Cristo, porém, é Deus verdadeiro”.

No meio da cruel flagelação, a que o desumano governador o sujeitou, Simeão louvou e bendisse o nome de Deus e o de Jesus Cristo.

Vendo que nada conseguia, o governador condenou-o à morte da cruz. Honra maior não lhe podia ser dispensada, e por isso Simeão, ouvindo esta sentença, exultou de alegria.

Ele próprio se estendeu sobre o instrumento do martírio e ofereceu aos algozes as mãos e os pés.
Do alto da cruz ainda confessou o nome do divino Mestre, rezou pelos inimigos e entregou o espírito a Deus.

Christus vivit - Vós sois o agora de Deus: Jovens de um mundo em crise - Nºs 71 a 80


Nºs 71 a 80

A juventude não é algo que se possa analisar de forma abstrata. Na realidade, a juventude não existe; o que há são jovens com as suas vidas concretas. No mundo atual, cheio de progresso, muitas destas vidas estão sujeitas ao sofrimento e à manipulação.

Percebemos, com tristeza, que muitos jovens vivem em contextos de guerra e padecem a violência numa variedade incontável de formas: raptos, extorsões, crime organizado, tráfico de seres humanos, escravidão e exploração sexual, estupros de guerra, etc. Outros jovens, por causa da sua fé, têm dificuldade em encontrar um lugar nas suas sociedades e sofrem vários tipos de perseguição, que vai até à morte. Numerosos são os jovens que, por constrangimento ou falta de alternativas, vivem perpetrando crimes e violências: crianças-soldado, gangues armadas e criminosos, tráfico de droga, terrorismo, etc. Abusos e dependências, bem como violência e extravio contam-se entre as razões que levam os jovens à prisão, com incidência particular nalguns grupos étnicos e sociais.

Muitos jovens são mentalizados, instrumentalizados e utilizados como bucha de canhão ou como força de choque para destruir, intimidar ou ridicularizar outros.

Ainda mais numerosos no mundo são os jovens que padecem formas de marginalização e exclusão social, por razões religiosas, étnicas ou econômicas. Lembramos a difícil situação de adolescentes e jovens que ficam grávidas e a praga do aborto, bem como a propagação do HIV/AIDS, as várias formas de dependência (drogas, jogos, pornografia, etc.) e a situação dos meninos e adolescentes de rua, que carecem de casa, família e recursos econômicos. E quando se trata de mulheres, estas situações de marginalização tornam-se duplamente dolorosas e difíceis.

Não podemos ser uma Igreja que não chora à vista destes dramas dos seus filhos jovens. Não devemos jamais habituar-nos a isto, porque, quem não sabe chorar, não é mãe. Queremos chorar para que a própria sociedade seja mais mãe, a fim de que, em vez de matar, aprenda a dar à luz, de modo que seja promessa de vida. Choramos ao recordar os jovens que morreram por causa da miséria e da violência e pedimos à sociedade que aprenda a ser uma mãe solidária. Esta dor não passa, acompanha-nos, porque não se pode esconder a realidade. A pior coisa que podemos fazer é aplicar a receita do espírito mundano, que consiste em anestesiar os jovens com outras notícias, com outras distrações, com banalidades.

Talvez aqueles de nós que levamos uma vida sem grandes necessidades não saibamos chorar. Certas realidades da vida só se veem com os olhos limpos pelas lágrimas. Convido cada um de vós a perguntar-se: Aprendi eu a chorar, quando vejo uma criança faminta, uma criança drogada pela estrada, uma criança sem casa, uma criança abandonada, uma criança abusada, uma criança usada como escravo pela sociedade? Ou o meu não passa do pranto caprichoso de quem chora porque quereria ter mais alguma coisa? Procura aprender a chorar pelos jovens que estão em pior situação do que tu. A misericórdia e a compaixão também se manifestam chorando. Se o pranto não te vem, pede ao Senhor que te conceda derramar lágrimas pelo sofrimento dos outros. Quando souberes chorar, então serás capaz de fazer algo, do fundo do coração, pelos outros.

Às vezes o sofrimento de alguns jovens é lacerante, um sofrimento que não se pode expressar com palavras, um sofrimento que nos fere como um soco. Estes jovens só podem dizer a Deus que sofrem muito, o quanto lhes custa seguir em frente, que já não acreditam em ninguém. Mas, neste grito desolador, fazem-se ouvir as palavras de Jesus: Felizes os que choram, porque serão consolados. Há jovens que conseguiram abrir caminho na vida, porque lhes chegou esta promessa divina. Junto a um jovem atribulado, possa haver sempre uma comunidade cristã para fazer ressoar aquelas palavras com gestos, abraços e ajuda concreta!

É verdade que os poderosos prestam alguma ajuda, mas muitas vezes por um alto preço. Em muitos países pobres, a ajuda econômica de alguns países mais ricos ou de alguns organismos internacionais costuma estar vinculada à aceitação de propostas ocidentais relativas à sexualidade, ao matrimônio, à vida ou à justiça social. Esta colonização ideológica prejudica de forma especial os jovens. Ao mesmo tempo, vemos como certa publicidade ensina as pessoas a estar sempre insatisfeitas, contribuindo assim para a cultura do descarte, onde os próprios jovens acabam transformados em material descartável.

A cultura atual promove um modelo de pessoa estreitamente associado à imagem do jovem. Sente-se belo quem se apresenta jovem, quem realiza tratamentos para esconder as marcas do tempo. Os corpos jovens são constantemente usados na publicidade comercial. O modelo de beleza é um modelo juvenil, mas estejamos atentos porque isto não é um elogio para os jovens. Significa apenas que os adultos querem roubar a juventude para si mesmos, e não que respeitam, amam e cuidam dos jovens.

Alguns jovens sentem as tradições familiares como opressivas e abandonam-nas sob a pressão de uma cultura globalizada que às vezes os deixa sem pontos de referência. Entretanto, em outras partes do mundo, entre jovens e adultos não há um verdadeiro e próprio conflito geracional, mas um alheamento recíproco. Por vezes, os adultos não procuram ou não conseguem transmitir os valores basilares da existência ou então assumem estilos próprios dos jovens, transtornando o relacionamento entre as gerações. Quanto dano faz isto aos jovens, embora alguns não se deem conta!

sexta-feira, 26 de abril de 2019

26 de abril - “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Jo 21,6


O chamado de Pedro para ser pastor acontece depois de uma pesca abundante: depois de uma noite durante a qual tinham lançado as redes sem pescar nada, os discípulos veem na margem do lago o Senhor Ressuscitado. Ele ordena-lhes que voltem a pescar mais uma vez e eis que a rede se enche tanto, que eles não conseguem tirá-la para fora da água: cento e cinquenta e três peixes grandes. “E apesar de serem tantos, a rede não se rompeu”.

Esta narração do final do caminho terreno de Jesus com os Seus discípulos corresponde a uma narração do início: também então os discípulos não tinham pescado nada durante toda a noite; também então Jesus tinha convidado Simão a fazer-se ao largo mais uma vez. E Simão, que ainda não era chamado Pedro, deu esta admirável resposta: Mestre, porque Tu o dizes, lançarei as redes! E eis que Jesus lhe confere a sua missão: “Não tenhas receio; no futuro, serás pescador de homens”.

Também hoje é dito à Igreja e aos sucessores dos apóstolos que se façam ao largo no mar da história e que lancem as redes, para conquistar os homens para o Evangelho, para Deus, para Cristo, para a vida. Os Padres dedicaram um comentário muito particular a esta tarefa. Dizem eles: para o peixe, criado para a água, é mortal ser tirado para fora do mar; ele é privado do seu elemento vital para servir de alimento ao homem. Mas na missão do pescador de homens acontece o contrário: nós, homens, vivemos alienados nas águas salgadas do sofrimento e da morte, num mar de obscuridade sem luz; a rede do Evangelho tira-nos para fora das águas da morte e conduz-nos ao esplendor da luz de Deus, na verdadeira vida. É precisamente assim na missão de pescador de homens, no seguimento de Cristo: é necessário conduzir os homens para fora do mar salgado de todas as alienações, rumo à terra da vida, rumo à luz de Deus. É precisamente assim: nós existimos para mostrar Deus aos homens.

Papa Bento XVI – 24 de abril de 2005

Hoje celebramos:
            São Rafael Arnáiz Barón


26 de abril - Santo Estevão de Perm


Estevão nasceu por volta de 1340 numa cidadezinha russa encravada nos montes Urais. Sua família era cristã; seu pai chamava-se Simeão e sua mãe Maria. Sob influência de sua mãe, demonstrou desde o início de sua vida um grande zelo pelo serviço à Igreja. Ajudava seu pai durante os ofícios e aprendeu a ler as Sagradas Escrituras, cumprindo o papel também de leitor.

Já na juventude, aceitou os votos monásticos no mosteiro de Rostov, construído em homenagem a São Gregório, o teólogo. O mosteiro era famoso por sua coleção de livros, e Estevão, desejando ler os Santos Padres no idioma original, aprendeu a língua grega. Quando em sua juventude, sempre teve contato com o povo zyriano, e agora seu coração ardia pelo desejo de levar-lhes a Palavra de Deus.

Para cumprir sua missão de iluminar este povo, compilou um alfabeto em sua língua e traduziu alguns livros da Igreja. Por sua tarefa piedosa, o bispo de Rostov, Arsênio (1374-1380), ordenou-o diácono. Tendo se preparado para sua atividade missionária, viajou em 1379 a Moscou para pedir a benção do bispo Gerásimo. Lá foi não só abençoado como ordenado monge. Dali, Estevão viajou pelo rio Dvina rumo ao norte, até as aldeias do povo zyriano. Nesta região sofreu muitas privações, lutas e tristezas, vivendo ao lado de pagãos e adoradores de ídolos.

O povo zyriano realizava sua idolatria, principalmente, em frente a uma árvore tida por sagrada. Para ela traziam animais selvagens, e ali os sacrificavam. Santo Estevão construiu sua cela próxima à árvore e aproveitava estas reuniões pagãs para pregar a verdade. Quando o santo cortou e queimou a árvore, o povo tentou matá-lo. No entanto, convenceu a muitos com sua pregação, de modo que pôde construir uma Igreja dedicada a São Miguel Arcanjo, o vencedor dos espíritos das trevas, no lugar em que a árvore antes existia. Os próprios convertidos passaram a derrubar e queimar seus antigos lugares de idolatria, mas tiveram de enfrentar a oposição de sacerdotes locais, liderados por Pam, que interveio contra a disseminação da verdadeira fé.

Contudo, tendo vencido a batalha contra Pam ao salvar a vida deste último, Santo Estevão convidou-o a aceitar Cristo. Negando-se, o sacerdote pagão enfrentou o banimento de seu próprio povo. Em homenagem à conversão dos zyrianos, o monge Estevão construiu uma Igreja dedicada a São Nicolau.

Em 1381, Estevão foi ordenado bispo da cidade de Perm, e a partir dali dedicou-se a cuidar de seu rebanho. Abriu várias escolas para os novos convertidos, onde eles estudavam as Sagradas Escrituras em sua própria língua. Além disso, o santo ajudou na tradução para a língua zyriana de vários livros, como o dos Salmos, os Santos Evangelhos e outros. Defendeu-os também da incursão de outras tribos, supriu-os com pão, intercedeu por eles junto a Moscou. Seus esforços levaram à conversão de toda a região à Ortodoxia. Além disso, Santo Estevão, grande admirador de São Sérgio de Radonezh, fundou vários mosteiros pelas terras de Perm.

Faleceu durante uma viagem a Moscou, no ano de 1395, e foi sepultado nesta cidade no Mosteiro da Transfiguração.


Christus vivit - Vós sois o agora de Deus: Diversidade da Juventude - Nºs 68 a 70


Nºs 68 a 70

Poderíamos procurar descrever as caraterísticas dos jovens de hoje, mas, antes de mais nada, quero registrar uma observação dos Padres Sinodais: a própria composição do Sínodo tornou visível a presença e a colaboração das diferentes regiões do mundo, evidenciando a beleza de ser Igreja universal. Embora num contexto de crescente globalização, salientamos as múltiplas diferenças entre contextos e culturas, inclusive dentro do mesmo país. Existe uma pluralidade de mundos juvenis, a ponto de se tender, em alguns países, a usar o termo “juventude” no plural. Além disso, a faixa etária considerada pelo presente Sínodo 16-29 anos não representa um todo homogêneo, mas compõe-se de grupos que vivem situações peculiares.

Partindo do ponto de vista demográfico, alguns países têm muitos jovens, enquanto outros possuem uma taxa de natalidade muito baixa. Outra diferença deriva da história, que torna distintos os países e continentes de antiga tradição cristã, cuja cultura é portadora duma memória que não deve ser perdida, dos países e continentes marcados por outras tradições religiosas e onde o cristianismo tem uma presença minoritária e, por vezes, recente. Além disso, noutros territórios, as comunidades cristãs e os jovens que fazem parte delas são objeto de perseguição. Devemos distinguir também os jovens que têm acesso às crescentes oportunidades oferecidas pela globalização daqueles que, ao contrário, vivem à margem da sociedade ou no mundo rural suportando os efeitos de formas de exclusão e descarte.

Existem muitas outras diferenças, que seria complexo referir aqui em detalhe. Por isso, não me parece oportuno demorar-me a oferecer uma análise exaustiva dos jovens no mundo atual, de como vivem e do que lhes sucede. Mas, como também não posso deixar de observar a realidade, assinalarei brevemente algumas contribuições que chegaram antes do Sínodo e outras que pude recolher durante ele.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

25 de abril - São João Battista Piamarta


João Battista Piamarta, sacerdote da Diocese de Brescia, foi um grande apóstolo da caridade e da juventude. Percebia a necessidade de uma presença cultural e social do catolicismo no mundo moderno, por isso se dedicou ao progresso cristão, moral e profissional das novas gerações, com a sua esplêndida humanidade e bondade.

Animado por uma confiança inabalável na Providência Divina e de um profundo espírito de sacrifício, enfrentou dificuldades e fatigas para dar vida a diversas obras apostólicas, entre as quais: o Instituto dos pequenos artesãos, a Editora Queriniana, a Congregação masculina da Sagrada Família de Nazaré e a Congregação das Humildes Servas do Senhor.

O segredo da sua vida, intensa e ativa, residia nas longas horas que ele dedicava à oração. Quando estava sobrecarregado pelo trabalho, aumentava o tempo do encontro, de coração a coração, com o Senhor. Demorava-se de muito bom grado junto do Santíssimo Sacramento, meditando a paixão, morte e ressurreição de Cristo, para alcançar a força espiritual e voltar a lançar-se, sempre com novas iniciativas pastorais, à conquista do coração das pessoas, sobretudo dos jovens, para levá-los de volta para as fontes da vida.

Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 21 de outubro de 2012

Padre João Piamarta nasceu na cidade de Bréscia, norte da Itália, no dia 26 de novembro de 1841 e foi batizado na Igreja paroquial de sua cidade. Sua Família era muito pobre e aos nove anos de idade ficou órfão de mãe, por isso foi amparado e educado pelo avô materno. Tendo concluído a 5ª serie, foi encaminhado para trabalhar numa fábrica de colchões. Ficou doente por causa do trabalho, por isso o patrão lhe ofereceu a possibilidade de passar as férias na cidade de Vállio. Nesta cidade conheceu o Padre Pezzana, pároco da cidade, o qual descobriu e cultivou de sua semente de sua vocação sacerdotal.

Padre Piamarta entrou no seminário e os anos se passaram vagarosos e cansativos. A sua saúde enfraqueceu em consequência das muitas horas que passava debruçado sobre os livros. Foi ordenado dia 23 de dezembro, de 1865, com 24 anos de idade.  Desenvolveu sua atividade pastoral como vigário na cidade de Carzago Riviera, em Bedizzole, na paróquia de Santo Alexandre, em Bréscia, e enfim como responsável pela paróquia de Pavone Mella.

No dia 3 de dezembro de 1886, numa primeira sexta-feira do mês, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, com a Celebração da Santa Missa, ele iniciava sua atividade em favor dos jovens pobres. Em fevereiro de 1887, Padre Piamarta deixava definitivamente a Paróquia para se dedicar aos jovens do Instituto Artigianelli.

Padre Piamarta sentiu profundamente o problema dos jovens camponeses, por isso, no dia 11 de novembro de 1895, com a ajuda do Pe. Bonsignori fundou a Colônia Agrícola de Remedello.
Fundou também a Congregação Sagrada Família de Nazaré, no dia 25 de maio de 1902, para dar continuidade a sua obra em favor da juventude pobre. Juntamente com a Madre Elisa Baldo, fundou a Congregação das Irmãs Humildes Servas do Senhor, no dia 19 de março de 1911.
    
No dia 25 de abril de 1913, na Colônia Agrícola de Remedello, encerra uma vida inteiramente dedicada ao serviço de Deus e dos irmãos.
   
No dia 22 de março de 1986, o Papa João Paulo II reconheceu suas virtudes heroicas. Ele viveu as virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade, e as virtudes morais: Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança, em grau heroico.
No dia 12 de outubro de 1997, na Praça de São Pedro, em Roma, o Papa João Paulo II proclamou Bem-Aventurado o Padre Piamarta.
Com a sua Beatificação, o Papa João Paulo II o doa como pai aos Jovens, o indica como exemplo aos sacerdotes e religiosos, o propõe como modelo para os educadores, o apresenta como intercessor das famílias e o oferece como protetor dos trabalhadores.
Foi declarado santo pelo Papa Bento XVI, na Santa Missa de Canonização de sete beatos da Igreja na Praça São Pedro que foi celebrada no domingo 21 de outubro de 2012.


25 de abril - Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Lc 24,39


Jesus se manifesta aos Apóstolos, dirigindo-lhes esta saudação: “A paz esteja convosco!” É a saudação de Cristo Ressuscitado, que nos dá a paz: “A paz esteja convosco!” Trata-se tanto da paz interior, como da paz que se estabelece nos relacionamentos entre as pessoas. O episódio narrado insiste muito sobre o realismo da Ressurreição. Jesus não é um fantasma. Com efeito, não se trata de uma aparição da alma de Jesus, mas da sua presença real, com o Corpo ressuscitado.

Jesus apercebe-se que os Apóstolos se sentem perturbados ao vê-lo, que estão desconcertados, porque para eles a realidade da Ressurreição é inconcebível. Julgam ver um fantasma; mas Jesus Ressuscitado não é um fantasma, é um homem de corpo e alma. Por isso, para os convencer, diz-lhes: “Vede as minhas mãos e os meus pés — mostra-lhes as chagas! — sou Eu mesmo! Tocai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho”. E dado que isto não parece ser suficiente para vencer a incredulidade dos discípulos, o Evangelho diz também algo interessante: a alegria que tinham dentro de si era tão grande que não podiam acreditar: “Não, não pode ser! Não pode ser assim! Não é possível tanta alegria!”. E para os convencer, Jesus disse-lhes: “Tendes aqui algo para comer?” Eles oferecem-lhe um pouco de peixe assado; Jesus toma-o e come-o diante deles, para os convencer.

A insistência de Jesus sobre a realidade da sua Ressurreição ilumina a perspectiva cristã sobre o corpo: o corpo não é um obstáculo, nem uma prisão da alma. O corpo é criado por Deus, e o homem só é completo em união de corpo e alma. Jesus, que venceu a morte e ressuscitou em corpo e alma, faz-nos entender que devemos ter uma ideia positiva do nosso corpo. Ele pode tornar-se ocasião ou instrumento de pecado; contudo, o pecado não é provocado pelo corpo, mas pela nossa debilidade moral. O corpo é um dom maravilhoso de Deus, destinado, em união com a alma, a manifestar plenamente a imagem e a semelhança d’Ele. Portanto, somos chamados a ter grande respeito e cuidado do nosso corpo e do corpo dos outros.

Papa Francisco – 15 de abril de 2018

Hoje celebramos:



Christus vivit -Vós sois o agora de Deus: Ver o positivo - Nºs 65 a 67

Nºs 65 a 67

Nem sempre temos o comportamento de Jesus. Em vez de nos dispormos a escutar os jovens profundamente, prevalece a tendência de fornecer respostas pré-fabricadas e receitas prontas, sem deixar formular as perguntas juvenis na sua novidade e captar a sua interpelação.

Mas, quando a Igreja abandona esquemas rígidos e se abre à escuta pronta e atenta dos jovens, esta empatia enriquece-a, porque permite que os jovens deem a sua colaboração à comunidade, ajudando-a a individuar novas sensibilidades e colocar-se perguntas inéditas.

Hoje nós, adultos, corremos o risco de fazer uma lista de desastres, de defeitos da juventude atual. Alguns poderão aplaudir-nos, porque parecemos especialistas em encontrar aspetos negativos e perigos. Mas, qual seria o resultado deste comportamento? Uma distância sempre maior, menos proximidade, menos ajuda mútua.

A clarividência de quem foi chamado a ser pai, pastor ou guia dos jovens consiste em encontrar a pequena chama que continua a arder, a cana que parece quebrar-se, mas ainda não partiu. É a capacidade de visualizar percursos onde outros só veem muros, é saber reconhecer possibilidades onde outros só veem perigos.
Assim é o olhar de Deus Pai, capaz de valorizar e nutrir os germes de bem semeados no coração dos jovens. Por isso, o coração de cada jovem deve ser considerado terra santa, diante da qual devemos descalçar para poder aproximar-nos e penetrar no Mistério.