segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Fratelli tutti - Capítulo 3 - Pensar e gerar um mundo aberto: Noções inadequadas dum amor universal nºs 99 e 100

99. O amor que se estende para além das fronteiras está na base daquilo que chamamos "amizade social" em cada cidade ou em cada país. Se for genuína, esta amizade social dentro duma sociedade é condição para possibilitar uma verdadeira abertura universal. Não se trata daquele falso universalismo de quem precisa de viajar constantemente, porque não suporta nem ama o próprio povo. Quem olha para a sua gente com desprezo, estabelece na própria sociedade categorias de primeira e segunda classe, de pessoas com mais ou menos dignidade e direitos. Deste modo, nega que haja espaço para todos.

100. Também não estou a propor um universalismo autoritário e abstrato, ditado ou planificado por alguns e apresentado como um presumível ideal para homogeneizar, dominar e saquear. Há um modelo de globalização que visa conscientemente uma uniformidade unidimensional e procura eliminar todas as diferenças e as tradições numa busca superficial de unidade. (...) Se uma globalização pretende fazer a todos iguais, como se fosse uma esfera, tal globalização destrói a riqueza e a singularidade de cada pessoa e de cada povo. Este falso sonho universalista acaba por privar o mundo da variedade das suas cores, da sua beleza e, em última análise, da sua humanidade. Com efeito, o futuro não é “monocromático”, mas – se tivermos coragem para isso – podemos contemplá-lo na variedade e na diversidade das contribuições que cada um pode dar. Como precisa a nossa família humana de aprender a viver conjuntamente em harmonia e paz, sem necessidade de sermos todos iguais!

domingo, 24 de janeiro de 2021

Fratelli tutti - Capítulo 3 - Pensar e gerar um mundo aberto: Sociedades abertas que integram a todos nºs 97 e 98

97. Existem periferias que estão próximas de nós, no centro duma cidade ou na própria família. Também há um aspeto da abertura universal do amor que não é geográfico, mas existencial: a capacidade diária de alargar o meu círculo, chegar àqueles que espontaneamente não sinto como parte do meu mundo de interesses, embora se encontrem perto de mim. Por outro lado, cada irmã ou cada irmão que sofre, abandonado ou ignorado pela minha sociedade, é um forasteiro existencial, embora tenha nascido no mesmo país. Pode ser um cidadão com todos os documentos em ordem, mas fazem-no sentir como um estrangeiro na sua própria terra. O racismo é um vírus que muda facilmente e, em vez de desaparecer, dissimula-se mas está sempre à espreita.

98. Quero lembrar estes "exilados ocultos", que são tratados como corpos estranhos à sociedade. Muitas pessoas com deficiência sentem que vivem sem pertença nem participação. Ainda há tanto que as impede de beneficiar da plena cidadania. O objetivo não é apenas cuidar delas, mas acompanhá-las e “ungi-las” de dignidade para uma participação ativa na comunidade civil e eclesial. Trata-se de um caminho exigente e também cansativo, que contribuirá cada vez mais para a formação de consciências capazes de reconhecer cada um como pessoa única e irrepetível. Penso igualmente nos idosos, que, inclusive por causa da sua deficiência, são por vezes sentidos como um peso. Mas todos podem dar uma contribuição singular para o bem comum através de sua biografia original. Permiti que insista: Tende a coragem de dar voz àqueles que são discriminados por causa de sua condição de deficiência, porque infelizmente, em certas nações, ainda hoje é difícil reconhecê-los como pessoas de igual dignidade.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

20 de janeiro - Beato Cyprian Michael Iwene Tansi

Iwene Tansi nasceu em setembro de 1903 em Igboezunu, no estado de Anambra, na Nigéria, em uma família pagã. Perdeu o pai ainda pequeno e sua mãe, viúva e com cinco filhos, entregou Iwene à tutela de um parente cristão que, quando este tinha 9 anos, o fez batizar e aí recebeu o nome de Michael (Miguel).

Era de caráter obediente e paciente e costumava passar longas horas em oração na igreja, motivo pelo qual era às vezes zombado pelos meninos. Durante a adolescência, sentiu-se atraído ao sacerdócio e entrou para o seminário diocesano, não obstante a forte oposição da família.

Sua formação durou 12 anos, ao final dos quais foi ordenado, no dia 19 de dezembro de 1937. Passou os anos seguintes se dedicando à atividade paroquial. Seu ministério foi caracterizado por uma caridade ardente para com o próximo e as pessoas da região tinham-no por um “santo vivo”.

Combateu a superstição e fomentou a formação espiritual das mulheres e dos candidatos ao matrimônio. Levava uma intensa vida ascética, impondo-se frequentes restrições.

Durante a década de 1940, manifesta um interesse pela vida contemplativa e o expressa a seu arcebispo, que entra em contato com mosteiros trapistas irlandeses e ingleses a fim de encontrar um local aonde Pe. Michael pudesse receber uma formação monástica.

O Mosteiro de Mount St. Bernard, na Inglaterra, respondeu positivamente às demandas do arcebispo nigeriano e em 1950 Pe. Michael ingressa ali, recebendo o nome de Irmão Cyprian (Cipriano). Sua intenção era, após haver recebido a formação, de regressar à Nigéria e ali fundar um mosteiro, mas, ao dar-se conta das dificuldades que tal passo exigiria, pede para professar em Mount St. Bernard e esperar a oportunidade na qual o mosteiro pudesse fazer uma fundação ali.

A fundação ocorreu, porém não na Nigéria, mas sim nos Camarões. Irmão Cipriano foi designado mestre-de-noviços da fundação, mas pouco antes da viagem, em dezembro de 1963, foi detectada uma trombose profunda na perna e, pouco depois, uma excrescência no estômago. Ele foi levado às pressas para o hospital em Leichester, onde foi diagnosticado um aneurisma da aorta; o monge que o acompanhava voltou ao mosteiro com a intenção de regressar na manhã seguinte, mas durante a noite a doença agravou-se e na manhã de 20 de janeiro de 1964 morreu completamente sozinho, em quarto anônimo de um hospital estrangeiro, sem ter visto sua pátria novamente, desde que saiu em 1950.

O corpo foi levado de volta ao mosteiro e no dia 22 o funeral foi celebrado com a presença de outros padres nigerianos residentes em Londres. O centro monástico em Camerum foi inaugurado após sua morte e quando em 1986, 22 anos após sua morte, o processo de beatificação foi aberto na catedral de Omitsha, duas comunidades trapistas operavam na Nigéria, uma masculina e outra feminina e uma comunidade dos monges beneditinos.

Primeiro beato da Nigéria, foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 22 de março de 1998. Trecho da sua homília:

Hoje, um dos filhos da Nigéria, o Padre Cipriano Michael Iwene Tansi, foi proclamado “Beato”, precisamente na terra onde ele pregou a Boa Nova da salvação e procurou reconciliar os seus concidadãos com Deus e uns com os outros. De fato, a Catedral onde o Padre Tansi foi ordenado e a paróquia onde exerceu o ministério sacerdotal não estão distantes de Oba, lugar onde nos encontramos reunidos. Algumas pessoas, a quem ele proclamou o Evangelho e administrou os sacramentos, hoje estão aqui conosco — inclusive o Cardeal Francis Arinze, que foi batizado pelo Padre Tansi e recebeu a sua primeira educação numa das suas escolas.

A vida e o testemunho do Padre Tansi são fonte de inspiração para todos na Nigéria, País que ele tanto amou. Ele era antes de tudo um homem de Deus: as longas horas passadas diante do Santíssimo Sacramento cumularam o seu coração de amor generoso e corajoso. Os que o conheceram dão testemunho do seu grande amor a Deus. Todos os que se encontraram com ele se sentiram tocados pela sua bondade pessoal. Ele foi também um homem do povo: colocou sempre os outros antes de si mesmo, e esteve especialmente atento às necessidades pastorais das famílias. Assumiu o grande encargo de preparar bem os casais para o sagrado matrimônio e anunciou a importância da castidade. Procurou de todos os modos promover a dignidade das mulheres. De modo especial, considerava preciosa a educação das jovens. Também quando foi enviado pelo Bispo Heerey à Abadia Cisterciense do Monte São Bernardo, na Inglaterra, para seguir a própria vocação monástica, com a esperança de poder trazer para a África a vida contemplativa, ele jamais se esqueceu do seu povo e não deixou de oferecer orações e sacrifícios pela sua contínua santificação.

O Padre Tansi sabia que existe algo do filho pródigo em cada ser humano. Sabia que todos os homens e todas as mulheres são tentados a separar-se de Deus, para procurarem a própria independência e existência egoísta. Sabia que depois eles ficariam desiludidos pelo vazio da ilusão que os havia fascinado e que, no fim, eventualmente achariam nas profundezas do próprio coração o caminho do retorno à casa do Pai. Encorajou as pessoas a confessarem os próprios pecados e a receberem o perdão de Deus no Sacramento da Reconciliação. Pediu-lhes que perdoassem uns aos outros como Deus nos perdoa e transmitissem o dom da reconciliação, tornando isto uma realidade em todos os níveis da vida nigeriana. O Padre Tansi esforçou-se por imitar o pai da parábola: estava sempre disponível para aqueles que procuravam a reconciliação. Difundia a alegria da comunhão restabelecida com Deus. Exortava as pessoas a acolherem a paz de Cristo, e encorajava-as a alimentar a vida da graça com a Palavra de Deus e com a sagrada Comunhão.

O Beato Cipriano Michael Tansi é um primeiro exemplo dos frutos de santidade que cresceram e amadureceram na Igreja na Nigéria, visto que antes o Evangelho foi anunciado nesta terra. Ele recebeu o dom da fé graças aos esforços dos missionários e, fazendo seu o estilo de vida cristã, tornou-o realmente africano e nigeriano. De igual modo, também os nigerianos de hoje — tanto os jovens como os adultos — são chamados a colher os frutos espirituais que foram plantados no meio deles e estão agora prontos para a colheita. A respeito disso, desejo agradecer e encorajar a Igreja na Nigéria no que se refere à sua obra missionária na Nigéria, em África e noutros lugares. O testemunho que o Padre Tansi deu do Evangelho e da caridade cristã é um dom espiritual que esta Igreja local oferece agora à Igreja universal.

 

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Fratelli tutti - Capítulo 3 - Pensar e gerar um mundo aberto: A progressiva abertura do amor nºs 95 e 96

95. Enfim, o amor coloca-nos em tensão para a comunhão universal. Ninguém amadurece nem alcança a sua plenitude, isolando-se. Pela sua própria dinâmica, o amor exige uma progressiva abertura, maior capacidade de acolher os outros, numa aventura sem fim, que faz convergir todas as periferias rumo a um sentido pleno de mútua pertença. Disse-nos Jesus: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23, 8).

96. Esta necessidade de ir além dos próprios limites vale também para as diferentes regiões e países. De fato, o número sempre crescente de ligações e comunicações que envolvem o nosso planeta torna mais palpável a consciência da unidade e partilha dum destino comum entre as nações da terra. Assim, nos dinamismos da história – independentemente da diversidade das etnias, das sociedades e das culturas –, vemos semeada a vocação a formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros.

sábado, 16 de janeiro de 2021

Fratelli tutti - Capítulo 3 - Pensar e gerar um mundo aberto: O valor único do amor nºs 91 a 94

91. As pessoas podem desenvolver algumas atitudes que apresentam como valores morais: fortaleza, sobriedade, laboriosidade e outras virtudes. Mas, para orientar adequadamente os atos das várias virtudes morais, é necessário considerar também a medida em que eles realizam um dinamismo de abertura e união para com outras pessoas. Este dinamismo é a caridade, que Deus infunde. Caso contrário, talvez tenhamos só uma aparência de virtudes, que serão incapazes de construir a vida em comum. Por isso, dizia São Tomás de Aquino – citando Santo Agostinho – que a temperança duma pessoa avarenta nem sequer era virtuosa. Com outras palavras, explicava São Boaventura que as restantes virtudes, sem a caridade, não cumprem estritamente os mandamentos como Deus os compreende.

92. A estatura espiritual duma vida humana é medida pelo amor, que constitui o critério para a decisão definitiva sobre o valor ou a inutilidade duma vida humana. Todavia há crentes que pensam que a sua grandeza está na imposição das suas ideologias aos outros, ou na defesa violenta da verdade, ou em grandes demonstrações de força. Todos nós, crentes, devemos reconhecer isto: em primeiro lugar está o amor, o amor nunca deve ser colocado em risco, o maior perigo é não amar (cf. 1 Cor 13, 1-13).

93. Procurando especificar em que consiste a experiência de amar, que Deus torna possível com a sua graça, São Tomás de Aquino explicava-a como um movimento que centra a atenção no outro considerando-o como um só comigo mesmo. A atenção afetiva prestada ao outro provoca uma orientação que leva a procurar o seu bem gratuitamente. Tudo isto parte duma estima, duma apreciação que, em última análise, é o que está por detrás da palavra caridade: o ser amado é caro para mim, ou seja, é estimado como de grande valor. E do amor, pelo qual uma pessoa me agrada, depende que lhe dê algo grátis.

94. Sendo assim o amor implica algo mais do que uma série de ações benéficas. As ações derivam duma união que propende cada vez mais para o outro, considerando-o precioso, digno, aprazível e bom, independentemente das aparências físicas ou morais. O amor ao outro por ser quem é, impele-nos a procurar o melhor para a sua vida. Só cultivando esta forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela amizade social que não exclui ninguém e a fraternidade aberta a todos.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Fratelli tutti - Capítulo 3 - Pensar e gerar um mundo aberto: Mais além nºs 88 a 90


88. A partir da intimidade de cada coração, o amor cria vínculos e amplia a existência, quando arranca a pessoa de si mesma para o outro. Feitos para o amor, existe em cada um de nós uma espécie de lei de “êxtase”: sair de si mesmo para encontrar nos outros um acrescentamento de ser. Por isso, o homem deve conseguir um dia partir de si mesmo, deixar de procurar apoio em si mesmo, deixar-se levar.

89. Mas não posso reduzir a minha vida à relação com um pequeno grupo, nem mesmo à minha própria família, porque é impossível compreender-me a mim mesmo sem uma teia mais ampla de relações: e não só as do momento atual, mas também as relações dos anos anteriores que me foram configurando ao longo da minha vida. A minha relação com uma pessoa, que estimo, não pode ignorar que esta pessoa não vive só para a sua relação comigo, nem eu vivo apenas relacionando-me com ela. A nossa relação, se é sadia e autêntica, abre-nos aos outros que nos fazem crescer e enriquecem. O mais nobre sentido social hoje facilmente fica anulado sob intimismos egoístas com aparência de relações intensas. Pelo contrário, o amor autêntico, que ajuda a crescer, e as formas mais nobres de amizade habitam em corações que se deixam completar. O vínculo de casal e de amizade está orientado para abrir o coração em redor, para nos tornar capazes de sair de nós mesmos até acolher a todos. Os grupos fechados e os casais autorreferenciais, que se constituem como um “nós” contraposto ao mundo inteiro, habitualmente são formas idealizadas de egoísmo e mera autoproteção.

90. Não é sem razão que muitas populações pequenas e sobrevivendo em áreas desérticas conseguiram desenvolver uma generosa capacidade de acolhimento dos peregrinos que passavam, dando assim um sinal exemplar do dever sagrado da hospitalidade. Viveram-no também as comunidades monásticas medievais, como se verifica na Regra de São Bento. Embora pudessem perturbar a ordem e o silêncio dos mosteiros, Bento exigia que se tratasse os pobres e os peregrinos com toda a consideração e carinho possíveis. A hospitalidade é uma maneira concreta de não se privar deste desafio e deste dom que é o encontro com a humanidade mais além do próprio grupo. Aquelas pessoas reconheciam que todos os valores por elas cultivados deviam ser acompanhados por esta capacidade de se transcender a si mesmas numa abertura aos outros.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Ano de São José



Por meio da Carta Apostólica “Patris corde – Com coração de Pai”, o papa Francisco faz um convite especial a todos os católicos. A Igreja começa a viver um ano dedicado a São José. Trata-se de um presente especial do Santo Padre e um convite para que conheçamos mais o pai adotivo de Jesus. 

A iniciativa acontece por ocasião dos 150 anos de declaração do Esposo de Maria como Padroeiro da Igreja Católica. O Ano Josefino começou oficialmente no dia 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, e se concluirá na mesma solenidade, em 2021. Indulgências plenárias no Ano Josefino Durante o Ano de São José, as indulgências plenárias serão concedidas aos fiéis que, além das condições habituais previstas pela Igreja, praticarem cinco atos particulares de piedade ou obras de caridade ligadas ao modelo representado pelo pai de Jesus. 

Condições habituais 

- Confissão Sacramental 

- Comunhão Eucarística 

- Oração nas intenções do Santo Padre, o papa Atos de piedade ou Obras de Caridade - Abrir-se à vontade de Deus 

- Meditar ou participar de um retiro espiritual 

- Fazer-se instrumento de justiça e misericórdia do Pai através da realização de obras de misericórdia corporais e espirituais, como José, o “homem justo” (Mt 1, 19). 

- Recitar o Santo Terço 

- Santificar o próprio trabalho confiando-o à intercessão de São José ou rezar por aqueles que são privados de uma ocupação digna. 

Rezar pelos que sofrem formas de perseguição através da oração das ladainhas a São José ou outras fórmulas de oração próprias dos ritos das Igrejas Orientais. São José e os “Josés” dos nossos dias Conhecer São José no plano salvífico de Deus é imprescindível. 

Por meio deste ano especial que começa, a Igreja quer chegar ao coração de todos os católicos. Celebrar o Ano de São José é dar atenção especial ao sim do pai adotivo de Jesus, que muitas vezes não é reconhecido, como o sim de Maria. Com o sim de José, o plano salvífico foi levado adiante e a palavra de Deus deixa claro as dificuldades que ele enfrentou ao receber o anúncio de que sua futura esposa estava grávida, embora não tivesse tido contato algum com homem. Essa foi apenas a primeira dificuldade. Mas como homem justo, José aceitou todos os percalços e seguiu adiante, obedecendo a Deus. A propósito, o termo “homem justo”, raríssimo na Bíblia, quer dizer “santo”. Trata-se de um atributo reservado somente a Deus (Ecle 7,20). 

Isso revela muito sobre a integridade, os valores e a santidade de vida de José, que era fiel à lei, observador dos mandamentos e preceitos da Torah. Na vida cotidiana, José era homem pobre, com poucos recursos. Tinha a carpintaria como profissão, mas ganhava pouco e vivia a angústia de muitos pais de família de todos os tempos da história: não tinha recursos necessários para dar conforto e segurança à família. 

Se não bastasse toda a miséria que viveu até o nascimento de Jesus, José também se tornou migrante com a família. Nas terras estrangeiras do Egito, certamente, viveu a angústia de procurar emprego e não encontrar. Assim, ofereceu o mínimo para os seus. Em sua carta “Patris Corde”, Francisco lembra de tantos pais que não conseguem oferecer o básico aos seus familiares. 

A carta também indica que Jesus não nasceu pronto, mas foi aprendendo gradualmente, assistido por um pai presente. Sobre isso, o papa adverte acerca das dificuldades de tantos pais ausentes que não conseguem acompanhar a vida dos filhos por uma série de fatores. Por fim, neste Ano de São José, esse santo que teve a maior parte de sua vida oculta, tem muito a ensinar à sociedade de hoje. O papa, porém, lembra, sobretudo neste tempo de pandemia, dos homens e mulheres que arriscam suas vidas para cuidar e proteger as pessoas vítimas desta enfermidade. 

A Carta Apostólica “Patris Corde” merece ser lida por todos os católicos e o Ano de São José ser vivido intensamente, na busca de conhecer profundamente esse homem justo que, mesmo sem compreender tudo, acolheu tudo.

sábado, 9 de janeiro de 2021

09 de janeiro - Beata Paulina Jaricot

Em todas as paróquias do mundo, o terceiro domingo de outubro é o Dia Mundial das Missões, um dia para oferecer orações, sacrifícios e esmolas para missões e missionários em todo o mundo. 

Um dia, Paulina Jaricot chegou de seu trabalho, cansada e ansiosa para ouvir uma história que a distraísse. Ela entrou na cozinha para pedir à empregada que lhe contasse algo agradável. A boa mulher respondeu: "Se você me ajudar a terminar este trabalho, eu vou te contar uma coisa que vai te agradar muito". A menina a ajudou com prazer e, quando terminou o trabalho, a cozinheira tirou o avental e abriu uma revista de missões e leu as aventuras de vários missionários que, em terras distantes, em meio a terríveis dificuldades econômicas, e com grandes perigos e dificuldades, escreviam contando suas façanhas e pedindo aos católicos que os ajudassem com suas orações, esmolas e sacrifícios, para que pudessem continuar seu difícil trabalho missionário.

Naquele momento, uma ideia brilhante passou pela mente de Paulina: por que não reunir pessoas piedosas e obter de cada uma dinheir, orações e algum pequeno sacrifício para as missões e os missionários, e depois enviar tudo para aqueles que trabalhavam evangelizando em terras distantes? E ela começou a começar a realizar essa semana tão memorável.

Paulina Jaricot nasceu em Lião (França) a 22 de julho de 1799, de uma família proprietária de uma fábrica de seda. Desde a sua infância recebeu profunda educação cristã.

Após grave enfermidade e morte da mãe, em 1816, Paulina resolveu "servir somente a Deus". Nesta oportunidade, fez voto privado de castidade e adotou um estilo de vida e de vestir das mais pobres operárias.

Por meio de seu querido irmão, Filéias, seminarista do Seminário de Saint-Sulpice, em Paris, onde se preparava para ser missionário na China, Paulina toma conhecimento e mantém-se informada da situação difícil das missões.

Paulina, além de esforçar-se em dar a conhecer as necessidades das missões (pertencia também à Associação dos Padres das Missões Estrangeiras), amadurecia em sua mente algo mais orgânico que poderia suscitar o entusiasmo e evoluir interiormente; algo, inclusive, que pudesse envolver todos os católicos e ser uma verdadeira ajuda para todas as missões indistintamente.

Ao aparecer o grande projeto de Paulina Jaricot, que um dia se converteria na Obra da Propagação da Fé, seu irmão Filéias, recém ordenado sacerdote, sugere à irmã que se consagre, inteiramente, a uma atividade organizada em favor das missões.

"A minha vocação - escrevia Paulina – impedia-me de fixar a minha atenção apenas numa obra até o ponto de esquecer-me das demais... Desejo permanecer livre para poder ir onde as necessidades são maiores".

Suas outras obras foram: o Rosário Vivo (1826), a Obra de Boa Imprensa (bibliotecas populares e volantes, 1826), o Banco do Céu (1830), a Congregação de Filhas de Maria (1831).

O mundo católico considera Paulina Jaricot como uma mulher de extraordinária têmpera de alma e de ampla visão das necessidades da Igreja; uma mulher verdadeiramente amante da Igreja, que viveu quase sempre incompreendida, combatida, caluniada e até perseguida pelos superiores.

Paulina era de temperamento prático: todas as suas iniciativas revelam um espírito sumamente realista, capaz de dar corpo e vida a uma ideia. Suas atividades, são aparentemente simples e susceptíveis de serem atribuídas a qualquer pessoa, denotavam, porém, uma percepção exacta da realidade social e espiritual de seu tempo.

As autoridades eclesiásticas, que repetidamente recomendaram a Obra aos Bispos, sacerdotes e fiéis, reconhecendo em Paulina Jaricot um instrumento dócil, generoso e heroico da Divina Providência para a evangelização, introduziu a causa da Beatificação, em 18 de janeiro de 1830. Em 25 de fevereiro de 1963, o Papa João XXIII assinou o decreto que proclama a heroicidade das virtudes de Paulina Maria Jaricot. Por isso a declarou "Venerável", o que significa que a Igreja se compromete em beatificá-la.

Faltava apenas o reconhecimento de um milagre para alcançar a beatificação. Isso aconteceria em 2012. Maylin, uma menina de 3 anos, ficou sufocada. Hospitalizada, ela teve uma parada cardíaca e foi considerada praticamente morta pelos médicos. Em sua escola, foi organizada
uma corrente de oração pela intercessão de Paulina Jaricot, cujo jubileu, de 50 anos da morte, foi celebrado naquele ano. Alguns dias depois, a criança mostra sinais de vida e se recupera sem sequelas.

Um inquérito diocesano sobre a suposta cura foi instaurado no Tribunal Eclesiástico da Diocese de Lyon. A menina foi auscultada em Roma. Após um longo procedimento científico e canônico, os médicos concluem que se trata de uma cura inexplicável. Um fato excepcional, na opinião de Gaëtan Boucharlat de Chazotte, porque “muitos casos de curas inexplicáveis, investigados na diocese, não foram bem-sucedidos porque os fatos não foram suficientemente comprovados”.

Depois de encaminhar as conclusões do processo para Congregação para as Causas dos Santos, o Papa Francisco autoriza o decreto que reconhece o milagre.

Ela foi beatificada no dia 22 de maio de 2022.

Rezemos, pedindo a Deus um milagre por intercessão de Paulina Jaricot:

Senhor, Vós inspirastes a Paulina Maria Jaricot a fundação da Obra da Propagação da Fé, a Organização do Rosário Vivo e seu compromisso radical com o mundo operário. Dignai-Vos agora apressar o dia em que a Igreja possa celebrar a santidade de sua vida. Fazei que seu exemplo arraste muitos cristãos a entregar-se ao serviço da evangelização, para que os homens e mulheres de hoje, em toda a terra, descubram Vosso amor infinito manifestado em Jesus Cristo, Nosso Senhor, que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Ano de Sao José - Novena

 
  
Reze conosco, com confiança, a novena a São José!

➡️ A Igreja sempre venerou São José e nos recomenda à sua intercessão. A partir da próxima terça-feira (05), a Comunidade Epifania inicia a sua primeira novena do ano dedicada a São José. Um modelo de pureza e amor a Deus, São José, esposo da Virgem Maria, nos ensina a observância das leis divinas. O Papa Francisco dedicou este ano a São José e você é convidado a rezar conosco e conhecer um pouco da sua história. De 05 a 13 de janeiro, sempre às 19h no nosso canal do youtube: Comunidade Epifania! 
.
.
Lembre-se de se inscrever em nosso canal, ativar o sininho para receber a notificação do YouTube e curtir as nossas redes. @comunidadeepifania