terça-feira, 31 de julho de 2018

31 de julho - Beato Francisco Solano Casey


Em Detroit, nos Estados Unidos de América, foi proclamado Beato Francisco Solano, sacerdote dos Frades Menores Capuchinhos. Discípulo humilde e fiel de Cristo, distinguiu-se por um serviço incansável aos pobres. Possa o seu testemunho ajudar sacerdotes, religiosos e leigos a viver com alegria o vínculo entre anúncio do Evangelho e amor pelos pobres.

Papa Francisco – 21 de novembro de 2017

O Beato Francis Solano Casey alcançou a santidade aqui nos Estados Unidos, escalando diariamente os passos que levaram ao encontro com Deus através do amor pelos irmãos necessitados.
Os outros, especialmente os pobres, não foram vistos como um fardo ou um obstáculo para o seu caminho de perfeição. Mas como um caminho para a luz do esplendor divino.

Cardeal Angelo Amato – 19 de novembro de 2017

Bernardo Francisco Casey nasceu em 1870 em Wisconsin, numa família ascendência irlandesa que teve 16 filhos, ele era a sexta criança a vir ao mundo. Gostava dos esportes e da música e teve que deixar bem cedo a escola para trabalhar em uma grande variedade de serviços: trabalhador agrícola, padeiro, guarda da prisão e lenhador.

Havia ainda a vocação que já havia nascido em sua alma: ele queria tornar-se sacerdote. Tinha tendências para ser padre diocesano, mas sua preparação cultural fraca o impediu de ingressar em um seminário de uma diocese.

Alguém teve a feliz ideia de recomendar-lhe a procura de uma congregação religiosa para que pudesse alimentar e expandir sua vocação.
Depois de refletir diante de uma imagem da Virgem Maria, sentiu o desejo de “ir para Detroit”. Seguiu este conselho e ingressou na Ordem dos Capuchinhos em 1897, recebendo o nome religioso de Solano.

Seus talentos eram outros que o da cultura classicamente conhecida. E seus superiores perceberam isso imediatamente: 
"Para o povo de Deus, para as pessoas em geral, ele será uma espécie de Cura de Ars", disseram seus superiores no dia de sua ordenação sacerdotal, o Arcebispo não lhe havia dado a permissão para atender confissões e pregar.

E eles tinham razão. Seu status sacerdotal não lhe permitiu nem pregar em público nem confessar, porém, sendo porteiro do convento por mais de 20 anos no convento de São Boaventura, em Detroit, os fiéis faziam filas para, depois de longa espera, conseguir seus conselhos, recomendações e bênção pois sabiam que suas orações eram ouvidos e seus conselhos sábios.

Frei Francisco Solano passava as noites em vigílias de adoração ao Santíssimo.
O cardeal Amato lembrou, ao dirigir algumas palavras aos presentes na cerimônia de Beatificação que durante a grande depressão de 1929, para conhecer aqueles que sofreram fome, criou com a ajuda de benfeitores uma cozinha de caridade para oferecer sopas gratuitas aos pobres. Ele saía todos os dias para pedir, aos agricultores e empresas, alimentos com essa intenção.

O Beato Francisco Solano entregou sua alma a Deus em 1957, depois de viver 86 anos.

Entre centenas de curas atribuídas ao Frei Solano, o Papa Francisco reconheceu a autenticidade do milagre que envolveu uma mulher com uma doença genética da pele considerada incurável.
A mulher estava visitando alguns amigos em Detroit e parou diante da tumba do frei capuchinho para rezar pelas intenções dos outros. Depois de rezar, sentiu um grande impulso de pedir a intercessão do frei para si mesma e recebeu uma cura instantânea e visível.
Um detalhe que se ressalta é que o Frei Solano morreu devido a uma doença de pele em 1957.

31 de julho - Explica-nos a parábola do joio! Mt 13,36


O Senhor, que é a Sabedoria encarnada, ajuda-nos hoje a compreender que o bem e o mal não se podem identificar com territórios definidos ou determinados grupos humanos: Estes são os bons, este são os maus.

Ele diz-nos que a linha de fronteira entre o bem e o mal passa pelo coração de cada pessoa, passa pelo coração de cada um de nós, ou seja: somos todos pecadores.

Sinto vontade de vos perguntar: Quem não é pecador levante a mão. Ninguém! Porque todos o somos, somos todos pecadores.

Jesus Cristo, com a sua morte na cruz e a sua ressurreição, libertou-nos da escravidão do pecado e concedeu-nos a graça de caminhar rumo a uma nova vida; mas com o Batismo concedeu-nos também a Confissão, porque temos sempre necessidade de ser perdoados dos nossos pecados. Olhar sempre e unicamente para o mal que está fora de nós, significa não querer reconhecer o pecado que está também em nós.

E depois Jesus ensina-nos um modo diverso de olhar para o campo do mundo, de observar a realidade. Somos chamados a aprender os tempos de Deus — que não são os nossos tempos — e também o “olhar” de Deus: graças à influência benéfica de uma expectativa trepidante, aquilo que era joio ou parecia joio, pode tornar-se um produto bom. É a realidade da conversão. É a perspectiva da esperança!

Que a Virgem Maria nos ajude a colher na realidade que nos circunda não só a sujidade e o mal, mas também o que é bem e bom; a desmascarar a obra de Satanás, mas sobretudo a confiar na ação de Deus que fecunda a história.

Papa Francisco – 23 de julho de 2017

Hoje celebramos:




segunda-feira, 30 de julho de 2018

30 de julho - Santa Maria de Jesus Sacramentado Venegas


Santa Maria de Jesus Sacramentado Venegas, primeira mexicana canonizada, soube permanecer unida a Cristo na sua longa existência terrestre, e por isso deu abundantes frutos de vida eterna. A sua espiritualidade caracterizou-se por uma singular piedade eucarística, pois é claro que um caminho excelente para a união com o Senhor consiste em buscá-lo, adorá-lo e amá-lo no santíssimo mistério da sua presença real no Sacramento do Altar.

Ela desejou prolongar a sua obra com a fundação das Filhas do Sagrado Coração de Jesus, que hoje dão continuidade na Igreja ao seu carisma da caridade para com os pobres e enfermos. Com efeito, o amor de Deus é universal, quer chegar a todos os homens e por isso a nova Santa compreendeu que o seu dever consistia em difundi-lo, prodigalizando-se em atenções a todos até ao ocaso dos seus dias, inclusivamente quando a energia física começava a declinar e as árduas provações por que passou ao longo da sua existência debilitavam as suas forças. Fidelíssima na observância das constituições, respeitosa aos Bispos e sacerdotes, solícita para com os seminaristas, Santa Maria de Jesus Sacramentado constitui uma eloquente testemunha de absoluta consagração ao serviço de Deus e da humanidade que sofre.

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 21 de maio de 2000

“Os idosos são viajantes que estão indo e é preciso acompanhá-los com a maior ternura possível”. Tal frase só poderia estar nos lábios de uma pessoa sensível e atenta, pressurosa e delicada, tão enamorada de Nosso Senhor Jesus Cristo para vê-Lo em todas as pessoas idosas e sofredoras. Assim se delineia a figura e a personalidade de Maria Natividade de Jesus Sacramentado, a primeira mulher mexicana proclamada santa.

Seu pai era um católico tão fervoroso e convicto, que renunciou aos estudos universitários de jurisprudência no momento em que percebeu que estavam minando a sua Fé. Este católico coerente e corajoso transmitiu aos seus doze filhos os princípios que cultivava.

Natividade Venegas de La Torre nasceu em 8 de setembro de 1868, em Zapotlanejo, Jalisco, no México. A última de doze filhos, sua vida se desenvolve em uma atmosfera de simplicidade, sem eventos extraordinários. Em sua infância, fica órfã de mãe e aos 19 anos morre seu pai e ela é confiada aos cuidados de uma tia paterna. Maria Natividade sentiu uma forte atração pela vida religiosa; em 8 de dezembro de 1898, ela se tornou parte da Associação das Filhas de Maria e reforça com essa experiência seu espírito de oração e, com isso, sua vida interior, à medida que cresce em seu amor por Jesus, a Eucaristia.

Em 8 de dezembro de 1905, após ter assistido a uns Exercícios Espirituais, uniu-se ao grupo de senhoras fundado recentemente pelo Cônego Atenógenes Silva y Alvarez Tostado, e que com a aprovação do arcebispo local dirigia em Guadalajara um pequeno hospital para os pobres, o Hospital do Sagrado Coração. Em 1910, emitiu, de forma privada, os votos de pobreza, castidade e obediência.

Em 1912, as companheiras elegeram-na Vigária, posto que ocupou até 25 de janeiro de 1921, quando foi eleita Superiora Geral. Desse modo, com o conselho de eclesiásticos autorizados, transformou a sua comunidade numa verdadeira Congregação religiosa.

Durante a perseguição religiosa de 1926, redigiu as Constituições que regeriam as Filhas do Sagrado Coração de Jesus, e em 8 de setembro de 1930, Festa da Natividade de Maria, estas foram aprovadas, sendo assim reconhecido o novo Instituto. Madre Nati, como era conhecida, e as Irmãs formularam seus votos perpétuos. Ela mudou então seu nome para Irmã Maria de Jesus Sacramentado.

Desde então foram fundadas Casas na diocese para atender anciãos doentes e desvalidos. Entre outras em Mazatlán, la Barca, Santa Anita, Durango, Guadalajara, Tepic, Cananea, Mazatlán, Hermosillo, Salvatierra e Mochis.

Exerceu o cargo de Superiora Geral entre 1921 e 1954, conseguindo conservar a sua fundação nos anos difíceis da perseguição religiosa. Amou e serviu a Igreja, cuidou da formação das suas co-irmãs, entregou a vida pelos pobres e sofredores, tornou-se um modelo de irmã-enfermeira.

Em 1956, Irmã Maria de Jesus, que também era mística, sofreu uma embolia cerebral da qual não se recuperou totalmente. Após deixar a direção da sua Congregação, passou os últimos anos de vida, marcados pela enfermidade, em oração e recolhimento, dando mais um testemunho de sua abnegação. Em 25 de julho de 1959, sua saúde se agravou. No dia 29 sofreu uma síncope. No dia 30 de julho de 1959, aos 91 anos de idade, entregou sua alma ao Criador, cheia de paz, depois de receber os sacramentos.

No dia 31, festa de Santo Inácio de Loyola, de quem era grande devota, foi solenemente sepultada, sendo que seu funeral foi assistido por incontáveis pessoas de todas as classes.

Foi beatificada por João Paulo II, em novembro de 1992. Sua canonização ocorreu em 21 de maio do Ano Santo 2000, em Roma, na solene cerimônia do Grande Jubileu da Encarnação de Jesus Cristo, no dia dedicado ao México, junto com o grupo de 25 Beatos Mártires Mexicanos.

O milagre reconhecido para sua canonização diz respeito ao Sr. Anastasio Ledezma Mora, que foi levado ao Hospital do Sagrado Coração, para se submeter a uma cirurgia. Após a anestesia, seu coração começou a ficar lento, que diminuiu gradualmente até a parada total do coração e das artérias. Na época eles tentaram terapias de ressuscitação, mas em vão, e o paciente caiu em coma profundo. Os médicos e enfermeiros presentes no centro cirúrgico, assim como a esposa e as filhas religiosas do Sagrado Coração de Jesus, invocaram a intercessão da Beata Maria de Jesus Sacramentado. Após 10 ou 12 minutos os batimentos foram recuperados, além do que os médicos poderiam esperar, o paciente não sofreu nenhum dano cerebral e após alguns dias ele foi submetido a cirurgia prevista, sem nenhuma complicação. A retomada do batimento cardíaco severamente interrompido foi considerada surpreendente.

30 de julho - O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado. Mt 13,33


Jesus pergunta aos discípulos: “Mas como posso explicar o Reino de Deus? Com o que o posso comparar?” e utiliza dois exemplos da vida diária: o grão de mostarda e o fermento. Ambos são pequenos, parecem inócuos, mas quando entram em movimento, têm dentro de si um poder que sai e cresce, vai além, até mais do que se possa imaginar. É precisamente este o mistério do Reino.
De fato, a realidade é que o grão tem um poder interno, assim como o fermento, e também o poder do Reino de Deus vem de dentro; a força vem de dentro, o crescimento vem do interior.

Eis então a realidade prefigurada pela parábola: Dentro de nós e na criação — porque vamos juntos rumo à glória — existe uma força que desencadeia: é o Espírito Santo. Aquele que nos dá a esperança. E, viver na esperança significa deixar que estas forças do Espírito vão em frente e nos ajudem a crescer rumo a esta plenitude que nos espera na glória.

Na parábola se diz também que o grão de mostarda é tomado e lançado. Um homem pegou nele e lançou-o ao jardim e que o fermento não foi deixado inerme: uma mulher pegou nele e misturou-o. Isto é, compreende-se que se o grão não for pego e lançado, se o fermento não for pego e misturado, permanecem ali e a força interior que possuem fica ali. Do mesmo modo, se quisermos conservar para nós o grão, será só um grão. Se não o misturarmos com a vida, com a farinha da vida, o fermento permanece só fermento. Por conseguinte, é preciso lançar, misturar a coragem da esperança. Que cresce, porque o Reino de Deus cresce a partir de dentro, não por proselitismo. Cresce com a força do Espírito Santo.

A tal propósito recordemos que a Igreja teve sempre, a coragem de pegar e lançar, de tomar e misturar, o medo de o fazer. Muitas vezes vemos que se prefere uma pastoral de conservação em vez de deixar que o reino cresça. Quando acontece isto permanecemos o que somos, pequeninos, talvez nos sintamos seguros mas o Reino não cresce. Mas para que o reino cresça é preciso coragem: lançar o grão, misturar o fermento.

Alguém poderia objetar: Se eu lançar o grão, perco-o. Mas esta é a realidade: haverá sempre alguma perda, ao semear o reino de Deus. Se eu misturar o fermento sujo as mãos: graças a Deus! Ai daqueles que pregam o reino de Deus com a ilusão de não sujar as mãos. Esses são guardas de museus: preferem as coisas bonitas ao gesto de lançar para que a força se desencadeie, de misturar para que a força faça crescer.

Pensem no grão de mostarda e no fermento, no lançar e no misturar e se perguntem: Como está a minha esperança? É uma ilusão? Um talvez? Ou acredito que dentro dela reside o Espírito Santo? Falo com o Espírito Santo?

Papa Francisco – 31 de outubro de 2017

Hoje celebramos:

domingo, 29 de julho de 2018

29 de julho - Onde vamos comprar pão para que eles possam comer? Jo 6,5


O Evangelho apresenta o grande sinal da multiplicação dos pães. Jesus está na margem do lago da Galileia, circundado por uma multidão, atraída pelos sinais que Ele realizava em benefício dos enfermos. Nele age o poder misericordioso de Deus, que cura de todos os males do corpo e do espírito. Mas Jesus não é apenas quem cura, ele também é mestre: ele sobe a montanha e senta-se, na atitude típica do professor quando ensina:  na cátedra natural criada por seu Pai Celestial. Neste momento, Jesus, que sabe bem o que deve fazer, testa seus discípulos. O que fazer para alimentar todas estas pessoas? Filipe, um dos Doze, faz um cálculo rápido: organizando uma coleta, se poderá obter no máximo de duzentos denários para comprar pão, que, todavia, não seriam suficientes para alimentar cinco mil pessoas.

Os discípulos raciocinam em termos de mercado, mas Jesus substitui a lógica do comprar por aquela do dar. Em seguida, André, outro dos Apóstolos, irmão de Simão Pedro, apresenta um menino que coloca à disposição tudo o que tem: cinco pães e dois peixes; mas – diz André – não são nada para aquela multidão.
Jesus esperava justamente isso: Ordena aos discípulos que acomodem as pessoas, depois toma aqueles pães e aqueles peixes, dá graças ao Pai e os distribuiu. Esses gestos antecipam os da Última Ceia, que dão ao pão de Jesus o seu significado verdadeiro. O pão de Deus é o próprio Jesus. Fazendo a comunhão com Ele, recebemos a sua vida em nós e nos tornamos filhos do Pai Celeste e irmãos entre nós. Fazendo a comunhão nos encontramos com Jesus realmente vivo e ressuscitado! Participar da Eucaristia significa entrar na lógica de Jesus, a lógica da gratuidade, da partilha. E por mais que sejamos pobres, todos nós podemos dar algo. “Fazer Comunhão” significa também obter de Cristo a graça que nos torna capaz de partilhar com os outros o que somos e o que temos.

A multidão fica impressionada com o milagre da multiplicação dos pães; mas o dom que Jesus oferece é a plenitude de vida para o homem faminto. Jesus não satisfaz apenas a fome material, mas aquela mais profunda, a fome do sentido de vida, a fome de Deus. Diante do sofrimento, da solidão, da pobreza e das dificuldades de tantas pessoas, o que podemos fazer?
Lamentar-se não resolve nada, mas podemos oferecer o pouco que temos, como o menino no Evangelho. Nós certamente temos algumas horas de tempo, algum talento, alguma competência… Quem de nós não tem seus “cinco pães e dois peixes”? Todos nós temos! Se estamos dispostos a coloca-los nas mãos do Senhor, bastará para que no mundo haja um pouco mais amor, de paz, de justiça e, sobretudo, de alegria. Como é necessária alegria no mundo! Deus é capaz de multiplicar os nossos pequenos gestos de solidariedade e tornar-nos partícipes do seu dom.

Que a nossa oração sustente o empenho comum para que nunca falte a ninguém o Pão do céu que doa a vida eterna e o necessário para uma vida digna, e se afirme a lógica da partilha e do amor. A Virgem Maria nos acompanhe com a sua materna intercessão.

Papa Francisco 26 de julho de 2015

Hoje celebramos

29 de julho - Beato Urbano II - Papa


O Beato Urbano II, Papa de número 157, sucede ao Papa Vitor III, e é sem dúvida um dos mais destacados papas da Idade Média, cujo principal mérito consiste, além da santidade de sua vida, em ter levado adiante as reformas eclesiásticas, empreendidas pelo Papa São Gregório VII. O brilhante resultado de seus esforços aparece claramente nos grandes sínodos de Piacenza e Clermont, em 1095, e na primeira Cruzada, iniciada neste último concílio. Seu papado dura cerca de 11 anos, de 1088 a 1099.

Nascido de uma família nobre na diocese de Soissons, na França, em 1042, foi batizado com o nome de Odon. Teve como professor em Reims, o fundador dos Cartuxos, São Bruno e em 1073 entrou no mosteiro de Cluny, onde se apropriou totalmente do espírito da reforma cluniacal, então no seu auge. Desta forma, seu caráter suave e humilde foi modelado, mas ao mesmo tempo pelo espírito entusiasmado e empreendedor. Por essa razão, ele facilmente chegou à convicção de que o espírito da reforma cluniacal, que penetrava todos os setores da Igreja, era aquele destinado por Deus a realizar a transformação a que aspiravam homens de critérios eclesiásticos mais elevados. Por causa disso, desde o início da grande campanha de reformas realizada por Gregório VII, foi um de seus mais determinados partidários. 

Desde o início, o novo papa quis dar sinais inequívocos de sua verdadeira posição. Em diferentes cartas dirigidas aos bispos alemães e franceses, escritas nos primeiros meses de seu pontificado, ele expressou claramente sua decisão de renovar em todas as frentes a campanha da reforma gregoriana. Isto foi afirmado no Concílio Romano da Quaresma em 1089, e acima de tudo, proclamado no Concílio de Melfi, setembro do mesmo ano, que renovou as disposições contra a simonia, contra concubinato e contra investidura secular, e que constitui o programa que Urbano II pretendia realizar em seu governo. 

Mas, por outro lado, com seu caráter mais flexível e diplomático, com seu espírito de longanimidade e mansidão, seguiu um caminho diferente do que havia sido seguido antes, e com isso obteve melhores resultados. Inflexível nos princípios e genuíno representante da reforma gregoriana, ele sabia como se adaptar às circunstâncias, tentando tirar o máximo proveito delas.


É verdade que, durante quase todo o seu pontificado, Urbano II foi forçado a viver fora de Roma, pois Henrique IV manteve ali o Antipapa Clemente III. Mas, mesmo assim, ele exibiu uma atividade extraordinária e estava constantemente ganhando terreno. Em uma série de sínodos, realizada no sul da Itália, ele renovou as prescrições reformistas proclamadas no início de seu governo. 
Mas onde o sucesso e significado do pontificado de Urbano II apareceu mais claramente foi nos dois grandes conselhos de Piacenza e Clermont, celebrados em 1095. 
No grande concílio de Piacenza, realizado em março, antes que mais de quatro mil clérigos e trinta mil leigos se reunissem, proclamaram novamente os princípios fundamentais da reforma. Mas neste concilio apresentou os embaixadores do imperador bizantino, na demanda de alívio em face da opressão dos cristãos no Oriente. Assim, Urbano II tentou mover o mundo ocidental para enviar ao Oriente a ajuda necessária para defender os Lugares Sagrados. Foi o começo das Cruzadas; mas, como era uma questão de tal transcendência, estava determinado a dar a resposta definitiva em outro conselho, a ser realizado em Clermont. 

De fato, um grande número de pregadores do Templo de Pedro de Amiens, também chamado de Pedro, o Eremita, foram imediatamente dedicados a pregar a Cruzada em toda a Europa Central. Urbano II, com sua extraordinária eloquência e fervor que comunicava seu espírito ardente e entusiástico, contribuiu efetivamente para mover um grande número de príncipes e cavaleiros da mais alta nobreza. O resultado foi o grande concílio de Clermont, em novembro de 1095, no qual, na presença de quatorze arcebispos, duzentos e cinquenta bispos, quatrocentos abades e um extraordinário número de eclesiásticos, príncipes e cavaleiros cristãos, os princípios de reforma e a trégua de Deus. Depois disto, às palavras ardentes que Urbano II dirigiu, nas quais ele descreveu com as cores mais vivas a necessidade de ajudar os cristãos do Oriente e resgatar os Lugares Santos, todos respondidos ao clamor de Deus e que a Cruz, era daqui em diante, o santo e o sinal dos cruzados. Desta forma, a primeira Cruzada foi organizada imediatamente, o principal promotor da qual foi, sem dúvida, o Papa Urbano II. 

Urbano II continuou sua intensa atividade de reforma. No Natal de 1096, ele finalmente pôde entrar em Roma, onde realizou uma grande assembleia ou sínodo em Latrão. Em janeiro de 1097, ele realizou outro importante concílio em Roma; outro de grande importância em Bari, em outubro de 1088; mas o mais significativo destes últimos anos foi o da Páscoa, celebrada em Roma em 1099, onde, na presença de cento e cinquenta bispos, ele proclamou novamente os princípios da reforma e a proibição da investidura secular.


Pouco tempo depois, em julho do mesmo ano 1099, o santo Papa Urbano II morreu, aos 57 anos, sem conhecer as notícias do grande triunfo final da primeira Cruzada, com a captura de Jerusalém, que ocorrera quinze dias antes. 

De fato, o Beato Urbano II foi um digno sucessor do Papa São Gregório VII e digno representante dos interesses da Igreja na campanha iniciada da mais completa renovação eclesiástica. Ele foi mais bem sucedido do que seu antecessor, conseguindo transformar o trabalho iniciado por seus antecessores em um triunfo franco de resultados positivos. A memória de Urbano II está inseparavelmente ligada à primeira Cruzada, a única totalmente vitoriosa. 


sábado, 28 de julho de 2018

28 de julho - Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora.Mt 13,25


A parábola de hoje é a do trigo e do joio, que enfrenta o problema do mal no mundo, pondo em evidência a paciência de Deus. A cena desenrola-se num campo onde o senhor lança a semente; mas certa noite chega o inimigo e semeia o joio, termo que em hebraico deriva da mesma raiz do nome «Satanás», evocando o conceito de divisão. Todos nós sabemos que o diabo é um «semeador de joio», aquele que procura sempre dividir as pessoas, as famílias, as nações e os povos. Os empregados gostariam de arrancar imediatamente a erva daninha, mas o senhor impede-o com a seguinte motivação: Ao extirpardes o joio, correis o risco de arrancar também o trigo. Pois todos nós sabemos que o joio, quando cresce, se assemelha muito ao trigo, e existe o perigo de se confundirem.

O ensinamento da parábola é dúplice. Antes de tudo recorda que o mal existente no mundo não deriva de Deus, mas do seu inimigo, o Maligno. É curioso, o Maligno sai à noite para semear o joio, na escuridão, na confusão; sai para semear o joio onde não há luz. Este inimigo é astuto: semeou o mal no meio do bem, de tal forma que para nós, homens, é impossível separá-lo claramente; mas no final Deus conseguirá fazê-lo!

E aqui chegamos ao segundo tema: a oposição entre a impaciência dos empregados e a espera paciente do dono do campo, que representa Deus. Às vezes temos uma grande pressa de julgar, classificar, pôr de um lado os bons e do outro os maus. Mas recordai-vos da oração daquele homem soberbo: Graças a Vós ó Deus, eu sou bom, não sou como os outros homens, maus... Ao contrário, Deus sabe esperar. Ele olha para o campo da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia: vê muito melhor do que nós a sujeira e o mal, mas vê também os germes do bem e espera com confiança que eles amadureçam. Deus é paciente, sabe esperar.

Como isto é bom! O nosso Deus é um Pai paciente que nos espera sempre, que nos aguarda com o coração na mão para nos receber e perdoar. Perdoa-nos sempre se formos ter com Ele.

A atitude do dono do campo é aquela da esperança fundada na certeza de que o mal não é a primeira nem a última palavra. E é graças a esta esperança paciente de Deus que o próprio joio, ou seja, o coração maldoso, com muitos pecados, no final pode tornar-se uma boa semente. Mas atenção: a paciência evangélica não é indiferença diante do mal; não se pode fazer confusão entre o bem e o mal! Perante o joio presente no mundo, o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência de Deus, a alimentar a esperança com o alento de uma confiança inabalável na vitória final do bem, ou seja, de Deus.

Com efeito, no final o mal será arrancado e eliminado: no tempo da colheita, isto é do juízo, os ceifeiros cumprirão a ordem do senhor, separando o joio para o queimar. Naquele dia da ceifa final o Juiz será Jesus, Aquele que lançou a boa semente no mundo e, tornando-se Ele mesmo grão de trigo, morreu e ressuscitou. No final, todos nós seremos julgados com a mesma medida com a qual tivermos julgado: a misericórdia que tivermos usado em relação aos outros será utilizada também para conosco. Peçamos a Nossa Senhora, nossa Mãe, que nos ajude a crescer na paciência, na esperança e na misericórdia com todos os irmãos.

Papa Francisco – 20 de julho de 2014

Hoje celebramos:


28 de julho - Beato Stanley Francis Rother



“O martírio do Beato Stanley Francis Rother nos enche de tristeza, mas também estamos felizes em ver a bondade, generosidade e coragem de um grande homem de fé.
Ele foi uma luz autêntica para a Igreja e para o mundo, porque não odiou, mas amou, não destruiu, mas construiu.
O Beato Stanley Rother é um testemunho para nós, testemunhas e missionários do Evangelho. A sociedade precisa dessa fonte de bem”.

Cardeal Angelo Amato – Homilia de Beatificação – 23 de setembro de 2017

Stanley Francis Rother nasceu em uma pequena cidade chamada Okarche, localizada no estado de Oklahoma, onde a religião, a educação e as granjas eram os pilares da sociedade.
Em sua juventude teve uma vida simples e trabalhava na granja da sua família. Rodeado de sacerdotes, sentiu o chamado de Deus e entrou no seminário. Ali começaria a verdadeira aventura de sua vida.

No seminário tinha dificuldades nos estudos, assim como São João Maria Vianney, o Cura D’Ars.
Maria Scaperlanda, testemunha: “ambos eram homens simples que sentiram o chamado ao sacerdócio e alguém tinha que autorizá-los para que completassem os seus estudos e se tornassem sacerdotes. Eles trouxeram consigo bondade, simplicidade e um coração generoso em tudo o que faziam”.

Quando Stanley ainda estava no seminário, o então Papa João XXIII pediu às dioceses dos Estados Unidos que enviassem assistência e estabelecessem missões na América Central. Foi assim que as dioceses de Oklahoma City e Tulsa estabeleceram uma missão em Santiago Atitlán, uma comunidade indígena muito pobre na Guatemala.

Poucos anos depois de ordenado, Pe. Rother aceitou o convite de se unir a esta equipe missionária, onde passaria os 13 anos seguintes de sua vida.
Ao chegar à missão, os índios maias de Tz’utujil não tinham na vila um nome parecido a Stanley, por isso começaram a chamá-lo de Padre Francisco, por causa de seu segundo nome, Francis. Aprendeu espanhol e tzutuhil e chegou a traduzir o Novo Testamento e o rito da missa para essa língua, além de dirigir uma rádio educativa e uma pequena enfermaria.

Por sua parte, Pe. Stanley percebeu que tudo o que havia aprendido quando era jovem, na granja da sua família, serviria muito neste novo local, pois como sacerdote missionário, foi chamado não só para celebrar a Missa, mas para ajudar em tarefas simples dos camponeses.

“O Padre Stanley tinha uma disposição natural a compartilhar o trabalho com eles, a partilhar o pão e a celebrar a vida com eles, o que fez com que a comunidade na Guatemala dissesse que o Padre Stanley ‘era nosso sacerdote’”, comentou Scaperlanda.

Nos anos de 1980 e 1981, a violência chegou a um ponto quase insuportável e o sacerdote via como seus amigos e paroquianos eram sequestrados ou assassinados. Inclusive o seu nome estava na lista negra.
Ele chegou a visitar sua cidade, Oklahoma, em janeiro de 1981, mas pediu ao seu bispo para retornar à Guatemala. Seu irmão o questionou: “Por que você quer voltar? Eles estão te esperando e vão te matar”. Rother respondeu: “Bem, um pastor não pode fugir do seu rebanho”

Na madrugada de 28 de julho de 1981, uma pessoa foi ameaçada com uma arma, foi até o quarto do “Padre Francisco”, acordou-o e disse que o estavam procurando.

Três ‘ladinos’ – homens que massacravam indígenas e camponeses pobres – o esperavam. Naquele momento, queriam que o Pe. Stanley “desaparecesse”. Ele resistiu e lutou durante 15 minutos até que dispararam duas vezes contra ele que, assim, morreu.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

27 de julho - A semente que caiu em boa terra é aquele que ouve a palavra e a compreende. Mt 13,23


Hoje Jesus fala da parábola do semeador, que sem poupar lança as suas sementes em todos os tipos de terreno. E o verdadeiro protagonista desta parábola é precisamente a semente, que produz mais ou menos frutos, em conformidade com o terreno onde ela caiu. Os primeiros três terrenos são improdutivos: ao longo da estrada a semente é comida pelos pássaros; no terreno pedregoso, os rebentos secam-se imediatamente porque não têm raízes; no meio dos arbustos a semente é sufocada pelos espinhos. O quarto terreno é fértil, e somente ali a semente medra e produz fruto.

Neste caso, Jesus não se limitou a apresentar a parábola; também a explicou aos seus discípulos. A semente que caiu ao longo do caminho indica quantos ouvem o anúncio do Reino de Deus, mas não o acolhem; assim, sobrevém o Maligno e leva-a embora. Com efeito, o Maligno não quer que a semente do Evangelho germine no coração dos homens. Esta é a primeira comparação. A segundo consiste na semente que caiu no meio das pedras: ela representa as pessoas que escutam a palavra de Deus e que a acolhem imediatamente, mas de modo superficial, porque não têm raízes e são inconstantes; e quanto chegam se apresentam as dificuldades e as tribulações, estas pessoas deixam-se abater repentinamente. O terceiro caso é o da semente que caiu entre os arbustos: Jesus explica que se refere às pessoas que ouvem a palavra mas, por causa das preocupações mundanas e da sedução da riqueza, é sufocada. Finalmente, a semente que caiu no terreno fértil representa quantos escutam a palavra, aqueles que a acolhem, cultivam e compreendem, e ela dá fruto. O modelo perfeito desta terra boa é a Virgem Maria.

Hoje esta parábola fala a cada um de nós, como falava aos ouvintes de Jesus há dois mil anos. Ela recorda-nos que nós somos o terreno onde o Senhor lança indefesamente a semente da Palavra e do seu amor. Com que disposições a acolhemos? E podemos levantar a seguinte pergunta: como é o nosso coração? Com qual dos terrenos ele se assemelha: uma estrada, um terreno pedregoso, um arbusto? Depende de nós, tornar-nos um terreno bom ou sem espinhos sem pedregulhos, mas desbravado e cultivado com esmero, a fim de poder produzir bons frutos para nós e para os nossos irmãos.

E far-nos-á bem não esquecer que também nós somos semeadores. Deus lança sementes boas, e também aqui podemos interrogar-nos: que tipo de semente sai do nosso coração e da nossa boca? As nossas palavras podem fazer muito bem mas inclusive muito mal; podem curar e podem ferir; podem animar e podem deprimir. Recordai-vos: o que conta não é aquilo que entra, mas o que sai da nossa boca e do nosso coração.

Papa Francisco – 13 de julho de 2014

Hoje celebramos:

27 de julho - São Celestino - Papa


Papa de número 43, nos dez anos de seu pontificado, o Papa Celestino I (10 de setembro de 422 — 27 de julho de 432), empreendeu  grandes realizações. Contemporâneo e amigo de Santo Agostinho, juntos trabalharam pela defesa da sã doutrina da Igreja. 

Foi sucessor do Papa Bonifácio I, sendo um homem de grande energia e ao mesmo tempo de comovente liberalidade. Enquanto cuidava da reconstrução de Roma, ainda sentindo as consequências do terrível saque que sofreu em 410 pelo bárbaro Alarico, ele não perdia de vista os interesses espirituais de toda a cristandade. Reconstruiu a basílica de Santa Maria de Trastevere e construiu a basílica de Santa Sabina sobre o Aventino.

Foi o primeiro Papa a enviar missionários para a Escócia. Enviou São Paládio à Irlanda e São Germano à Bretanha, com o intuito de aproximar essas terras da Cristandade Romana.

É com este Papa que, pela primeira vez, se cita o "bastão pastoral".

Defendia o direito do papa receber apelos de qualquer cristão, leigo ou clérigo, e era solícito em responder a tudo e a todos. Ao papa era pedido sobretudo fixar normas às quais todo fiel devesse conformar o próprio comportamento.

Com essas respostas, conhecidas com o nome de Decretais, tomou forma o primeiro embrião do direito canônico. Escreveu cartas aos bispos da Ilíria, da Gália Narbonense e Vienense, da Púglia e da Calábria, para corrigir abusos, dissipar dúvidas doutrinais, combater heresias ou simplesmente para proibir aos bispos vestir cintos e mantos próprios dos monges. Teve cordial correspondência com o amigo bispo de Hipona, santo Agostinho, cuja doutrina defendeu calorosamente, na disputa antipelagiana, com palavras que consagraram definitivamente sua autoridade e santidade.


Em uma carta endereçada aos bispos da Gália, o papa afirmava que Agostinho sempre esteve em comunhão com a Igreja romana e o punha entre os mestres de maior autoridade na doutrina. Nela percebia-se não só a afetuosa solidariedade para com o amigo, mas também a clara visão que o santo pontífice tinha dos problemas de toda a comunidade eclesial. Nesta desenvolvia com evangélica evidência a tarefa de bom pastor, solícito pela sorte de cada um, ainda que fosse o herético Nestório, patriarca de Constantinopla, que o concílio de Éfeso, convocado pelo papa em 431, havia há pouco destituído e condenado.

A 15 de março de 432 o papa Celestino dirigia aos padres conciliares, ao imperador, ao novo patriarca, ao clero e ao povo uma carta na qual exprimia seu júbilo pelo definitivo triunfo da verdade em questão teológica de tal alcance e, ao mesmo tempo, recomendou um gesto de caridade para o bispo derrotado.

É este o último documento do ativo pontífice. Morreu de fato a 27 de julho do mesmo ano e foi sepultado no cemitério de Priscila, numa capela ilustrada com os episódios do recente concílio de Éfeso, que proclamara solenemente a divina maternidade de Maria.


quinta-feira, 26 de julho de 2018

26 de julho - Beato Tito Brandsma

"As almas dos justos estão nas mãos de Deus "(Sb 3, 1).

A Igreja ouve esta palavra de Deus neste domingo, depois da solenidade de Todos os Santos e depois do dia dedicado à comemoração de todos os fiéis falecidos. 
A Igreja ouve esta palavra no dia em que eleva à glória dos altares Tito Brandsma, filho dos Países Baixos, um religioso da Ordem Carmelita. 
Mais uma vez, um homem que passou pelo tormento do campo de concentração, o de Dachau, é elevado à glória dos altares. Um homem que "tenha sido castigado", de acordo com as palavras da liturgia de hoje (Sb 3, 4). 
E bem no meio dessa punição, no meio do campo de concentração, que continua sendo a marca infame de nosso século, Deus achou Tito Brandsma digno de si (Sb 3, 5).

Hoje a Igreja relê os sinais desta provação divina e proclama a glória da Santíssima Trindade, professando juntamente com o Autor do Livro da Sabedoria:

"As almas dos justos estão nas mãos de Deus, e nenhum tormento os atingirá".

No entanto, Tito Brandsma passou por um tormento: aos olhos dos homens, ele sofreu punições. 
Sim, Deus o provou. Os sobreviventes deportados do campo de concentração sabem muito bem que Calvário humano eram aqueles locais de punição. 
Lugares de grande provação do homem. 
O teste de forças físicas, impiedosamente empurrado até a aniquilação completa. 
A prova de forças morais. . . 
Talvez hoje o Evangelho, que lembra o mandamento do amor aos inimigos, nos fale ainda melhor. Os campos de concentração foram organizados de acordo com o programa do desprezo ao homem, de acordo com o programa de ódio. 
Através da prova da consciência, do caráter, do coração teve que passar um seguidor de Cristo, que se lembrou de suas palavras sobre o amor dos inimigos! 
Não responda ao ódio com ódio, mas com amor. Esta é talvez uma das maiores provas das forças morais do homem. 
Tito Brandsma saiu vitorioso desta prova. No meio da raiva do ódio, ele sabia amar; todos, até seus torturadores: "Eles também são filhos do bom Deus", disse ele, e quem sabe se alguma coisa permanece neles...”

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 03 de novembro de 1985

Tito Brandsma nasceu em Bolsward, povoado holandês em 23 de fevereiro de 1881. 
Aos 17 anos vestiu o hábito do Carmelo exclamando: “a espiritualidade do Carmelo que é vida de oração e de terna devoção a Maria, me levaram à feliz decisão de abraçar esta vida. O espírito do Carmelo me fascinou!”. Emitiu seus votos religiosos em 1899 e se ordenou sacerdote em 1905.
Cursou brilhantemente seus estudos, primeiro em sua Pátria e depois passou a Roma, onde se doutorou em filosofia. Retornando à Holanda, se entregou de cheio a toda classe de apostolado: escreveu livros e artigos em várias revistas; deu aulas dentro e fora do convento; pregou e dirigiu cursilhos; organizou congressos; confessou e administrou outros sacramentos.

Todos se admiram de como pode chegar a todos os lugares (a todas as partes). E do que mais se admiram é que, antes de tudo, é religioso observante, alma de profunda oração, fervoroso sacerdote e profundamente sensível e humilde.

Foi co-fundador da Universidade Católica de Nimega, catedrático e reitor magnífico da mesma. Assessor religioso de todos os editores de periódicos (revistas, jornais) da Holanda, em cujo campo trabalhou com grande zelo e acerto.

Suscitou o ódio dos nazistas por causa de seus escritos que denunciavam os erros e desmandos da doutrina nazista. Era a pessoa pública mais conhecida de seu país. Sua atividade apostólica pela escrita não poderia passar despercebida pela Gestapo e as SS nazistas.

Na tarde de segunda-feira, 19 de janeiro de 1942, foi capturado pelos “SS” nazistas e encarcerado em vários campos de concentração. Seis longos meses de calvário, sobretudo no “inferno” de Dachau (campo de concentração tão terrível como o de Auchwitz). Por fim, por seu grande amor à Igreja e a seus irmãos, no domingo, dia 26 de julho de 1942, seu corpo caía por terra, como o “grão de trigo” do Evangelho, por obra de uma injeção mortal de ácido fênico. Todos no campo repetiam: “morreu um santo”!

Padre Tito Brandsma, em seus meses de prisão, sempre se conservou sereno, levando a todos a bondade e o amor que ardiam em seu coração. Foi um “anjo” para os demais prisioneiros, já acabrunhados e desesperados por tanto sofrimento.

Em Dachau, o padre Tito é feliz no tormento, porque tem com ele a hóstia consagrada, um presente de padres alemães deportados. "Prega" em voz baixa a pequenos grupos de camaradas, recita de cor as palavras da missa. Quando ele não pode se mover, há o hospital nos últimos oito dias. E então vem a "enfermeira" com a seringa: ácido fênico nas veias, morte e crematório.
Há uma ordem para queimar até os papéis que lhe dizem respeito. Mas alguém os salva; eles servirão para a sua beatificação como mártir. Mas de um dos seus esconderijos, pede para testemunhar também a enfermeira assassina de Dachau: a doadora de morte. Ela revela que o prisioneiro, nos últimos momentos da vida, ofereceu-lhe sua coroa de rosário (feita de material improvisado). "Eu não rezo, não posso rezar!" Ela respondeu. Ele não queria isso. E o padre Tito assegurou-lhe: "Basta você dizer: rogai por nós pecadores".

Foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em 03 de novembro de 1985, que falou: “Frei Tito Brandsma foi o maior carmelita do século XX”. 


Oração feita diante da imagem de Cristo na prisão:

“Ó Jesus, quando te contemplo,
Eu redescubro, a sós contigo,
Que te amo e que teu coração
Me ama como a um dileto amigo.
Ainda que a descoberta exija
Coragem, faz-me bem a dor:
Por ela me assemelho a ti
Que ela é o caminho redentor.
Na minha dor me rejubilo:
Já não a julgo sofrimento,
Mas sim predestinada escolha
Que me une a ti neste momento.
Deixa-me, pois, nessa quietude,
Malgrado o frio que me alcança.
Presença humana não permitas,
Que a solidão já não me cansa,
Pois de mim sinto-te tão próximo
Como jamais antes senti.
Doce Jesus, fica comigo,
Que tudo é bom junto de ti”.


26 de julho - Felizes sois vós, porque vossos olhos vêem e vossos ouvidos ouvem.Mt 13,16


Qual é de fato o núcleo da esperança? Manter o olhar fixo em Jesus. Eis o ponto: se não mantivermos o olhar fixo em Jesus dificilmente podemos ter esperança. Talvez possamos ser otimistas, positivos, mas a esperança?

De resto, só se aprende a esperança olhando para Jesus, contemplando Jesus; aprende-se com a oração de contemplação. E sobre isto gostaria de falar hoje: Posso perguntar-vos como rezais? Alguém, poderia responder: Recito as orações que aprendi quando era criança. Isto é bom. Outro poderia acrescentar: Recito também o terço, mas todos os dias! É bom rezar o terço todos os dias. Enfim, alguém poderia dizer: Falo também com o Senhor, quando tenho uma dificuldade, ou com Nossa Senhora ou com os santos.... E também isto é bom.

Mas tu recitas a oração de contemplação? Uma pergunta, talvez, um pouco constrangedora a ponto que alguém poderia dizer: O que é isto, padre? Como é esta oração? Onde se compra? Como se faz? Só pode ser feita com o Evangelho nas mãos. Na prática, pegas o Evangelho, escolhes um trecho, lês duas vezes; imaginas, como se tu visses o que acontece e contemplas Jesus.

Esta é a oração de contemplação: tomar o Evangelho, ler e imaginar-me na cena, imaginar o que acontece e falar com Jesus, como me vem do coração. E assim fazemos crescer a esperança, porque mantemos o olhar fixo em Jesus. Eis a proposta: recitai esta oração de contemplação. E mesmo que tenhamos muitos compromissos, podemos sempre encontrar tempo, talvez quinze minutos em casa: Pega no Evangelho, num trecho pequeno, imagina o que aconteceu e fala com Jesus sobre ele. Assim o teu olhar permanecerá fixo em Jesus e não só nas telenovelas, por exemplo; a tua audição permanecerá fixa nas palavras de Jesus e não tanto nos mexericos do vizinho, da vizinha.

Papa Francisco – 03 de fevereiro de 2015

Hoje celebramos:


quarta-feira, 25 de julho de 2018

25 de julho - Santa Olímpia


Olímpia nasceu por volta de 361 em uma família abastada de Constantinopla; seu avô gozava da estima do imperador Constantino e fora prefeito do Oriente por quatro vezes; seu pai era nobre do palácio.

Ficando órfã bem jovem, foi confiada a Teodosia, mulher de grande cultura e sentimentos cristãos, irmã do Bispo de Iconio, Santo Anfiloco, muito estimada por São Basílio e São Gregório Nazianzeno, Doutores da Igreja. São Gregório de Nissa lhe dedicou um comentário do “Cântico dos Cânticos”. Assim, desde muito cedo Olímpia foi instruída sobre as Sagradas Escrituras. Imitando Santa Melânia, se dedicou à mortificação; e embora sendo rica, instruída e nobre pudesse aspirar a uma brilhante posição na corte, dela se afastou.

Por volta do ano de 384, casou-se com Nebridio, que foi prefeito de Constantinopla, mas vinte meses depois do casamento seu esposo morreu. O imperador Teodósio o Grande desejava que ela se casasse novamente e tinha um pretendente: seu primo. Olímpia recusou-se a contrair novo matrimônio e Teodósio, para vencer sua resistência, sequestrou todos os seus bens.

O imperador fez uma longa viagem e ao voltar, três anos depois, ficou tão impressionado com as informações sobre sua vida santa e repleta de humildade e caridade, que restituiu os bens a ela.

Foi então que Olímpia pode fundar algumas obras de caridade, entre elas um grande recolhimento para acolher eclesiásticos de passagem e viajantes pobres. O Bispo Netário (381-397), contrariando o costume da época, nomeou-a diaconisa aos 30 anos, dignidade que então se dava somente às viúvas de 60 anos, e recorria aos seus conselhos cheios de sabedoria e ciência.

Olímpia fundou, sob o pórtico sul de Santa Sofia, um mosteiro cujas religiosas pertenciam às melhores famílias de Constantinopla, entre elas suas três irmãs: Elisância, Martiria e Paládia, e uma sobrinha também de nome Olímpia. No início eram cerca de 50 religiosas, que logo se tornaram 250.

Quando no início do ano 398, São João Crisóstomo chegou à cidade como arcebispo de Constantinopla, encontrou o fervor enfraquecido tanto nos fieis como nos religiosos, inclusive a corte se tornara mundana com a presença de Eudoxia, mulher do imperador do Oriente, Arcádio. Mas se consolou vendo o mosteiro de Olímpia, formado de almas bem dispostas e que serviam de modelo.

Entre o arcebispo e Olímpia se estabeleceu uma profunda amizade; ela tornou-se uma colaboradora valiosa na renovação espiritual por ele iniciada. Possuidora de grandes riquezas e propriedades, tanto na cidade como em outras regiões, grande foi sua generosidade doando a São João Crisóstomo ouro e prata para a sua igreja de Santa Sofia. Ela se esforçava para ajudá-lo em tudo, desde o alimento até o vestuário.

Mas tudo isto atraiu também sobre ela o rancor daqueles que pretendia atrapalhar a obra reformadora do arcebispo. Dois bispos dissidentes obtiveram de Arcádio um decreto de exílio contra São João Crisóstomo, que em meio ao tumulto dos fiéis e das religiosas, teve que deixar Santa Sofia, e foi conduzido por soldados a Cucusa, entre os montes da Armênia.

No mesmo dia de sua partida, 30 de junho de 404, um incêndio destruiu o episcopado e grande parte da igreja e do senado. Os fiéis do arcebispo foram acusados e inclusive Olímpia foi levada diante do prefeito da cidade, Optato. Acusada do incêndio, ela se defendeu dizendo que havia doado valores consideráveis para a construção da igreja e não tinha nenhuma razão para queimá-la.

Optato ofereceu deixá-la, bem como as suas religiosas, em paz, se reconhecesse o novo bispo Arsacio, o que Olímpia recusou. Foi condenada a pagar uma grande quantia como multa e depois, no ano de 405, se retirou voluntariamente em Cizico.

A perseguição contra os seguidores de São João Crisóstomo continuou e Olímpia foi novamente processada pelo prefeito e exilada na Nicomédia.

Naqueles anos manteve uma correspondência com o bispo exilado na Armênia, interessando-se por sua saúde, enviando-lhe dinheiro para os pobres da região e para o resgate de pessoas cativas. Por sua vez, São João Crisóstomo a exortava a banir a tristeza e a fazer nascer a alegria espiritual que despreza as coisas do mundo e eleva a alma, recomendando-lhe sustentar os seus amigos, que sofriam a perseguição por causa dele.

Olímpia faleceu em 25 de julho de 408. Segundo o escritor Paládio, os habitantes de Constantinopla a colocam entre os confessores da fé, porque ela morreu e retornou ao Senhor entre as batalhas suportadas por Deus.

As religiosas de seu mosteiro foram dispersas em 404, quando foram mandadas para o exílio; se reuniram somente em 416, sob a direção de Honorina, parente de Olímpia, quando os seguidores de São João Crisóstomo se reconciliaram com os seus sucessores; o mosteiro foi destruído no incêndio de Santa Sofia, em 532, retornaram depois, quando Justiniano o reconstruiu.