Jesus define a
multidão que se apinhava para o ouvir como uma geração malvada porque procura
um sinal. É evidente que Jesus fala aos doutores da lei que muitas vezes no
Evangelho lhe pedem um sinal. Com efeito, eles não viam muitos sinais de Jesus.
Mas, precisamente por esta razão Jesus os repreende em diversas ocasiões,
recorrendo à imagem da árvore da figueira.
Podemos questionar
sobre o motivo pelo qual os doutores da lei não compreendiam os sinais dos
tempos, invocando um sinal extraordinário. Temos algumas respostas: a primeira
é porque eram fechados. Fechados no seu sistema, tinham elaborado muito bem a
lei, uma obra-prima. Mas Jesus surpreende-os fazendo coisas estranhas, como por
exemplo acompanhar com os pecadores, comer com os publicanos. E os doutores da
lei não gostavam disso, era perigoso; estava em perigo a doutrina, que eles, os
teólogos, tinham elaborado ao longo dos séculos.
Era uma lei feita por
amor, para ser fiéis a Deus, mas já se tinha tornado um sistema normativo
fechado. Eles simplesmente tinham esquecido a história. Tinham esquecido que
Deus é o Deus da lei, mas é também o Deus das surpresas. E que muitas vezes Ele
reservou surpresas ao seu povo: é suficiente pensar no modo como os salvou no
mar vermelho da escravidão do Egito.
Não obstante tudo,
eles não compreendiam que Deus é sempre novo; nunca se renega a si mesmo, nunca
afirma que o que disse estava errado, nunca: mas surpreende sempre.
A segunda resposta
à pergunta inicial, deve ser referida ao fato de que eles tinham esquecido que
eram um povo a caminho. E quando alguém está a caminho encontra sempre coisas
novas, algo que não conhece. E estas coisas deviam assumi-las num coração fiel
ao Senhor, na lei. Mas, também neste caso, um caminho não é absoluto em si
mesmo, é o caminho rumo a um ponto: rumo à manifestação definitiva do Senhor.
Aliás, toda a vida é um caminho rumo à plenitude de Jesus Cristo, quando voltar
pela segunda vez.
Em síntese, o sinal
da ressurreição, da glória, daquela escatologia em direção à qual estamos a
caminho. Daqui o convite final a refletir sobre este tema, a questionar-se
sobre dois aspectos, perguntando-se: Eu estou apegado às minhas coisas, às
minhas ideias, fechado? Ou sou aberto ao Deus das surpresas? E ainda: Sou uma
pessoa firme ou uma pessoa que caminha? Acredito em Jesus Cristo e no que Ele
fez, ou seja morreu, ressuscitou... acredito que o caminho vai em frente rumo à
maturidade, rumo à manifestação de glória do Senhor? Sou capaz de compreender
os sinais dos tempos e ser fiel à voz do Senhor que se manifesta neles?
Papa
Francisco – 13 de outubro de 2014
Hoje
celebramos
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