quinta-feira, 11 de outubro de 2018

11 de outubro - Santa Maria Soledad Torres Acosta


Maria Soledad Torres Acosta foi reconhecida como Santa. Foi proclamada Santa. Foi inscrita nos registro dos Santos. Foi apresentada a toda a Igreja terrestre, como pertencente à Igreja celeste. Foi declarada digna do culto de veneração, porque está unida para sempre e totalmente a Cristo ressuscitado e participa da glória que Ele possui. Este é o significado do ato extraordinário e solene que Nós acabamos de realizar. Canonizamos esta bem-aventurada filha da Igreja e agora sentimos que a luz, a fascinação, o mistério da santidade se difundem sobre nós, sobre esta assembleia exultante, sobre a Espanha que foi a pátria da nova Santa, sobre a Família religiosa que ela fundou, a das Servas de Maria Ministras dos Enfermos, sobre a Igreja inteira e sobre o mundo. Deus seja bendito!

Espontaneamente vem-nos à mente esta pergunta: como foi a vida de Maria Soledad? Qual é a sua história? Como se tornou ela Santa? É-Nos impossível, sem a menor dúvida, responder agora a esta pergunta e fazer o panegírico de Maria Soledad. Encontrareis nos livros, que narram a sua vida, o modo de satisfazer esta legítima e louvável curiosidade. De resto, trata-se de uma vida simples e silenciosa, que pode ser resumida em duas grandes palavras: humildade e caridade. Foi uma vida inteiramente consagrada a uma espiritualidade intensa, aos trabalhos da fundação de uma nova família religiosa, à imitação de Cristo, à devoção a Nossa Senhora, ao serviço dos enfermos e à fidelidade à Igreja.

Se, por um lado, a biografia de Maria Soledad não nos oferece aquelas singularidades muitas vezes cheias de aventura e de prodígio, nem aquela riqueza de palavras e de escritos, que caracterizam outras figuras de Santas, por outro, o seu perfil, cheio de pureza e de bondade, apresenta algumas características que Nos parece necessário sublinhar.

Maria Soledad é uma fundadora, a fundadora de uma Família religiosa muito numerosa e muito difundida, de uma Congregação excelente e provedora. Assim, Maria Soledad faz parte daquele grupo de santas e intrépidas mulheres, que, no século passado, fizeram jorrar na Igreja torrentes de santidade e de operosidade, intermináveis procissões de virgens consagradas ao único e supremo amor de Cristo, devotadas ao serviço inteligente, incansável e desinteressado do próximo. Vós conheceis estas almas. Por toda a parte podeis encontrá-las. Não é necessário que vos descrevamos agora a magnífica expansão que os seus Institutos tiveram.

Entre estas Famílias eleitas e operosas, está incluída a das Servas de Maria, fundada pela nossa Santa. E está incluída de tal modo, que nela podemos ver o paradigma dessa imensa e multiforme expressão de vida religiosa que, apesar das peculiaridades especificas de cada Instituto, parece modelada segundo um ideal comum, segundo uma fórmula que foi substancialmente igual para todas as novas fundações do século XIX. E, assim, no fervor e na excitação do renovamento da vida religiosa e na procura, às vezes demasiado crítica e fantasiosa, de novas fórmulas de consagração ao seguimento de Cristo, vem a propósito perguntar se o exemplo insigne, que temos diante dos olhos da nossa admiração, é, ou não, bom em si mesmo, e se conserva ainda algum valor para o nosso tempo.

Perante a figura de Santa Maria Soledad e da legião das suas filhas, Nós temos o feliz dever de responder afirmativamente. Sem excluir que a interpretação da vocação ao seguimento perfeito e total do Mestre admite, com as expressões históricas e clássicas que precederam o esquema de vida religiosa neste momento contemplado, outras manifestações novas, todas elas dignas de florescerem no jardim da Igreja, capazes de satisfazerem as necessidades atuais e de se concretizarem em formas modernas, Nós confirmamos o Nosso apreço pelo modelo de vida religiosa, realizado principalmente no século passado e no precedente.

As características peculiares, que descrevem especificamente o modelo em questão, justificam e glorificam esse tipo de procura da perfeição cristã. Consiste ele no desapego prático e ascético da vida secular comum, que hoje é preferida por muitos; na vida comum organizada, dentro da observância dos conselhos evangélicos da pobreza, da castidade e da obediência; no primado, ciosamente conservado, da vida interior, da oração, do culto divino e do amor de Deus; numa palavra, na dedicação sem limite e sem cálculos egoístas a algumas obras de caridade; e, por fim, na adesão profunda e orgânica à Santa Igreja. Estas características básicas, que constituem um estado de vida qualificado pelo esforço para alcançar a perfeição cristã, estão autenticamente de acordo com as exigências do Evangelho, e ainda hoje são capazes de definir e de valorizar a vida religiosa no nosso tempo. A Congregação das Servas dos Enfermos merece, no nome e no exemplo da sua santa fundadora, este Nosso reconhecimento.

Esta Congregação merece também outro reconhecimento, o da sua definição como Instituto religioso especificamente dedicado à assistência aos enfermos. Esta é a opção que exprime, empenha e ilustra a caridade de Maria Soledad e da sua descendência espiritual.

Papa Paulo VI – 25 de janeiro de 1970 – Homilia de Canonização

Nossa santa nasceu em Madri, a 2 de dezembro de 1826. Viveu numa Espanha perturbada pelos conflitos entre absolutistas e liberais, que produziram às vezes para a Igreja anos custosos. Os pais, Francisco Torres e Antônia Acosta, eram pequenos comerciantes. A criança foi batizada como Bibiana Antônia Manuela.

Estudou com as Irmãs Vicentinas e ao ver a dedicação total destas religiosas aos mais pobres, se entusiasmou pela vida religiosa. Porém tinha uma saúde muito débil e não foi admitida na comunidade.

Quando, chegando aos 25 anos, pensava na vida dominicana, o Pe. Miguel Martínez, sacerdote do bairro populoso de Chamberi, conquistou-a para a sociedade de religiosas, guardas de doentes, que projetava organizar. Desde pequena ela havia assistido a vários moribundos e sentia um gosto especial em assistir a doentes e moribundos. Era uma graça que o Espírito Santo lhe havia concedido.

Em 15 de agosto de 1851, a jovem entrou no grupo das sete primeiras Servas de Maria, adotando o nome de Irmã Soledade. Embora chegando tarde, depressa foi promovida a superiora.

Mas Pe. Miguel partiu para as missões no estrangeiro. O novo diretor espiritual julgou acertado mudar a superiora: Madre Soledade foi enviada para Getafe, no Sudoeste de Madri, para um pequeno hospital. Ir-se-ia dissolver a Congregação em estado deplorável? O Pe. Gabino Sánchez Cortez repôs Madre Soledade à frente das irmãs, e deu ao Instituto uma regra bem adaptada.

Em 1861, as Servas de Maria receberam a aprovação diocesana, e o agostiniano, Pe. Angel Barra, foi nomeado diretor. A instituição ampliou seu campo de ação para atender também as jovens delinquentes e as fundações se multiplicaram.

Fundaram-se 46 casas durante a vida da Santa. A rainha Isabel II exigiu suas religiosas para o hospital de São João de Deus, em Madrid. Em 1867, esta caridade que vence o mal com o bem levou Madre Soledade a Valência, onde a guerra civil multiplicava os feridos.

Em 1885, uma epidemia de cólera invadiu metade do país: bela ocasião de socorrer o próximo com perigo de vida, para ela e suas colaboradoras!
Santa Soledade faleceu no dia 11 de outubro de 1887 com 61 anos de idade; foi beatificada por Pio XII em 5 de fevereiro de 1950 e canonizada por Paulo VI em 1970.



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