sexta-feira, 31 de março de 2017

31 de março - São Guido de Pomposa

Guido teve uma vida dedicada à escuta e serviço de Deus e com isso fez dela uma suave canção de amor para Deus.

Ele nasceu na segunda metade do século X, na cidade de Casamare, próximo a Ravena na Itália. Seus dados históricos são desconhecidos, mas nos aponta que cresceu e recebeu educação acadêmica e cristã ali mesmo em Casamare. Guido também foi regente do coro da Catedral de Arezzo, na Toscana, próximo a província onde nascera. Função esta que o tornou celebremente conhecido como Guido D’Arezzo. Após concluir seus estudos, dirigiu-se para a cidade de Roma onde ingressou em um mosteiro beneditino e recebeu o hábito, dedicando-se à vida desolada.

Durante este período, desempenhou papel importante no testemunho de fidelidade e rigor no cumprimento da regra beneditina, sendo colocado como grande exemplo para os demais de sua ordem. O monge Martinho, seu diretor espiritual, o enviou então para o mosteiro de Pomposa. Muitos acorriam ao lugar para buscar aconselhamento e direção espiritual. Embora desejasse afastar-se do mundo, seu trabalho como musicista era necessário para a comunidade cristã.

No convento a história se repetiu. Era um modelo tão perfeito de virtudes, que foi eleito abade por seus irmãos de congregação. Sua fama espalhou-se de tal forma, que seu pai e irmãos acabaram por toma-lo como diretor espiritual e se tornaram religiosos. 

Guido não era somente dedicado aos assuntos místicos e desempenhava com louvor o ministério de musicista e tamanha é sua contribuição para a história da música, pois foi responsável pela organização do sistema de notas musicais que é conhecido até os dias de hoje. Guido, disposto a diminuir os erros musicais e facilitar o aprendizado tomou um hino em honra a São João Batista e dali alicerçou o sistema musical de notas (dó, ré, mi…).

Após muitos feitos, Guido pretendia retirar-se novamente para a solidão monástica, mas foi convidado pelo imperador Henrique III para acompanha-lo como conselheiro espiritual em sua viagem para Roma onde iria assumir o papado. Guido assim o fez e com louvor cumpriu sua missão junto ao futuro pontífice. Em seu retorno de Roma, Guido foi acometido de grave doença e faleceu na cidade de Parma no dia 31 de março de 1046.

A notícia de seu falecimento logo correu toda a Itália e diversos milagres foram noticiados graças a sua intercessão.
O Papa Henrique III levou as relíquias de Guido para a Catedral de Spira a qual era dedicada a São João Evangelista, mas por orientação do próprio Henrique passou a ser chamada de Catedral de São Guido.


A história de São Guido é curiosa no que se refere à sua atuação religiosa. Ele é o responsável pela nova teoria musical litúrgica. Desejava ser apenas um monge solitário, sua vocação original, mas nunca pode exercê-la na sua plenitude, teve que interromper esta condição a pedido de seus superiores, devido ao dom de músico apurado, talento que usou voltado para a fé. Quando pensou que poderia morrer na paz da solidão monástica, não conseguiu, mas foi para a Casa do Pai, já gozando a fama de santidade.

quinta-feira, 30 de março de 2017

30 de março - São Leonardo de Murialdo

Estamos tão ansiosos para conhecer o grande homem, o operador de milagres, o herói, o campeão, a estrela, o "líder", não podemos escapar do encanto do santo, que só personifica um ser maior, e muito mais se pode atribuir a ele, pequeno, o título emocionante é nosso! A hagiografia é um dos estudos de antropologia superlativo, devido ao fator religioso, que, embora o fluxo do mesmo princípio para um fim idêntico, gera uma riqueza infinita de tipos humanos, um distinto do outro na maravilhosa variedade de rostos humanos transfigurado, cada pelo seu próprio carisma diferente.

O Santo: portanto, um objeto de conhecimento, interesse, curiosidade legítima e louvável. Quem foi Leonardo Murialdo, para que hoje nós atribuímos a ele esse alto título Santo? Até agora ele era pouco conhecido. – Quando nós  tivemos a alegria de proclamar a beatificação de Murialdo, fizemos a mesma pergunta, que um amigo, monsenhor Giuseppe De Luca, deu a resposta, escrevendo em 1950,  por ocasião do cinquentenário da morte de nosso santo "Murialdo foi um cristão que provocou incêndios que formam a glória do século passado, a glória de uma estrela no meio da noite. . . . Ele merece reconhecimento e, antes disso, o conhecimento. Louvor, louvor, celebrações, está tudo bem, mas primeiro e acima de tudo, creio eu, o conhecimento". Este não é o momento de dar os dados biográficos do santo, para narrar sua vida; e até mesmo para fazer o panegírico. 

Agora, finalmente, temos uma grande documentação sobre a vida de Murialdo, uma vida impregnada de humildade e discrição, de ricos e pródigos testemunhos da atividade incansável; três volumes recolhem as notícias sobre ele, de modo que aqueles que desejarem podem conhecer o novo santo, uma vez que é possível e desejável; vidas, obras, escritos, comentários, tudo; é o trabalho meritório de Armando Castellani, que após o primeiro biógrafo, historiador de Murialdo, a Reffo, e muitos outros que ilustrou a vida dele, ele colocou em um pedestal documentos, testemunhos, informações a figura de Leonardo Murialdo para trazer a verdadeira grandeza que a canonização circunda com halo da santidade.

Portanto, temos a história do santo, e imediatamente olhamos para a pessoa, nós admiramos a santidade. Todos nos tornamos observadores, admiradores e, se Deus quiser, imitadores e seguidores.
Papa Paulo VI – trecho da homilia de canonização – 03 de maio de 1970

Leonardo Murialdo nasceu em Turim, Itália, no ano de 1828, oitavo filho de uma família rica. Órfão de pai com apenas quatro anos, recebeu, contudo, uma ótima educação cristã no colégio dos Escolápios de Savona. Na juventude, atravessou uma profunda crise espiritual que o levou à conversão e à descoberta da vocação sacerdotal.

Iniciou em Turim os estudos filosóficos e teológicos. Começou a trabalhar, nesses anos, no Oratório do Anjo da Guarda, dirigido pelo primo, o teólogo Roberto Murialdo. Graças a essa colaboração tocou com as mãos as problemáticas da juventude de Turim: meninos de rua, encarcerados, limpadores de chaminés, serventes de bar.

Em 1851 foi ordenado sacerdote. Começou a trabalhar em contato também com o padre Cafasso e com Dom Bosco, e deste último aceitou a direção do Oratório São Luís. Leonardo respirou o sistema preventivo, encarnou-o e aplicou-o em todas as suas futuras obras educativas.
Em 1866 aceitou a direção do Colégio Pequenos Artesãos de Turim, dedicado à acolhida, à formação humana, cristã e profissional de jovens pobres e abandonados. Fez inúmeras viagens pela Itália, França e Inglaterra para visitar instituições educativas e assistenciais, para aprender, confrontar e melhorar o próprio sistema educativo. Figurou entre os promotores das primeiras bibliotecas populares católicas e da União dos Operários Católicos, onde seria, por longos anos, assistente eclesiástico.

Em 1873, com o apoio de alguns colaboradores, fundou a Congregação de São José (Josefinos de Murialdo). Sua finalidade apostólica era a educação da juventude, especialmente pobre e abandonada. Abriu oratórios, escolas profissionais, casas-família para jovens trabalhadores e colônias agrícolas, aprofundou o seu trabalho nas associações leigas, especialmente no campo da formação profissional dos jovens e da boa estampa.

Seu lema era “Fazer e calar”. Foi homem de espírito e de oração, contemplativo na ação como Dom Bosco. Por volta de 1884 foi atingido por diversos ataques de broncopneumonia. Dom Bosco foi dar-lhe uma bênção e, apesar das provações e perturbações, viveu ainda até 1900.

O Papa Paulo VI proclamou-o Beato em 1963 e santo em 3 de maio de 1970. A perda do pai em tenra idade levou Leonardo também a ser pai e guia dos jovens que o Senhor lhe quis confiar. A sua vida, o seu etilo e a sua ação colocam-no ao lado do seu amigo e modelo São João Bosco.


quarta-feira, 29 de março de 2017

29 de março - Beato Bertoldo


A vida de Bertoldo transcorreu, em grande parte, na obscuridade e não há muito que relatar acerca dele, exceto o haver empreendido a construção e reconstrução de edifícios monásticos e ele os ter dedicado em honra do profeta Elias. Isso foi informado depois por Pedro Emiliano ao rei Eduardo I de Inglaterra, numa carta datada em 1282.

Beato Bertoldo, cujo nome era Bartolomeu Avogadro, nasceu na França e estudou teologia em Paris, sendo ordenado sacerdote. Com seu parente Alberto, que depois chegou a ser patriarca latino de Antioquia, acompanhou os cruzados até ao oriente e, encontrava-se em Antioquia no tempo em que esta foi sitiada pelos sarracenos.
Durante este tempo encontrou um mendigo pedindo esmolas, e foi o único a lhe oferecer uma ajuda, e assim conseguiu a amizade dos pobres.
Teve uma revelação divina, pela que se lhe deu a conhecer que o sitio da povoação era um castigo pelos pecados e especialmente pela vida licenciosa dos soldados cristãos.

Bertoldo se ofereceu em sacrifício e fez voto de que se os cristãos fossem salvos desse grande perigo, dedicaria o resto de sua vida ao serviço da Santíssima Virgem. Numa visão lhe apareceu Nosso Senhor acompanhado de Nossa Senhora e São Pedro, levando em suas mãos uma grande cruz luminosa; o Salvador se dirigiu a Bertoldo e lhe falou da ingratidão dos cristãos, em retribuição por todas as bênçãos que haviam chovido sobre eles.
Devido às insistências e advertências do santo, os cidadãos e os soldados foram movidos à penitência. Ainda que estivessem fracos pelos jejuns e privações, saíram completamente vitoriosos quando teve lugar o ataque e a cidade e o exército foram libertados.
Isto, ao que parece, é uma lenda. O certo é que pelos esforços de um Bertoldo, se formou uma congregação de sacerdotes no Monte Carmelo. 

Em 1155 Bertoldo viajou para o Monte Carmelo como eremita, inspirado no Profeta Elias. Ali fundou uma pequena comunidade de seguidores, com os quais construíram uma pequena capela. A Ordem dos Carmelitas descende deste pequeno grupo, sendo seu primo Alberto Avogrado, Patriarca de Jerusalém, que residia naquele tempo em São João de Acre, nas proximidades do Monte Carmelo escrito para eles uma regra de vida, entre os anos 1206-1214. 


São Bertoldo governou a comunidade por quarenta anos e parece haver permanecido ali até ao tempo de sua morte, que ocorreu em redor do ano 1195. 

terça-feira, 28 de março de 2017

28 de março - Beata Joana Maria de Maillé

Um matrimônio casto, um marido salvo graças às suas orações quando  era ainda uma criança, uma vida de sofrimento e desprezo, mas cheio de caridade e amor. Muitos a consideravam uma santa,  outros acreditavam que ela era louca ou mesmo uma bruxa, mas muitas conversões e milagres aconteceram pela sua intercessão.
Relutante em casar aos 16 anos, viúva com um pouco mais de 30, expulsa de casa pelos parentes do marido, nos restantes 50 anos de sua vida foi obrigada a viver sem abrigo. São inúmeros os percalços na vida da Beata Joana Maria de Maillé que nasceu rica e mimada no Castelo de La Roche em 14 de abril de 1331.

Sua família se destacava pela devoção. Ela cresceu sob a orientação espiritual de um franciscano, mostrando uma particular devoção a Maria. Dedicava-se a orações prolongadas e fez precocemente o voto de virgindade. Aos onze anos, no dia de Natal, pela primeira vez teve um êxtase: Maria Santíssima lhe apareceu segurando em seus braços o Menino Jesus. Uma doença que quase a levou à morte serviu para desprendê-la mais e mais da terra e torná-la mais próxima de Deus.

Na idade de dezesseis anos, aparece no cenário de sua vida um parente da mãe que se tornou seu tutor, o que sugere que os pais morreram prematuramente. O tutor combina, de acordo com o costume da época, o casamento de Joana com o Barão Roberto II de Sillé, um bom jovem, não muito mais velho do que ela, seu companheiro de brincadeiras na infância. E isto apesar de estar ciente da inclinação de Joana para a vida religiosa e de seu voto de castidade. Portanto, é um casamento contra a vontade da jovem.

Providencialmente, o tutor morreu repentinamente na manhã do dia do casamento, e a impressão no noivo foi tão grande, que propôs a Joana viverem em perfeita continência, isto é, como irmão e irmã. Seu consentimento é imediato, já que estava preparada para isto pelo seu voto de virgindade.
O casamento funcionou, e bem: como base da união eles colocaram o Evangelho, e viveram-no plenamente, resultando em muitas boas obras, como: adotar algumas crianças abandonadas, alimentar e cuidar dos pobres, ajudar os empestados… Na verdade, tinham muito que fazer. Nunca se viu tanto movimento no castelo desde que se espalhou a notícia de o casal ser extremamente caridoso.

E mesmo assim não faltavam problemas para eles, como quando Roberto teve que ir para a guerra, foi ferido e preso pelos britânicos. Para libertá-lo Joana pagou um resgate elevado, o que afetou fortemente o patrimônio do casal. No entanto, eles não perderam a fé, e com a volta de Roberto, tratam dos contagiados pela peste negra, depois, dos leprosos.
Roberto morreu em 1362 e Joana, viúva aos 30 anos, vê toda a família de seu marido se voltar contra ela. A principal acusação: ter esbanjado a fortuna da família. Assim, ela foi expulsa do Castelo de Silly e ficou sem casa, sem um tostão, forçada a viver da caridade. Mas, mesmo na rua, os parentes ricos continuavam a persegui-la: enviavam seus serviçais para lançar-lhe insultos quando ela passava, porque não queriam rebaixar-se para fazê-lo pessoalmente.

Ela renunciou a todos os seus bens e foi morar em um casebre construído junto ao convento dos Frades Menores Franciscanos de Tours, onde levava uma vida de penitência, contemplação e pobreza contínua, a mendigar o pão. Ela gozava de várias aparições da Virgem Maria, de São Francisco e de Santo Ivo, o qual recomendou que ela ingressasse na Ordem Terceira de São Francisco.
Joana sofria e, com um amor sem limites, não tinha um mínimo de ressentimento. E para sabermos onde ela encontrava tal força e tanta bondade, olhemos para suas longas horas de oração, sua grande penitência, seus sacrifícios. Escolheu para vestir uma túnica grosseira e rude, muito semelhante à roupa de seus amados franciscanos, de cuja intensa espiritualidade vive.
Continuou a fazer caridade com os doentes e os prisioneiros condenados à morte, se não mais com dinheiro, com a sua presença e seus humildes serviços, consolando-os quando não podia fazer nada melhor, e intercedendo por sua libertação quando atingiu popularidade e pode usá-la em proveito do próximo.
Devido a sua reputação como uma mulher de Deus ter se espalhado pela França, muitos a procuravam pedindo conselhos, e entre aqueles que bateram à sua porta havia também alguns daqueles que a tinham insultado antigamente e que ela recebe com amor e paciência.

O rei de França, Carlos VI, que estava em Tours, foi visitar a penitente famosa que lhe pediu para libertar alguns prisioneiros e dar a outros a ajuda de um capelão.
Apesar da frágil saúde e das dificuldades de sua vida penitente, Joana atingiu a idade de 82 anos e morreu em 28 de março de 1414 cercada de uma sólida reputação de santidade e foi sepultado na igreja franciscana. Infelizmente o seu túmulo foi profanado pelos calvinistas nas guerras de religião.

Sua fama de santidade era tão difundida, que os fiéis a veneravam espontaneamente. Como resultado, em apenas 12 meses foi instaurado o processo diocesano informativo para sua canonização. Mas, mesmo após a morte Joana tem que esperar: sua beatificação só ocorreu muito mais tarde, em 1871, pelo Papa Pio IX.

segunda-feira, 27 de março de 2017

27 de março - Beato Maria-Eugênio do Menino Jesus

Ontem, em Avignon, na França, foi proclamado beato o padre Maria Eugênio do Menino Jesus, da Ordem dos Carmelitas Descalços, fundador do Instituto Secular “Nossa Senhora da Vida”, homem de Deus, atento às necessidades espirituais e materiais do próximo. O seu exemplo e a sua intercessão apoiem o nosso caminho de fé.

Papa Francisco – Ângelus – 20 de novembro de 2016

Frei Maria-Eugênio, sacerdote professo da Ordem dos Carmelitas Descalços foi o Fundador do Instituto Secular Nossa Senhora da Vida.
Henrique Grialou nasceu em 1894, em Aveyron, França. Depois da I Guerra Mundial, sentiu a poderosa proteção de Santa Teresinha do Menino Jesus, estudou no seminário, dando testemunho de uma profunda vida espiritual.

A descoberta dos escritos de São João da Cruz revelou-lhe sua vocação ao Carmelo. Assim, entrou para esta Ordem em 1922, logo após a sua ordenação sacerdotal, onde recebeu o nome de Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus.
Imbuído pela graça de Deus e pelo espírito mariano do Carmelo, o Frei Maria-Eugênio serviu com devoção e dedicação a Igreja e a sua Ordem, desempenhando cargos de grande responsabilidade na França e em Roma.

Dedicou-se plenamente à difusão do espírito e da doutrina do Carmelo, desejando que fossem vividos na vida cotidiana, numa harmoniosa união de ação e contemplação.
O ensinamento dos mestres do Carmelo – Santa Teresa d’Ávila, São João da Cruz e Santa Teresinha – iluminou sua experiência de contemplativo e apóstolo e culminou na redação do livro “Quero ver a Deus”.

Em 1932, com a colaboração de Maria Pila, fundou o Instituto “Nossa Senhora da Vida” na cidade francesa de Venasque, em um antigo santuário mariano. Este Instituto secular de leigos e leigas consagrados e sacerdotes, coloca em prática o ideal do Frei Maria-Eugênio de uma vida de ação e contemplação, tão unidas que a contemplação estimula a ação e a ação estimula a contemplação, a ponto de dar testemunho do Deus vivo ao mundo.
Como sacerdote e diretor espiritual, conduziu incansavelmente seus irmãos no caminho da confiança e do amor, certo de que a misericórdia divina é derramada sempre e abundantemente!

Toda a vida do Frei Maria-Eugênio foi marcada por uma poderosa influência do Espírito Santo e da Virgem Maria. Com fidelidade ao seu amor, faleceu em 27 de março de 1967, segunda-feira de Páscoa, dia em que ele fazia questão de celebrar a alegria pascal de Maria, Mãe da Vida.

A vocação dos leigos consagrados de Nossa Senhora da Vida é caracterizada por quatro aspectos: consagrados a Deus pela profissão dos conselhos evangélicos; leigos em uma vida ordinária no mundo, com uma profissão própria; arraigados no espírito do Carmelo e na vida de oração; participantes da missão da Igreja no mundo e a partir do mundo: indústrias, obras públicas, médico-social, educação, funções públicas e diplomáticas, edições, artesanato.
Os filhos e filhas do Instituto Secular “Nossa Senhora da Vida” atuam e diversos países entre os quais o Brasil.

Pensamentos de Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus

- "Rezem para pedir o amor. É a única oração a fazer. Pelas almas que amo, eu não posso pedir senão o amor: é a única realidade que vale alguma coisa, é a única dádiva eterna a pedir para vocês."

- "Que importam as qualidades naturais! A grande riqueza é sermos iluminados pelo Espírito Santo, e sermos transformados pelo Espírito."

- "Um santo vivo não é inabalável e o Espírito Santo não o abandona nos momentos de dificuldade. A grande prova de santidade não é a ausência de tentação ou de cansaço, mas a persistência no caminhar, no reagir, no prosseguir em direção a Deus."

- "Peçamos à Virgem Maria que ela nos ajude a assegurar ao Espírito Santo a fidelidade que Ele espera de nós. Que ela fortifique a nossa fé tão fraca; fé que deve atravessar a obscuridade e passa além de todas as angústias para chegar a Deus e acreditar n'Ele. Digamos-Lhe: ‘Ofereço-Vos todo o amor que esperais de mim; agora e sempre, até o último suspiro. Permitais Senhor que eu guarde esta fidelidade de amor.'"




domingo, 26 de março de 2017

26 de março - Beata Madalena Morano

A parábola da videira e dos ramos revela-nos o mistério da colheita que Cristo oferece à sua Igreja. Eles amadurecem na Igreja, como na vinha evangélica, todos aqueles que aceitam a sua palavra - e amadurecem para a vida em Deus, que é a glória.

A glória de Deus é o homem vivo, "Gloria Dei vivens homo", ensina Santo Irineu, e acrescenta: A vida do homem é a visão de Deus, "Vita hominis visio Dei".

Assim, através desta parábola, na véspera dos eventos pascais, Jesus revela plenamente o mistério da vida que está nele. Este mistério se tornou uma fonte de vida para muitos filhos e filhas desta terra abençoada.

Hoje, o mesmo mistério é revelado como a fonte da vida imortal para o Serva de Deus Madalena Morano, que tenho a alegria de elevar à honra dos altares na cidade onde há muitos anos ela levou a cabo as suas atividades de formação cristã da juventude. Desta forma, a nova Beata, que consagrou totalmente a sua vida a Cristo, torna-se testemunha para uma nova geração. Ela agora está inscrita no Livro da vida, para que todo o povo de Deus, peregrinante neste antigo berço da cultura grega e romana, possa ler a verdade sobre a justificação em Cristo.

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 05 de novembro de 1994

Madalena Caterina Morano nasce em Chieri, na província de Turim, a 15 de Novembro de 1847. Aos oito anos perde o pai Francesco e, deixa a escola, começa a ajudar a mãe nos trabalhos de costura. Retoma os estudos graças ao seu sacerdote. A diretora nomeia-a ajudante nos cuidados aos menores.

Entretanto encontra pela primeira vez Dom Bosco, que se encontrava de passagem por Buttigliera d'Asti. Madalena tem o dom do ensino, e aos 17 anos consegue o diploma de professora. Aos 19 anos começa a ensinar em Montaldo Torinese: fá-lo-á com diligência e competência durante catorze anos, ganhando o respeito e a estima de todos na terra. Animada pelo desejo de se consagrar ao Senhor, Madalena aconselha-se com o seu diretor espiritual e, depois de ter comprado uma casa para a mãe com as suas poupanças, vai falar com Dom Bosco, que lhe diz para ir até Mornese, onde Mãe Mazzarello a acolhe com festa e logo a coloca a ensinar. Em 1880 consagra-se a Deus através dos votos perpétuos e pede ao Senhor a graça «de permanecer em vida até que tenha alcançado a santidade».

Em 1881, ao pedido do Arcebispo de Catania, Madalena é enviada para dirigir a nova obra de Trecastagni. Durante quatro anos dirige, ensina, lava, cozinha.

É catequista, mas sobretudo testemunho, tanto que as meninas começam a dizer: «Queremos ser como ela!». Depois da pausa de um ano em Turim, onde dirige a casa das Filhas de Maria Auxiliadora de Valdocco, é enviada para a Sicília como visitadora, diretora e mestra das noviças. Foram suas tarefas fundar nove casas e formar irmãs santas. Tendo constantemente «um olhar na terra e dez no céu», abre escolas, oratórios, internatos e oficinas em todas as partes da ilha. Surgem novas e numerosas vocações, atraídas pelo seu zelo apostólico e pelo clima comunitário que se cria à sua volta. O seu apostolado variado é apreciado e encorajado pelos bispos.

Em Catania foi-lhe confiado todo o trabalho da catequese, a fundação de novos oratórios e o internato do Instituto Magistrale. É muito devota de S. José e de Maria Auxiliadora, que a guiam nas nove fundações, consegue inculturar fielmente o carisma de Dom Bosco e o sistema preventivo.


Doente devido a um tumor, a 26 de Março de 1908 a Irmã Morano morre em Catania. À sua morte as casas da Sicília são 18, as irmãs 142, as noviças 20, as postulantes 9. Os seus restos mortais são venerados em Ali Terme (Catania). O Papa João Paulo II em Catania proclama-a beata, exaltando-a como educadora e professora.

26 de março - Quarto Domingo da Quaresma


A Liturgia propõe-nos, durante a Quaresma, uma verdadeira renovação doutrinal, como preparação para a Páscoa da Ressurreição do Senhor. Em cada Domingo é-nos dado um tema, para que o aprofundemos, no estudo e na oração.
Neste Quarto Domingo da Quaresma, chamado liturgicamente o Domingo da alegria, a Liturgia da Palavra convida-nos a uma reflexão profunda sobre a fé. Ele recebe estes nomes porque assim começa, neste dia, a Antífona de Entrada da Eucaristia: 
"Laetare, Ierusalem, et conventum facite omnes qui diligites eam; gaudete cum laetitia, qui in tristitia fuistis; ut exsultetis, et satiemini ab uberibus consolationis vestrae" ("Alegra-te Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações"), conforme Isaías 66, 10-11.

A cor litúrgica passa do roxo para o rosa para representar a alegria pela proximidade da Páscoa. Não existe incompatibilidade entre uma Quaresma bem vivida e a virtude da alegria, e o melhor caminho para uma alegria crescente é o aprofundamento da virtude da fé.

Na primeira leitura o profeta Samuel é secretamente enviado por Deus a Belém, a casa de Jessé, para escolher um rei, em substituição de Saúl. Deixa-se impressionar pelo aspecto físico dos irmãos de David, mas o Senhor observa-lhe: «Deus no vê como o homem; o homem olha às aparências, o Senhor vê o coração
Na segunda leitura São Paulo anima os fiéis da Igreja de Éfeso a colaborar ativamente na vida da mesma, sobretudo na difusão do Evangelho.
Cada um de nós recebeu, pelo Batismo, uma missão em favor de toda a comunidade dos homens.
Jesus Cristo é a Luz que ilumina a nossa vida e lhe dá sentido. Sem ela não somos capazes de descobrir os verdadeiros valores da vida nem de nos reconhecermos como irmãos.
O cego de nascença é imagem do homem que deseja ver. Cristo é a «Luz do  mundo» que nos cura da cegueira interior, iluminando o nosso entendimento, a nossa memória e a nossa vontade para que a nossa fé seja cada vez mais viva e profunda, de modo a reconhecer e confessar Jesus como «o Senhor». Tal como na samaritana, podemos contemplar neste cego um itinerário de fé: ao início, Jesus é simplesmente um homem; depois, é um profeta; em seguida, é um homem de Deus; finalmente, é o Senhor. Na cura vemos acontecer um contraste: o cego abre-se progressivamente à luz do sol e à luz da fé, e os que podem ver (e tinham os olhos abertos) fecham-se à luz de Cristo (excomungam-no dizendo que não é um homem de Deus) e entram numa obscuridade cada vez maior. O cego fez o que Jesus mandou: «lavei-me e fiquei a ver». Nesta quaresma, Cristo, através da sua Igreja, também nos diz: Lavai-vos, purificai-vos dos vossos pecados, abandonai as obras das trevas.
Finalmente, a piscina de Siloé. Em hebraico Siloé significa Enviado. Jesus é o verdadeiro Enviado. Pelo nosso batismo, fomos lavados e purificados no seu Sangue. Por isso Jesus nos envia a testemunhar a fé: «Como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós». A fé sem obras está morta. E, no dizer de Santa Teresa de Jesus, «quando a fé está morta… queremos mais o que vemos do que aquilo que ela nos diz».
Senhor, mistura também hoje a tua saliva (símbolo da vida divina) com este barro, que sou eu, para que renasça em mim a nova criatura iluminada pela Luz de Cristo.


sábado, 25 de março de 2017

25 de março - Beata Josafata Hordashevska

"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos" (Jo 15, 13). Os mártires que hoje são declarados Beatos seguiram o Bom Pastor até ao fim. Que o seu testemunho não permaneça para vós simplesmente um orgulho: que ele se torne ao contrário um convite a imitá-los. Com o Batismo, cada cristão é chamado à santidade. Nem a todos é pedida, como a estes novos beatos mártires, a prova suprema da efusão do sangue. Mas a cada um é confiada a tarefa de seguir Cristo com generosidade quotidiana e fiel, como fez a beata Josafata Miguelina Hordashevska, co-fundadora das Escravas de Maria Imaculada. Ela soube viver de modo extraordinário a sua adesão quotidiana ao Evangelho, servindo as crianças, os doentes, os pobres, os analfabetos e os marginalizados em situações muitas vezes difíceis e não privadas de sofrimentos.
Que a santidade seja o anseio de todos vós, queridos Irmãos e Irmãs da Igreja greco-católica ucraniana. Neste caminho de santidade e de renovamento vos acompanhe Maria, "que a todos precede à frente do longo cortejo das testemunhas da fé no único Senhor"

Papa João Paulo II - Homilia de Beatificação – 27 de junho de 2001

Miguelina Hordashevska foi a quinta de nove filhos de uma grande família que era sustentada pelo trabalho de carpinteiro do pai, com a ajuda da mãe. Ela nasceu no dia 20 de novembro de 1869 em Chervonohrad, próximo de Lviv, a capital provincial da Ucrânia. Sua família era profundamente católica, pertencente ao rito bizantino.

Não havia nenhuma possibilidade de mandá-la estudar e, portanto, Miguelina teve que ir trabalhar com um vidraceiro. Enquanto crescia com grande virtude e numa intensa vida de piedade, foi desenvolvendo nela a semente da vocação religiosa.

Em 1888 ela participou de um retiro para jovens orientado pelos Padres Basilianos, onde conheceu o missionário,  Padre Jeremias Lomnitsky, que se tornou seu diretor espiritual e aquele que será o braço mais valioso na fundação que ela irá depois realizar.

Miguelina tornou-se uma apóstola muito ativa entre os fiéis, especialmente os membros da Fraternidade do Sagrado Coração de Cristo, participando nas celebrações litúrgicas, nos cantos e nas obras de caridade. Ela confidenciou ao Padre Jeremias sua intenção de consagrar-se na vida religiosa. Como só havia então uma ordem de freiras de clausura de rito bizantino, o seu diretor sugeriu-lhe um projeto dos Padres Basilianos de fundar uma Congregação feminina do rito bizantino-ucraniano de vida ativa e ela poderia ser a primeira das irmãs.

Depois de um período de reflexão, meditação e preparação, no dia 24 de agosto de 1892, na igreja basiliana de Santo Onofre em Lviev, ocorreu a vestição da primeira freira: Miguelina mudou seu nome para Josafata, em homenagem ao grande mártir da Ucrânia, São Josafá Kuncewycz.

A Congregação tomou o nome de Servas de Maria Imaculada, com a tarefa de exercer um apostolado de vida ativa junto a todos os necessitados. Irmã Josafata sofreu muito em sua curta existência por causa de mal-entendidos, calúnias e ambições de outros, e pela dor atroz de uma tuberculose óssea que a levou à morte na idade de 49, no dia 25 de março de 1919.
Já no momento de sua morte a Congregação tinha aberto 23 missões com 123 freiras principalmente na Ucrânia, onde, como já foi dito, havia apenas um tipo de freiras, as basilianas de clausura, portanto o campo de apostolado entre as pessoas era vasto e novo.

No início da 2ª. Guerra Mundial a Congregação contava com 92 casas e cerca de 600 freiras. Mas todas as casas foram confiscadas pelo regime comunista, e quanto às freiras, 36 foram presas e deportadas para a Sibéria, as outras sofreram nas prisões ou trabalharam em fábricas, dispersando assim a herança espiritual da Co-fundadora.

Aquelas Irmãs que tinham sido enviadas em missão ao Canadá, aos EUA e ao Brasil, bem como aquelas que tinham conseguido fugir do regime junto com muitos refugiados ucranianos para a França, Inglaterra e Alemanha, mantiveram vivo o espírito da comunidade, continuando seu trabalho junto aos ucranianos refugiados pelo mundo.

Em 1990, quando a Ucrânia ganhou a independência, as Servas dispersas por todo o mundo puseram mãos a obra ajudando a reconstruir a vida religiosa na sua pátria, após 50 anos de comunismo-marxismo; crescendo sempre mais, estão presentes na Ucrânia e em muitos países estrangeiros, saindo finalmente da clandestinidade.


Em 1982, o corpo da Beata Josafata foi transferido de um antigo cemitério abandonado para a Casa Generalícia em Roma. O Papa João Paulo II a beatificou em Lviv em 27 de junho de 2001, sendo a primeira Beata da gloriosa terra da Ucrânia.

25 de março - Anunciação do Senhor

Hoje é a festa do Sim!
Hoje a Igreja celebra o anúncio da Encarnação do Filho de Deus. O tema central desta grande festa é o Verbo de Deus que assume nossa natureza humana, sujeitando-se ao tempo e espaço.
Hoje é o dia em que a eternidade entra no tempo ou, como afirmou o Papa São Leão Magno: “A humildade foi assumida pela majestade; a fraqueza, pela força; a mortalidade, pela eternidade”.
Com alegria contemplamos o mistério do Deus Todo-Poderoso, que na origem do mundo cria todas as coisas com sua Palavra, porém, desta vez escolhe depender da Palavra de um frágil ser humano, a Virgem Maria, para poder realizar a Encarnação do Filho Redentor:
“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem e disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.’ Não temas , Maria, conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Maria perguntou ao anjo: ‘Como se fará isso, pois não conheço homem?’ Respondeu-lhe o anjo:’ O Espírito Santo descerá sobre ti. Então disse Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tu palavra’.” (cf. Lc 1,26-38).
Sendo assim, hoje é o dia de proclamarmos: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14a). E fazermos memória do início oficial da Redenção da humanidade, devido à plenitude dos tempos.
Cumprindo desta maneira a profecia de Isaías: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7,14).

Papa Francisco – Anunciação 2016:
«Sim»: para o cristão não há outra resposta ao chamado de Deus. E, sobretudo, nunca deve existir a atitude de quem finge que não entende, voltando-se para o outro lado. Foi precisamente na solenidade da Anunciação do Senhor que o Papa convidou a viver uma verdadeira «festa do sim», celebrando a missa na capela da Casa de Santa Marta.

E um «sim» convicto foi pronunciado esta manhã pelos sacerdotes que concelebraram com Francisco no dia do quinquagésimo aniversário de ordenação e também pelas religiosas vicentinas que trabalham em Santa Marta, as quais renovaram os votos. «É toda uma história que acaba e recomeça nesta solenidade que hoje celebramos: a história do homem, quando sai do paraíso» quis realçar imediatamente o Papa no início da homilia. Com efeito, depois do pecado, o Senhor ordena ao homem que caminhe e habite toda a terra: «Sê fecundo e vai em frente». Mas «o Senhor estava atento ao que o homem fazia». A tal ponto que «às vezes, quando o homem errou, Ele puniu-o: pensemos em Babel ou no dilúvio».

Assim Deus «estava sempre atento ao que o homem fazia: numa determinada altura, este Deus que olhava e custodiava o homem, decidiu criar um povo e chama nosso pai Abraão: “Sai da tua terra, da tua casa”». E Abraão «obedeceu, disse “sim”» ao Senhor «e partiu da sua terra sem saber para onde teria ido». É «o primeiro “sim” do povo de Deus». E precisamente «com Abraão, Deus — que olhava para o seu povo — começou a “caminhar com”». E caminhou «com Abraão: “Caminha na minha presença” disse-lhe».
Deus, explicou o Papa, «fez depois o mesmo com Moisés, ao qual com oitenta anos disse: “faz isso”. E Moisés que tinha oitenta anos — era idoso — diz “sim”. E vai libertar o povo».
Mas Deus, afirmou ainda o Pontífice, «fez o mesmo com os profetas»: pensemos por exemplo em Isaías que, quando o Senhor lhe diz para ir dizer as coisas ao povo, responde que tem «os lábios impuros». Mas «o Senhor purifica os lábios de Isaías e ele diz “sim!”».

E também com Jeremias, recordou o Papa, acontece o mesmo: «Senhor, eu não sei falar, sou um rapazinho!» é a primeira resposta do profeta. Mas Deus ordena-lhe que vá de qualquer maneira e ele responde “sim!». Foram «tantos, tantos» aqueles «que disseram “sim”», é deveras uma «comunidade de homens e mulheres idosos que disseram “sim” à espera do Senhor». E na homilia Francisco quis recordar também Simeão e Ana.

«Hoje — explicou — o Evangelho diz-nos o fim desta corrente de “sim” e o início de outro “sim” que começa a crescer: o “sim” de Maria». Precisamente «este “sim” faz com que Deus — afirmou o Pontífice — não só observe como procede o homem, não só caminha com o seu povo, mas que se torne um de nós e assuma a nossa carne». Com efeito, «o “sim” de Maria abre a porta ao “sim” de Jesus: “Eu venho para fazer a tua vontade”». É «este “sim” que acompanha Jesus durante toda a vida, até à cruz: «Pai, afasta de mim este cálice; entretanto, não seja feita a minha vontade, mas o que Tu desejas!”». É «em Jesus Cristo que, como diz Paulo aos coríntios, há o “sim” de Deus: Ele é o “sim”».

«É um dia bonito — frisou o Papa — para agradecer ao Senhor por nos ter ensinado esta estrada do “sim”, mas também para pensar na nossa vida». Aliás, «alguns de vós — disse dirigindo-se diretamente aos sacerdotes presentes na missa — celebram o quinquagésimo aniversário de sacerdócio: bonito dia para pensar nos “sim” da vossa vida». Mas «todos nós, cada dia, devemos dizer “sim” ou “não”, e pensar se dizemos sempre “sim” ou se muitas vezes nos escondemos, de cabeça baixa, como Adão e Eva, para não dizer “não” fingindo não compreender aquilo que Deus nos pede».

«Hoje é a festa do “sim” repetiu Francisco. Com efeito, «no “sim” de Maria há o “sim” de toda a história da salvação e ali começa o último “sim” do homem e de Deus: ali Deus recria, como no início com um “sim” fez o mundo e o homem, aquela bonita Criação: com este “sim” eu venho para fazer a tua vontade e recria mais maravilhosamente o mundo, recria todos nós». É «o “sim” de Deus que nos santifica, que nos faz avançar em Jesus Cristo». 
Eis por que hoje é o dia justo «para agradecer ao Senhor e para nos questionarmos: eu sou homem ou mulher do “sim” ou sou homem ou mulher do “não”? Sou homem ou mulher que olho para o outro lado, para não responder?».

Portanto, o Papa expressou a esperança de «que o Senhor nos dê a graça de entrar neste caminho de homens e mulheres que souberam dizer “sim”».  



sexta-feira, 24 de março de 2017

24 de março - São Dom Oscar Romero



"Uma religião de missa dominical, mas de semana injusta, não agrada ao Senhor. Uma religião de muitas rezas e tantas hipocrisias no coração, não é cristã. Uma Igreja que se instala sozinho para estar bem, para ter muito dinheiro, muita comodidade, mas que se esquece do clamor das injustiças, não é verdadeiramente a Igreja de nosso divino Redentor" (04/12/1977).

"Quando nos chamarem de loucos, embora nos chamem de subversivos, comunistas e todas as ofensas que atacam contra nós, sabemos que não fazem mais que pregar o testemunho 'subversivo' das bem-aventuranças, que anima a todos para proclamar que os bem-aventurados são os pobres, bem-aventurados os sedentos de justiça, bem-aventurados os que sofrem" (11/05/1978).

"Uma Igreja que não sofre perseguições, e que está desfrutando dos privilégios e o apoio da burguesia, não é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo" (11/03/1979).

Oscar Arnulfo Romero nasceu em agosto de 1917 numa família modesta em Ciudad Barrios (El Salvador). Aos 14 anos, ingressa no seminário, mas seis anos depois afasta-se para ajudar a família que estava com dificuldades. Passa a trabalhar nas minas de ouro com os irmãos. Retoma os estudos e é enviado para Roma para estudar teologia, na Universidade Gregoriana. Romero é ordenado sacerdote em 1942, regressa a El Salvador e assume uma paróquia do interior. Foi depois transferido para a catedral de San Miguel, onde fica por 20 anos. Sacerdote dedicado à oração e à atividade pastoral, dedica-se a obras de caridade, mas sem nenhum particular empenho reconhecidamente social.

Em 1970 é nomeado Auxiliar de San Salvador. O Arcebispo Luis Chávez y Gonzalez busca atualizar a linha pastoral de acordo com o Concílio Vaticano II e a Conferência de Medellín. Mas Romero não se identifica integralmente com a linha pastoral proposta. Em 1974 é nomeado bispo da diocese de Santiago de Maria no meio de um contexto político de forte repressão, sobretudo contra as organizações camponesas.

No ano seguinte, a Guarda Nacional executa cinco camponeses e Dom Romero celebra missa pelas vítimas. Ele não faz uma denúncia explícita do crime, mas escreve uma carta severa ao presidente Molina.

Em 1977, Dom Oscar Romero é nomeado Arcebispo de San Salvador. Pouco tempo depois, é assassinado o jesuíta padre Rutílio Grande, empenhado na luta do povo e ligado a Dom Romero. Dom Oscar Romero afirmou que foi o exemplo do Padre Rutilio e sua morte que o convenceram a ficar firmemente ao lado dos pobres e dos injustiçados de El Salvador. Esse é o momento em que ele reavalia a sua posição e coloca-se corajosamente junto dos oprimidos, denunciando a repressão, a violência do Estado e a exploração imposta ao povo pela aliança entre os setores político-militares e econômicos, apoiada pelos Estados Unidos da América. O Arcebispo denuncia também a violência da guerrilha revolucionária. As suas homilias são transmitidas pela rádio católica, dando esperança à população e provocando a fúria dos governantes.

Em outubro de 1979, um golpe de Estado depõe o ditador Humberto Romero. Uma junta de civis e militares assume o poder, e nesse cenário, exército e organizações paramilitares assassinam centenas de civis (entre eles sacerdotes). A guerrilha responde com execuções sumárias.
Em fevereiro de 1980, Dom Romero escreve ao presidente dos EUA, Jimmy Carter, um apelo para que ele não envie ajuda militar e econômica ao governo salvadorenho e para não financiar a repressão ao povo.
Os dias do pastor estavam contados. Ele sabia. E o dizia claramente. São conhecidas o sem número de vezes em que anunciou sua morte próxima. Recorda os anúncios da Paixão feitos por Jesus do Nazaré e que os evangelhos recolhem. Com muita clareza, afirmava: "Se nos cortarem a rádio, se nos fecharem o jornal, se não nos deixam falar, se matarem todos os sacerdotes e até o arcebispo, e fica um povo sem sacerdotes, cada um de vocês deve converter-se em microfone de Deus, cada um de vocês deve ser um mensageiro, um profeta". 

Duas semanas antes de sua morte, em uma entrevista ao jornal Excelsior, do México, disse:
"Fui frequentemente ameaçado de morte. Devo lhe dizer que, como cristão, não acredito na morte sem ressurreição: se me matarem, ressuscitarei no povo salvadorenho. Digo isso sem nenhuma ostentação, com a maior humildade. Como pastor, sou obrigado, por mandato divino, a dar a vida por aqueles que amo, que são todos os salvadorenhos, até por aqueles que me assassinem. Se chegarem a cumpri-las ameaças, a partir de agora ofereço a Deus meu sangue pela redenção e ressurreição do Salvador. O martírio é uma graça de Deus, que não me sinto na situação de merecer, entretanto, se Deus aceitar o sacrifício de minha vida, que meu sangue seja semente de liberdade e sinal de que a esperança se transformará logo em realidade. Minha morte, se é aceita Por Deus, que seja pela liberação de meu povo e como testemunho de esperança no futuro. Pode escrever: se chegarem a me matar, desde já eu perdoo e benzo aquele que o faça".

No dia 24 de março de 1980, - Domingo de Ramos - às 6 h da tarde, Dom Oscar celebrava missa na capela do Hospitalito, hospital de religiosas que cuidavam de doentes de câncer. No momento da consagração, o tiro desfechado por um atirador de elite escondido atrás da porta traseira da capela atingiu o coração do pastor e matou-o imediatamente. 

Calava-se assim a voz que defendia os pobres no regime cruel e sangrento que dominava El Salvador. E Monsenhor Romero passaria a estar vivo, a partir de então, no coração de seu povo, no qual profetizou que ressuscitaria, se o matassem. Assim foi e assim é. Não existe um só salvadorenho nos dias de hoje que não fale com carinho extremo de Monsenhor Romero e não reconheça nele um pai e um protetor.

Para inúmeras comunidades cristãs do continente americano, Oscar Romero passou a ser considerado santo desde o dia do seu martírio. Chamam-lhe São Romero da América Latina pelo seu empenho em favor da paz, sua luta contra a pobreza e a injustiça.

Foi beatificado no dia 23 de maio de 2015 numa cerimônia que reuniu centenas de milhares de pessoas na Praça do Divino Salvador do Mundo, em El Salvador.

A Missa foi presidida pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, com a participação de vários chefes de Estado e de Governo, para além dos vice-presidentes de Cuba e Costa Rica.
O cardeal italiano leu a carta apostólica em latim com que o Papa Francisco proclama o Beato Oscar Romero, “bispo e mártir, pastor segundo o coração de Cristo, evangelizador e pai dos pobres, testemunha heroica do Reino de Deus, reino de justiça, fraternidade e paz”.

Foi canonizado pelo Papa Francisco em 14 de outubro de 2018, que usou uma relíquia do Dom Romero na missa: o cíngulo que Dom Romero usava o dia em que foi assassinado em San Salvador e que ainda está manchado de sangue.