Santa Catarina de Labouré nasceu em Borgonha (França) a 2
de maio de 1806. Era a nona filha de uma família que, como tantas outras,
sofria com as guerras napoleônicas.
Aos
9 anos de idade, com a morte da mãe, Catarina assumiu com empenho e maternidade
a educação dos irmãos, até que ao findar desta sua missão, colocou-se a serviço
do Bom Mestre, quando consagrou-se a Jesus na Congregação das Filhas da
Caridade. Privada da ternura materna, refugia-se no imenso amor da Virgem
Maria:
“De
agora em diante, Tu serás a minha mamãe.”
Eis que certa noite Catarina teve um sonho: Ela encontrava-se na
igreja de Fain, em seu lugar de costume, na capela de Labouré. Rezava. A certa
altura, apareceu um velho padre. Ele vestia os paramentos sacerdotais e
celebrava a missa no altar branco de moldura dourada. O que a impressionava era
seu olhar, quando ele se voltava para dizer o Dominus vobiscum. Quando do Ite
missa est, ele lhe fez sinal para que se aproximasse. O medo tomou conta de
Catarina. Ela se afastou, mas de costas, fascinada. Não conseguia desprender-se
daquele olhar, do qual se lembraria para o resto da vida. Ao sair da igreja,
foi visitar uma doente(sempre em sonho); o velho padre a reencontrou e disse:
“Minha filha, é bom cuidar dos doentes, Foges de mim agora, mas um dia ficarás
feliz em me procurar. Deus tem seus desígnios para ti. Não te esqueças."
Em
Châtillon, era uma felicidade ter a missa tão perto:numa igreja com o santo
sacramento e um padre à disposição:o Abade Gaillac, pároco decano, um
octogenário. Era fácil se confessar. Certo dia, Catarina foi ver as religiosas
na rua de La Juiverie, e eis que no vestíbulo deparou-se com um retrato. Não
seria o padre que ela vira em sonho? Quem seria ele? “Nosso pai, São Vicente de
Paulo”, informaram as irmãs
A decisão de Catarina já estava tomada. Mas o que fazer? A entrada
no postulado exigiria o consentimento do pai, o que estava fora de questão…
Mas
eis que, em 3 de maio de 1827, ela completava 21 anos. E dessa vez declarou ao
pai sua firme decisão. Ele a rejeitou com veemência, mas ela continuou
insistindo e no começo de janeiro de 1830, Irmã Cany enviou parecer favorável à
casa-mãe, e , em 14 de janeiro, o conselho a aceitou nos seguintes termos:
“Irmã Cany propõe a
senhorita Labouré, irmã daquela que é superiora em Castelsarrasin. Ela tem 24
anos e convém à nossa organização:bem devota, de bom caráter, temperamento
forte, tem amor pelo trabalho e é bem alegre. Comunga regularmente a cada oito
dias. Sua família é íntegra aos costumes e à probidade, mas de pouca fortuna.
Instamos que seja acolhida.
Aconteceu
que, em 1830, sua vida se entrelaçou mais intimamente com os mistérios de Deus,
pois a Virgem Maria começa a aparecer a Santa Catarina, a fim de enriquecer
toda a Igreja e atingir o mundo com sua Imaculada Conceição, por isso descreveu
Catarina:
“A Santíssima Virgem apareceu ao lado do altar, de pé, sobre um
globo com o semblante de uma senhora de beleza indizível; de veste branca,
manto azul, com as mãos elevadas até à cintura, sustentava um globo figurando o
mundo encimado por uma cruzinha. A Senhora era toda rodeada de tal esplendor
que era impossível fixá-la. O rosto radiante de claridade celestial conservava
os olhos elevados ao céu, como para oferecer o globo a Deus. A Santíssima
Virgem disse: Eis o símbolo das graças que derramo sobre todas as pessoas que
mas pedem”.
Nossa Senhora apareceu por três vezes a
Santa Catarina Labouré. Na terceira aparição, Nossa Senhora insiste nos mesmos
pedidos e apresenta um modelo da medalha de Nossa Senhora das Graças. Ao final
desta aparição, Nossa Senhora diz: “Minha filha, doravante não me tornarás a ver,
mas hás-de ouvir a minha voz em tuas orações”.
Foi o fim das visões. Todas aconteceram na
capela da rua Du Bac. Em 30 de janeiro de 1831, Catarina tomava o hábito e, no
dia seguinte, deixava o noviciado.
No confessionário Catarina relata seus
encontros com Maria e depois de muita relutância, com a aprovação do Bispo, no
fim do ano de 1832, a medalha que Nossa Senhora viera pedir foi cunhada e
espalhada aos milhões por todo o mundo. A partir de
agosto de 1833, a medalha se espalhou pela Espanha, onde a invocação de ‘Maria concebida sem
pecado’ realizou também maravilhas. Chamaram-na ‘milagrosa’; o título permanecia. Somente seu confessor e o Bispo
sabem a origem da medalha. Catarina permanece no escondimento, a ninguém revela
o seu segredo
Em 3 de maio de 1835, domingo do Bom Pastor, pronunciou enfim seus
votos na modesta capela de Enghien.
Era,
portanto, responsável pela acolhida aos pobres que batiam à porta – problema
constante ao qual não se esquivava e tentava resolver de todo o coração.
“Ninguém nunca se queixou de sua acolhida”.
Em 1876 chega o momento de falar, a Santíssima Virgem a libera do
segredo, e ela faz suas confidências à Irmã Superiora, que emocionada
ajoelha-se diante de sua humilde filha.
No dia 31 de dezembro, após ter recebido os últimos sacramentos,
Irmã Catarina serenamente adormece no Senhor. Ela tinha 70 anos.