sexta-feira, 31 de maio de 2019

Christus vivit: Christus vivit: Jovens com raízes - Que não te arranquem da terra – nºs 179 a 186


Nºs 179 a 186

Já me aconteceu ver árvores jovens, belas, que elevavam seus ramos sempre mais alto para o céu; pareciam uma canção de esperança. Mais tarde, depois duma tempestade, encontrei-as caídas, sem vida. Estenderam os seus ramos sem se enraizar bem na terra e, por ter poucas raízes, sucumbiram aos assaltos da natureza. Por isso, custa-me ver que alguns propõem aos jovens construir um futuro sem raízes, como se o mundo começasse agora. Com efeito, é impossível uma pessoa crescer, se não possui raízes fortes que a ajudem a estar firme de pé e agarrada à terra. É fácil extraviar-se, quando não temos onde agarrar-nos, onde firmar-se.

Pensai bem! Se uma pessoa vos fizer uma proposta dizendo para ignorardes a história, não aproveitardes da experiência dos mais velhos, desprezardes todo o passado olhando apenas para o futuro que essa pessoa vos oferece, não será uma forma fácil de vos atrair para a sua proposta a fim de fazerdes apenas o que ela diz?

Aquela pessoa precisa de vós vazios, desenraizados, desconfiados de tudo, para vos fiardes apenas nas suas promessas e vos submeterdes aos seus planos. Assim procedem as ideologias de variadas cores, que destroem (ou desconstroem) tudo o que for diferente, podendo assim reinar sem oposições. Para isso, precisam de jovens que desprezem a história, rejeitem a riqueza espiritual e humana que se foi transmitindo através das gerações, ignorem tudo quanto os precedeu.

Ao mesmo tempo, os manipuladores servem-se doutro recurso: uma adoração da juventude, como se tudo o que não é jovem aparecesse detestável e caduco. O corpo jovem torna-se o símbolo deste novo culto e, consequentemente, tudo o que tenha a ver com este corpo é idolatrado e desejado sem limites, enquanto o que não for jovem é olhado com desprezo. Mas é uma arma que acaba por degradar os jovens, esvaziando-os de valores reais e utilizando-os para obter benefícios individuais, econômicos ou políticos.

Queridos jovens, não permitais que usem a vossa juventude para promover uma vida superficial, que confunde beleza com aparência.
Sabei, antes, descobrir que há beleza no trabalhador que regressa a casa surrado e desalinhado, mas com a alegria de ter ganho o pão para os seus filhos.
Há uma beleza estupenda na comunhão da família reunida ao redor da mesa e no pão partilhado com generosidade, ainda que a mesa seja muito pobre.
Há beleza na esposa mal penteada e já um pouco idosa, que continua a cuidar do seu marido doente, para além das suas forças e da própria saúde. Embora já esteja distante a lua de mel, há beleza na fidelidade dos casais que se amam no outono da vida, naqueles velhinhos que caminham de mãos dadas.
Há beleza, para além da aparência ou da estética imposta pela moda, em cada homem e cada mulher que vive com amor a sua vocação pessoal, no serviço desinteressado à comunidade, à pátria, no trabalho generoso a bem da felicidade da família, comprometidos no árduo trabalho, anónimo e gratuito, de restabelecer a amizade social.
Descobrir, mostrar e realçar esta beleza, que lembra a de Cristo na cruz, é colocar as bases da verdadeira solidariedade social e da cultura do encontro.

Atualmente, a par das estratégias do falso culto da juventude e da aparência, promovem-se uma espiritualidade sem Deus, uma afetividade sem comunidade nem compromisso com os que sofrem, o medo dos pobres vistos como sujeitos perigosos, e uma série de ofertas que pretendem fazer-vos acreditar num futuro paradisíaco que sempre será adiado para mais tarde.
Não é isto que vos quero propor; e, com todo o afeto que vos tenho, quero advertir-vos para não vos deixardes dominar por esta ideologia que, em vez de vos tornar mais jovens, transformar-vos-á em escravos. Proponho-vos outro caminho, feito de liberdade, entusiasmo, criatividade, horizontes novos, mas cultivando ao mesmo tempo as raízes que nutrem e sustentam.

Nesta linha – quero salientá-lo –, muitos Padres Sinodais, vindos de contextos não ocidentais, assinalam como a globalização seja portadora, nos seus países, de autênticas formas de colonização cultural, que desenraízam os jovens das origens culturais e religiosas donde provêm. Torna-se necessário um esforço da Igreja para os acompanhar nesta passagem, a fim de não perderem os traços mais preciosos da sua identidade

Vemos hoje uma tendência para homogeneizar os jovens, dissolver as diferenças próprias do seu lugar de origem, transformá-los em sujeitos manipuláveis feitos em série. Deste modo, causa-se uma destruição cultural, que é tão grave como a extinção das espécies animais e vegetais. Por isso, numa mensagem aos jovens indígenas reunidos no Panamá, exortava-os: Assumi as vossas raízes! Mas não vos limiteis a isto. A partir destas raízes, crescei, florescei, frutificai.

31 de maio - Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. Lc 1,39


O Evangelho narra a visita de Maria à sua prima Isabel. Este episódio não é um simples gesto de gentileza, mas representa com grande simplicidade o encontro do Antigo Testamento com o Novo.
As duas mulheres, ambas grávidas, encarnam de fato a expectativa e o Esperado. A idosa Isabel simboliza Israel que espera o Messias, enquanto que a jovem Maria traz em si o cumprimento desta expectativa, em benefício de toda a humanidade. Nas duas mulheres encontram-se e reconhecem-se antes de tudo os frutos do seio de ambas, João e Cristo. Comenta o poeta cristão Prudêncio: “O menino contido no seio senil saúda, pelos lábios de sua mãe, o Senhor filho da Virgem”. A exultação de João no seio de Isabel é o sinal do cumprimento da expectativa: Deus está para visitar o seu povo. Na Anunciação o arcanjo Gabriel tinha falado a Maria da gravidez de Isabel como prova do poder de Deus: a esterilidade, não obstante ela fosse idosa, tinha-se transformado em fertilidade.

Isabel, acolhendo Maria, reconhece que se está a realizar a promessa de Deus à humanidade e exclama: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?” A expressão “bendita és tu entre as mulheres” refere-se no Antigo Testamento a Jael e a Judite, duas mulheres guerreiras que se preocupam por salvar Israel. Agora, ao contrário, dirige-se a Maria, jovenzinha pacífica que está para gerar o Salvador do mundo. Assim também o salto de alegria de João evoca a dança que o rei David fez quando acompanhou a entrada em Jerusalém da Arca da Aliança. A Arca, que continha as tábuas da Lei, o maná e o cajado de Aarão era o sinal da presença de Deus no meio do seu povo. O nascituro João exulta de alegria diante de Maria, Arca da nova Aliança, que traz no seio Jesus, o Filho de Deus feito homem.

A cena da Visitação expressa também a beleza do acolhimento: onde há acolhimento recíproco e escuta, onde se dá espaço ao outro, ali estão Deus e a alegria que vem d’Ele. Imitemos Maria, visitando quantos vivem em dificuldade, em particular os doentes, os presos, os idosos e as crianças. E imitemos também Isabel que acolhe o hóspede como o próprio Deus: sem o desejar nunca conheceremos o Senhor, sem o esperar não o encontraremos, sem o procurar não o descobriremos. Com a mesma alegria de Maria que vai à pressa ter com Isabel, vamos também nós ao encontro do Senhor que vem. 

Papa Bento XVI – 23 de dezembro de 2012

Hoje celebramos:

31 de maio - Beato Nicolau Barré

O povo que estava acampado no deserto tinha sede (Ex 17, 3). O espetáculo do povo espiritualmente sedento estava também sob o olhar de Nicolau Barré, da Ordem dos Mínimos. O seu ministério colocava-o continuamente em contato com pessoas que, vivendo no deserto da ignorância religiosa, corriam o perigo de ir beber na fonte corrompida de algumas ideias do seu tempo. Eis por que ele sentiu o dever de se tornar um mestre espiritual e um educador para todos aqueles que alcançava com a sua ação pastoral. Para ampliar o seu raio de ação, fundou uma nova família religiosa, as Irmãs do Menino Jesus, com a missão de evangelizar e educar a juventude abandonada, a fim de lhe revelar o amor de Deus e comunicar em plenitude a Vida divina, e de contribuir para a edificação das pessoas.

O novo Beato não cessou de enraizar a sua missão na contemplação do mistério da Encarnação, pois Deus sacia a sede daqueles que vivem em intimidade com Ele. Mostrou que uma ação feita em nome de Deus não podia deixar de unir a Deus, e que a santificação passa também através do apostolado.


Nicolau Barré convida cada um de nós a ter confiança no Espírito Santo, que guia o Seu povo no caminho do abandono a Deus, da abnegação, da humildade, da perseverança mesmo nas provações mais difíceis. Essa atitude abre à alegria da caminhada rumo à experiência da ação poderosa de Deus vivo.

Papa João Paulo II - Homilia de Beatificação - 07 de março de 1999.

Nicolau Barré nasceu em Amiens (França), em 21 de outubro de 1621 e morreu em Paris em 31 de maio de 1686, cercado por sua comunidade, no convento dos Mínimos da Praça Real.

Embora a situação financeira confortável da família Barré, tenha livrado o jovem Nicolau de muitos males, isso não significou que ele cresceu ignorante e despreocupado com a situação precária dos pobres e excluídos que vê ao seu redor. Percebia a horrível violência e as consequências da guerra, seus estragos, suas incertezas, medos e ansiedades. Toda essa insegurança, miséria e dor serão impressas em seu ser e terão sua influência no desenvolvimento de toda a sua vida e espiritualidade.

Dos dez aos dezenove anos, estuda com brilhantes resultados na escola de San Nicolau, dirigida pelos jesuítas. Antes de terminar seus estudos, ele confiou a seus pais o desejo que aninhava em seu coração para entregar-se totalmente ao Senhor na vida religiosa. Seus pais renunciaram a todos os sonhos que haviam sido acalentados para o único filho homem, dotado de excelentes qualidades intelectuais e com um caráter agradável e atraente. “Se Deus te chama nesse caminho, aceitamos cristãmente a sua determinação meu filho” e, quando chegou a hora, eles ajudaram e ofereceram seu apoio para que ele seguisse o chamado de Deus.

Naquela época, Amiens abrigava vinte conventos religiosos. Entre todos eles, Nicolau escolhe o dos Mínimos, precisamente o mais pobre e o mais estranho de todos. Ele quer pertencer totalmente a Deus, e parece que pode fazê-lo melhor pelo caminho marcado por Francisco de Paula: oração, ascetismo e caridade. Nicolau soube discernir a vontade de Deus em sua pessoa e sofre quando vê tantas crianças e jovens morrendo ou vivendo na pobreza, assolados pela fome e pela ignorância, tanto a nível humano como religioso.

Em 1659, quando Nicolau tinha 38 anos, foi enviado para Rouen. Lá ele vê a miséria e a ignorância que impera, o abandono de crianças e jovens que se aglomeram pelas ruas. Ora e medita sobre esta situação onde vê que muitos estão submersos, incapazes de sair sozinhos e se pergunta mil vezes:
O que eu posso fazer? O que devo fazer? 
É uma tremenda pressão ver as crianças, os jovens e adolescentes explorados em empregos inadequados para sua idade, porque têm que ajudar a família. Lotado pela falta de espaço, com os sérios danos morais que isso acarreta; supersticioso e longe da grandeza da fé que receberam no batismo.

Nicolau, a cada dia que passa, reflete mais sobre esse assunto, está entrando em contato com outras pessoas que fazem essas perguntas ou similares. Sob sua iniciativa, um grupo de jovens de Rouen e seus arredores dedicou-se totalmente à formação humana e cristã das meninas, jovens e mulheres que a pobreza e a miséria deixaram sem recursos. Elas seriam as primeiras consagradas das Irmãs do Menino Jesus. Dedicadas a esse trabalho, multiplicaram-se prodigiosamente e, de todos os cantos da França, solicitavam sua presença. Elas, por sua vez, viviam em total abandono na Divina Providência, engajadas no trabalho educativo e na formação humana e religiosa.

Em 28 de maio de 1686, vendo como o fim se aproximava, Barré confiou a direção de seu trabalho a Francisco Giry, provincial da Ordem dos Mínimos na França. Três dias depois, em 31 de maio de 1686, a morte o levou em Paris.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

30 de maio - Vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria. Jo 16,20


Jesus nos diz que a alegria e esperança são duradouras, que não passam. Assim também vós, agora, estais no sofrimento, são as palavras de Jesus aos discípulos transmitidas pelo Evangelho. Mas tranquiliza-os imediatamente: Ver-vos-ei de novo e o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá privar da vossa alegria.

São palavras que devem ser frisadas: A alegria humana pode ser tirada de qualquer coisa, de qualquer dificuldade. Mas esta alegria que o Senhor nos dá, que nos faz exultar, que nos faz elevar na esperança de o encontrar, esta alegria ninguém a pode tirar, é duradoura. Até nos momentos mais obscuros.

Faço votos de que o Senhor nos conceda a graça de uma alegria grande que seja a expressão da esperança; e uma esperança forte que se torne alegria na nossa vida. E com a oração que o Senhor conserve esta alegria e esperança, assim ninguém poderá privar-nos delas.
Papa Francisco – 06 de maio de 2016

Hoje celebramos:


30 de maio - Beata Marta Maria Wiecka


Marta Maria nasceu no dia 12 de janeiro de 1874, em Nowy Wiec no noroeste da Polônia. Foi batizada seis dias depois. Era a terceira de 13 filhos de Marcelino e Paulina. Seus pais, donos de um campo de cem hectares, viviam num ambiente de fé profunda. Em casa rezavam o Rosário em família todos os dias, liam as biografias dos santos ou outros livros religiosos.
     
O Estado polonês havia desaparecido do mapa da Europa no ano 1795, depois das três repartições sucessivas de seu território entre Áustria, Prússia e Rússia. Nowy Wiec se encontrava na região prussiana cujas autoridades, aplicando métodos impositivos e as vezes brutais, submetiam a população a uma germanização forçada. A família Wiecka e muitas outras constituíram a base da oposição diante da invasão germânica.

Na idade de dois anos Marta ficou gravemente doente, esteve às portas da morte. Sua melhora radical foi consequência de uma oração insistente à Virgem em seu santuário de Piaseczno. A família interpretou este fato como um milagre, e incentivou Marta a manter sempre uma relação filial com a Santíssima Virgem. Ela mesma afirmava que recorria à Virgem em todas suas necessidades e Maria jamais lhe havia negado nada do que pedia.

Desde sua infância, Marta ajudava em casa quanto podia. Os vizinhos testemunharam que era uma menina piedosa, amável e humilde de coração, de carácter reto; sobretudo, irradiava serenidade e alegria. Sua família e seus vizinhos conheciam também sua profunda devoção a São João Nepomuceno. Quando pequena, encontrou uma imagem deste santo e organizou sua restauração, depois a imagem foi colocada em frente de sua casa. Muitas vezes podiam vê-la rezando diante desta imagem, e toda vida conservou a devoção a este santo.

Aos 12 anos, no dia 3 de outubro de 1886, recebeu a Primeira Comunhão. A partir desta data, sua união com Jesus Cristo Eucaristia se fortaleceu e sua vida de oração se centrou totalmente nEle. Quando podia, se dirigia à igreja paroquial, a 12 quilômetros de Nowy Wiec, para assistir a Santa Missa. Em sua casa dedicava frequentemente seu tempo à oração. Quando sua mãe adoeceu, substituiu-a em alguns trabalhos da casa, sobretudo no cuidado dos irmãos menores.

Aos dezesseis anos pediu para ingressar na Companhia das Filhas da Caridade. A visitadora a fez esperar dois anos, até alcançar a idade exigida. Em 1892, aos 18 anos solicitou de novo com sua amiga Mônica Gdaniec, porém não foi admitida em Chelmno porque havia excesso de postulantes – o número de admissões estava restringido pelas autoridades prussianas.

As amigas viajaram para Cracóvia, que estava então sob o domínio austríaco, e ali, no dia 26 de abril de 1892, foram admitidas no postulantado.

Depois da tomada de hábito, em 21 de abril de 1893, Irmã Marta foi destinada ao Hospital geral de Lvov, que ficava na parte austríaca e pertencia à província de Cracóvia. A estada em Lvov durou um ano e meio. Foi então trasladada ao pequeno hospital de Podhajce, onde por cinco anos deu prova de devoção e carinho no cuidado dos doentes. Neste hospital emitiu os primeiros votos em 15 de agosto de 1897, ratificando sua entrega total a Deus para servi-Lo nos mais pobres.

Em 1899, foi destinada ao hospital de Bochnia, cidade perto de Cracóvia. Nessa época Irmã Marta teve uma visão da cruz, da qual lhe falou Nosso Senhor animando-a a suportar todas as contrariedades e prometeu levá-la logo com Ele. Este acontecimento despertou nela um zelo ainda mais intenso em seu trabalho e um forte desejo do céu.

A prova anunciada não tardou a chegar. Um homem desmoralizado, ao sair do hospital divulgou pela cidade uma calúnia sobre Irmã Marta. A partir de então caiu sobre ela uma onda de afrontas maliciosas da parte dos habitantes da cidade. Ela não deixou de cumprir seus deveres com a caridade de sempre. Apesar de sofrer perseguição moral, suportava esta calúnia em silêncio abandonando-se nas mãos de Deus.

Em 1902 foi destinada ao hospital de Sniatyn (hoje na Ucrânia). O pároco do lugar logo se deu conta da profundidade espiritual de Irmã Marta e de seu dom de discernimento das almas. E começou a enviar para ela as pessoas que não necessitavam cuidados de enfermaria, mas de conselhos e direção espiritual. Irmã Marta não se limitava a esta tarefa: socorria e servia com fervor a todos os necessitados.

Amava muito sua vocação e irradiava alegria e satisfação em sua entrega aos pobres. Sabia estabelecer empatia com seus pacientes aliviando seus sofrimentos físicos e morais. De forma discreta os ajudava na preparação para a confissão, os instruía sobre a doutrina, os ajudava a resolver seus problemas em coerência com sua visão católica da vida. Habitualmente 40 doentes a acompanhavam na recitação a Via Sacra na capela.

Tinha um dom especial para reconciliar as almas com Deus. Em seu departamento ninguém morria sem se confessar e vários pacientes judeus pediram para serem batizados.

Em 1904, consciente do perigo que isto acarretava, se ofereceu para substituir um empregado do hospital na desinfecção de uma habitação onde havia morrido uma doente de tifo. Irmã Marta realizou este trabalho de bom grado. E o fez para que o empregado não se contagiasse, pois este com seu trabalho sustentava mulher e filho.

Irmã Marta logo sentiu que a febre a atingia. No hospital foi feito todo o possível para curá-la. A estes esforços se juntaram a oração contínua dos pacientes e empregados do hospital e de pessoas boas de toda a cidade. Grande número de pessoas esperava em frente do hospital por notícias sobre sua saúde.

Depois de receber o Santo Viático, Irmã Marta permaneceu em intensa e profunda oração, considerada pelas testemunhas como um verdadeiro êxtase. Morreu serenamente, em Sniatyn, no dia 30 de maio de 1904.

Os fiéis do lugar cuidaram e veneraram o túmulo de Irmã Marta. Por mais de cem anos tem permanecido continuamente coberto de flores, velas e uma espécie de tapete bordado, muito tradicional nessa região. Mesmo nos anos do regime soviético recorriam a ela e assim continuam fazendo na atualidade os peregrinos e os habitantes do lugar.

Irmã Marta Maria foi beatificada em Lviv, Ucrânia, no dia 24 de maio de 2008.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Christus vivit: Percursos de Juventude – Missionários corajosos nºs 175 a 178

Nºs 175 a 178

Enamorados por Cristo, os jovens são chamados a dar testemunho do Evangelho em toda parte, com a sua própria vida. Santo Alberto Hurtado dizia que ser apóstolo não significa usar um distintivo na lapela do casaco; não significa falar da verdade, mas vivê-la, encarnar-se nela, transformar-se em Cristo. Ser apóstolo não é levar uma tocha na mão, possuir a luz, mas ser a luz. O Evangelho, mais do que uma lição, é um exemplo. A mensagem transformada em vida vivida.

O valor do testemunho não significa que se deve manter em silêncio a palavra. Por que é que não havemos de falar de Jesus, contar aos outros que Ele nos dá a força de viver, que é bom conversar com Ele, que nos faz bem meditar as suas palavras? Jovens, não deixeis que o mundo vos arraste para compartilhar apenas as coisas negativas ou superficiais. Sede capazes de ir contracorrente, compartilhar Jesus, comunicar a fé que Ele vos deu. Possais vós sentir no coração o mesmo impulso irresistível que movia São Paulo, fazendo-o exclamar: Ai de mim, se eu não evangelizar!

Para onde Jesus nos manda?
Não há fronteiras, não há limites: envia-nos a todas as pessoas. O Evangelho é para todos, e não apenas para alguns. Não é apenas para aqueles que parecem a nossos olhos mais próximos, mais abertos, mais acolhedores. É para todas as pessoas. Não tenhais medo de ir e levar Cristo a todos os ambientes, até às periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente. O Senhor procura a todos, quer que todos sintam o calor da sua misericórdia e do seu amor.
E convida-nos a levar, sem medo, o anúncio missionário aos locais onde nos encontrarmos e às pessoas com quem convivermos: no bairro, no estudo, no desporto, nas saídas com os amigos, no voluntariado ou no emprego, é sempre bom e oportuno partilhar a alegria do Evangelho. É assim que o Senhor Se vai aproximando de todos; e pensou em vós, jovens, como seus instrumentos para irradiar luz e esperança, porque quer contar com a vossa coragem, frescor e entusiasmo.

Não se pode esperar que a missão seja fácil e cômoda. Alguns jovens preferiram dar a própria vida a refrear o seu impulso missionário. Os bispos da Coreia escreveram: Esperamos poder ser grãos de trigo e instrumentos para a salvação da humanidade, seguindo o exemplo dos mártires. Apesar da nossa fé ser tão pequena como um grão de mostarda, Deus fá-la-á crescer e utilizá-la-á como instrumento para a sua obra de salvação.
Amigos, não espereis pelo dia de amanhã para colaborar na transformação do mundo com a vossa energia, audácia e criatividade. A vossa vida não é entretanto; vós sois o agora de Deus, que vos quer fecundos. Porque é dando que se recebe e a melhor maneira de preparar um bom futuro é viver bem o presente, com dedicação e generosidade.


29 de maio - Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora. Jo 16,12


Observemos o Evangelho de hoje, no qual Jesus afirma: “Quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ensinar-vos-á toda a verdade”. Aqui, Jesus, falando do Espírito Santo, nos explica o que é a Igreja e como essa deve viver para poder ser ela mesma, para ser o lugar da unidade e da comunhão da Verdade; diz-nos que agir como cristãos significa não ser fechados no próprio “eu”, mas orientar-se para todos; significa acolher em si mesmo toda a Igreja ou, ainda melhor, deixar interiormente que essa nos acolha.

Então, quando falo, penso, ajo como cristão, não o faço fechando-me no meu eu, mas faço-o sempre no tudo e a partir de tudo: assim, o Espírito Santo, Espírito da unidade e da verdade, pode continuar a ressoar em nossos corações e nas mentes dos homens e impulsioná-los a se encontrarem e acolherem-se reciprocamente.
O Espírito, justamente pelo falo que age assim, nos introduz em toda verdade, que é Jesus, nos guia para aprofundá-la, compreendê-la: nós não crescemos no conhecimento fechando-nos em nosso eu, mas somente tornando capazes de escutar e compartilhar, somente no “nós” da Igreja, com a atitude de profunda humildade interior.

Papa Bento XVI – 27 de maio de 2012

Hoje celebramos:

29 de maio - São Paulo VI - Papa

O Santo Papa Paulo VI escreveu: “É no meio das suas desgraças que os nossos contemporâneos precisam de conhecer a alegria e de ouvir o seu canto”. Hoje, Jesus convida-nos a voltar às fontes da alegria, que são o encontro com Ele, a opção corajosa de arriscar para O seguir, o gosto de deixar tudo para abraçar o seu caminho. Os Santos percorreram este caminho.

Fê-lo Paulo VI, seguindo o exemplo do Apóstolo cujo nome assumira. Como ele, consumiu a vida pelo Evangelho de Cristo, cruzando novas fronteiras e fazendo-se testemunha d’Ele no anúncio e no diálogo, profeta duma Igreja extroversa que olha para os distantes e cuida dos pobres.

Mesmo nas fadigas e no meio das incompreensões, Paulo VI testemunhou de forma apaixonada a beleza e a alegria de seguir totalmente Jesus.

Hoje continua a exortar-nos, juntamente com o Concílio de que foi sábio timoneiro, a que vivamos a nossa vocação comum: a vocação universal à santidade; não às meias medidas, mas à santidade.

Papa Francisco – Homilia de canonização – 14 de outubro de 2018

O Papa Paulo VI, Giovanni Battista Montini, faleceu em 6 agosto de 1978 depois de um pontificado de 15 anos iniciado em 1963. 
O milagre que permitiu a beatificação ocorreu nos Estados Unidos em 2001, quando um feto no quinto mês de gravidez entrou em condições críticas pela ruptura da bolsa, a presença de líquido no abdômen, e a ausência de líquido na bolsa amniótica. O diagnóstico médico previa a morte do bebê ainda no ventre materno e, caso sobrevivesse ficaria com má-formação inevitável. A mãe foi aconselhada a interromper a gravidez, mas ela se negou a fazer um aborto. Acompanhada por uma religiosa italiana recorreu à intercessão de Paulo VI. 
Depois, a situação foi melhorando e o menino nasceu bem aos oito meses em um parto por cesárea. A consultoria médica da Congregação para as Causas dos Santos certificou a cura inexplicável do ponto de vista da ciência médica e os teólogos do dicastério reconheceram que o milagre aconteceu pela intercessão pedida a Paulo VI.
Ele protagonizou importantes mudanças na Igreja. Algumas de natureza ecumênica, como o seu inesquecível abraço com o patriarca Atenágoras e o mútuo levantamento das excomunhões. Outras mudanças de índole pastoral, como ter iniciado a era moderna das viagens pontifícias com as suas visitas a Terra Santa, a Índia ou a ONU. Além disso, promulgou em 1969 a reforma litúrgica.

Giovanni Battista Montini nasceu em  Concesio, próximo da Bréscia, em  26 de setembro de 1897. Desde pequeno ele nutriu grande amor pelo estudo, acolhendo o chamado sacerdotal, ingressou aos 19 anos no Seminário de Bréscia.Ordenado aos 23 anos, dirigiu-se a Roma para aperfeiçoar seus conhecimentos teológicos.

Ali mesmo realizou estudos também na academia pontifícia de estudos diplomáticos e, em 1922, ingressou ao serviço papal como membro da Secretaria de Estado. Em maio de 1923 foi nomeado  secretário do Núncio de Varsóvia, cargo que por sua frágil saúde, teve que abandonar no final do mesmo ano.  De volta a Roma e trabalhando novamente na Secretaria de Estado da Santa Sé, o padre Montini dedicou grande parte de seus esforços apostólicos ao movimento italiano de estudantes católicos (1924 – 1933), exercendo ali um importante trabalho pastoral. Em 1931, aos seus 32 anos,  lhe era concedida a cadeira de História Diplomática na Academia Diplomática.

Em 1937 foi nomeado assistente do Cardeal Pacelli,  que então desempenhava o cargo de Secretário de Estado. Neste posto de  serviço, Monsenhor Montini prestaria um valioso apoio na ajuda que a Santa Sé brindou a  numerosos refugiados e presos de guerra.
Em 1944, já sob o pontificado de Pio XII, foi nomeado diretor de assuntos eclesiásticos internos e oito anos mais tarde,  pró-secretário de Estado.

Em 1954, o Papa Pio XII o nomeou Arcebispo de Milão. O novo Arcebispo haveria de enfrentar muitos desafios, sendo o mais delicado de todos o problema social. Entregando-se com grande energia ao cuidado do rebanho que se lhe confiava, desenvolveu um plano pastoral que teria como pontos centrais a preocupação pelos problemas sociais, a  aproximação dos trabalhadores  industriais à Igreja e a renovação da vida litúrgica.  Pelo respeito e confiança que soube ganhar por parte da  imensa multidão de operários, Montini seria conhecido como o “Arcebispo dos operários”.

Em dezembro de 1958 foi escolhido Cardeal por João XXIII que, ao mesmo tempo, lhe outorgou um importante rol na preparação do Concílio Vaticano II ao nomeá-lo seu assistente.  Durante estes anos, prévios ao Concílio, o Cardeal Montini realizou algumas viagens importantes: Estados Unidos (1960);  Dublin (1961);  África (1962).

O Cardeal Montini contava com 66 anos quando foi eleito sucessor do Pontífice João XXIII, em 21 de junho de 1963, tomando o nome de Paulo VI.

Três dias antes de sua coroação, realizada em 30 de junho, o novo Papa dava a conhecer a  todos os programa de seu pontificado: Seu primeiro e  principal esforço se  orientava à culminação e posta em marcha ao grande Concílio, convocado e inaugurado por seu predecessor.  Além disto, o anúncio universal do Evangelho, o trabalho em favor da unidade dos cristãos e do diálogo com os não crentes,  a paz e solidariedade na ordem social – esta em escala mundial -, mereceriam sua especial preocupação pastoral.

O pontificado de Paulo VI está profundamente vinculado ao Concílio, tanto em seu desenvolvimento como na imediata aplicação.
Em sua primeira encíclica, a pragmática Ecclesiam suam, publicada em 1966 ao finalizar a  segunda sessão do Concílio, estabelecia que eram três os caminhos pelos que o Espírito Santo lhe impulsionava a conduzir a Igreja,  respondendo aos “ventos de renovação” que desenrolavam as velas da barca de Pedro.

Dizia ele mesmo no dia anterior à publicação de  sua encíclica Ecclesiam suam: “O primeiro caminho é espiritual;  se refere à consciência que a Igreja deve ter e fomentar de si mesma. O segundo é moral;  se refere à renovação ascética, prática, canônica, que a Igreja necessita para dispor-se à consciência mencionada, para ser pura, santa, forte, autêntica. E o terceiro caminho é apostólico;  o temos designado com termos hoje em voga:  o diálogo;  quer dizer, se refere este caminho ao modo,  a arte, ao estilo que a Igreja deve infundir em  sua atividade ministerial no concerto dissonante, volúvel e complexo do mundo contemporâneo. Consciência, renovação, diálogo, são os caminhos que hoje se abrem ante à Igreja viva e que formam os três capítulos da encíclica”.

Paulo VI  deixou um rico legado em seus muitos escritos. Dentro dessa longa lista cabe ressaltar a  encíclica Populorum progressio, a qual trata sobre o tema do desenvolvimento integral da pessoa. Esta encíclica foi a base para a Conferência dos Bispos Latino-Americanos em Medelim.
Também merece ser especialmente mencionada a exortação Evangelii nuntiandi,  carta magna da evangelização, que põe enfaticamente o anúncio de Jesus Cristo no coração da missão da Igreja. Para muitos, esta carta veio de algum modo, completar e  aprofundar a Gaudium et spes. Além disso, constituiu o pano de fundo da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Puebla.

São muito significativos também todos os ensinamentos dados por ocasião do Ano Santo da Reconciliação, em 1975,  o que se manifesta em  uma importante exortação apostólica:  A Reconciliação dentro da Igreja. 
Por outro lado, é também de especial importância  O Credo do Povo de Deus.  Nele, o Papa Paulo VI faz uma formosa profissão de fé, que reafirma as  verdades que se crê e vive no Corpo Místico de Cristo, tomando assim uma firme postura diante de não poucos intentos de agressão que sofria a fé cristã. A herança que deixou à Igreja com todos os seus escritos é muito importante e valiosa.
Após seu incansável trabalho em favor da Igreja a que tanto amor mostrou, morreu em 6 de agosto de 1978, na Festa da Transfiguração (que curiosamente foi também a data da publicação da encíclica que anunciava o programa de  seu pontificado). 

Ele deixou escrito para todos em seu “Testamento”:
«Fixo o olhar no mistério da morte e do que a ela segue à luz de Cristo, o único que a esclarece;  olho, portanto, para a morte com confiança, humilde e serenamente. Percebo a verdade que esse mistério projetou sempre sobre a vida presente e bendigo ao Vencedor da morte por haver dissipado em mim as trevas e  descoberto a luz.
Por isso, ante a morte e a separação total e  definitiva da vida presente, sinto o dever de celebrar o dom,  a  fortuna, a beleza, o destino desta mesma fugaz existência:  Senhor, te dou graças porque me chamaste à vida e mais ainda porque me regeneraste e destinaste à plenitude da vida».

O que inspirou o Papa Paulo VI a viver como Pastor universal do rebanho do Senhor, o resume o Papa João Paulo II em um valiosíssimo testemunho, pois ele – como ele mesmo disse – pôde “observar de perto” sua atividade:


“Me maravilham sempre sua profunda prudência e valentia, assim como sua constância e paciência no difícil período pós-conciliar de seu pontificado. Como timão da Igreja, barca de Pedro, sabia conservar uma tranquilidade e  um equilíbrio providencial, inclusive, nos momentos mais críticos, quando parecia que ela era sacudida por dentro, mantendo uma esperança constante em sua compatibilidade” (Redemptor hominis, 3).

 “(…) em quinze anos de pontificado, este Papa demonstrou não só a mim, mas a todo o mundo, como se ama, como se serve e  como se trabalha e sofre pela Igreja de Cristo”.

Foi beatificado em 19 de outubro de 2014 e canonizado em 14 de outubro de 2018 pelo Papa Francisco. 



terça-feira, 28 de maio de 2019

28 de maio - É bom para vós que eu parta; se eu não for, não virá até vós o Defensor; mas, se eu me for, eu vo-lo mandarei. Jo 16,7


É sempre o Espírito Santo, Alma da Igreja, “que convence o mundo em relação ao pecado, à justiça e ao julgamento. Quanto ao pecado: eles não acreditaram em mim. Quanto à justiça: eu vou para o Pai, de modo que não mais me vereis. E quanto ao julgamento: o chefe deste mundo já está condenado”.

De fato, sem o Espírito Santo, Deus está distante, Cristo é do passado, o Evangelho é letra morta, a Igreja é uma simples organização, a autoridade é dominação, a missão é propaganda, o culto é evocação, o agir cristão é uma moral de escravos.

Mas, com o Espírito Santo e no Espírito Santo, o Universo é elevado e clama pelo Reino de Deus, a presença do Cristo Ressuscitado  é reconhecida, o Evangelho é vida e poder, Igreja significa comunhão trinitária, a autoridade é um serviço libertador, a missão um Pentecostes, a Liturgia é memorial e antecipação do mistério, o agir humano é divinizado.

O Espírito Santo é derramado sobre a Igreja, conduzindo-a a viver de forma divina as realidades humanas. Seus dons são Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus. Com eles podemos receber as graças que descem do Céu! Ouvimos o Senhor e sua Igreja que nos dizem: “Recebam o Espírito Santo”!

Dom Alberto Taveira – 06 de junho de 2014

Hoje celebramos:




28 de maio - Santa Ubaldesca Taccini


Santa Ubaldesca Taccini é uma santa que marcou profundamente a vida espiritual de Pisa nos séculos XII e XIII, junto com Santa Bona, São Guido da Gherardesca e São Ranieri. Em um período histórico que viu a República Marítima de Pisa dominar o Mediterrâneo e os seus cidadãos gozarem de um alto padrão de vida, a santa propôs um modelo de vida separada da vida social da cidade e estritamente fiel à mensagem de pobreza e de renúncia pregada por Jesus.

Nascida em Calcinaia em 1136 de pais de condições humildes, Ubaldesca, filha única, desde jovem mostrava-se humilde e dedicado aos pais e a Jesus. Diligente na prática da oração, muitas vezes acompanhada de jejum, a Santa de Pisa se destacou especialmente pela caridade exercida junto aos pobres.

Quando tinha cerca de catorze anos, um dia, enquanto assava o pão da família, teve a visão de um anjo que lhe ordenou que entrasse no convento da Ordem de São João de Jerusalém (estabelecida alguns anos antes, em 1099, em Jerusalém, na Igreja de São João Batista sob a regra de Santo Agostinho). Ela ficou surpresa e disse:

"Mas eu não tenho dote. E meus pais não podem me dar nada".
"As freiras não precisam tanto de dotes quanto de virtudes", respondeu o anjo.
Ubaldesca sorriu. "Mas e se eu não tiver virtudes?"
E o anjo no mesmo tom de voz: "O Espírito Santo suprirá". Então, gravemente: "Não há mulher em Pisa que seja mais cheia de virtudes do que você. E por sua causa, de seus méritos, a cidade será liberta de grandes perigos".

O mensageiro de Deus desapareceu, e a menina, esquecendo o forno e o pão, correu para os campos onde seus pais estavam trabalhando para lhes contar o que havia acontecido e pedir permissão para irem embora. Sem mais reflexão ou demora, eles concordaram; os três partiram para o convento de São João do Templo de Carraia, em Pisa.

Prevenida pelo anjo, a abadessa e suas quarenta freiras de clausura ficaram atrás da porta do recinto para esperar a postulante, que foi recebida assim que bateu. Todos foram à igreja onde Ubaldesca recebeu imediatamente o vestido vermelho e o manto negro na presença de seus pais, que choraram de alegria e tristeza e voltaram para casa depois de verem as portas do convento fecharem-se sobre a única filha.

No dia seguinte, com o suprimento de pão exaurido, eles se lembraram do pão no forno, e não sem irritação. Eles acreditavam que fosse completamente carbonizado. Mas, ao remover a pedra do forno, encontraram o pão assado na perfeição e mais dourado do que nunca. Não acreditando em seus olhos, eles levaram para as irmãs, como um sinal de agradecimento e uma prova do milagre.

Durante os 55 anos de vida religiosa, Ubaldesca praticou no mosteiro e no hospital da cidade a humildade e a caridade, mortificando continuamente seu corpo com jejuns intensos e prolongados. A santa realizou milagres já durante sua vida e depois de sua morte ocorrida no dia 28 de maio de 1206, Festa da Santíssima Trindade, as curas extraordinárias ligadas ao seu nome se multiplicaram.

Os escritos da época narram milagres como converter a água em vinho imitando ao Messias, manter o pão durante três dias dentro do forno sem queimar-se e tirar água de um poço seco, resultando que a representação mais comum dela é com um trigo na mão e uma vasilha de vinho ou uvas na outra.

Atualmente algumas relíquias de Ubaldesca Taccini são encontradas também em Malta, concedidas em 31 de junho de 1587. O Papa Sisto V (1585-1590) concedeu a indulgência plenária a quem visitasse a Igreja de Malta no dia 28 de maio.


segunda-feira, 27 de maio de 2019

Christus vivit: Percursos de Juventude – Jovens comprometidos nºs 168 a 174


Nºs 168 a 174

É verdade que às vezes, perante um mundo cheio de tanta violência e egoísmo, os jovens podem correr o risco de se fechar em pequenos grupos, privando-se assim dos desafios da vida em sociedade, dum mundo vasto, estimulante e necessitado. Têm a sensação de viver o amor fraterno, mas o seu grupo talvez se tenha tornado um simples prolongamento do próprio eu.

Isto agrava-se, se a vocação do leigo for concebida unicamente como um serviço interno da Igreja (leitores, acólitos, catequistas, etc.), esquecendo-se que a vocação laical é, antes de mais nada, a caridade na família, a caridade social e caridade política: é um compromisso concreto nascido da fé para a construção duma sociedade nova, é viver no meio do mundo e da sociedade para evangelizar as suas diversas instâncias, fazer crescer a paz, a convivência, a justiça, os direitos humanos, a misericórdia, e assim estender o Reino de Deus no mundo.

Proponho aos jovens irem mais além dos grupos de amigos e construírem a amizade social: buscar o bem comum chama-se amizade social. A inimizade social destrói. E uma família destrói-se pela inimizade. Um país destrói-se pela inimizade. O mundo destrói-se pela inimizade. E a inimizade maior é a guerra.

E hoje vemos que o mundo se está a destruir pela guerra. Porque são incapazes de se sentar e falar (…). Sede capazes de criar a amizade social. Não é fácil; sempre é preciso renunciar a qualquer coisa, é preciso negociar, mas, se o fizermos a pensar no bem de todos, podemos fazer a experiência maravilhosa de deixar de lado as diferenças para lutar juntos por um objetivo comum. Quando se consegue encontrar pontos coincidentes no meio de tantas divergências e, com esforço artesanal e por vezes fadigoso, lançar pontes, construir uma paz que seja boa para todos, isso é o milagre da cultura do encontro que os jovens podem ousar viver com paixão.

Reconhecemos que, embora sob forma diferente relativamente às gerações passadas, o compromisso social é um traço caraterístico dos jovens de hoje. Ao lado de alguns indiferentes, há muitos outros disponíveis para se comprometerem em iniciativas de voluntariado, cidadania ativa e solidariedade social, o que é preciso acompanhar e encorajar para fazer surgir os talentos, as competências e a criatividade dos jovens e estimular a assunção de responsabilidades por parte deles. O empenho social e o contato direto com os pobres continuam a ser uma oportunidade fundamental para descobrir ou aprofundar a fé e para discernir a própria vocação. Assinalamos também a disponibilidade a empenhar-se em campo político para a construção do bem comum.


Graças a Deus, hoje, os grupos de jovens nas paróquias, escolas, movimentos ou grupos universitários costumam ir fazer companhia a idosos e enfermos, visitar bairros pobres, ou sair juntos para ajudar os mendigos nas chamadas noites da caridade. Com frequência, reconhecem que, em tais atividades, o que recebem é mais do que aquilo que dão, porque se aprende e amadurece muito quando se tem a coragem de entrar em contato com o sofrimento dos outros. Além disso, nos pobres, há uma sabedoria escondida, e eles, com palavras simples, podem ajudar-nos a descobrir valores que não vemos.

Outros jovens participam em programas sociais que visam construir casas para os sem-abrigo, bonificar áreas contaminadas, ou recolher ajudas para os mais necessitados. Seria bom que esta energia comunitária fosse aplicada não só em ações esporádicas, mas de forma estável, com objetivos claros e uma boa organização que ajude a realizar uma atividade mais continuada e eficiente. Os universitários podem unir-se de forma interdisciplinar para aplicar os seus conhecimentos na resolução de problemas sociais e, nesta tarefa, podem trabalhar lado a lado com jovens doutras Igrejas e doutras religiões.

Como no milagre de Jesus, os pães e os peixes dos jovens podem multiplicar-se. Como na parábola, as pequenas sementes dos jovens tornam-se árvores e frutos de colheita. Tudo isto se realiza a partir da fonte viva da Eucaristia, na qual o nosso pão e o nosso vinho se transformam para nos dar a Vida eterna. Aos jovens, está confiada uma tarefa imensa e difícil. Com fé no Ressuscitado, poderão enfrentá-la com criatividade e esperança, colocando-se sempre na posição de serviço, como os servos das bodas de Caná, colaboradores inesperados do primeiro sinal de Jesus, só por terem seguido a recomendação de sua Mãe: Fazei o que Ele vos disser. Misericórdia, criatividade e esperança fazem crescer a vida.

Quero encorajar-te a assumir este compromisso, porque sei que o teu coração, coração jovem, quer construir um mundo melhor. Acompanho as notícias do mundo e vejo que muitos jovens, em tantas partes do mundo, saíram para as ruas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna.
Os jovens nas ruas; são jovens que querem ser protagonistas da mudança. Por favor, não deixeis para outros o ser protagonista da mudança! Vós sois aqueles que detêm o futuro! Através de vós, entra o futuro no mundo. Também a vós, eu peço para serdes protagonistas desta mudança. Continuai a vencer a apatia, dando uma resposta cristã às inquietações sociais e políticas que estão surgindo em várias partes do mundo. Peço-vos para serdes construtores do futuro, trabalhai por um mundo melhor.

Queridos jovens, por favor, não olheis da sacada a vida, entrai nela. Jesus não ficou na sacada, mergulhou… Não olheis da sacada a vida, mergulhai nela, como fez Jesus. Mas sobretudo, duma forma ou doutra, lutai pelo bem comum, sede servidores dos pobres, sede protagonistas da revolução da caridade e do serviço, capazes de resistir às patologias do individualismo consumista e superficial.

27 de maio - Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que aquele que vos matar julgará estar prestando culto a Deus. Jo 16,2


A Igreja nunca deve ser tíbia e é chamada, assim como cada cristão, para um caminho de conversão diária. De fato, é preciso prestar atenção a não se adaptar a um estado tranquilo, mundano, pelo contrário devemos estar sempre abertos ao anúncio jubiloso de que Jesus é o Senhor.

Uma situação que se repete na história da salvação, quando o povo de Deus estava tranquilo ou servia à mundanidade, não digo os ídolos, não, a mundanidade, e vivia na tibieza, o Senhor enviava os profetas. E mais ainda aos profetas aconteceu o mesmo que a Paulo: eram perseguidos, açoitados, por quê? Porque incomodavam.

É uma dinâmica, que ainda hoje acontece na Igreja: quando alguém denuncia tantos modos de mundanidade é malvisto, isto não está bem, melhor que se afaste. Recordo na minha terra, muitos homens e mulheres, bons consagrados, não ideólogos, mas que diziam: “Não, a Igreja de Jesus é assim...”, deles disseram: “este é comunista, fora!”, e expulsavam-no, perseguiam-no. E isto aconteceu a muitos na história da Igreja, inclusive na Europa.

A explicação encontra-se no fato de que o espírito maligno prefere uma Igreja tranquila sem riscos, uma Igreja de negócios, cômoda, na comodidade da tibieza, tíbia.

Papa Francisco – 23 de maio de 2017

Hoje celebramos:
Santo Agostinho da Cantuária
Santo Atanásio Bazzekuketta
Beato José Tous Y Soler


27 de maio - Beato Sixto Alonso Hevia


Beato Sixto Alonso Hevia nasceu em Poago, em 1 de fevereiro de 1916. Seus pais Sixto Alonso González e María Hevia moravam em Luanco. O pai era engenheiro de barcos e trabalhava em um barco. A mãe era uma dona de casa. Eles tinham 11 filhos, o mais velho era Sixto. Quando o segundo filho nasceu, Sixto foi morar com um tio, que era pároco em San Jorge de Heres, perto de Luanco. 

Desde muito jovem ele queria entrar no Seminário. E fez isso em 1929. Ele era muito dedicado à Virgem Maria. Sua irmã Maruja lembra que "ele tinha um caráter especial e carinhoso. Aqui em Luanco os navios carregavam o carvão. Do cais atiravam pedras de carvão para o navio, como as pedras eram muito grandes, muito carvão caía no mar. Antes de ir para o Seminário, Sixto mergulhou e pegou muito carvão caído para o mar e o colocou do lado de fora. Assim, quando foi ao seminário, deixou para minha mãe uma grande pilha de carvão retirada por ele. Isso foi para que minha mãe não gastasse dinheiro para o inverno". 

No seminário, lembra Maruja, "eles nos disseram que Sixto foi o primeiro da turma, até para tocar no frontão". 

Seu colega Rafael Somoano lembrava que "ele tinha muito amor pela Igreja e vivia muito distante da política". 

Quando a guerra começou, ele estava em férias de verão em casa. Ele e seu pai foram trancados na igreja, que serviu como uma prisão. Razões: seu pai era católico, e ele, seminarista. 
Mais tarde ele foi forçado a se juntar às fileiras do exército. Um dia, suspeitando que queria ir para o campo nacional, eles o esfaquearam. 

Seus irmãos mais tarde explicaram que Sixto lembrava a seus pais: "se algo acontecer comigo, você tem que perdoar". 
É a frase que foi destacada na lápide do funeral onde estão os restos mortais dos seminaristas martirizados, na capela-mor do Seminário Metropolitano de Oviedo. Ele tinha 21 anos.