terça-feira, 30 de junho de 2020

30 de junho São Vicente Dô Yen

São Vicente Dô Yen
São Vicente Dô Yen
Dô Yen nasceu em uma família cristã, na vila de Tra-Lu no distrito de Nam Dinh, Vietnã, no ano de 1764. Ao ser batizado recebeu o nome de Vicente.
Quando jovem, entrou na “Casa de Deus”, uma espécie de seminário local, sendo consagrado sacerdote, em 1798, pelo Beato Ignácio Delgado, Vigário Apostólico de Tonquin Oriental.

Em 1798, foi decretada perseguição contra os cristãos por Canh-Thinh, que continuou até o ano seguinte, quando Dô-Yên foi capturado e posto na prisão com pelourinho preso ao pescoço. Graças à soma de dinheiro oferecida por fiéis aos mandarins, foi libertado depois de um mês.

Buscando maior perfeição, quis fazer sua profissão na Ordem dos Pregadores, em 22 de julho de 1808, como filho do convento de Manila. Os relatos de testemunhas descreviam-no como um homem dotado de maravilhosa doçura de caráter, misericordioso sem limites, portador de singular beleza, caráter angelical refletido na nobreza do corpo e na beleza do rosto.

Dô-Yên residia na aldeia de Ke Sat, onde conduzia uma importante paróquia com fervorosa comunidade cristã e foi ali que foi surpreendido pela perseguição de Minh Mang, que com o decreto de 1832, forçou os cristãos locais a destruir, com suas mãos, a igreja e a casa da Missão.

Os fiéis de Ke Sat depois da destruição secretamente hospedaram o dominicano em suas casas por mais de seis anos. Em Tonquin Oriental, não houve derramamento de sangue, até que o terrível Minh Mang, em 1837, repreendeu com censuras o governador Trinh Quang Khanh, por ser morno demais para com os cristãos, motivo pelo qual, enfurecido, começou uma campanha para esmagar o cristianismo.

Em fevereiro de 1838, os mandarins começaram a andar com soldados por toda a província. A notícia de que haveria uma futura retaliação contra a aldeia, por ter hospedado o padre dominicano, chegou até seus ouvidos e Dô-Yên decidiu evitar o sofrimento da população fugindo para Buong.
Infelizmente, foi enganado, denunciado por um pagão e capturado no dia 8 de junho de 1838. Foi acorrentado, ridicularizado e transferido para a capital da província de Hai Duong.

Em 11 de junho foi inquirido pelos juízes e seu amigo, o médico Han, sugeriu que ele se declarasse médico em vez de padre, por ter salvado a sua vida. No entanto, Yen se recusou, não querendo aceitar a graça ao preço de uma mentira e não quis negar seu status de pessoa consagrada.

Indeciso, o governador perguntou ao rei se poderia levar o prisioneiro para a província do sul, lugar de origem do dominicano. O rei respondeu que no dia 20 de junho de 1838 “a cabeça de Dô-Yên seria cortada e que não havia razão para entregá-lo à província do sul”.

Passou dez dias na prisão, livre das correntes, assistido por seu amigo, o médico Han, e recebendo visitas dos fiéis internos. Em 30 de junho de 1838, a ordem de execução chegou e o velho dominicano, com o largo sorriso de seu belo rosto, foi para a tortura alegremente, deixando admirados aqueles que ao longo do caminho, testemunharam sua passagem.

Chegando ao local escolhido, deitou-se em uma esteira com um travesseiro, preparado pelos fiéis e, depois de uma fervorosa oração, ofereceu a cabeça ao carrasco que o executou com um único golpe de espada. Dô-Yên contava com 74 anos e suas roupas e seu sangue foram devotamente coletados pelos fiéis.

O corpo foi enterrado sob o piso da igreja destruída, na província de Tho Ninh, Vietnã.
Foi beatificado pelo papa Leão XIII em 27 de maio de 1900 e canonizado por São João Paulo II em 19 de junho de 1988, na Praça de São Pedro que na sua homilia lembra dos 117 mártires:

A tradição nos lembra que a história do martírio da Igreja Vietnamita desde suas origens é muito mais ampla e complexa. Desde 1533, ou seja, desde o início das pregações cristãs no sudeste da Ásia, a Igreja no Vietnã sofreu, ao longo de três séculos, várias perseguições que se sucederam, com alguma trégua, como as que atingiram a Igreja no Ocidente em primeiros três séculos de vida. Há milhares de cristãos enviados ao martírio, e muitos são os que morreram nas montanhas, nas florestas, nos territórios infestados de doenças onde foram exilados.

Como podemos lembrar de todos eles? Mesmo se nos limitássemos àqueles canonizados hoje, não poderíamos detalhar a vida de cada um deles. Existem 117 deles, incluindo oito bispos, cinquenta padres, cinquenta e nove leigos, e entre eles encontramos uma mulher, Agnese Le Thi Thành, mãe de seis filhos.

Basta recordar uma ou duas figuras, como a do padre Vincent Liem, dominicano, enviada ao martírio em 1773; ele é o primeiro de 96 mártires de nacionalidade vietnamita. E então outro padre, Andrè Dung-Lac, cujos pais, pagãos, eram muito pobres; confiado desde a infância a um catequista, tornou-se padre em 1823 e foi pároco e missionário em vários lugares do país. Salvo da prisão mais de uma vez, graças aos resgates generosamente pagos pelos fiéis, ele desejou ardentemente o martírio. "Quem morre pela fé" disse "sobe ao céu; pelo contrário, nós que constantemente nos escondemos, gastamos dinheiro para escapar dos perseguidores! Seria muito melhor nos deixarmos presos e morrer". Apoiado por um grande zelo e pela graça do Senhor, ele sofreu o martírio de decapitar em Hanói em 21 de dezembro de 1839.

 


30 de junho - Jesus levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. Mt 8,26

No Evangelho da tempestade acalmada, Deus se revela como o Senhor do mar. Jesus ameaça o vento e ordena ao mar que se acalme, interpelando-o como se ele se identificasse com o poder diabólico. Com efeito, na Bíblia o mar é considerado um elemento ameaçador, caótico e potencialmente destruidor, que somente Deus, o Criador, pode dominar, governar e acalmar.

Porém, existe uma outra força uma força positiva que move o mundo, capaz de transformar e renovar as criaturas: a força do "amor de Cristo", portanto, não essencialmente uma força cósmica, mas sim divina, transcendente. Age também no cosmos mas, em si mesmo, o amor de Cristo é um "outro" poder, e esta sua alteridade transcendente, o Senhor manifestou-a na sua Páscoa, na "santidade" do "caminho" por Ele escolhido para nos libertar do domínio do mal, como tinha acontecido no êxodo do Egito, quando fez sair os judeus através das águas do Mar Vermelho. No mistério pascal, Jesus passou através do abismo da morte, porque Deus assim quis renovar o universo: mediante a morte e a ressurreição do seu Filho, "morto por todos", para que todos possam viver "para Aquele que, por eles, morreu e ressuscitou", e não vivam unicamente para si mesmos.

O gesto solene de acalmar o mar tempestuoso é claramente um sinal do senhorio de Cristo sobre os poderes negativos e leva a pensar na sua divindade: "Quem é Este – interrogaram-se admirados e cheios de terror os discípulos – a Quem até o vento e o mar obedecem?" A sua fé ainda não é sólida, mas está a formar-se; é um misto de medo e de confiança; o abandono confiante de Jesus ao Pai é, ao contrário, total e puro. Por isso, por este poder do amor, Ele pode adormecer durante a tempestade, completamente seguro nos braços de Deus. No entanto, virá o momento em que também Jesus sentirá medo e angústia: quando chegar a sua hora, Ele sentirá sobre si mesmo todo o peso dos pecados da humanidade, como uma onda alta que está prestes a cair sobre Ele. Esta, sim, será uma tempestade terrível, não cósmica, mas espiritual. Será o derradeiro e extremo assalto do mal contra o Filho de Deus.

Todavia, nessa hora Jesus não duvidou do poder de Deus Pai e da sua proximidade, embora tenha tido que experimentar plenamente a distância do ódio em relação ao amor, da mentira em relação à verdade e do pecado em relação à graça. Experimentou este drama em si mesmo de maneira dilacerante, especialmente no Getsémani, antes de ser preso, e depois durante toda a paixão, até à morte na cruz. Nessa hora Jesus, por um lado, foi um só com o Pai, abandonando-se plenamente a Ele; por outro, enquanto solidário com os pecadores, foi por assim dizer separado e sentiu-se como que abandonado por Ele.

Papa Bento XVI – 21 de junho de 2009

Hoje celebramos:
Santos Protomártires Romanos
Beato Januário Maria Sarnelli
Beato Vasyl Vsevolod Velychkovsky


segunda-feira, 29 de junho de 2020

29 de junho - Santa Ema de Gurk

Santa Ema de Gurk
Santa Ema de Gurk
Segundo alguns registros encontrados, Ema nasceu por volta do ano 980, na cidade de Karnten na Áustria e seus pais eram nobres cristãos. Levava o título de Condessa de Friesach-Zeltschach desde seu nascimento e foi apresentada à corte imperial de Bamberg por Santa Cunegunda.

Ema contraiu núpcias com o Conde Guilherme de Sanngau, que pertencia a mais rica nobreza do Ducado da Carintia, uma belíssima região das montanhas austríacas, com quem teve dois filhos: Hartwig e Guilherme.

No mesmo dia perdeu seu esposo e seus filhos, que foram assassinados. Depois disso, Ema viu-se sozinha com o patrimônio de uma família que não existia mais. Com a orientação espiritual do bispo de sua cidade, direcionou sua vida no sentido de auxiliar aos pobres e de fundar mosteiros, que colocou sob a regra dos beneditinos.

Primeiro fundou o Mosteiro Feminino de Gurk e mais tarde o Mosteiro Masculino de Admont. Feito isto, em 1043 ingressou como religiosa no Mosteiro de Gurk. Entretanto não existem informações precisas se ela se tornou abadessa como outras fundadoras, ou se permaneceu uma simples monja beneditina.

Foi tal a reclusão de Ema, que se tornou impossível pesquisar sobre ela sem usar os textos da tradição cristã. Era uma senhora refinada, discreta, generosa e muito piedosa. Era tão boa e benevolente com todos os pobres, que já era considerada uma santa em vida.

Alguns contam que ela teria morrido em 27 de junho de 1045. Entretanto, em 1200, alguns registros foram descobertos indicando que Ema faleceu bem idosa, em 1070, no Mosteiro de Gurk.

Poucos anos depois de sua morte, no momento em que o caixão foi aberto, seu corpo foi descoberto reduzido a pó, com exceção de sua mão direita, a que havia dado tão generosamente esmolas aos pobres.

Desde 1174, seu corpo está enterrado na Catedral de Gurk, cuja construção havia patrocinado com a herança do marido. Mais tarde seus despojos foram transferidos para a cripta da Catedral. No século XVIII, Antonio Corradini, artista italiano, esculpiu um baixo-relevo em mármore sobre sua tumba, representando o momento de sua morte.

Como o fervor dos devotos pelas graças e prodígios alcançados por sua intercessão propagaram a sua santidade, os bispos e os mosteiros providenciaram a oficialização do seu culto. Ema não era venerada somente na Áustria, mas também na Eslovênia. A devoção a ela só aumentou ao longo dos tempos.

Ema de Gurk foi beatificada em 21 de novembro de 1287 pelo Papa Honório IV e canonizada 800 anos após, em 5 de janeiro de 1938 pelo Papa Pio XI.

Ela é representada em trajes de dama nobre, trazendo nos braços a maquete de uma igreja ou então em hábito religioso com uma rosa, ou ainda distribuindo esmolas.

A generosidade de Santa Ema de Gurk ainda continua viva e presente por meio do vigor das obras assistenciais desenvolvidas pelos monges beneditinos daqueles mosteiros, e todos os outros espalhados nos cinco continentes que difundem seu exemplo de santidade.

 

 


29 de junho - Um outro dos discípulos disse a Jesus: 'Senhor, permite-me que primeiro eu vá sepultar meu pai." Mt 18,21

O Evangelho de hoje dá início à narração da última viagem de Jesus a Jerusalém. Trata-se de uma longa marcha não apenas geográfica e espacial, mas espiritual e teológica, rumo ao cumprimento da missão do Messias. A decisão de Jesus é radical e total, e quantos o seguem são chamados a medir-se com ela. Hoje o Evangelista nos apresenta dois personagens — poderíamos dizer dois casos de vocação — que esclarecem o que é exigido daqueles que querem seguir Jesus até ao fundo, totalmente.

O primeiro personagem promete-lhe: “Seguir-te-ei para onde quer que vás”. Generoso! Mas Jesus responde que o Filho do homem, contrariamente às raposas que têm as suas tocas e aos passarinhos que têm os seus ninhos, não tem onde reclinar a cabeça. A pobreza absoluta de Jesus! Com efeito, Jesus deixou a casa paterna e renunciou a qualquer segurança para anunciar o Reino de Deus às ovelhas perdidas do seu povo. Assim Jesus nos indicou, a nós seus discípulos, que a nossa missão no mundo não pode ser estática, mas é itinerante. O cristão é um itinerante. A Igreja está por sua natureza em movimento, não permanece sedentária nem tranquila no próprio recinto. Está aberta aos horizontes mais vastos, enviada — a Igreja é enviada! — para levar o Evangelho pelas estradas e alcançar as periferias humanas e existenciais. É assim o primeiro personagem.

O segundo que Jesus encontra diz: Senhor, deixa-me ir primeiro enterrar o meu pai. Trata-se de um pedido legítimo, fundado no mandamento de honrar o pai e a mãe. Todavia, Jesus responde: “Deixa que os mortos sepultem os seus mortos”. Com estas palavras, deliberadamente provocadoras, Ele tenciona afirmar o primado do seguimento e do anúncio do Reino de Deus, também sobre as realidades mais importantes, como a família. A urgência de comunicar o Evangelho, que rompe a cadeia da morte e inaugura a vida eterna, não admite atrasos, mas requer prontidão e disponibilidade. Portanto, a Igreja é itinerante, e aqui a Igreja é decidida, age imediatamente, no momento, sem esperar.

Papa Francisco – 30 de junho de 2019

Hoje celebramos:


domingo, 28 de junho de 2020

28 de junho - São Pedro e São Paulo - Apóstolos

São Pedro e São Paulo
Catacumba de São Marcelino - Séc. IV

Seu nome era Simão e foi Jesus quem o chamou Pedro. Natural de Betsaida, vivia em Cafarnaum e era pescador no Lago de Tiberíades. O Mestre o convidou a segui-lo, juntamente com seu irmão André; com Tiago e João, testemunharam alguns acontecimentos importantes: a ressurreição da filha de Jairo, a Transfiguração, a agonia no Horto das Oliveiras.

Caminhando ao lado do Messias, Pedro emerge como um homem simples, irrequieto e, às vezes, até impulsivo. Vez por outra, fala e age em nome dos Apóstolos; não hesita em pedir a Jesus explicações e esclarecimentos sobre a sua pregação ou parábolas, como também o interroga sobre várias questões.

Foi o primeiro a responder ao Mestre, diante da pergunta aos discípulos: “Também vocês querem ir embora?”. O Mestre fez esta pergunta depois de falar na Sinagoga de Cafarnaum, suscitando transtorno entre os discípulos; de fato, muitos deles, daquele momento em diante, decidiram não segui-lo mais. Então, Simão Pedro respondeu: “Senhor, para quem iremos? Somente tu tens palavras de vida eterna; nós acreditamos e sabemos que és o Santo de Deus” (Jo 6,67-68).

A confissão de Pedro

Em Cesareia de Filipe, quando Jesus pergunta aos seus “E vós, quem dizeis que eu sou?”, Pedro afirma: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,16). E Jesus lhe disse: “Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. (Mt 16,18-19).

Eis o encargo que Pedro recebeu: governar a Igreja. Os Evangelhos revelam que Jesus quis confiar a sua Igreja a um pescador instintivo e com pouca instrução, que, às vezes, não sabia ver a vontade de Deus: ele protestou quando Jesus falou sobre a sua Paixão; não queria que Jesus lhe lavasse os pés na Última Ceia, por ser um gesto tão humilde por parte do Mestre; negou, por três vezes, conhecer Jesus, depois de ser capturado.

No entanto, os Apóstolos reconhecem a função que Jesus lhe confiou e ele toma diversas iniciativas. Na manhã de Páscoa, informado por Maria Madalena que o corpo do Mestre tinha desaparecido do sepulcro, foi lá, às pressas, com outro discípulo. Mas, este, chegando antes que ele, deixa, por respeito, que Pedro entre primeiro.

A missão de Pedro

Após a Ressurreição, os Apóstolos se reuniam em cenáculos, onde o Mestre, às vezes, lhes aparecia. Cada um retoma a própria vida diária; Pedro, volta a se ocupar da sua barca e redes. Foi precisamente depois de uma noite inteira, sem pescar, que o Mestre lhe aparece mais uma vez (Jo 21,3-7); pede-lhe para apascentar seu rebanho e lhe prediz com qual morte seria glorificado (Jo 21, 15-19).

Depois da Ascensão, Pedro torna-se o ponto de referência dos Apóstolos e dos primeiros seguidores de Cristo; começa a falar em público, a pregar e a fazer curas. Foi convocado, preso e solto, diversas vezes, pelo Sinédrio, obrigado a aceitar a autoridade, com a qual falava; e o povo, entusiasta em torno a ele, aumentava cada vez mais.

Pedro começa a ir, de cidade em cidade, transmitir a Boa Nova. Mas, volta sempre a Jerusalém; ali, certo dia, aparece Paulo a ele e aos outros Apóstolos, falando sobre a sua conversão.

Pedro e Paulo tomam, depois, estradas diferentes, sem poupar esforço nas várias viagens. Porém, ambos sempre se cruzam pelas ruelas de Jerusalém. Pedro confronta-se muito com Paulo, aceita suas observações e considerações; com ele discute também sobre as orientações a serem adotadas pela Igreja nascente. Por fim, os dois Apóstolos voltam a se encontrar em Roma.

Bispo de Roma

Pedro confirma a fé da comunidade cristã e a dirige. Durante a perseguição de Nero, foi preso e, depois, crucificado de cabeça para baixo, por seu desejo. No entanto, Paulo foi condenado à morte e decapitado pelo Tribunal romano. Segundo a tradição, o martírio dos dois pilares da Igreja deu-se no mesmo dia: 29 de junho do ano 67. Pedro morreu no Circo de Nero, na colina Vaticana, e Paulo na Via Ostiense.

Saulo, judeu de Tarso, na atual Turquia, era um cidadão romano, culto, instruído na escola judaica, continuada em Jerusalém, - formado pelo rabino Gamaliel, - tinha uma boa formação cultural Greco-helênica, portanto, conhecia o grego e o latim. Filho de um tecedor de tendas, ele aprendeu também esta arte manual paterna. Como muitos judeus da época, Saulo tinha um segundo nome greco-latino: Paulo, escolhido por simples assonância com seu nome. Era perspicaz, corajoso e audaz; tinha uma boa capacidade dialética. A sua personalidade emerge dos Atos dos Apóstolos e das suas treze Cartas.

Ele não conhecia Jesus e, por isso, foi um dos primeiros a perseguir os cristãos, que pensava fizessem parte de uma seita perigosa, que devia ser debelada.

Foi mencionado nas Escrituras, pela primeira vez, na narração da lapidação de Estêvão – primeiro mártir cristão – em Jerusalém. Brioso sustentador da tradição Judaica, Saulo “assolava a Igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão” (At 8,3). Os discípulos o temiam e, para fugir da perseguição, alguns se espalharam em várias cidades, entre as quais Damasco.

A caminho de Damasco

Saulo pediu autorização ao sumo pontífice para processar os fugitivos de Jerusalém. “Em sua viagem, quando se aproximava de Damasco, de repente brilhou ao seu redor uma luz vinda do céu. Ele caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?” Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor?” Ele respondeu: “Eu sou Jesus, a quem você persegue. Levante-se, entre na cidade; alguém lhe dirá o que você deve fazer”. Saulo levantou-se do chão e, abrindo os olhos, não conseguia ver nada” (At 9,3-6). Então foi acompanhado a Damasco, onde, por três dias, transtornado pela ocorrência, “não comeu nem bebeu”. No terceiro dia, apresentou-se a ele um homem, chamado Ananias, ao qual, durante uma visão, Deus pediu para procurar Saulo e impor-lhe as mãos para que recobrasse a visão. E revelou a Ananias: “Este homem é meu instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e seus reis, e perante o povo de Israel. Mostrarei a ele o quanto deve sofrer pelo meu nome”.

Paulo foi batizado, entrou em contato com a pequena comunidade cristã local, apresentou-se na Sinagoga e deu testemunho do que lhe havia acontecido. Assim, começou seu apostolado: agregou-se aos discípulos de Damasco e iniciou a pregar com entusiasmo. Depois, foi a Jerusalém, onde conheceu Pedro e outros apóstolos que, com certa difidência, o acolheram e lhe falam longamente sobre Jesus. Paulo os ouviu, aprendeu os ensinamentos deixados pelo Mestre e fortificou sua fé. Assim, prosseguiu a sua pregação, mas se deparou com a hostilidade de muitos judeus e a perplexidade de vários cristãos. Deixou Jerusalém e regressou para Tarso, sua cidade natal, onde retomou seu trabalho de tecedor de cortinas, mas, ao mesmo tempo, continuou a evangelização.

Alguns anos mais tarde, junto com Barnabé, - um dos primeiros judeus convertidos, - Paulo chegou a Antioquia, onde instaurou um íntimo contato com a comunidade cristã local.

As viagens apostólicas

Após um breve período de permanência em Jerusalém, Paulo prossegue sua missão em outros lugares, começando por Antioquia, entre os judeus e, sobretudo, pagãos – chamados “gentios” -. Ele fez três grandes viagens: na primeira, ancora em Chipre e em diversas cidades da Galácia, onde funda diversas comunidades; a seguir, regressa novamente para Antioquia e Jerusalém, para debater com os Apóstolos a questão dos convertidos do paganismo: se deviam ou não respeitar os preceitos da tradição judaica.

Na segunda viagem, dirige-se para o sul da Galácia, depois à Macedônia e, por fim, à Grécia. Detém-se em Corinto por mais de um ano e, a seguir, vai a outras cidades como Éfeso e, novamente, a Jerusalém e Antioquia.

Dali, Paulo parte para a sua terceira viagem: permanece três anos em Éfeso, depois vai à Macedônia, Corinto e outras cidades; visita ainda as comunidades, que o haviam acolhido antes, e, enfim, volta para Jerusalém. Ali, confronta-se com Tiago sobre as tensões surgidas entre as comunidades que havia fundado e os judeu-cristãos, a respeito de algumas normas da lei judaica.

Rumo ao martírio

Acusado pelos judeus - de pregar contra a sua lei e de introduzir no Templo um pagão convertido - foi preso: sob processo, Paulo – como cidadão romano – fez apelo ao imperador e foi transferido para Roma. Após sua prisão, visita diversas cidades, fazendo etapa em Cesareia e em outras localidades.

Em Roma, onde se encontra também Pedro, entra em contato com a comunidade cristã. Livre, por falta de provas, prossegue a sua missão. Mas, foi preso, outra vez, sob o império de Nero: foi condenado à morte pelo Tribunal romano e decapitado na Via Ostiense, enquanto Pedro era crucificado na colina Vaticana.

Sobre suas sepulturas surgiram a Basílica de São Pedro e a Basílica de São Paulo extra Muros.

 


São Pedro e São Paulo Apóstolos - Vídeos


São Pedro Apóstolo

São Paulo Apóstolo

28 de junho - Beatos Severian Baranyk e Joachim Senkivskyj


Os servos de Deus, hoje inscritos no Registro dos Bem-Aventurados, representam todos os componentes da comunidade eclesial: entre eles, bispos e sacerdotes, monges, freiras e leigos. Eles foram provados de várias maneiras pelos seguidores das ideologias prejudiciais do nazismo e do comunismo. Consciente dos sofrimentos a que esses fiéis discípulos de Cristo foram submetidos, meu predecessor Pio XII, com participação sincera, expressou sua solidariedade com aqueles que "perseveram na fé e resistem aos inimigos do cristianismo com a mesma fortaleza convidativa com a qual outrora resistiram. seus antepassados ​​"e elogiou sua coragem em permanecer" fielmente unidos ao pontífice romano e seus pastores”.

Apoiados pela graça divina, eles percorreram o caminho da vitória até o fim. É um caminho que atravessa o perdão e a reconciliação; estrada que conduz à luz deslumbrante da Páscoa, após o sacrifício do Calvário. Esses irmãos e irmãs são representantes conhecidos de uma multidão de heróis anônimos - homens e mulheres, maridos e esposas, padres e pessoas consagradas, jovens e idosos - que enfrentaram perseguições ao longo do século XX, o "século do martírio", violência, morte para não renunciar à fé.

Papa São João Paulo II – Homilia de Beatificação – 27 de junho de 2001

Na cidade de Drohobych, na Ucrânia, o Beato Severian Baranyk e Joachim Senkivskyj, sacerdotes da Ordem de São Josafá e mártires que, em tempos de perseguição contra a fé, com seu martírio tornaram-se participantes da vitória de Cristo.

Jakym Senkivskyj nasceu em 2 de maio de 1896 na vila ucraniana de Haji Velyky, na província de Ternopil. Depois de concluir seus estudos no seminário teológico em Lviv (Lviv), ele recebeu a ordenação sacerdotal em 4 de dezembro de 1921, antes de ser enviado para Innsbruck, onde continuou seus estudos e obteve seu doutorado em teologia.

Pouco tempo depois, em 1923, ele entrou no mosteiro da Ordem Basílica de São Josafá, perto de Krekhiv. Depois de fazer seus primeiros votos, ele foi transferido para o mosteiro de Krasno Pushcha e depois para o mosteiro de Lavriv, sempre perto de Ternopil. Entre 1931 e 1938, ele desempenhou várias funções no seminário de Sant'Onofrio em Lviv e, finalmente, em 1939, transferido para o mosteiro de Drohobych. Ali ele foi preso pelas autoridades do regime comunista russo em 26 de junho de 1941 e dois dias depois, em 28 de junho, como afirmam testemunhas oculares, ele foi martirizado. Seu corpo nunca apareceu, pois, segundo os testemunhos recolhidos no processo da causa, foi cozinhado vivo e, depois, foi servido aos prisioneiros.

Severijan Baranyk nasceu em 18 de julho de 1889. Em 24 de setembro de 1904, ingressou no seminário da Ordem Basílica de São Josafá, perto de Krekhiv, fez seus votos perpétuos em 21 de setembro de 1910 e finalmente recebeu a ordenação sacerdotal em 14 de fevereiro de 1915. Em 1932, foi eleito prior do mosteiro basílico de Drohobych, na província de Lviv (Lviv). Dedicou-se particularmente a atividades com jovens e era conhecido como um pai espiritual zeloso. Em 26 de junho de 1941, ele foi preso pelo NKVD e transferido para a prisão da cidade de Drohobych. A partir desse momento, ninguém mais o viu vivo. Após a retirada dos bolcheviques, o povo realizou buscas e seu corpo torturado e mutilado foi encontrado na prisão. Testemunhas oculares relataram que uma cruz era visível no cadáver do mártir, gravado no peito por seus torturadores. 
Yakym Senkivskyj e Severijan Baranyk foram beatificados por João Paulo II em 27 de junho de 2001, juntamente com outras 23 vítimas do regime ucraniano-soviético.

 


28 de junho - Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" Mt 16,13

“Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo"

Quantas vezes repetimos esta profissão de fé, outrora pronunciada por Simão, filho de Jonas, em Cesareia de Filipe! Quantas vezes eu próprio encontrei nestas palavras um sustento interior para prosseguir a missão que a Providência me confiou!

“És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne nem o sangue quem te revelou, mas Meu Pai que está nos céus”.

Depois de dois mil anos a "rocha" sobre a qual foi fundada a Igreja é sempre a mesma: é a fé de Pedro. "Sobre esta pedra" Cristo edificou a sua Igreja, edifício espiritual que resistiu ao desgaste dos séculos. Sem dúvida, sobre uma base simplesmente humana e histórica não teria podido suportar o ataque de tantos inimigos!

Com o decorrer dos séculos, o Espírito Santo iluminou homens e mulheres, de qualquer idade, vocação e condição social, para fazer deles "pedras vivas" desta construção. São os santos, que Deus suscita com uma fantasia que não se extingue, muito mais numerosos do que a Igreja indica solenemente como exemplo para todos: Cristo, Redentor do homem.

"Feliz és tu, Simão, filho de Jonas"! A bem-aventurança de Simão é a mesma de Maria Santíssima, à qual Isabel disse: "Feliz daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor".

É a bem-aventurança que se destina também à comunidade dos crentes de hoje, à qual Jesus repete: Bem-aventurada és tu, Igreja, que conservas intacto o Evangelho e o continuas a propor com renovado entusiasmo aos homens do início do novo milênio!

Na fé, fruto do misterioso encontro entre a graça divina e a humildade humana que a ela se confia, encontra-se o segredo daquela paz interior e daquela alegria do coração que precedem, de alguma forma, a bem-aventurança do Céu.

Rezemos para que a fé de Pedro e de Paulo sustentem o nosso comum testemunho e nos torne disponíveis, se for necessário, a chegar até ao martírio.

Foi precisamente o martírio o selo do testemunho prestado a Cristo pelos dois grandes Apóstolos que hoje celebramos. À distância de alguns anos um do outro, derramaram o seu sangue aqui em Roma, consagrando-o de uma vez para sempre a Cristo.

Papa São João Paulo II – 29 de junho de 2001

Hoje celebramos:

 

 


sábado, 27 de junho de 2020

27 de junho - Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
O Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é de origem oriental, dizem que ele deve ter sido pintado no século XIII e que o pintor devia ser de origem grega, porque as letras das inscrições são gregas.

Em fins do século XV, um negociante roubou o quadro do altar onde estava, na Ilha de Creta, onde era venerado pelo povo cristão desde tempos imemoráveis. Ele tinha como objetivo vender o quadro por um bom preço.

Mal tinha o navio iniciado a viagem, desabou uma terrível tempestade que ameaçava afundá-lo. Os tripulantes, no auge do desespero, sem saber que estavam transportando o quadro de Nossa Senhora, fizeram promessas a Deus e a Nossa Senhora e foram atendidos.

Assim, o negociante escapou milagrosamente, levando o quadro até Roma. Adoeceu mortalmente e procurou um amigo que cuidasse dele. Estando para morrer, revelou o segredo do quadro e pediu ao amigo que o devolvesse a uma igreja. O amigo, por causa da sua esposa, não quis desfazer-se de tão belo tesouro, tendo morrido sem cumprir a promessa.

Por último, a Santíssima Virgem apareceu a uma menina de seis anos, filha desta família romana, e disse-lhe:

“Dize a tua mãe e a teu avô que Santa Maria do Perpétuo Socorro vos admoesta que a leveis de vossa casa para uma igreja, senão morrereis dentro em pouco.”

A mãe obedeceu e o quadro foi entregue aos Agostinianos e colocado na Igreja de São Mateus, entre as basílicas de Santa Maria Maior e São João Latrão no dia 27 de março de 1499. Aí ele foi venerado durante 300 anos. Então a devoção começou a se divulgar em toda Roma.

Em 1798 a guerra atingiu Roma. O convento e a igreja, que estavam sob o cuidado dos Agostinianos irlandeses, foram quase totalmente destruídos. Parte dos agostinianos passou para um convento vizinho e levou consigo o quadro, onde ficou oculto por anos.

Em 1819, os Agostinianos se transferiram para a Igreja de Santa Maria in Postérula. Com eles foi a “Virgem de São Mateus”. Mas como “Nossa Senhora da Graça” era já venerada naquela igreja, o quadro foi posto numa capela interna do convento, onde ele permaneceu quase desconhecido, a não ser para o Irmão Agostinho Orsetti, um dos jovens frades provenientes de São Mateus.

Os anos corriam e parecia que o quadro estava para cair no esquecimento. Um jovem coroinha chamado Michele Marchi visitava muitas vezes a igreja de Santa Maria in Postérula e tornou-se amigo do Irmão Agostinho. Muito mais tarde, o então sacerdote Padre Michele escreveria:

“Este bom Irmão costumava me falar com um certo ar de mistério e ansiedade, especialmente durante os anos 1850 e 1851, estas exatas palavras: ‘Veja bem, meu filho, você sabe que a imagem da Virgem de São Mateus está lá em cima na capela: nunca se esqueça dela, entende? É um quadro milagroso. Naquele tempo o Irmão estava quase totalmente cego.”

A redescoberta do ícone

Em janeiro de 1855, os Missionários Redentoristas adquiriram “Villa Caserta” em Roma, fazendo dela a Casa Generalícia da sua Congregação missionária, que se tinha espalhado pela Europa ocidental e América do Norte. Nesta mesma propriedade junto à Via Merulana, estavam as ruínas da Igreja e do Convento de São Mateus. Sem perceber, eles tinham adquirido o terreno que, muitos anos antes, tinha sido escolhido pela Virgem para seu santuário entre Santa Maria Maior e São João de Latrão.

Começaram então a construção de uma igreja em honra do Santíssimo Redentor e dedicada a Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da Congregação do Santíssimo Redentor. Em dezembro de 1855, um grupo de jovens começava seu noviciado na nova casa. Um deles era Michele Marchi.

Os Redentoristas estavam extremamente interessados na história da sua nova propriedade. A 7 de fevereiro de 1863, ficaram intrigados com os questionamentos de um pregador jesuíta, Padre Francesco Blosi, que num sermão falou de um ícone de Maria que “tinha estado na Igreja de São Mateus na Via Merulana e era conhecido como a Virgem de São Mateus, ou mais corretamente a Virgem do Perpétuo Socorro”.

Então, começaram a se perguntar onde poderia estar o quadro. Padre Marchi repetiu tudo o que ouvira do Irmão Agostinho Orsetti e disse a seus confrades que muitas vezes tinha visto o ícone e sabia muito bem onde se achava”.

Com esta nova informação, cresceu entre os Redentoristas o interesse por saber mais sobre o ícone e por recuperá-lo. O Superior Geral, Padre Nicholas Mauron, apresentou uma carta ao Papa Pio IX, na qual ele pedia à Santa Sé que lhe concedesse o Ícone para ser colocado na recém-construída Igreja do Santíssimo Redentor e de Santo Afonso. O Papa concedeu a licença.

Conforme a tradição, Pio IX disse ao Superior Geral dos Redentoristas:

“Fazei-a conhecida no mundo inteiro!”.

Em janeiro de 1866, os Padres Michele Marchi e Ernesto Bresciani foram a Santa Maria in Postérula receber o quadro dos Agostinianos.

Começou então o processo de restauração do ícone. Finalmente, no dia 26 de abril de 1866, a imagem era de novo exposta à veneração pública na igreja de Santo Afonso. Com este evento, começou o quarto estágio da história: a difusão do ícone no mundo inteiro.

Significado do Ícone: 

O Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é formado por quatro figuras: Nossa Senhora, o Menino Jesus e dois arcanjos. 

A aparição dos arcanjos com uma lança e a cruz mostram ao Menino Jesus os instrumentos de sua Paixão. Assustado corre aos braços da Mãe. Por causa do movimento brusco desamarra a sandália. Maria o acolhe com ternura e lhe transmite segurança. O olhar de Nossa Senhora não se dirige ao Menino, mas a nós. Porém, sua mão direita nos aponta Jesus, o Perpétuo Socorro. As mãos de Jesus estão nas mãos de Maria. Gesto de confiança do Filho que se apóia na Mãe. Na riqueza de seus símbolos, o ícone bizantino tem ainda muito a revelar:

ARCANJO SÃO MIGUEL: apresenta a lança, a vara com a esponja e o cálice da amargura.

ARCANJO GABRIEL: segura a cruz e os cravos, instrumentos da morte de Jesus.

ESTRELA no véu de Maria é a estrela-guia, que nos conduz como conduziu os reis magos, ao encontro com Jesus. Que nos   guia no mar da vida até o porto da salvação.

OS OLHOS DE MARIA, grandes, voltados sempre para nós, a fim de acolher-nos e ver todas as nossas necessidades.

A BOCA DE MARIA guarda silêncio. Ela que falava pouco, mas comunica muito a partir do seu olhar sereno. Guarda tudo em seu coração.

TÚNICA VERMELHA distinguia as virgens do tempo de Nossa Senhora. Sinal de pureza, mas também da força da fé.

MANTO AZUL, referência das mães daquela época. Maria é a virgem-mãe de Deus.

AS MÃOS DE JESUS apoiadas nas mãos de Maria, significando confiança total.

A MÃO ESQUERDA DE MARIA sustenta Jesus. A mão que apoia, acolhe e protege aqueles que, nos sustos da vida, correm para os braços da Mãe.

A SANDÁLIA DESATADA. Nos desesperos da vida, assustados pelas dificuldades e medos, corremos o risco de perder-nos. Mas resta ainda um fio que nos une à salvação.

O CENTRO DO ÍCONE. Maria, ao mesmo tempo que nos acolhe com seu olhar, com a mão aberta nos indica Jesus Cristo como nosso redentor, nosso Perpétuo Socorro.

O FUNDO todo do quadro é dourado e dele saem reflexos ressaltando as roupas e simbolizando a alegria do céu, para onde caminhamos levados pelo Perpétuo Socorro de Maria.

“Continue a espalhar a devoção ao ícone de Maria… rogai por mim na frente dela… o Senhor te abençoe.” Papa Francisco – 25 de junho de 2015


27 de junho - Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra dele deitada e com febre. Mt 8,14

Pregar e curar: esta é a atividade principal de Jesus na sua vida pública. Com a pregação Ele anuncia o Reino de Deus e com as curas demonstra que está próximo, que o Reino de Deus se encontra no meio de nós. Ao entrar na casa de Simão Pedro, Jesus vê que a sua sogra está de cama com febre; imediatamente lhe pega na mão, cura-a e diz-lhe para se levantar. Ao pôr-do-sol, quando, tendo terminado o sábado, o povo pode sair e levar-lhe os doentes, cura uma multidão de pessoas atormentadas por doenças de todos os gêneros: físicas, psíquicas, espirituais. Tendo vindo à terra para anunciar e realizar a salvação de todo o homem e de todos os homens, Jesus mostra uma particular predileção por quantos estão feridos no corpo e no espírito: os pobres, os pecadores, os possuídos pelo demônio, os doentes, os marginalizados. Assim Ele revela-se médico tanto das almas como dos corpos, bom Samaritano do homem. É o verdadeiro Salvador, Jesus cura, Jesus sara.

Esta realidade da cura dos doentes por parte de Cristo convida-nos a refletir sobre o sentido e o valor da doença. A obra salvífica de Cristo não acaba com a sua pessoa e no espaço da sua vida terrena; ela continua mediante a Igreja, sacramento do amor e da ternura de Deus pelos homens. Ao enviar em missão os seus discípulos, Jesus confere-lhes um duplo mandato: anunciar o Evangelho da salvação e curar os enfermos. Fiel a este ensinamento, a Igreja considerou sempre a assistência aos enfermos uma parte integrante da sua missão. Curar um doente, acolhê-lo, servi-lo, é servir Cristo: o doente é a carne de Cristo.

Papa Francisco – 08 de fevereiro de 2015

Hoje celebramos:

 

 

 


27 de junho - Beata Luisa Teresa de Montaignac

Beata Luisa Teresa de Montaignac
Beata Luisa Teresa de Montaignac
Nascida em Le Havre, na França, no dia 14 de maio de 1820, Luisa Teresa de Montaignac era filha de Raimondo Amato e Anna de Raffin, quinta de seus seis filhos, cresceu numa família profundamente cristã e unida. Criança sensível, deixou-se tocar pela contemplação do presépio no Natal.

“Compreendi este mistério de um Deus criança, pobre, sofredor….”

Educada por sua tia, Madame de Raffin, ela viveu e cresceu, com esta madrinha, mulher de fé e comprometida na sociedade da sua época e que se tornou para ela num modelo.

Jovem entusiasta, apaixonada pela vida do seu tempo, descobriu os escritos de Santa Teresa de Ávila. Ela gostava da oração dos salmos, da contemplação e adoração ao Santíssimo Sacramento. A sua tia deu-lhe a conhecer o voto ao Sagrado Coração, que ela própria pronunciou em 8 de setembro de 1843. Este voto foi para Luísa um ato fundador.

A sua tia apercebeu-se do risco do materialismo nascente, da indiferença religiosa e do crescimento do individualismo que permeia a estrutura familiar. Como resposta, concebeu um projeto, de uma associação de mulheres influentes que, pelo voto ao Sagrado Coração, se comprometiam a espalhar o Amor do Coração de Jesus no seu meio social.

Após a morte de sua tia, Luísa Teresa, renunciou a entrar no Carmelo para assumir plenamente a realização deste ambicioso projeto.

Em 1848, Luisa Teresa foi habitar em Montlucon, onde se lança num incansável apostolado: funda um orfanato; compromete-se na Congregação das Filhas de Maria; organiza a catequese para as crianças pobres e dá retiros para as famílias de operários. Funda a Obra das Igrejas Pobres, estabelece a Adoração Reparadora e constrói desde 1862 a 1864 uma Capela dedicada ao Amor do Coração de Jesus. Cria a Obra dos Samuéis, destinada à formação de meninos, preparando-os para uma possível entrada no Seminário Menor.

Nomeada secretária-geral do Apostolado da Oração em 1875, Luísa Teresa manteve uma correspondência espiritual abundante com muitos membros na França e em todo o mundo.

Afetada por uma tuberculose óssea, tenta aliviar o seu mal com tratamentos nas termas. Durante esses períodos, conheceu mulheres influentes, com quem criou laços de amizade que acabarão por desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento de suas obras, que se espalham muito rapidamente na diocese de Moulins e noutras regiões da França.

Em 1874, nasce a Pia União das Oblatas do Sagrado Coração com as primeiras regras aprovadas pelo Bispo de Moulins. Em 1880, Luisa Teresa é eleita Superiora Geral e continua a redação das Constituições. Verdadeira guia espiritual, soube adaptar a formação das primeiras Oblatas ao estado de vida de cada pessoa e aos seus dons naturais. Manteve uma correspondência abundante e amigável com as suas colaboradoras e abriu rapidamente novas casas em Paris, Montélimar, Lyon e Paray le Monial.

Luísa Teresa vibra com os acontecimentos do mundo, lê os jornais diariamente, permanece atenta à leitura dos sinais dos tempos. Nos seus combates, nunca deixou de confessar o seu amor por Cristo e pela Igreja universal.

Depois de um tempo de grande sofrimento e de união com a Paixão do Senhor, morreu aos 65 anos em 27 de junho de 1885 em Montlu.

Luisa Teresa foi proclamada "Beata" pelo Papa João Paulo II, em Roma, no dia 4 de novembro de 1990, que testemunha na sua homilia:

Ouvir a Palavra de Deus e assistir aos sacramentos, especialmente a Eucaristia, ajuda Luisa Teresa a permanecer um ramo vivo, seguindo o que Jesus nos diz no Evangelho: "Fique em mim e eu em você" (Jo 15,4). "Desde a minha primeira comunhão, sempre permaneci sob ação divina", ela confidencia. Filha da Igreja e mulher na Igreja, ela queria "servir ao Senhor, servir à Igreja, que estão sempre unidos". Animada por um ardente espírito apostólico e apoiada por uma intensa devoção ao Coração de Jesus, ela trabalha em estreita colaboração com seu bispo, com os padres de sua paróquia e com os fiéis leigos. Ela funda os Oblatos que, por sua união com Cristo e por sua união entre eles, são chamados a ser fermento de unidade.


sexta-feira, 26 de junho de 2020

26 de junho - Beatas Maddalena Fontaine, Maria Lanel, Teresa Fantou e Giovanna Gérard

Beatas Maddalena Fontaine, Maria Lanel, Teresa Fantou e Giovanna Gérard
Beatas Maddalena Fontaine, Maria Lanel,
Teresa Fantou e Giovanna Gérard
Na cidade de Arras, por 138 anos, as Filhas da Caridade trabalharam entre os pobres e para os pobres. No momento da Revolução Francesa, havia sete delas e elas se dedicavam à educação gratuita das meninas, à visita aos pobres em suas casas, à assistência aos doentes. Amadas e estimadas por todos, elas nem sentiam o cansaço de sua dedicação, que conhecia tão poucas pausas. Mas também para Arras veio a revolução com suas imposições que não admitiam atitudes contrárias. E para as irmãs o caminho lento para o martírio começou. Presas como antirrevolucionárias, foram presas primeiro em Arras e depois transferidas para Cambrai. 

Havia quatro irmãs:  Irmã Maddalena Fontaine, Irmã Maria Lanel, Irmã Teresa Fantou e Irmã Giovanna Gérard. Ao subirem no carrinho que as levaria ao tribunal revolucionário, os companheiros da prisão as cumprimentaram, acenando com a mão e dizendo: "Adeus! Adeus! Adeus! Amanhã seremos nós!". Mas a Superiora os tranquilizou, afirmando com confiança: "Não, não! Seremos as últimas!". 

Quando os carrascos se aproximaram das vítimas para amarrar suas mãos nas costas, encontraram-nas fechadas em um porão que guardava tenazmente e defendia seu último e único tesouro: a coroa do rosário. Impulsionados por força brutal, eles os pegaram das mãos e os colocaram em volta da cabeça delas. Ornamentadas, como as virgens da Igreja primitiva que durante as perseguições foram ao martírio coroadas com guirlandas compostas de grãos de coral que elas usavam para contar suas orações, as quatro irmãs subiram a escada sinistra da guilhotina, para o sacrifício da vida dada pela fé. Era 26 de junho de 1794. Elas foram beatificadas pelo Papa Bento XV em 13 de junho de 1920, juntamente com 11 irmãs ursulinas de Valenciennes.

Irmã Maddalena Fontaine, nasceu em Etrepagny (França) em 22 de abril de 1723 e entrou na congregação em 9 de julho de 1748.

Irmã Maria Lanel nasceu em Eu (França) em 24 de agosto de 1745 e entrou na congregação em 10 de abril de 1764.

Irmã Teresa Fantou nasceu em Miniac -Morvan (França) em 29 de julho de 1747 e entrou na congregação em 28 de novembro de 1771.

Irmã Giovanna Gérard nasceu em Cumieres (França) em 23 de outubro de 1752 e entrou na congregação em 17 de setembro de 1776.

Sofreram o martírio em testemunho de sua fé cristã durante a Revolução Francesa no período conhecido como "Grande Terror", ou seja, entre setembro de 1793 e agosto de 1794 Nesta conjuntura histórica, Áustria, Prússia, Inglaterra e Espanha atacaram os exércitos revolucionários franceses e, consequentemente, a política de cristianização alcançou seu auge: todo culto público e privado era proibido, enquanto padres e freiras acusados ​​de serem "inimigos do estado”, foram julgados e condenados à morte.
A pequena comunidade vicentina de Arras era composta por sete freiras e o trabalho das Irmãs se tornou arriscado a partir de 1793, quando Giuseppe Lebon, um conhecido padre apóstata, confiscou os bens da comunidade e colocou um leigo no comando da escola. As freiras poderiam continuar curando os doentes por algum tempo, mas usando roupas civis. Supondo que o pior ainda estava por acontecer, a madre Maria Maddalena Fontaine, de 71 anos, achou melhor fazer com que as duas freiras mais jovens, disfarçadas de camponesas, fugissem para a Bélgica. Outra conseguiu alcançar sua família.

Assim, a superiora permaneceu com as três irmãs restantes: Maria Francesca Lanel, Teresa Maddalena Fantou e Giovanna Gerard. Recusando-se a prestar juramento de liberdade e igualdade, prescrito pelos revolucionários ao clero e aos religiosos, todos os quatro foram presas em 14 de fevereiro de 1974.
As quatro freiras, que subiram ao patíbulo coroadas por um rosário, não hesitaram em cantar a Ave Maris Stella e a irmã Maddalena, a última a ser guilhotinada, dirigiu um breve discurso à multidão que se mostrou profético: “Escute, cristãos! Seremos as últimas vítimas, a perseguição está prestes a terminar, a guilhotina será destruída e os altares de Jesus serão reconstruídos em toda a sua glória ".

A França estava de fato cansada de perseguições e Robespierre, o arquiteto de "Terror", foi guilhotinado em julho seguinte. Giuseppe Lebon também sofreu o mesmo destino algumas semanas depois.


26 de junho - Eis que um leproso se aproximou e se ajoelhou diante dele, dizendo: 'Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar.' Mt 8,2

Duas orações surgem do trecho do Evangelho de hoje, o qual narra como Jesus cura um leproso. "Se queres tens o poder de curar-me", diz o leproso a Jesus, e Jesus o cura.

“Se queres" é a oração que chama a atenção de Deus. É um desafio, mas também um ato de fé. Eu sei que Ele pode e, por isso, me entrego a Ele.

Por que este homem sentiu a necessidade de fazer esta oração? Porque via como Jesus agia. Este homem tinha visto a compaixão de Jesus.

A compaixão de Jesus não é tristeza. A compaixão envolve, vem do coração e o leva a possuir algo. Compaixão é ‘sentir com’, tomar o sofrimento do outro sobre si para resolvê-lo, para curá-lo. E esta foi a missão de Jesus. Jesus não veio para pregar a lei e depois ir embora. Jesus veio ‘com compaixão’, isto é, para sentir com e por nós e a dar a própria vida. O amor de Jesus é tão grande que a compaixão o levou à cruz, para dar a vida.

Jesus é capaz de se envolver nas dores, nos problemas dos outros porque veio para isso, não para lavar suas mãos e fazer três ou quatro sermões e ir embora.

A partir das palavras do leproso, temos essas orações: “Senhor, se queres, tens o poder de curar-me, tens o poder de perdoar-me; se queres, podes me ajudar”. Ou também: “Senhor, sou pecador, tens piedade de mim, tens compaixão".

São orações simples que podem ser ditas várias vezes por dia. ‘Senhor eu te peço: tens piedade de mim’. Várias vezes ao dia, no coração, interiormente, sem dizê-lo em voz alta: ‘Senhor, se queres, tens o poder; se queres, tens o poder. Tens compaixão’.

Trata-se de uma oração milagrosa, e assim demonstrou o leproso do Evangelho, a quem Jesus olha com compaixão, sem ter vergonha de sua doença ou de seus pecados. Ele não sente vergonha de nós.

Ele veio justamente por nós pecadores e quanto mais pecador você for, mais próximo o Senhor estará de você, porque Ele veio por você, por mim, pelo maior dos pecadores, por todos nós.

Papa Francisco – 16 de janeiro de 2020

Hoje celebramos:




quinta-feira, 25 de junho de 2020

25 de junho - Santos Domingos Henares e Francisco Do Hien Chiéu

São  Francisco Do Hien Chiéu
São  Francisco Do Hien Chiéu
São Domingos Henares bispo missionário dominicano e seu catequista Francisco Do Hien Chiéu fazem parte do glorioso grupo de 64 mártires vietnamitas e chineses beatificados por Leão XIII em 07 de maio de1900 e do grupo de 117 mártires canonizados pelo Papa São João Paulo II em 19 de junho de 1988.

Domingos nasceu em Baena, na diocese de Córdoba (Espanha), em 19 de dezembro de 1765, de pais pobres. Ainda jovem, o Senhor o chamou para servi-lo na Ordem dos Frades Pregadores, da qual vestiu o hábito no convento de Santa Croce, em Granada em 1783. Sentindo o desejo de consagrar sua vida às missões, assim que fez sua profissão religiosa, tornou-se afiliado à província dominicana das Filipinas, à qual foi confiada a evangelização do leste de Tonkin (Vietnã). Depois de se preparar para o apostolado no famoso convento de Ocana, Domingos partiu de Cádiz em 1785 com outros confrades, incluindo Santo Ignazio Delgado y Cebriàn, e chegou às Filipinas em 9 de julho de 1786, após uma longa e árdua jornada. Em Manila, enquanto frequentava cursos de teologia, foi encarregado de ensinar cartas na faculdade de São Tomé. Logo após a ordenação sacerdotal (1789), ele foi enviado como missionário apostólico ao leste de Tonkin. Assim, partiu para Macau, onde, no início de 1790, juntou-se ao Padre Delgado e a outros dois padres, todos viajando no mesmo Vicariato Apostólico.
Como o santo conhecia a língua vietnamita, assim que desembarcou em Tonkin, pôde iniciar o ministério pastoral. Os superiores da missão foram rápidos em apreciar a piedade, prudência, pureza de vida e paciência singular dele. De fato, ele foi encarregado da direção do seminário erigido em Tién-Chu para a preparação dos padres nativos. No delicado ofício, ele teve que dar uma excelente prova quando o capítulo de 1798 o nomeou vigário provincial e, no ano seguinte, vigário geral de Monsenhor Delgado, eleito vigário apostólico de Tonkin Oriental após a morte de Monsenhor Feliciano Alonso. O Papa Pio VII em 1800 o nomeou bispo de Fez e coadjutor de Dom Delgado.

Monsenhor Henares foi ordenado bispo em Phunhay em 1803, mas a nova dignidade não o induziu a mudar seu humilde tipo de vida. Pelo contrário, a partir daquele dia, sentiu-se energizado por um fervoroso zelo pelas almas e por um desejo mais vivo de martírio. 

Um dia, chegaram da Espanha notícias de que uma sobrinha havia nascido. Então ele compôs a seguinte oração e a enviou a seu irmão para ensiná-la à menininha assim que ela foi capaz de falar:

"Meu Jesus mais doce, pai da minha alma e coração, por sua santa paixão, pelos méritos e pela intercessão da Virgem Maria, sua Santíssima Mãe, peço-lhe que olhe com olhos misericordiosos e liberte o bispo Frei Domingos, meu tio, de todo o mal. Conceda a ele seu amor divino, para que, a partir dele, todas as suas obras sejam ao seu serviço e, se for para sua maior honra e glória, conceda a ele a graça de derramar seu sangue e dar a vida por sua causa, em testemunho de sua fé. Amém".

Todos os anos, o pastor zeloso visitava todas as comunidades de seu vicariato para administrar os santos sacramentos e confirmar na fé os batizados e ensiná-los para se libertarem das superstições. A evangelização da Indochina (Tonkin e Cocincina), hoje Vietnã, iniciada no século XVI por alguns franciscanos, teve seu organizador no Padre Jesuíta Alessandro de Rhodes (1660). Houve perseguições, mas, em 1653, cerca de 300.000 vietnamitas já haviam aderido a fé católica. 

De 1820 a 1840, o rei inteligente, porém cruel e xenófobo, Minh-Manh procurou extinguir a fé em seu reino. No começo, ele foi contido pelo vice-rei, o velho Thuong-Cong, favorável aos cristãos, mas após sua morte, ocorrida em 1833, o rei deu ordens para que os novos missionários fossem expulsos,
Em 1836, os portos foram fechados para os europeus e os padres foram sistematicamente caçados. Milhares de cristãos morreram, embora poucos tenham conseguido reunir informações seguras o suficiente para introduzir seu processo de beatificação. Entre as vítimas mais ilustres estão Dom Ignazio Delgado y Cebriàn e seu coadjutor, São Domingos Henares que trabalhavam nas missões há quase cinquenta anos. A perseguição voltou a ser mais violenta em 1838, motivo pelo qual os dois prelados foram forçados a se esconder para escapar da caçada feita pelos soldados. Em 29 de maio, Dom Delgado foi preso em Kién-Lao. O arcebispo Henares, que estava com ele, conseguiu escapar, refugiando-se na casa de uma cristã. A piedosa senhora o escondeu atrás de uma treliça de junco, usada para criar bichos-da-seda. Assim que os soldados se retiraram, a fim de não expor sua salvadora à perseguição dos perseguidores, no meio da noite, ele, incapaz de andar por causa de sua idade e das tensões dolorosas, foi carregado em uma maca para uma vila cristã próxima de Dàt-Vuot, seguido por seu inseparável catequista São Francisco Chiéu, a quem ensinou latim e teologia no seminário de Tién-Chu. 

Na época da perseguição, ele não queria se separar do bispo fugitivo e procurado pelos soldados como se fosse um bandido. Francisco conseguiu chegar a Xuong-Dién, à beira-mar, com Monsenhor Henares, na esperança de poder se mudar com ele para outra província. Vendo-se cercados, eles alugaram um barco, mas, devido ao vento contrário, não puderam partir. O prefeito da vila, fingindo ser amigo, instou os cristãos da praia a fazerem um sinal de retorno à terra, porque pretendia oferecer hospitalidade a eles. Os dois missionários estavam alojados na casa de um pescador chamado Nghiém, mas em 9 de junho de 1838 o prefeito da vila os denunciou ao mandarim e eles foram presos pelos soldados.
Os soldados trancaram o bispo em uma gaiola de bambu e colocaram uma pesada canga no pescoço do catequista e do dono da cabana onde os missionários haviam se refugiado. Eles foram levados para Nam-Dinh, capital da província. Em frente ao portão da cidade, Francisco, que caminhava à frente da procissão a pé, viu com horror que cruzes haviam sido dispostas no chão para serem pisoteadas pelos viajantes. Ele acelerou o passo, pegou as cruzes, apertou-as contra o peito e não deixou ninguém as arrancar das suas mãos, apesar dos espancamentos dos soldados, até que passou pela gaiola que carregava o Bispo Henares. Os mandarins, furiosos com esse gesto, o prenderam em um local separado da prisão onde prenderam o bispo.
O julgamento foi instruído na mesma noite pelos magistrados da cidade. Na presença deles, o Bispo Henares fez uma profissão pública de fé. Com suas perguntas sutis, eles foram incapazes de obter qualquer indiscrição sobre seus confrades, e então resolveram convocar simultaneamente os missionários que já haviam conseguido prender. A alegria dos confessores por se encontrarem novamente foi grande, mas curta demais. O vigário apostólico, dom Delgado, e seu coadjutor, dom Henares, através dos orifícios de suas gaiolas tiveram a oportunidade de trocar suas confissões em espanhol e animar-se ao martírio. Eles se separaram com a certeza de que logo se veriam novamente no céu. 

O infeliz Nghiém, aterrorizado pelas ameaças de tormentos, negou a fé pisando e amaldiçoando a cruz. 

Francisco também foi convidado, em deferência ao rei, a esse gesto sacrílego, mas respondeu: "Deus é o verdadeiro soberano, o princípio de todas as coisas e deve ser verdadeiramente adorado; nunca vilificarei a cruz". Em represália, antes de mandá-lo de volta para a prisão, os juízes raivosos o açoitaram. Enquanto aguardavam a sentença real, fizeram outras tentativas de salvar seu compatriota da morte, mas Francisco explicou-lhes as principais verdades da fé e concluiu seu sermão dizendo: "O governador permitiria que um filho andasse sobre o corpo de seu pai caído no chão. E será lícito andar na imagem do Senhor do céu e da terra que o mundo inteiro deve amar e adorar? No entanto, o governador gostaria que eu pisasse na cruz!
Cegos pela fúria, os magistrados entregaram-no aos soldados para flagelá-lo novamente. Eles o espancaram com tanta violência que arrancaram pedaços de sua carne. Por ele insistir em não pisar na cruz, eles até o sentaram em uma mesa cheia de pregos. Os dois missionários foram condenados à decapitação por serem professores de uma religião falsa. Assim que souberam, mostraram-se permeados por tanta alegria que despertaram admiração nos próprios pagãos. Os soldados os levaram ao local da execução capital entre duas alas densas do povo, carregando sentenças de morte em um cartaz. O Bispo Henares lia um livreto de oração, de vez em quando consolava os cristãos que vinham prestar-lhe o maior tributo de afeto. Francisco, embora sobrecarregado com a canga e cheio de dor, dizia àqueles a quem viu em lágrimas: "Por que estão chorando? Hoje, mestre e discípulo, entraremos juntos na verdadeira pátria; voltem para suas casas à vontade". 

Os mandarins forçaram três soldados cristãos a estarem presentes naquela cena feroz devido à curiosidade na apostasia, mas o bispo, assim que os viu, disse-lhes: “Meus filhos, aguentem seus sofrimentos por um longo tempo ainda forte e vocês conquistarão o reino dos céus."

Os três bravos atletas responderam a uma voz: "Pai, quando você entrar nesse reino abençoado, lembre-se de orar por nós."

Quando chegaram ao local do martírio, Francisco se ajoelhou para recomendar sua alma a Deus, e o carrasco cortou-lhe a cabeça com um terceiro golpe sob os olhos do bispo. O mesmo fim foi reservado imediatamente depois para ele, que todos chamavam de pai dos pobres. Não tendo grande riqueza, para ajudá-los, ele consertava as roupas com as próprias mãos, diminuindo as horas de sono.

Assim que os dois mártires foram decapitados, os fiéis e os pagãos correram sobre seus corpos para encharcar seu sangue com fraldas e roubar pedaços de suas vestes. Os mandarins, cheios de confusão sobre esses testemunhos de veneração, ordenaram que os executados fossem imediatamente enterrados e impuseram severas sanções àqueles que, em casos semelhantes, fossem pegos recolhendo sangue dos mártires. O corpo do Bispo Henares ficou exposto em uma cesta por sete dias ao longo da estrada que levava à cidade vizinha, depois foi jogado no rio Vi-Hoàng, amarrado a grandes pedras para que não fosse encontrado. A providência, no entanto, quiz que acabasse na rede de um pescador cristão.

Os restos mortais dos dois mártires são preservados, com os de nove outros, vítimas do rei Minh-Manh, na cidade de Bùi-Chu.