sexta-feira, 31 de julho de 2015

Pensamentos de Santo Inácio de Loyola


Tudo para a maior glória de Deus!"

"A humildade consiste em alegrar-nos com tudo o que nos leva a reconhecer o nosso nada."

"Não há nada mais apropriado para produzir e conservar o amor a Deus do que a árvore da cruz."

"Muito mais depressa nos cansamos em receber os dons de Deus do que ele em no-los dar."

"Conselho ou aviso, sempre é melhor recebê-los com humildade do que dá-los sem ela."

"Devo sempre procurar o que é para a maior glória de Deus e para o bem universal. Devo sempre procurar a presença de Nosso Senhor em todas as coisas, no conversar com os outros, no caminhar, no degustar, no escutar... porque, verdadeiramente, sua majestade está em todas as coisas por presença, poder e essência."

“Não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas o sentir e saborear internamente as coisas”











Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola

O que são os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola?

“Entende-se, por Exercícios Espirituais, qualquer modo de examinar a consciência, meditar, contemplar, orar vocal ou mentalmente e outras atividades espirituais” (Inácio de Loyola).
Trata-se, pois, de uma metodologia de desenvolvimento espiritual, proposta por Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus.
A sua primeira redação, pelo próprio Inácio, se deu no ano de 1522, refletindo sua experiência espiritual. Mais tarde, foi enriquecida com sua experiência apostólica e sua formação intelectual (Paris, 1528-1535 e Veneza, 1536-1537).
           
Para que servem os Exercícios Espirituais?
Sua finalidade pode ser resumida em três grandes metas:
- ser uma “escola de oração”, promovendo uma profunda união com Deus;
- desenvolver as condições humanas e espirituais para que o exercitante possa tomar uma decisão importante na sua vida;
- ser uma ajuda para a pessoa alcançar a liberdade de espírito, através da consciência do significado de sua existência, discernindo o que mais a conduz para a vida em plenitude.

Como praticar os Exercícios Espirituais?
Eles podem ser praticados na modalidade de um “RETIRO ESPIRITUAL”. Ou seja, afastando-se do seu local de vida e de atividades cotidianas, “retira-se” para um lugar mais propício à meditação. Para este fim, a Companhia de Jesus e outras congregações religiosas dispõem de casas de retiro espiritual.
Outra modalidade para a prática dos Exercícios Espirituais é: “EXERCÍCIOS NA VIDA COTIDIANA”. Neste caso, sem se afastar de seus afazeres diários e se retirar a um lugar isolado, você poderá fazer os exercícios no dia-a-dia de sua vida.

Conheça um pouco da vida de Santa Inácio de Loyola

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Santos Luís Martin e Zélia Guérin - Pais de Santa Teresinha do Menino Jesus

Luís Martin e Zélia Guérin foram declarados bem-aventurados em 19 de outubro de 2008. Não foram beatificados por serem os pais de Santa Teresinha, mas porque se empenharam totalmente em fazer a vontade de Deus em qualquer situação de suas vidas.
Luís e Zélia, com suas vidas, nos ensinam que a santidade é caminho para a esposa, o marido, os filhos, os colegas de trabalho e para a sexualidade. 
O santo não é um super-homem, mas um homem verdadeiro.

Se tanto amamos Teresinha de Lisieux, se tanto nos encanta sua santidade, devemos dizer que ela é fruto de seus pais, um casal que vivia o amor de Deus tanto na alegria como nas tristezas. As muitas cartas deixadas por Zélia dão testemunho deste colocar-se inteiramente nas mãos de Deus.

«Eu amo loucamente as crianças e nasci para ter filhos», dizia Zélia. Mas, contraditoriamente, esse lar não era para existir. Aos 20 anos Luís esteve na Suíça para aprender o ofício de relojoeiro. Dirigiu-se ao Eremitério de São Bernardo, dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, querendo ser monge. O Prior foi direto: «Não conhece latim, nada de postulantado no Mosteiro». Luís retorna a Alençon e se dedica à oficina de conserto de relógios.

Já Zélia Guérin desejava ser admitida entre as Irmãs de São Vicente de Paulo, em Alençon. A Superiora não vê nela sinal se vocação. Decide-se então a aprender artes domésticas de bordados e confecções, abrindo pequeno negócio em Alençon e indo de casa em casa à procura de fregueses.

Luís vive ardente espiritualidade alimentada no seio das Conferências de São Vicente de Paulo, onde pôde se inserir no trabalho social e cristão. Sua mãe, preocupada com sua condição de celibatário, lhe comenta a respeito da jovem Zélia Guérin, jovem de face diáfana e de sorriso doce e misterioso.
Os dois se encontram e meses depois se casam, em 13 de julho de 1858. Zélia está com 27 anos e inicia com Luís um amor sólido e durável, apesar da doença e da morte. O vigário de Alençon estranhou que o casal não tivesse filhos e eles explicaram que viviam um matrimônio como Maria e José, como dois irmãos. O padre repreendeu-os, dizendo que deveriam viver como casal e terem filhos. Fiéis ao conselho, entre 1860 e 1873 nascem nove filhos, dos quais quatro morrem pouco depois do nascimento: Helena, José, João Batista e Melânia Teresa.

Um lar feliz e santo
Constituíam um casal típico da pequena burguesia francesa do século XIX. Levam uma vida ordinária, é verdade, mas Deus ocupa um lugar especial em sua vida pessoal e comunitária.
Diariamente freqüentam a Missa das 5:30h: Deus antes de tudo. A filha Celina escreveu, mais tarde: “Quando papai comungava, ele permanecia em silêncio na volta para casa”. “Continuo a conversar com Nosso Senhor”, dizia. No meio das tristezas pela perda dos filhos, “tudo aceitamos na serenidade e no abandono à vontade de Deus”.
Oração em família duas vezes ao dia, ao toque do Ângelus ao meio-dia e às 18h. Natal, Quaresma, Páscoa, os meses marianos de maio e outubro, o 15 de agosto ocupam um lugar central em sua vida, tocando profundamente suas filhas.

Essa espiritualidade conjugal e familiar não os isolou dos outros, pelo contrário, reforçou sua atenção a todos, domésticas, conhecidos, vizinhos.

Sobreviveram cinco filhas, que ingressaram no convento: Maria, Paulina, Leônia, Celina e Teresa. Talvez o casal não seria lembrado se não fosse a caçulinha, a grande Santa Teresinha, morta aos 24 anos no Carmelo de Lisieux.

Foram apenas 19 anos de vida em comum cujos frutos ultrapassaram a existência terrena. Uma palavra-chave expressa esse amor: a unidade, unidade que edificou sua vida espiritual, familiar e social. Num tempo em que nós fragmentamos a vida, vivemos divididos, eles cimentaram sua existência numa unidade invencível e contagiante.

A casa dos Martin era casa de caridade. Luís recolhe um epiléptico na rua e cuida de assisti-lo. Não hesita em convidar à mesa os mendigos encontrados na rua. Visita os anciãos. Ensina às filhas a honrar o pobre e a tratá-lo como um igual. Teresa será a mais sensibilizada por esse exemplo. Podemos afirmar que a doutrina da “pequena via” que fez de Teresinha Doutora da Igreja nasce da santidade e do exemplo da vida de Luís e Zélia.
Em seus escritos Santa Teresinha mais vezes dirá: “O bom Deus deu-me um pai e uma mãe mais dignos do Céu que da terra”.

Não era uma família triste. O “pequeno convento” não era uma prisão austera, mas um lar feliz. Um lar cristão com o amor entre os esposos, deles pelas filhas, entre as irmãs, uma unidade sensível. Ambiente sadio, brincadeiras, jogos, festas, passeios em família. O amor era verdadeiro. Um amor, como definiu Teresinha “onde se dá tudo e se dá a si mesmo”.

Luís e Zélia não desejavam que suas filhas fossem religiosas, mas santas. O desejo de santidade que ali se vivia impregnava toda a vida familiar. A santidade se manifesta nas etapas vividas pelo casal, etapas tão semelhantes às de um casal atual: casamento tardio, trabalho, dupla jornada de Zélia entre a casa e a loja, ambos assumem a educação das filhas.

Foram consumidos por doenças contemporâneas: o câncer de Zélia e a doença neuropsiquiátrica de Luís. Atravessam a guerra de 1870 entre França e Alemanha, as crises econômicas, o drama da morte de Zélia em 1877: sozinho, Luís deve criar e educar suas cinco filhinhas Maria, Paulina, Leônia, Celina e Teresa.

A Paixão de Luís e Zélia
Luís e Zélia vivem a Paixão, cada um a seu modo. Em dezembro de 1864 Zélia descobre um câncer impossível de ser operado, que não lhe oferece nenhuma chance de cura. Zélia aceita a morte com coragem heróica, trabalhando até véspera, a cada manhã participando da Missa. Sua força era a existência das cinco filhas. Em agosto de 1877 seus seios são amputados. Preocupa-se sobretudo por Leônia, meio doentinha. Carrega a cruz por 12 anos, até a morte aos 46 anos, em 28 de agosto de 1877. Luís sente-se anulado, o pânico toma conta da família.

A Paixão de Luís é de outra ordem. A partir de novembro de 1877 passa a residir em Lisieux e sucessivamente entrega todas as filhas a Deus: Paulina (1882), Maria (1886), Leônia (1899) e, enfim, sua “pequena rainha” Teresa (1888) e depois Celina (1894).

Sua saúde decai cada vez mais e necessita de hospitalização em Caen. Hoje diríamos num Hospital Psiquiátrico, mas em 1889 se dizia “asilo de loucos”. O venerável pai está agora misturado a 500 doentes. O homem estimado e respeitado é apenas um ser decadente. “Ele bebeu a mais humilhante de todas as taças”, escreveu Teresinha. Os médicos diagnosticaram arteriosclerose cerebral, com insuficiência renal. O lar dos Martin está disperso: três filhas são carmelitas. Não curado, Luís é devolvido ao lar e assistido noite e dia pela filha Celina. É como uma criança, continuamente necessitado de assistência.

Em 1888 Luís tinha oferecido um altar à catedral de São Pedro, sua paróquia. Teresinha comenta: “Papai ofereceu a Deus um Altar. Ele foi a vítima escolhida para ali ser imolado com o Cordeiro sem mácula”. Deus o chamou à eternidade em 29 de julho de 1894.

Relendo sua vida familiar à luz do Amor Misericordioso, em 1896, Teresinha relembra a entrada no Carmelo nos braços de “seu Rei” e nunca imaginaria que poucos dias após a tomada do hábito seu querido pai “deveria beber a mais amarga, a mais humilhante de todas as taças”. “Os três anos de martírio de Papai me parecem os mais amáveis, os mais frutuosos de toda a nossa vida. Eu não os trocaria por nada, por nenhum êxtase ou revelação este tesouro que deve provocar uma santa inveja nos Anjos de Corte Celeste”.
Pouco antes da doença, Luís escreveu às três filhas carmelitas: “Devo dizer-vos, minhas queridas filhas, que sou obrigado a agradecer e fazer-vos agradecer ao bom Deus, porque eu sinto que nossa família, apesar de tão humilde, tem a honra de ser privilegiada por nosso adorável Criador”.

É verdade que Deus cumulou de bênçãos e graças o lar de Luís e Zélia. É mais verdade, porém, que ambos abriram suas vidas ao dom de Deus, dele fazendo participar intensamente suas filhas.


Na Igreja eles são celebrados separadamente: Luís no dia 29 de julho e Zélia no dia 28 de agosto.
O Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, anunciou que os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus, Louis e Zelie Martin, serão canonizados em outubro deste ano, mês em que acontecerá o Sínodo da Família no Vaticano.

Hoje também celebramos os amigos de Jesus: Santos Lázaro, Marta e Maria de Betânia

terça-feira, 28 de julho de 2015

Santa Afonsa da Imaculada Conceição

12 de outubro de 2008 - uma época em que os cristãos sofrem uma dura perseguição na Índia, e em tantos outros países ao redor do mundo, Ana Muttathupadathu, religiosa da Congregação das Clarissas da Terceira Ordem de São Francisco tornava-se naquele dia a primeira Santa indiana canonizada pela Santa Igreja.  

Ana nasceu em Kudamaloor, arquidiocese de Changanacherry (Estado de Kerala), Índia, em 19 de agosto de 1910. Seu batismo foi feito no rito católico sirio-malabar.

Annakutty (diminutivo de Ana) era a última de cinco filhos de Ouseph e Mariam Muttathupadathu, em uma família católica de origem nobre. Tendo ficado órfã de mãe aos três meses de idade, foi criada por uma tia materna. Foi a avó materna, entretanto, que a fez descobrir a fé e o amor pela oração já em tenra idade: aos 5 anos guiava a oração noturna, costume do rito oriental ao qual a família pertencia.
 
Aos sete anos Annakutty recebeu a Primeira Comunhão e comentava com as amigas: "Sabem por que estou tão feliz hoje? É porque tenho Jesus no coração".
Sua adolescência foi marcada por graves e difíceis doenças, e pela insistência da tia à qual tinha sido confiada. Mulher muito autoritária, a tia queria que ela casasse aos 13 anos com um tabelião. Na Índia são muito comuns os casamentos programados por familiares sem que os noivos participem da decisão.
Porém seu coração já estava entregue a Deus, queria tornar-se religiosa. Após ter lido a “História de uma Alma”, Ana se orientava com firmeza a dedicar sua vida por inteiro a Jesus Cristo, a exemplo de Santa Teresinha de Lisieux.

Ao concluir que se tornando parcialmente desfigurada nenhum homem se interessaria por ela, Ana chegou a colocar o pé sobre brasas incandescentes queimando-se gravemente. Resultado: sua tia desistiu de casá-la.

O encontro com o Pe. James Muricken mudou a sua vida. Ele introduziu-a na espiritualidade franciscana e ajudou-a a ingressar no noviciado das Clarissas Franciscanas de Bharananganam, em maio de 1927. De saúde delicada, perseverou em sua vocação e após muitas dificuldades pode emitir sua profissão perpétua em 2 de agosto de 1936, tomando por nome religioso Afonsa da Imaculada Conceição, uma homenagem a Santo Afonso de Ligório, cuja festa era comemorada naquele dia.
Um dos maiores sofrimentos enfrentados por Irmã Afonsa foi o desejo de suas superioras de que ela voltasse para casa, pois sua delicada saúde era considerada um obstáculo para a vida religiosa, mas esse problema foi superado pela intercessão divina.

A despeito de suas limitações físicas, Irmã Afonsa deixou escrito: "Para cada pequena falta pedirei perdão ao Senhor e a expiarei com uma penitência; sejam quais forem os meus sofrimentos, não me lamentarei jamais, e quando tiver de enfrentar qualquer humilhação procurarei refúgio no Sagrado Coração de Jesus".
Durante um ano ensinou em Vakakkadu, porém a tuberculose que padecia há anos a impediu continuar ensinando. Consciente da situação manteve-se muito reservada e caridosa com todos, procurando não pesar à comunidade; sofria em silêncio tanto as hostilidades que não faltaram, como as doenças, que os exames feitos não especificavam quais eram.  

Irmã Afonsa havia escolhido como caminho para sua santificação a pequena via de Santa Teresinha do Menino Jesus.
Em 1945 a doença se agravou violenta e incontrolável: um tumor estendido por todo o organismo transformou seu último ano de vida em uma contínua agonia. Em meio aos seus sofrimentos, ela dizia: "Eu sinto que o Senhor me destinou para ser uma vítima, um holocausto de sofrimento... O dia em que não tenho sofrimento é um dia perdido para mim". Santa Afonsa considerava toda sua vida como um holocausto a Deus; oferecia cada sofrimento ao Sagrado Coração de Jesus.

Concluiu sua vida entre grandes dores, vividas com grande resignação, e, encomendando serenamente sua alma a Deus, pronunciou os nomes de Jesus, Maria e José. Era o dia 28 de julho de 1946, Irmã Afonsa tinha apenas 35 anos.
Um médico pagão, depois de haver visitado Irmã Afonsa, manifestou a um amigo sua grande admiração e assombro pela serenidade e alegria com que a religiosa suportava os grandes sofrimentos causados pelo tumor espalhado por todo seu corpo.

 A explicação desta atitude alegre diante da dor no-la dá uma companheira sua: “Sacrifício, amor de Deus e do próximo, são estes os elementos que devem santificar a vida; e esta é a mensagem que Irmã Afonsa lança ao mundo moderno, à Igreja e à pátria”.

Sua curta vida de religiosa Clarissa deixou a lembrança de uma existência santa; a fama de sua santidade se espalhou de um modo impressionante após sua morte. Todos os anos numerosas peregrinações, não só de católicos, dirigem-se à sua sepultura em Bharananganam, perto de Kottayam, para rezar e pedir graças, atraídos pela pureza de sua jovem vida de tanto sofrimento e seu poder de cura.

Mons. Sebastião Valloppilly, Bispo de Tellicherry (Índia), que conheceu muito bem a Santa, percebeu o valor incalculável e atual da mensagem da Irmã Afonsa para o mundo de hoje: a dor não é um mal, as provações e dificuldades da vida, aceitas e sofridas com alegria por amor de Deus, obtêm méritos, e, para adquiri-los, não é necessário realizar ações extraordinárias que chamem a atenção: as cruzes diárias, abraçadas com alegria por amor de Deus, exaltam a vida cristã e nos permitem adquirir grandes méritos.
Irmã Afonsa, durante sua breve vida, não fez grandes e extraordinárias ações do ponto de vista humano, porém sua mensagem é facilmente perceptível na Índia: ela imprimiu a este ensinamento a luz sobrenatural do Evangelho.

Em 1955, o bispo de Palai iniciou o processo diocesano para sua beatificação.
Beatificada em 8 de fevereiro de 1986 por João Paulo II na Índia, em Kottayam, foi canonizada por Bento XVI em 12 de outubro de 2008. No momento da canonização, ocorrida no Vaticano, numerosos católicos reuniram-se junto a seu túmulo em Bharananganam.

Hoje também celebramos Santos Nazário e Celso.

 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

São Charbel Makhluf


São Charbel Makhluf foi um eremita libanês do século XIX beatificado em 1965 e canonizado no ano de 1977, pelo Papa Paulo VI. O nome Charbel, de origem sírio-libanesa, significa “a história de Deus". Mesmo levando uma vida escondida, este santo monge ficou famoso por seu corpo incorrupto e por seus milagres extraordinários. Pouco depois de sua morte, em 1898, se cumpriria a profecia de seu superior, que, ao assinar a sua breve ata de sepultamento, previu que mais se escreveria a respeito dele depois de morto do que vivo.
De fato, sepultado em uma vala comum, como todos os maronitas, de seu túmulo começaram a sair luzes extraordinárias, que impressionaram quem vivia próximo ao cemitério. Aberta a sua cova, todos ficaram maravilhados com o seu corpo, que não só ficara intacto, como começava a transpirar sangue e água – à semelhança de Nosso Senhor, de cujo lado aberto na Cruz também jorraram sangue e água. Por 70 anos, o túmulo de São Charbel ficou completamente encharcado, exalando um odor muito agradável e confirmando a sua santidade.


Que um cadáver se conserve não é um fenômeno único, porém que os restos mortais se conservem flexíveis, tenros, manejáveis, transpirando incessantemente, é um caso extraordinário e único no gênero. Este foi o caso de nosso Santo, cujo corpo se conservou e transpirou até o dia de sua Beatificação que se realizou no dia 5 de dezembro de 1965, no encerramento do Concilio Ecumênico Vaticano II. Podemos até dizer que seu corpo não conheceu a corrupção: depois de 1965, ele se decompôs simplesmente, e jamais se percebeu o odor que emana normalmente dos cadáveres ao abrir seus túmulos. Era ao contrário um odor agradável. Abriu-se o túmulo no dia 3 de fevereiro de 1976 e seu corpo está já decomposto, sobrando o esqueleto. No entanto os ossos conservam uma certa frescura e uma cor rosada (cor de vinho).
Nascido Youssef Antoun Makhlouf, em 1828, São Charbel era o quinto de seus irmãos. Órfão desde criança – o pai morreu servindo aos soldados otomanos –, o pequeno José foi criado por um tio. Mandado para o campo, para cuidar do rebanho da família, o menino passava o tempo em uma gruta, na qual se recolhia para rezar. O lugar, chamado ironicamente por seus colegas de “a gruta do santo", acabou por cumprir profeticamente o seu destino. Com 23 anos, José enfrenta a resistência da família – de sua mãe, que lhe era muito apegada, e de seu tio, que necessitava de braços para o campo – e sai escondido de casa, decidido e disposto a fazer-se monge.
No mosteiro, em seu primeiro ano de noviciado, o rapaz vê-se em uma situação difícil. À época, o Líbano trabalhava arduamente na exportação de seda e os monges do lugar em que ele estava tinham muito contato com os camponeses da região, pois os ajudavam na produção da fibra. Trabalhando em sua ocupação, o irmão Charbel atrai o olhar de uma moça, que o tenta seduzir, jogando nele alguns bichos-da-seda. Ignorando a jovem, ele se retira dali e, na mesma noite, foge do mosteiro, que estava sendo ocasião de perigo para a sua alma.
Já no mosteiro de São Maron de Annaya, o irmão Charbel começa o seu segundo ano de noviciado, quando sua mãe, Brígida, decide visitá-lo. Em uma atitude que pode parecer dura, Charbel escolhe não ver sua mãe, limitando-se a conversar com ela atrás da porta. Instado para mostrar-lhe o rosto, ele responde, resolutamente: “Nós nos veremos no Céu". Para entender o ato de São Charbel, é preciso lembrar a sua opção radical pela vida monástica reclusa. Ele estava convencido de que um monge que mantinha contato com seus parentes depois da profissão de seus votos deveria recomeçar o noviciado.
De fato, o desapego dos pais e a promessa de recompensa de Charbel à sua mãe - “Nós nos veremos no Céu" - são realidades que ecoam do próprio Evangelho: “Quem ama pai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim"; “Todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna".
Na vida em comunidade, Charbel tornou-se um notável modelo de submissão e abnegação da própria vontade. Quando o superior pedia a seus confrades uma obediência severa, os seus companheiros retrucavam, jocosamente: “Pensa o senhor, por acaso, que sou o irmão Charbel?"
Por decisão do superior e de seus confrades, foi admitido às sagradas Ordens e, após cumprir os estudos, recebeu a ordenação presbiteral em 1859.
Começa, então, um novo capítulo de sua vida: o agora padre Charbel que se preparava com piedade, devoção e muito zelo para a celebração da Santa Missa. Ele, que era um homem extremamente despojado, tinha peças de vestuário e sapatos que usava especificamente para encontrar com Nosso Senhor no culto eucarístico. “Charbel celebrava o Santo Sacrifício com a máxima dignidade e com uma fé tão viva, que, com frequência, durante a Consagração, as lágrimas corriam-lhe dos olhos escuros e profundos, os quais eram como duas janelas abertas para o Céu. E, na contemplação, ficava de tal modo absorto que não prestava atenção alguma a eventuais ruídos ou rumores".
Certa vez, durante a sagrada liturgia, um acólito viu que o santo chorava durante a consagração e que algumas lágrimas caíam no corporal. À hora da purificação dos objetos sagrados, aquele corporal molhado foi causa de grande inquietação para Charbel, que pensou que havia deixado cair o preciosíssimo sangue de Cristo. Preocupado, o padre apresentou o corporal ao seu superior, pedindo perdão por aquilo que pensara ser um ato de negligência sua.
Durante muitos anos, o padre Charbel permaneceu no seio da comunidade monástica, mas, em seu coração, não havia morrido o desejo de tornar-se eremita, vivendo completamente afastado do mundo e dedicando-se inteiramente a Deus. O seu anseio, no entanto, era sempre negado por seus superiores.
Até que, um dia, tendo voltado tarde de seu trabalho no campo, ele pediu ao irmão dispenseiro - que guarda os mantimentos do mosteiro e os distribui aos confrades - que pusesse óleo em sua lamparina, a fim de rezar o Ofício em sua cela. O monge, reprovando Charbel por não chegar mais cedo, deixou-o, por penitência, sem óleo. O monge, então, retirou-se obedientemente para o seu quarto. São Charbel colocou água em sua lamparina, ao invés de óleo. Milagrosamente, todavia, a lamparina se acendeu e ele pôde rezar o seu Ofício.
Vendo esse milagre, o seu superior se convenceu de que o Senhor realmente o chamava o para a vida eremítica. Permaneceu, então, recolhido no eremitério de São Pedro e São Paulo, até o fim de sua vida. Foi durante este período, nos intervalos em que trabalhava nas aldeias vizinhas, que se espalhou na região a sua fama de taumaturgo.
Impressionante era a sua concentração nos momentos de oração, que pode ser ilustrada com a história seguinte:

“Num dia de tempestade, um raio derrubou parte da ala meridional da ermida, deitou por terra uma parede da vinha e queimou, na capela, as toalhas do altar, enquanto o santo monge ali se encontrava, em oração. Dois ermitães acorreram ao local, e o viram na mais apaziguante tranquilidade.
— Padre Charbel, por que não se moveu para apagar o fogo?
— Caro irmão, como poderia fazê-lo? Pois logo depois de atear-se, o fogo se extinguiu…
De fato, como o incêndio fora rapidíssimo, ele julgara mais importante continuar sua oração, sem se perturbar."
No dia 16 de dezembro enquanto celebrava o Santo Sacrifício, o padre Charbel começou a passar mal. Tendo agonizado por oito dias, este santo monge entregou a sua vida a Deus oito dias depois, exatamente na vigília de Natal.
A São Charbel Makhlouf se aplicam com perfeição as palavras do salmista: “O justo crescerá como a palmeira, como o cedro do Líbano se elevará".

Hoje celebramos também Santa Cristina de Bolsena, virgem e mártir. Leia aqui sua vida

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Santa Brigida


Conhecemos bem os acontecimentos da vida de Santa Brígida, porque seus pais espirituais redigiram sua biografia para promover seu processo de canonização imediatamente depois da sua morte, ocorrida em 1373.

Brígida havia nascido 70 anos antes, em 1303, em Finster, na Suécia, uma nação do norte da Europa que, três anos antes, havia acolhido a fé cristã com o mesmo entusiasmo com que a santa a havia recebido dos seus pais, pessoas muito piedosas, pertencentes a famílias nobres, próximas da casa reinante.
Podemos distinguir dois períodos na vida desta santa:

O primeiro se caracterizou pela sua condição de mulher felizmente casada. Seu marido se chamava Ulf e era governador de um importante distrito do reino da Suécia. O matrimônio durou 28 anos, até a morte de Ulf. Nasceram 8 filhos, dos quais a segunda, Karin (Catarina), é venerada como santa. Isso é um sinal eloquente do compromisso educativo de Brígida com relação aos seus próprios filhos. No demais, sua sabedoria pedagógica era tão apreciada, que o rei da Suécia, Magnus, chamou-a à corte por certo tempo, com o fim de introduzir sua jovem esposa, Branca de Namur, na cultura sueca.
Brígida, espiritualmente guiada por um doutor religioso que a iniciou no estudo das Escrituras, exerceu uma influência muito positiva em sua própria família que, graças à sua presença, converteu-se em uma verdadeira "igreja doméstica". Junto ao seu marido, adotou a Regra dos terciários franciscanos. Praticava com generosidade obras de caridade com os indigentes; também fundou um hospital. Junto à sua esposa, Ulf aprendeu a melhorar seu caráter e a progredir na vida cristã. Ao voltar de uma longa peregrinação a Santiago de Compostela, em 1341, junto a outros membros da família, os esposos amadureceram o projeto de viver em continência; mas pouco depois, na paz de um mosteiro no qual se havia retirado, Ulf concluiu sua vida terrena.

Este primeiro período da vida de Brígida nos ajuda a valorizar o que hoje poderíamos definir como uma autêntica "espiritualidade conjugal": juntos, os esposos cristãos podem percorrer um caminho de santidade, sustentados pela graça do sacramento do Matrimônio. Muitas vezes, precisamente como aconteceu na vida de Santa Brígida e de Ulf, é a mulher quem, com sua sensibilidade religiosa, com a delicadeza e a doçura, consegue fazer que o marido percorra um caminho de fé. Penso, com admiração, em tantas mulheres que, dia a dia, ainda hoje iluminam suas próprias famílias com seu testemunho de vida cristã. Que o Espírito do Senhor possa suscitar também hoje a santidade dos esposos cristãos, para mostrar ao mundo a beleza do matrimônio vivido segundo os valores do Evangelho: o amor, a ternura, a ajuda recíproca, a fecundidade em gerar e educar filhos, a abertura e a solidariedade com o mundo, a participação na vida da Igreja.

Quando Brígida ficou viúva, começou o segundo período da sua vida. Ela renunciou a outro casamento para aprofundar na união com o Senhor através da oração, da penitência e das obras de caridade. Também as viúvas cristãs, portanto, podem encontrar nesta santa um modelo a seguir. De fato, Brígida, quando seu marido morreu, após ter distribuído seus próprios bens aos pobres, ainda sem ter pensado na consagração religiosa, estabeleceu-se no mosteiro cisterciense de Alvastra. Lá começaram as revelações divinas, que a acompanharam pelo resto da vida. Estas foram ditadas por Brígida aos seus secretários-confessores, que as traduziram do sueco ao latim e as recolheram em uma edição de oito livros, intitulados Revelationes  (Revelações). A esses livros se acrescentou um suplemento, que tem como título Revelationes extra vagantes (Revelações complementares).

As Revelações de Santa Brígida apresentam um conteúdo e um estilo muito variados. Às vezes, a revelação se apresenta sob a forma de diálogos entre as Pessoas divinas, Nossa Senhora, os santos e também os demônios; são diálogos nos quais também Brígida intervém. Outras vezes, no entanto, trata-se da narração de uma visão particular; em outras, narra-se o que a Virgem Maria lhe revela sobre a vida e os mistérios do seu Filho. O valor das Revelações de santa Brígida, às vezes objeto de dúvida, foi reconhecido pelo Venerável João Paulo II na carta Spes Aedificandi: "Reconhecendo a santidade de Brígida - escreve meu amado predecessor -, a Igreja, ainda sem pronunciar-se sobre cada uma das revelações, acolheu a autenticidade conjunta da sua experiência interior".

De fato, lendo estas Revelações, somos interpelados sobre muitos temas importantes. Por exemplo, descreve frequentemente, com detalhes muito realistas, a Paixão de Cristo, à qual Brígida teve sempre uma devoção privilegiada, contemplando nela o amor infinito de Deus pelos homens. Na boca do Senhor que lhe fala, ela coloca com audácia estas comoventes palavras: "Ó amigos meus, eu amo tão ternamente minhas ovelhas que, se fosse possível, eu gostaria de morrer muitas outras vezes por cada uma delas, da mesma morte que sofri pela redenção de todas" (Revelationes, Livro I, c. 59). Também a dolorosa maternidade de Maria, que fez dela a Mediadora e Mãe de misericórdia, é um tema que se repete com frequência nas Revelações.

Recebendo esse carisma, Brígida era consciente de ser destinatária de um dom de grande predileção por parte do Senhor: "Minha filha - lemos no primeiro livro das revelações -, Eu a escolhi para mim, ama-me com todo o teu coração, (...) mais do que tudo que existe no mundo".
No demais, Brígida sabia bem - e estava firmemente convencida disso - que todo carisma está destinado à edificação da Igreja. Precisamente por esse motivo, muitas de suas revelações estavam dirigidas, em forma de advertências inclusive severas, aos fiéis da sua época, incluindo as autoridades religiosas e políticas, para que vivessem coerentemente sua vida cristã; mas fazia isso com uma atitude de respeito e de fidelidade plena ao Magistério da Igreja, em particular ao Sucessor do apóstolo Pedro.

Em 1349, Brígida deixou para sempre a Suécia e se dirigiu em peregrinação a Roma. Não queria somente participar do Jubileu de 1350, mas também desejava obter do Papa a aprovação da Regra de uma ordem religiosa que queria fundar, dedicada ao Santo Salvador e composta por monges e monjas sob a autoridade da abadessa. Este é um elemento que não deve nos surpreender: na Idade Média, existiam fundações monásticas com um ramo masculino e um ramo feminino, mas com a prática da mesma regra monástica, que previa a direção da abadessa. De fato, na grande tradição cristã, a mulher é reconhecida com dignidade própria e - a exemplo de Maria, Rainha dos apóstolos - um lugar próprio na Igreja, que, sem coincidir com o sacerdócio ordenado, é também importante para o crescimento espiritual da comunidade. Além disso, a colaboração de consagrados e consagradas, sempre no respeito pela sua vocação específica, é de grande importância no mundo de hoje.

Em Roma, em companhia de sua filha Karin, Brígida se dedicou a uma vida de intenso apostolado e de oração. E de Roma foi, em peregrinação, a vários santuários italianos, em particular a Assis, pátria de São Francisco, a quem Brígida sempre teve grande devoção. Finalmente, em 1371, realizou seu maior desejo: a viagem à Terra Santa, aonde se dirigiu em companhia dos seus filhos espirituais, um grupo ao qual Brígida chamava de "os amigos de Deus".

Durante esses anos, os pontífices se encontravam em Avinhão, longe de Roma: Brígida se dirigiu encarecidamente a eles, para que voltassem à Sé de Pedro, na Cidade Eterna.
Faleceu em 1373, antes que o Papa Gregório XI voltasse definitivamente a Roma. Foi sepultada provisoriamente na igreja romana de San Lorenzo in Panisperna, mas em 1374, seus filhos Birger e Karin a levaram à sua pátria, ao mosteiro de Vadstena, sede da ordem religiosa fundada por Santa Brígida, que logo depois teve uma notável expansão. Em 1391, o Papa Bonifácio IX a canonizou solenemente.

A santidade de Brígida, caracterizada pela multiplicidade dos dons e das experiências que eu quis recordar neste breve perfil biográfico-espiritual, faz dela uma figura eminente na história da Europa. Procedente da Escandinávia, Santa Brígida testemunha como o cristianismo havia permeado profundamente a vida de todos os povos desse continente.

Declarando-a copadroeira da Europa, o Papa João Paulo II desejou que Santa Brígida - que viveu no século XIV, quando a cristandade ocidental ainda não havia sido ferida pela divisão - possa interceder eficazmente diante de Deus, para obter a graça tão esperada da plena unidade de todos os cristãos. Por esta mesma intenção, que consideramos tão importante, e para que a Europa saiba alimentar-se sempre das suas próprias raízes cristãs, queremos rezar, queridos irmãos e irmãs, invocando a poderosa intercessão de Santa Brígida da Suécia, fiel discípula de Deus, copadroeira da Europa.
Papa Bento XVI - 27/10/2010

segunda-feira, 20 de julho de 2015

São Vilmar - Vulmaro

Nasceu nos arredores de Boulogne-sur-Mer (França, filho de Vulberto e Duda. A tradição conyta que ele foi casado com Osterhildam, uma mulher que tinha sido casada com o nobre Vuilmarus. Este obtém em juízo o retorno da esposa, que por isso teve que deixar Vilmar. Ele então decide viver em continência e se apresentou no mosteiro de Hautmont para viver uma vida de humildade. O abade o aceita e o faz guardião do rebanho, tarefa que ele executou com esmero e pontualidade como expressão de obediência e mortificação.

Depois de algum tempo o abade, admirado da sua fé e humildade e não menos da sua inteligência, o destinou para os estudos, nos quais se distinguiu pelo zelo. Tornou-se clérigo e depois padre num tempo em que nos mosteiros, regidos pela regra irlandesa, o sacerdócio era reservado a poucos. Impulsionado pelo desejo de fazer o melhor, Vilmar, com a autorização do superior, deixou Hautmont, rompeu o relacionamento com a própria família, buscou a solidão nos bosques em torno da cidade de “Mempisque”, situada em Flandres, onde viveu vários anos como eremita. Mas Deus revelou-lhe o lugar onde devia construir o mosteiro masculino de Samer, e outro feminino que mais tarde receberá o nome de Wière-au-Bois. Vilmar tornou-se o abade do mosteiro de Samer e ali viveu até sua morte acontecida no dia 20 de julho. Também ali foi sepultado. Praticou as mais grandes virtudes que se exigem de um superior de uma comunidade monástica: “egregius pastor, praecipuus magister et praeclarus doctor”, como narra o livro de sua vida.

A Vita Prima apresenta sua cronologia: a passagem por Samer do rei saxão Ceadvalla, que, quando ia para Roma para ser batizado, parou para conversar sobre religião com Vilmar. Esta viagem, e em particular este colóquio, estão longe de serem documentados, mas a data 688, citada pelo biógrafo, pode ser aceita, uma vez que Ceadvalla morreu em 689. Partindo desta data se pode admitir como prováveis as outras indicações cronológicas fornecidas pelo autor: pelo ano 620 nascimento de Vilmar, 642 ingresso no mosteiro de Hautmont, 658 início da vida eremítica em Flandres, 677 chegada em Samer, de 680 a 688 construção da basílica (a igreja com a comunidade religiosa), 697 ano de sua morte.


Hoje a Igreja celebra também Santo Apolinário

 




segunda-feira, 13 de julho de 2015

Santo Henrique

Pode um rico ser santo?


Apesar da fama de Idade das Trevas, a Idade Média foi rica de exemplos de santidade, ou seja, teve inúmeros santos e santas. Henrique faz parte deste "lustre", pois viveram - ele e sua esposa Santa Cunegundes - uma perfeita harmonia de afetos, projetos e ideais de santidade.

Henrique, primogênito do duque da Baviera, nasceu num belíssimo castelo às margens do rio Danúbio, em 973, e recebeu o mesmo nome do seu pai. Veio ao mundo para reinar, desfrutando de todos os títulos e riquezas que uma corte imperial pode proporcionar ao seu futuro soberano, com os luxos e diversões em abundância. Por isto, foi uma grata surpresa para os súditos verem que o jovem cresceu com valores cristãos, adquiridos pela esmerada criação, dada por sua mãe.

Seu pai, antes conhecido como "o briguento", abriu seu coração à orientação da esposa, católica fervorosa, que anos depois seu apelido foi mudado para "o pacífico". Assim, seus filhos receberam educação correta e religiosamente conduzida nos ensinamentos de Cristo. Um dos irmãos de Henrique, Bruno, foi o primeiro a abandonar o conforto da corte para se tornar padre e, depois, Bispo de Augusta. Das irmãs, Brígida se fez monja e Gisela, Beata da Igreja, foi mulher do rei Estevão da Hungria, também um Santo.

Henrique II não poderia ter comandado o povo com mais sabedoria, humildade e cristandade. Promoveu a reforma do clero e dos mosteiros. Regeu a população com justiça, bondade e caridade, freqüentando com a esposa a Santa Missa e a Eucaristia. Convocou e presidiu os Concílios de Frankfurt e Bamberg. Realizou ainda muitas outras obras assistenciais e sociais. Modelo de governante católico, empenhou-se na propagação da Fé, tendo papel de grande importância para a conversão de seu cunhado Santo Estêvão, rei da Hungria. Procurou restaurar, conforme a espiritualidade de Cluny, o espírito monástico então decadente, sendo nesse ponto aconselhado por Santo Odilon, abade de Cluny.


Ao mesmo tempo em que defendia o povo e a burguesia contra os excessos de poder dos orgulhosos fidalgos, estabeleceu a paz com Roberto, rei da França. Com o fim da guerra, reconstruiu templos e mosteiros, destinando-lhes generosas contribuições para que se desenvolvessem e progredissem. Enfim, ao lado da esposa Cunegundes, também Santa, concedeu à população incontáveis benefícios sociais e assistenciais, amparando os mais necessitados e doentes. O casal chegou a fazer voto eterno de castidade, para que, com mais firmeza de espírito, pudessem se dedicar apenas a fazer o bem ao próximo. Por sua insistência, o papa Bento VIII prescreveu o uso do Credo Niceno-Constantinopolitano aos domingos na missa em 1014.

O Segredo da santidade de Santo Henrique. Clique aqui

Henrique II morreu em 13 de julho de 1024 e foi sepultado em Bamberg. Foi canonizado em 1152, pelo Papa Eugênio III. Talvez, o rei Santo Henrique II seja um dos santos mais queridos da Alemanha, ao lado de sua esposa.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Beato Nicanor Ascanio

Nicanor Ascanio  nasceu no Vilarejo de Salvanés, província de Madrid, em 1814. Aos 16 anos tomou o hábito dos Frades Menores, continuou seus estudos e foi ordenado sacerdote. Ele foi diretor das Irmãs Concepcionistas e pároco em sua terra natal. Muito devoto, penitente, zeloso, desejava se consagrar por inteiro às missões. Essa vontade fez dele um sacerdote modelo.
Na sua juventude, ele tinha sonhado com a vida apostólica, o sacrifício e o martírio, mas em 26 anos, esses desejos não passaram de meros sonhos. A venerável Irmã Maria das Dores, morta com a fama de santidade em 27 de janeiro de 1891, tinha assegurado a ele que Deus queria que ele fosse a Terra Santa, como missionário e mártir na pátria de Jesus.
O Bem-aventurado Nicanor, obediente à voz celestial, muitas vezes ouviu, em suas longas horas de oração, o chamado para partir à Terra Santa, uma terra que seria o palco de seu apostolado dinâmico, de lutas, sacrifícios e martírio.
Chegando a Jerusalém, orou intensamente no Santo Sepulcro, no Calvário e no Getsêmani, na gruta de Belém e em todos os outros santuários. Ele foi enviado a Damasco para aprender a língua árabe sob a direção do bem-aventurado Carmelo Volta, quando a perseguição religiosa estava por vir.

Em 10 de julho de 1860, os muçulmanos ordenaram a ele renunciar ao cristianismo e abraçar a religião de Maomé para salvar sua vida. Nicanor, ainda não muito familiarizado com a língua árabe, não compreendeu imediatamente o que lhe foi perguntado, mas como ele conseguia entender, respondeu enfaticamente:
“Eu sou um cristão, matem-me. Eu acredito em Cristo e não no profeta Maomé”.
Foi imediatamente morto por decapitação.
Assim se cumpriu a profecia de Irmã Maria das Dores.
Foi um episódio triste, principalmente devido ao fanatismo e à crueldade dos drusos, que na noite entre 9 e 10 de julho, em Damasco, invadiram o convento dos franciscanos no bairro cristão, centro reconhecido e florescente. Também se refugiaram dentro do convento três cristãos maronitas, martirizados juntamente com os oito franciscanos. Nicanor tinha 46 anos.

Beatificado por Pio XI no dia 10 de outubro de 1926.

Hoje celebramos também os Santos Sete Irmãos. Leia aqui





quarta-feira, 8 de julho de 2015

Beato Papa Eugênio III

O Papa Eugênio III nasceu em Montemagno, numa família cristã, rica e da nobreza italiana. Foi batizado com o nome de Bernardo Paganelli, estudou e recebeu a ordenação sacerdotal na diocese de Pisa. 

Possuía um temperamento reservado, era inteligente, muito ponderado e calmo. Em 1130 ele teve um encontro com religioso Bernardo Claraval, fundador da Ordem dos monges cisterciense. Cinco anos depois ingressou no mosteiro dirigido pelo amigo e vestiu o hábito cisterciense. 

Tornou-se conhecido e foi escolhido para abrir um mosteiro. Foi consagrado o abade pelo Papa Inocêncio II. Quando este Papa morreu, o abade Bernardo foi eleito Papa. Ele assumiu o pontificado com o nome de Papa Eugênio III. 

Ele era o homem adequado para enfrentar a difícil e delicada situação que persistia na época. Roma estava agitada e às voltas com graves transtornos políticos. Muitas casas de bispos e cardeais já tinham sido saqueadas. Por isto, os cardeais resolveram escolher o abade Bernardo, justamente porque ele estava fora do colégio cardinalício, portanto isento das pressões políticas. 

Mas teve de fugir de Roma à noite, horas após sua eleição, para ser coroado no mosteiro de Farfa, em Viterbo. Era o dia 18 de fevereiro de 1145. Como a situação da cidade não era segura, o novo papa e seus cardeais decidiram mudar para Viterbo. Quando a população romana foi informada, correu para pedir sua volta. Foi assim, apoiado pelo povo, que o papa Eugênio III retornou para Roma e assumiu o controle da cidade, impondo a paz. Infelizmente, durou pouco.

Em 1146, novamente o papa Eugênio III teve de fugir. Como se recusou a comandar um massacre, ele corria risco de morte. Teve de atravessar os Alpes para ingressar na França, onde permaneceu exilado por três anos.
Também neste ano, o principado de Edessa, dominado pelos cruzados, caiu em mãos dos muçulmanos ressurgentes. Assim, o Papa apelou a uma nova cruzada - a segunda. 

Nesse período, convocou quatro concílios para impor disciplina. Também depôs os arcebispos de York e Mainz; promoveu uma séria reforma na Igreja e na Cúria Romana em defesa da ortodoxia nos estudos eclesiásticos. Enviou o cardeal Breakspear, o futuro papa Adriano IV, para divulgá-la na Escandinávia, enquanto ele próprio ainda o fazia percorrendo o norte da Itália.

Só retornou a Roma depois de receber ajuda do imperador alemão Frederico Barba-Roxa. Morreu no dia 08 de julho de 1153, depois de governar a Igreja por oito anos e cinco meses, num período complicado e violento da História. O Papa Eugênio III foi beatificado em 1872. 

Clique aqui: São Bernardo ao Papa Eugênio:

terça-feira, 7 de julho de 2015

Beata Maria Romero Meneses - A fé move montanhas

A história de Maria Romero Meneses que nasceu na Nicarágua e adotou a Costa Rica por pátria, é caracterizada por uma atividade apostólica incansável, que deu à luz a grandes obras sociais e é baseada na confiança ilimitada em Nossa Senhora Auxiliadora, que ela chamava de " minha rainha. "

Ela nasceu em 13 de janeiro de 1902, e pertencia a uma família católica, cujas raízes eram espanholas. Os pais, Félix e Ana, eram de classe média e tiveram treze filhos. Recebeu uma sólida formação religiosa e excelente instrução tradicional.
Aos doze anos, entrou para a escola das Filhas de Maria Auxiliadora. Mas, por causa de uma grave doença, ainda noviça teve de voltar para casa. Com o consentimento do seu confessor, emitiu o voto particular de castidade. Seis anos depois, estava formada e lecionava para as jovens naquele mesmo instituto. Em 1923, consagrou-se a Deus e a Nossa Senhora, emitindo os votos religiosos.

Foi transferida para a missão na Costa Rica, em 1931, onde ensinava música, desenho e datilografia. Além disso, incluiu nas suas atividades educativas a catequese ministrada aos jovens da periferia da capital, São José. 

Passados três anos, Maria Romero deu vida a outra maneira de evangelização: socorria as famílias pobres e marginalizadas, contando para isso com a caridade vinda das famílias mais ricas.

Em 1961, ela, sempre sensível a presença de Jesus nos pobres, iniciou uma série de cursos de qualificação profissional para os jovens carentes e também para os adultos. Essa iniciativa foi apenas a abertura para muitas outras obras, todas direcionadas à população mais sofrida, até finalizar com a fundação das Obras Sociais de Maria Auxiliadora.

Com a autorização do bispo, quatro anos depois, começou uma série de exercícios espirituais destinados às várias categorias: jovens, benfeitores das Obras e mães de família que, com os seus filhos, não raro doentes, ali recebiam a assistência médica gratuita. Contando com a colaboração e a disponibilidade de alguns médicos e enfermeiros de boa vontade, em 1966 fundaram um hospital de clínicas gerais, destinado ao atendimento de toda a comunidade, mas beneficiando especialmente os pobres.

Autorizada pelo arcebispo de São José e com a aprovação da sua superiora, em 1973 mobilizou-se e conseguiu um grande terreno e a construção de um número ainda maior de casas destinadas aos desabrigados das periferias. Atualmente, o local tornou-se a cidade de Santa Maria, em homenagem a sua fundadora.

Outro dom que Maria Romero possuía era o do conselho, que ela não negava a ninguém. Houve uma comoção muito forte em todo o país, ao ser noticiada sua morte no dia 7 de julho de 1977, ocorrida subitamente quando regressava de um descanso na Nicarágua.

A fé de Maria Romero movia montanhas. As pessoas que estiveram em contato com ela, foram marcadas com o selo da fé em Deus. Sua fé era um dinamismo espiritual que levou a encontrar soluções para os diversos casos.
Ela dizia: "os meios para obter a fé são: oração e perdão."
Para ela "Fé é acreditar em Deus, que é Pai e nos ama."

O governo da Costa Rica declarou-a "cidadã honorária da nação". O papa João Paulo II beatificou irmã Maria Romero Meneses em 2000. Ela é venerada no dia de sua morte e suas relíquias estão sepultadas na igreja de São José da Costa Rica.

sábado, 4 de julho de 2015

Beato José Kowalski

José Kowalski nasceu em Rzeszów, Polônia, no dia 13 de março de 1911, filho de Wojciech e Sofia Barowiec, o sétimo de nove irmãos. Seus pais, católicos praticantes, eram agricultores, proprietários de um modesto sítio.
Depois da escola primária, foi inscrito no colégio salesiano de Oswiecim (Auschwitz). José distinguiu-se logo pelo empenho no estudo e no serviço e pela alegria sincera. Inscreveu-se na Companhia da Imaculada e na Associação Missionária, tornando-se depois seu presidente. Enamorou-se literalmente do carisma salesiano e do seu Fundador, do qual procurou seguir o exemplo em tudo: empenho na animação alegre das festas religiosas e civis, presença apostólica junto aos colegas e, em particular, o primado da vida espiritual.

Desde jovem deu início à redação de um diário, que transmite a devoção a Maria Auxiliadora e à Eucaristia:
"Ó minha Mãe – escreveu – eu devo ser santo porque é esse o meu destino. Ó Jesus, ofereço-te o meu pobre coração [...] Faz com que eu jamais me afaste de Ti e que permaneça fiel até à morte: antes morrer do que te ofender, nem mesmo com um pequeno pecado. Devo ser um salesiano santo, como o foi o meu pai Dom Bosco". 

Fez a profissão temporária em 1928, em Czerwinsk, e recebeu a ordenação sacerdotal em Cracóvia, no dia 29 de maio de 1938. Foi nomeado secretário inspetorial. Cuidava na paróquia de um coro juvenil e se ocupava dos jovens mais difíceis.
A Polônia foi ocupada pelos nazistas, mas os salesianos continuaram o trabalho educativo. Essa foi a razão principal de sua dramática prisão em 23 de maio de 1941: a polícia secreta Gestapo capturou o padre Kowalski com outros onze salesianos, que trabalhavam em Cracóvia.

Foi internado primeiramente na prisão de Montelupich na mesma cidade; de ali, no dia 26 de junho, foi transferido ao campo de concentração de Auschwitz, recebendo o número 17.350.
No lugar dedicou-se secretamente ao apostolado: confessava, celebrava missas, recitava o rosário, fazia conferências escondidas, também sobre Dom Bosco, reforçando nos companheiros de prisão a vontade de lutar pela sobrevivência. Sofreu violências, vexações e humilhações.
Descoberto com o rosário recusou-se a pisar sobre ele, acelerando assim o martírio, que se deu em Auschwitz no dia 4 de julho de 1942. O seu corpo foi lançado no depósito de excrementos, e depois queimado no crematório do campo. Seus conterrâneos começaram a venerar a sua memória, crendo que o seu sacrifício tinha fecundado as vocações polonesas.

O Papa João Paulo II era do mesmo parecer e interessou-se pessoalmente na causa de diversos mártires poloneses. Enfim, os beatificou em Varsóvia no dia 13 de junho de 1999.

Hoje celebramos também Santa Isabel de Portugal e o Beato Pier Giorge Frassatti



quinta-feira, 2 de julho de 2015

Santos Processo e Martiniano

São Pedro batiza os Santos Processo e Martiniano
Segundo o Papa Gregório Magno foram eles pagãos e soldados que trabalhavam no Cárcere Mamertino, lugar frio, úmido e apertado, mas privilegiado com a presença de um preso todo especial: São Pedro.
Pedro estava esperando seu martírio no calabouço da prisão Mamertine, quando, liderados por misericórdia divina, vieram a ele dois soldados romanos, cujos nomes se tornaram inseparáveis ​​na memória da Igreja.
Um deles foi chamado Processo (Processus em latim), o outro  Martiniano .

Eles ficaram impressionados com a dignidade do homem velho, confidenciando por algumas horas de sua cela, que não veriam a luz do dia até que ele fosse levado à execução.

São Pedro falou-lhes da vida eterna, e do Filho de Deus, que amou tanto os homens para dar a última gota de Seu Sangue para o seu resgate.



Processus e Martiniano receberam com o coração dócil esta instrução inesperada; eles aceitaram com fé simples, e enfatizaram a graça da regeneração.


Mas a água estava faltando no calabouço, e São Pedro foi obrigado a fazer uso do poder de comando natureza, concedido por Nosso Senhor sobre os Apóstolos quando Ele enviou-os para o mundo.

A pedido de São Pedro uma fonte brotou do chão, e os dois soldados foram batizados em água milagrosa.

Depois do martírio de São Pedro, estes Santos que de pagãos não tinham mais nada, não conseguiram ficar indiferentes e se declararam cristãos.
O carcereiro Paulino soube da conversão deles e exigiu que os Santos Processo e Martiniano renunciassem a Cristo.
Mas sem medo confessaram Cristo, e cuspiram na estátua dourada de Júpiter.
Paulino rebateu com um tapa na cara deles, e depois de ver a postura firme dos santos mártires, os submeteu a tortura.

Os mártires foram espancados com varas de ferro, queimados com fogo, e, finalmente, lançados na prisão.
Uma certa mulher ilustre e piedosa, com o nome de Lucina, visitou-os na prisão e deu-lhes ajuda e encorajamento.
Paulino torturador logo foi punido por Deus , caiu cego e morreu três dias depois.
O filho de Paulino exigiu que os mártires fossem condenados à morte.

Santos Processus e Martiniano foram decapitados pela espada (ano 67).

Hoje a Igreja celebra também São Bernardino Realino