O tema central da página do Evangelho de hoje é a vida. O contexto é um conflito entre irmãos relacionado com a partilha da
herança: um fenômeno tão antigo como o homem, como nos confirma o fato do
primeiro homicídio ter sido um fratricídio. A Caim não basta ser o primogênito
e ter herdado o ofício do pai: entra em crise pelo fato de Abel ter merecido o
olhar de Deus.
As dinâmicas conflituosas que se desenvolvem
entre irmãos são magistralmente ilustradas, na sua crueza, na parábola do pai
misericordioso. Em todas estas histórias, o caruncho que corrói as relações
fraternas é a cobiça, o desejo de ter tudo para si. Aqui Jesus oferece uma
indicação fundamental, se não uma advertência, útil para orientar a vida: Atenção!
Eliminai toda a espécie de ganância. Porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas,
a sua vida não depende dos seus bens.
O apego visceral ao dinheiro é a raiz de todos
os males. A insensatez censurada por Jesus no evangelho de hoje consiste
precisamente nisto: esquecer que a vida, em todas as suas dimensões, é um dom.
Uma graça a partilhar, e já não a explorar apenas para proveito próprio. Os
frutos da terra são uma bênção de Deus que, no entanto, se podem transformar no
oposto, quando decidimos apoderar-nos deles e adquirir o seu controlo total.
A riqueza acumulada de forma compulsiva cega o
homem, que, por isso, é qualificado como insensato. Não vê que, atrás da sebe,
se perfila a morte. Contudo, as Escrituras põem o homem de sobreaviso: O
homem não é mais do que um sopro! Ele passa como simples sombra! É em vão que
se agita: amontoa riquezas e não sabe quem ficam
A escolha entre a vida e a morte é a
encruzilhada frente à qual se encontra cada pessoa. Vivemos numa época que pode
ser definida como “ansiolítica”: o problema é que “a ansiedade não nos subtrai
à dor de amanhã, mas priva-nos da felicidade de hoje”, porque a ansiedade é
filha da incerteza. Só a fé como vida eterna dá a justa medida a cada coisa, ao
nosso tempo, às nossas relações.
Hoje celebramos:
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