O anúncio do Evangelho era uma consequência
natural da total adesão de Francisco a Jesus Cristo. O critério cristológico
foi decisivo para o Poverello nos momentos de dúvida e de perplexidade. A
sequela Christi implicava não só a pobreza, a itinerância e a fraternidade, mas
também o empenho missionário. Francisco desejava ardentemente dedicar-se ao
trabalho apostólico até ao sacrifício de si próprio, à maneira de Jesus. O
anseio de chegar à conformidade com o Senhor suscitou nele a ideia de levar a
Boa Nova aos infiéis.
A novidade do plano missionário concebido por
Francisco manifesta-se no título do capítulo XVI da Regola non bollata: “Daqueles
que se dirigem aos sarracenos e a outros infiéis”. Com efeito, enquanto
naquela época os cruzados investiam “contra” (contra) os muçulmanos, o
Poverello envia os seus frades não só “a” (ad) eles, mas envia-os até “entre”
(inter), para o meio deles.
Seguidamente, Francisco apresentou duas
modalidades de comportamento dos missionários no território muçulmano:
Um modo é que não provoquem litígios ou
disputas, mas que se submetam a toda a criatura humana por amor a Deus e
confessem que são cristãos. O outro modo é que, quando virem que isso agrada ao
Senhor, anunciem a palavra de Deus para que eles creiam em Deus omnipotente,
Pai e Filho e Espírito Santo, Criador de todas as coisas, e no seu Filho
Redentor e Salvador, sejam batizados e se façam cristãos. (Regra non Bollata
cap. XVI, 7-10: FF 43)
Nesta passagem vê-se uma nova e original
estratégia missionária de Francisco. Em primeiro lugar, destaca-se o testemunho
da vida animada pelo amor de Deus. A própria presença deve ser significativa e
eloquente. O exemplo de fraternidade constitui o método mais eficaz e credível
da evangelização. Os frades devem renunciar, portanto, a toda a pretensão de
superioridade e de domínio, respeitar os diversos costumes e inserir-se, como
cristãos, no contexto local. Mediante a prática das virtudes cristãs, as
testemunhas silenciosas do Evangelho são chamadas a confessar com coragem e
humildade a sua fé. A segunda atitude é o anúncio explícito da palavra de Deus,
que só poderá ocorrer depois de uma ponderada avaliação das circunstâncias e
após uma paciente espera do momento oportuno. O missionário não poderá, então,
apropriar-se da Palavra, não poderá ser o usurpador impetuoso da Boa Nova, mas
deverá mergulhar na escuta de Deus e perceber a sua vontade.
A ideia da missão está presente na vida de
Francisco desde o início da sua conversão. Deriva do desejo de viver o
Evangelho e de seguir as pegadas do Divino Mestre. A invenção do presépio para
o Natal de 1223, em Greccio, e o dom dos estigmas, manifestam a sua profunda
identificação espiritual e corporal com Jesus Cristo, fonte e razão da sua fé e
da sua missão. Doente e debilitado pela sua vida de privações, extinguiu-se em
Assis, na tarde do dia 3 de outubro de 1226.
A Igreja celebra sua memória no dia 04 de
outubro.
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