O Pai-nosso é mais do que uma oração; é, como
dizia Tertuliano, o compêndio de todo o Evangelho, porque nele encontramos os
princípios fundamentais, assim como as mais profundas esperanças e as
necessidades mais importantes dos discípulos de Jesus.
O evangelho
de Lucas apresenta, em primeiro lugar, o dom de chamar Pai ao Deus de Jesus
Cristo. Considerar Deus como um Pai não é uma coisa estranha ao Antigo
Testamento; todavia, dirigir-se a Ele, como faz Jesus, com a particular ternura
e intimidade de uma criança que exclama “Pai!”, é insólito. O Senhor chama Abbá
a Deus com razão, visto ser o Filho do eterno Pai. Pela fé, ao mesmo tempo que
ensina os discípulos a rezar, Jesus concede-lhes a capacidade de se dirigirem a
Deus como a um Pai eternamente misericordioso e infinitamente amoroso.
Concede-lhes entrar na sua comunhão filial.
A missão de Jesus, na fé e na oração, abre-nos
para a paternidade de Deus, fundamento da nossa fraternidade de filhos. Uma das
esperanças mais profundas evidenciadas pelo Pai-nosso é a santificação do nome
de Deus. É verdade que o nome de Deus é em si santo; todavia, a manifestação do
desejo da santificação do nome de Deus determina o empenho de viver como o povo
da sua propriedade.
O segundo elemento de esperança contido no
Pai-nosso é a vinda do Reino. Jesus tem a convicção de que o Reino do seu Pai
está presente e atuante na história. Anuncia que Deus está a entrar na história
do homem para dar início a um tempo novo, em que ninguém se sentirá só, em que
se poderá construir um mundo mais justo, uma sociedade pacífica e fraterna onde
a dignidade de cada um seja respeitada. Quando dizemos venha o teu Reino,
manifestamos a esperança de que a vontade de Deus se realize no meio de nós
como graça e, ao mesmo tempo, como missão permanente da liberdade e da
responsabilidade humanas.
A paternidade de Deus, plenamente revelada em
Jesus Cristo faz da comunidade dos discípulos missionários uma verdadeira
família, para cuja mesa da Palavra e da Eucaristia todos são convidados e
atraídos. Neste movimento de saída do Pai e de retorno ao Pai, Jesus insere na
sua missão a nossa missão, a missão da sua Igreja para salvação do mundo. Se em
Deus tem origem toda a paternidade, na Igreja do seu Filho o Espírito do
Ressuscitado regenera todos como filhos e filhas do mesmo Pai, graças ao
Batismo. O Reino de Deus, cumprido por Jesus na sua Páscoa, encontra na sua
Igreja, ainda peregrina, o seu início e germe aqui na Terra, na qualidade de
sacramento universal de salvação oferecido por Deus Pai a todos.
Hoje celebramos:
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