quinta-feira, 12 de março de 2020

12 de março - Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. Lc 16,20


Eu gostaria de refletir com vocês hoje sobre a parábola do homem rico e do pobre Lázaro. A vida dessas duas pessoas parece se desenrolar em vias paralelas: as suas condições de vida são opostas e totalmente sem comunicação. A porta da casa do rico está sempre fechada aos pobres, que estão lá fora tentando comer alguma sobra da mesa do rico. Esse, veste roupas de luxo, enquanto Lázaro estava coberto de feridas; o rico todos os dias tem um banquete luxuoso, enquanto Lázaro está morrendo de fome. Lázaro representa bem o grito silencioso dos pobres de todos os tempos e a contradição de um mundo onde imensa riqueza e recursos estão nas mãos de poucos.

Há uma particularidade que deve ser observada nessa parábola: o rico não tem nome, apenas o adjetivo: “o rico”; enquanto o nome do pobre é repetido cinco vezes e “Lázaro” significa “Deus ajuda”. Lázaro, encontrando-se na frente da porta, é um chamado vivo para que o rico se lembre de Deus, mas o rico não acolhe esse chamado. Será condenado, portanto, não por sua riqueza, mas por ser incapaz de sentir compaixão de Lázaro e socorrê-lo.

Na segunda parte da parábola, encontramos Lázaro e o homem rico após a morte. Daqui em diante a situação se inverte: Lázaro foi levado pelos anjos ao céu a Abraão, o rico se precipita em meio aos tormentos. Agora o rico reconhece Lázaro e pede ajuda, enquanto em vida, fingia não vê-lo. Quantas vezes as pessoas fingem não ver os pobres! Para eles, os pobres não existem.
A porta que separava em vida o rico e o pobre, é transformada em “um grande abismo.” Enquanto Lázaro estava em sua casa, para o rico havia uma chance de salvação, abrir a porta, ajudar Lázaro, mas agora que estão mortos, a situação se tornou irreparável. Deus não foi nunca chamado diretamente, mas a parábola adverte claramente: a misericórdia de Deus para conosco é proporcional à nossa misericórdia para com o próximo. Quando esta falta, quando não tem lugar no nosso coração fechado, ela não pode entrar. Se eu não escancarar a porta do meu coração aos pobres, a porta está fechada. Mesmo para Deus. E isso é terrível.

Papa Francisco – 18 de maio de 2015

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