Mas, a inculturação eleva e dá plenitude. Sem
dúvida, há que apreciar esta espiritualidade indígena da interconexão e
interdependência de todo o criado, espiritualidade de gratuidade que ama a vida
como dom, espiritualidade de sacra admiração perante a natureza que nos cumula
com tanta vida. Apesar disso, trata-se também de conseguir que esta relação com
Deus presente no cosmos se torne cada vez mais uma relação pessoal com um Tu,
que sustenta a própria realidade e lhe quer dar um sentido, um Tu que nos
conhece e ama:
Flutuam
sombras de mim, madeiras mortas.
Mas a estrela nasce sem censura
sobre as mãos deste menino, especialistas
que conquistam as águas e a noite.
Bastar-me-á saber
que Tu me conheces
inteiramente, ainda antes dos meus dias.
Mas a estrela nasce sem censura
sobre as mãos deste menino, especialistas
que conquistam as águas e a noite.
Bastar-me-á saber
que Tu me conheces
inteiramente, ainda antes dos meus dias.
De igual modo, a relação com Jesus Cristo,
verdadeiro Deus e verdadeiro homem, libertador e redentor, não é inimiga desta
visão do mundo marcadamente cósmica que caracteriza estes povos, porque Ele é
também o Ressuscitado que penetra todas as coisas. Segundo a experiência
cristã, todas as criaturas do universo material encontram o seu verdadeiro
sentido no Verbo encarnado, porque o Filho de Deus incorporou na sua pessoa
parte do universo material, onde introduziu um gérmen de transformação
definitiva. Ele está, gloriosa e misteriosamente, presente no rio, nas árvores,
nos peixes, no vento, enquanto é o Senhor que reina sobre a criação sem perder
as suas chagas transfiguradas e, na Eucaristia, assume os elementos do mundo
dando a cada um o sentido do dom pascal.
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