A busca da felicidade é comum a todas as
pessoas de todos os tempos e de todas as idades porque o próprio Deus colocou
no coração de cada homem e de cada mulher um desejo irreprimível de felicidade
e de plenitude. Os nossos corações estão inquietos buscando sem cessar um bem
que possa saciar a sua sede de infinito, invisível nostalgia d’Aquele que nos
criou e é Ele mesmo amor, alegria, paz, beleza, verdade. Reunimos em dez pontos
algumas reflexões do Papa Francisco sobre o tema da felicidade.
O caminho da felicidade inicia contracorrente:
é preciso sair do egoísmo e pensar nos outros. Ser tristes – diziam os Padres
do deserto – é quase sempre pensar em si mesmos. Deste modo – observa Francisco
– quando a vida interior se fecha nos próprios interesses e não há mais espaço
para os outros, não se deleita mais da doce alegria. De fato, não se pode ser
feliz sozinhos. Somos convidados a redescobrir a generosidade, porque “Deus ama
quem doa com alegria” (IICor 9,7). É preciso vencer a tentação de se
fechar-se em si mesmo, de se isolar, acreditando-se autossuficiente, porque
todos precisamos de fraternidade. A vida adquire sentido ao buscar o bem do
próximo, desejando a felicidade dos outros: Se consigo ajudar uma só pessoa a
viver melhor, isso já é suficiente para justificar o dom da minha vida” (Evangelii
gaudium).
O cristianismo não consiste numa série de
proibições que sufocam os nossos desejos de felicidade, mas num projeto de vida
que pode fascinar os nossos corações. Portanto o cristão expulsa a tentação
maligna da melancolia e da tristeza. Deus nos quer positivos, simples para
alegrarmo-nos com as pequenas coisas de todos os dias e não prisioneiros “de
infinitas complicações” e pensamentos negativos. A verdadeira santidade é
alegria, porque “um santo triste é um triste santo”.
A felicidade não se compra no supermercado; a
felicidade está apenas no amar e no deixar-se amar. A alegria não é a emoção de
um momento: é outra coisa! A verdadeira alegria não vem das coisas, do ter,
não! Nasce do encontro, da relação com os demais, nasce do sentir-se aceito,
compreendido, amado e do aceitar, do compreender e do amar: e isto não pelo
interesse de um momento, mas porque o outro, a outra é uma pessoa. A alegria
nasce da gratuidade de um encontro! O que dá felicidade não são as coisas
efêmeras, mas apenas o amor sacia a sede de infinito que há dentro de nós.
O caminho da alegria é feito também de senso de
humor: saber rir das coisas, dos outros e de si mesmo é profundamente humano, é
um comportamento próximo da graça. É aquele relativismo bom, o relativismo da
alegria que nasce do Espírito Santo. Sem perder o realismo, tornamo-nos capazes
de iluminar os outros com um espírito positivo e rico de esperança.
Alegria é também conseguir ver os dons que se
recebe todos os dias. É o maravilhamento diante da beleza da vida e das coisas
grandes e pequenas que preenchem as nossas jornadas. Às vezes a tristeza tem a
ver com a ingratidão, com o estar tão fechados em nós mesmos que nos tornamos
incapazes de reconhecer os dons de Deus. Viver com alegria, ao invés, é a capacidade
de apreciar o essencial com sobriedade e de partilhar, capacidade de renovar todos
os dias a admiração pela bondade das coisas, sem sucumbir à opacidade do
consumo voraz. Um coração que sabe ver o bem, sabe agradecer e louvar, é um
coração que sabe exultar.
Em um coração cheio de ódio e rancores não há
lugar para a felicidade. Quem não perdoa faz mal principalmente a si mesmo. O
ódio gera tristeza. A alegria de quem perdoa os outros e sabe pedir perdão. A
raiz desta alegria está em compreender que será perdoado por Deus.
O caminho para a alegria é dificultado pelas
provas e pelos fracassos da vida que levam ao desencorajamento. Ofereço duas
indicações para não perder a esperança e não desistir: perseverar na oração e
nunca caminhar sozinhos. Podemos estar certos de que Deus responderá à nossa
oração, mesmo se às vezes é árida. Talvez tenhamos que insistir durante a vida
inteira, mas ele responderá. A oração muda a realidade, não nos esqueçamos
disso. Ou muda as coisas ou muda o nosso coração, mas sempre muda.
Na vida há o tempo da cruz, há os momentos
tristes que nos sentimos abandonados por Deus e neste silêncio de Deus é
preciso mais do que nunca se abandonar nas suas mãos. Então, vamos ao primeiro
degrau da alegria que é a paz, a profunda paz que vêm da entrega total a Deus.
É uma alegria sobrenatural que nada pode destruir e se adapta e se transforma,
e permanece sempre com uma pequena luz que nasce da certeza que as graças do
Senhor não acabaram, não esgotaram as suas misericórdias porque é grande a sua
fidelidade.
A verdadeira alegria nasce do encontro com
Jesus, em acreditar que Ele nos amou chegando a dar a vida por nós. A alegria é
saber que somos amados por Deus que é Pai. A verdadeira alegria não é fruto dos
nossos esforços, mas do Espírito Santo que pede apenas para abrirmos nossos
corações para enchê-los de felicidade.
Trechos de discursos de Papa Francisco sobre a Alegria
O Dia Internacional da Felicidade foi criado pela Assembleia Geral da ONU
em 2012, reconhecendo a relevância da felicidade e do bem-estar como metas
universais nas vidas das pessoas e a importância da felicidade ser reconhecida
nas políticas públicas.
O "pontapé inicial" da iniciativa foi
do Butão, um pequeno país asiático, que se orgulha de possuir uma das
populações "mais felizes do mundo". Com aprovação total dos 193
países-membros, a proposta de Butão foi aceita e o Dia Internacional da
Felicidade passou a incorporar o calendário oficial da ONU em 20 de março.
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