Muitas vezes deixamos que a consciência se
torne insensível, porque a constante distração nos tira a coragem de advertir a
realidade dum mundo limitado e finito. Se nos detivermos na superfície, pode
parecer que as coisas não estejam assim tão graves e que o planeta poderia
subsistir ainda por muito tempo nas condições atuais. Este comportamento
evasivo serve-nos para mantermos os nossos estilos de vida, de produção e
consumo. É a forma como o ser humano se organiza para alimentar todos os vícios
autodestrutivos: tenta não os ver, luta para não os reconhecer, adia as
decisões importantes, age como se nada tivesse acontecido.
Além de tudo isso,
quero lembrar que cada uma das diferentes espécies tem valor em si mesma. Ora, anualmente,
desaparecem milhares de espécies vegetais e animais, que já não poderemos
conhecer, que os nossos filhos não poderão ver, perdidas para sempre. A grande
maioria delas extingue-se por razões que têm a ver com alguma atividade humana.
Por nossa causa, milhares de espécies já não darão glória a Deus com a sua
existência, nem poderão comunicar-nos a sua própria mensagem. Não temos direito
de o fazer.
Aprendendo com os
povos nativos, podemos contemplar a Amazônia, e não apenas
analisá-la, para reconhecer esse precioso mistério que nos supera;
podemos amá-la, e não apenas usá-la, para que o amor desperte um interesse
profundo e sincero; mais ainda, podemos sentir-nos intimamente unidos a
ela, e não só defendê-la: e então a Amazônia tornar-se-á nossa como uma mãe.
Porque se contempla o mundo, não como alguém que está fora dele, mas dentro,
reconhecendo os laços com que o Pai nos uniu a todos os seres.
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