Eu gostaria de refletir com vocês hoje sobre a
parábola do homem rico e do pobre Lázaro. A vida dessas duas pessoas
parece se desenrolar em vias paralelas: as suas condições de vida são
opostas e totalmente sem comunicação. A porta da casa do
rico está sempre fechada aos pobres, que estão lá fora tentando
comer alguma sobra da mesa do rico. Esse, veste roupas de luxo,
enquanto Lázaro estava coberto de feridas; o rico todos os dias tem um
banquete luxuoso, enquanto Lázaro está morrendo de fome.
Lázaro representa bem o grito silencioso dos pobres de todos os
tempos e a contradição de um mundo onde imensa riqueza e recursos estão
nas mãos de poucos.
Há uma particularidade que deve ser
observada nessa parábola: o rico não tem nome, apenas o adjetivo: “o rico”;
enquanto o nome do pobre é repetido cinco vezes e “Lázaro” significa
“Deus ajuda”. Lázaro, encontrando-se na frente da porta, é um chamado vivo
para que o rico se lembre de Deus, mas o rico não acolhe
esse chamado. Será condenado, portanto, não por sua riqueza,
mas por ser incapaz de sentir compaixão de Lázaro e
socorrê-lo.
Na segunda parte da parábola, encontramos
Lázaro e o homem rico após a morte. Daqui em diante a situação se inverte:
Lázaro foi levado pelos anjos ao céu a Abraão, o rico se precipita em
meio aos tormentos. Agora o rico reconhece Lázaro e pede ajuda, enquanto
em vida, fingia não vê-lo. Quantas vezes as pessoas fingem não
ver os pobres! Para eles, os pobres não existem.
A porta que separava em vida
o rico e o pobre, é transformada em “um grande
abismo.” Enquanto Lázaro estava em sua casa, para o rico havia uma
chance de salvação, abrir a porta, ajudar Lázaro, mas agora que estão mortos, a
situação se tornou irreparável. Deus não foi nunca chamado
diretamente, mas a parábola adverte claramente: a misericórdia de Deus para
conosco é proporcional à nossa misericórdia para com o próximo.
Quando esta falta, quando não tem lugar no nosso coração
fechado, ela não pode entrar. Se eu não escancarar a porta do
meu coração aos pobres, a porta está fechada. Mesmo para Deus. E isso é
terrível.
Papa Francisco – 18 de
maio de 2015
Hoje celebramos:
Nenhum comentário:
Postar um comentário