Muitas pessoas
consagradas gastaram as suas energias e grande parte da sua vida pelo Reino de
Deus na Amazônia. A vida consagrada, capaz de diálogo, síntese, encarnação e
profecia, ocupa um lugar especial nesta configuração plural e harmoniosa da
Igreja amazônica. Mas faz-lhes falta um novo esforço de inculturação, que ponha
em jogo a criatividade, a audácia missionária, a sensibilidade e a força
peculiar da vida comunitária.
As comunidades
de base, sempre que souberam integrar a defesa dos direitos sociais com o
anúncio missionário e a espiritualidade, foram verdadeiras experiências de
sinodalidade no caminho evangelizador da Igreja na Amazônia. Muitas vezes têm
ajudado a formar cristãos comprometidos com a sua fé, discípulos e missionários
do Senhor, como o testemunha a entrega generosa, até derramar o sangue, de
muitos dos seus membros.
Encorajo o
aprofundamento do serviço conjunto que se realiza através da REPAM e outras
associações com o objetivo de consolidar aquilo que solicitava Aparecida: estabelecer,
entre as Igrejas locais de diversos países sul-americanos que estão na bacia
amazônica, uma pastoral de conjunto com prioridades diferenciadas. Isto vale
especialmente para a relação entre as Igrejas confinantes.
Por fim, quero lembrar
que nem sempre podemos pensar em projetos para comunidades estáveis, porque na
Amazônia há uma grande mobilidade interna, uma migração constante, muitas vezes
pendular, e a região transformou-se efetivamente num corredor migratório. A transumância
amazônica não foi bem compreendida nem suficientemente elaborada do ponto de
vista pastoral. Por isso devemos pensar em grupos missionários itinerantes e apoiar
a inserção e a itinerância dos consagrados e consagradas ao lado dos mais
desfavorecidos e excluídos. Por outro lado, isto desafia as nossas comunidades
urbanas, que deveriam cultivar com inteligência e generosidade, especialmente
nas periferias, várias formas de proximidade e recepção às famílias e jovens
que chegam ao território.
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