O Beato Inocêncio era filho de Pedro Scalvinoni
e de Francisca Poli. Nasceu no dia 19 de março de 1844 em Nardo, Vale de
Canônica, em Bréscia, na Itália. Foi batizado com o nome de João.
Seus pais eram muito pobres, mas ricos de
espírito cristão, sempre abandonados nas mãos do Senhor e confiados em sua
divina providência. Oração, trabalho e amor mútuo era o programa de vida e
ninguém ia dormir na família sem haver participado na reza coletiva do
santo Rosário. Em tal ambiente deu início a sua formação interior que o levaria
logo à santidade.
Quando contava apenas três meses ficou órfão de
pai, vítima de enfermidade. De sua mãe aprende logo o santo temor de Deus, uma
devoção filial à Santíssima Virgem e um delicado amor à pureza. Aos nove anos,
o bispo diocesano (de Bréscia) lhe dava a primeira comunhão, que recebeu com
indescritível contentamento e candura. Seus olhinhos vivos se cravavam no
tabernáculo e na sagrada espécie com a fé consciente do adulto, como se visse a
presença real do Senhor. Mas aquele primeiro abraço eucarístico parecia
assinalar uma transformação fundamental. O que lhe havia dito Jesus? Pronto se
desvelaria o segredo quando um dia disse todo feliz a sua mãe que o Senhor lhe
chama. Notícia que ela acolhe com emoção e lágrimas, dando profundas graças a
Deus pela predileção tão singular: a vocação ao sacerdócio.
Foi admitido no Seminário diocesano de Bréscia
e foi ordenado sacerdote a 2 de julho de 1867. Foi nomeado Coadjutor de um
pároco, em Cevo, onde se distinguiu pelo desapego das coisas materiais, assiduidade
no confessionário, caridade para com os pobres, assistência aos doentes e
pregação.
Sua caridade não tinha limites. Por ele, daria
tudo. Tirava da panela as melhores porções da comida para levá-los aos pobres
mais famintos e necessitados. Um dia, sua mãe reprovou este proceder.
Contestando-lhe, ele, de joelhos e respeitosamente, lhe disse: “perdoa-me,
os reparti entre uns pobres enfermos”. Ao que replicou ironicamente sua
mãe: “bendito filho, até o pote eu devo fechar a ‘sete chaves’”?
Um dia, sua mãe, ao limpar sua habitação,
repara que não tem colchão na cama. “Onde tens dormido esta noite, filho
meu”? Pergunta-lhe. Ele finge não compreendê-la. “Onde
posso ter dormido senão em minha habitação”?
“Quero dizer, sobre que coisa tens
descansado, já que não está aqui o último colchão que com tantos sacrifícios
procurei conseguir para ti semana passada”?
“Ah, sim! Havia me esquecido de
dizê-lo. Ontem, durante sua ausência... Se houvésseis visto aquela casa e
aquela enferma de sete anos já! Creia-me, a mim me vai melhor dormir assim”.
E na habitação, em lugar do colchão, a mãe
havia achado uns feixes de lenha...
O Bispo chamou-o para Bréscia a fim de
desempenhar o cargo de Vice-Reitor do Seminário. Após um ano, voltou para a
cura das almas como pároco em Berzo, onde se entregou a uma intensa atividade
apostólica, feita de oração, bom exemplo e uma pregação simples e paternal, bem
como de uma proximidade pessoal junto de cada um para os levar até Deus.
Entretanto, o Senhor chamava-o a uma vida mais perfeita. Depois de uma luta
espiritual, pediu para ser capuchinho, quando tinha 30 anos. Em 1874, vestiu o
hábito da Ordem, recebendo, nessa altura, o nome de Frei Inocêncio.
Viveu em Albino. Depois, foi para o Convento da Santíssima Anunciata, como
Vice-Mestre de noviços. Em 1880, foi-lhe confiada a redação dos Anais
Franciscanos, em Milão. Partiu para Crema, levando, por toda a parte,
o brilho da sua santidade. Foi colocado outra vez no Convento da Santíssima
Anunciata, onde encontrou aquilo que o seu espírito desejava: ser santo!
No eremitério do Convento, encontrou uma forma
de mergulhar em sua união com Deus, que era própria do seu temperamento: saciar
a sua ânsia de sacrifício através de penitências e da vida escondida. O seu
ideal era desaparecer e fazer com que o esquecessem. Dedicava-se ao exercício
de prolongadas horas de oração e contemplação, ao desempenho dos mais humildes
serviços do Convento, tais como: pedir esmola de porta em porta com a pregação
do bom exemplo e de boas palavras. A beleza da sua alma transparecia em todas
estas manifestações. Pregou exercícios espirituais aos seus irmãos, a
quem inundava com a abundância do seu espírito seráfico.
Neste ministério da pregação teve de fazer
muita violência sobre si mesmo, sobretudo porque não se considerava capaz de
coisa alguma. Morreu com 46 anos de idade, no dia 3 de março de 1890, na
enfermaria do Convento de Bérgamo, quando pregava um retiro aos seus
irmãos.
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