terça-feira, 3 de março de 2020

03 de março - Beato Inocêncio de Berzo


O Beato Inocêncio era filho de Pedro Scalvinoni e de Francisca Poli. Nasceu no dia 19 de março de 1844 em Nardo, Vale de Canônica, em Bréscia, na Itália. Foi batizado com o nome de João. 
Seus pais eram muito pobres, mas ricos de espírito cristão, sempre abandonados nas mãos do Senhor e confiados em sua divina providência. Oração, trabalho e amor mútuo era o programa de vida e ninguém ia dormir na família sem haver participado na reza coletiva do santo Rosário. Em tal ambiente deu início a sua formação interior que o levaria logo à santidade.

Quando contava apenas três meses ficou órfão de pai, vítima de enfermidade. De sua mãe aprende logo o santo temor de Deus, uma devoção filial à Santíssima Virgem e um delicado amor à pureza. Aos nove anos, o bispo diocesano (de Bréscia) lhe dava a primeira comunhão, que recebeu com indescritível contentamento e candura. Seus olhinhos vivos se cravavam no tabernáculo e na sagrada espécie com a fé consciente do adulto, como se visse a presença real do Senhor. Mas aquele primeiro abraço eucarístico parecia assinalar uma transformação fundamental. O que lhe havia dito Jesus? Pronto se desvelaria o segredo quando um dia disse todo feliz a sua mãe que o Senhor lhe chama. Notícia que ela acolhe com emoção e lágrimas, dando profundas graças a Deus pela predileção tão singular: a vocação ao sacerdócio.

Foi admitido no Seminário diocesano de Bréscia e foi ordenado sacerdote a 2 de julho de 1867. Foi nomeado Coadjutor de um pároco, em Cevo, onde se distinguiu pelo desapego das coisas materiais, assiduidade no confessionário, caridade para com os pobres, assistência aos doentes e pregação. 

Sua caridade não tinha limites. Por ele, daria tudo. Tirava da panela as melhores porções da comida para levá-los aos pobres mais famintos e necessitados. Um dia, sua mãe reprovou este proceder. Contestando-lhe, ele, de joelhos e respeitosamente, lhe disse: “perdoa-me, os reparti entre uns pobres enfermos”. Ao que replicou ironicamente sua mãe: “bendito filho, até o pote eu devo fechar a ‘sete chaves’”?

Um dia, sua mãe, ao limpar sua habitação, repara que não tem colchão na cama. “Onde tens dormido esta noite, filho meu”? Pergunta-lhe.  Ele finge não compreendê-la. “Onde posso ter dormido senão em minha habitação”?
“Quero dizer, sobre que coisa tens descansado, já que não está aqui o último colchão que com tantos sacrifícios procurei conseguir para ti semana passada”?

“Ah, sim! Havia me esquecido de dizê-lo.  Ontem, durante sua ausência... Se houvésseis visto aquela casa e aquela enferma de sete anos já! Creia-me, a mim me vai melhor dormir assim”.
E na habitação, em lugar do colchão, a mãe havia achado uns feixes de lenha...

O Bispo chamou-o para Bréscia a fim de desempenhar o cargo de Vice-Reitor do Seminário. Após um ano, voltou para a cura das almas como pároco em Berzo, onde se entregou a uma intensa atividade apostólica, feita de oração, bom exemplo e uma pregação simples e paternal, bem como de uma proximidade pessoal junto de cada um para os levar até Deus. Entretanto, o Senhor chamava-o a uma vida mais perfeita. Depois de uma luta espiritual, pediu para ser capuchinho, quando tinha 30 anos. Em 1874, vestiu o hábito da Ordem, recebendo, nessa altura, o nome de Frei Inocêncio.  Viveu em Albino. Depois, foi para o Convento da Santíssima Anunciata, como Vice-Mestre de noviços. Em 1880, foi-lhe confiada a redação dos Anais Franciscanos, em Milão. Partiu para Crema, levando, por toda a parte, o brilho da sua santidade. Foi colocado outra vez no Convento da Santíssima Anunciata, onde encontrou aquilo que o seu espírito desejava: ser santo! 

No eremitério do Convento, encontrou uma forma de mergulhar em sua união com Deus, que era própria do seu temperamento: saciar a sua ânsia de sacrifício através de penitências e da vida escondida. O seu ideal era desaparecer e fazer com que o esquecessem. Dedicava-se ao exercício de prolongadas horas de oração e contemplação, ao desempenho dos mais humildes serviços do Convento, tais como: pedir esmola de porta em porta com a pregação do bom exemplo e de boas palavras. A beleza da sua alma transparecia em todas estas manifestações.  Pregou exercícios espirituais aos seus irmãos, a quem inundava com a abundância do seu espírito seráfico.

Neste ministério da pregação teve de fazer muita violência sobre si mesmo, sobretudo porque não se considerava capaz de coisa alguma.  Morreu com 46 anos de idade, no dia 3 de março de 1890, na enfermaria do Convento de Bérgamo, quando pregava um retiro aos seus irmãos. 



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