O trecho evangélico de hoje nos oferece um
ensinamento sobre o perdão, que não nega a ofensa sofrida mas reconhece que o
ser humano, criado à imagem de Deus, é sempre maior que o mal que ele comete.
São Pedro pergunta a Jesus: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão,
quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Para Pedro parece ser já o
máximo perdoar sete vezes a uma mesma pessoa; e talvez a nós pareça ser já
muito perdoar duas vezes. Mas Jesus responde: Não te digo até sete vezes,
mas até setenta vezes sete, isto é, sempre: deves perdoar sempre. E
confirma isto narrando a parábola do rei misericordioso e do servo impiedoso,
na qual mostra a incoerência daquele que antes foi perdoado e depois se recusa
a perdoar.
O rei da parábola é um homem generoso que,
movido pela compaixão, perdoou-lhe uma dívida enorme — “dez mil talentos” — a
um servo que o suplica. Mas aquele mesmo servo, ao encontrar logo a seguir
outro servo como ele que lhe deve cem denários — ou seja, muito menos — comporta-se
de forma impiedosa, fazendo-o fechar na prisão. A atitude incoerente deste
servo é também a nossa quando recusamos o perdão aos nossos irmãos. Enquanto o
rei da parábola é a imagem de Deus que nos ama de um amor tão rico de
misericórdia a ponto de nos acolher, amar e perdoar constantemente.
Desde o nosso Batismo Deus nos perdoou,
condenando-nos a uma dívida insolúvel: o pecado original. Mas, isto acontece a
primeira vez. Depois, com uma misericórdia sem limites, Ele perdoa-nos todas as
culpas quando mostramos só um pequeno sinal de arrependimento. Deus é assim:
misericordioso.
Quando somos tentados a fechar o nosso coração
a quem nos ofendeu e nos pede desculpa, lembremo-nos das palavras do Pai
celeste ao servo impiedoso: Eu te
perdoei toda a dívida porque me suplicaste. Não devias também tu compadecer-te
de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti? Qualquer pessoa
que tenha experimentado a alegria, a paz e a liberdade interior que vem do ser
perdoado pode abrir-se por sua vez à possibilidade de perdoar.
Papa Francisco – 17 de setembro
de 2017
Hoje celebramos:
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