Pela sua obra
admirável ao serviço das pessoas idosas mais necessitadas, Santa Joana Maria da
Cruz é também um farol para guiar as nossas sociedades que devem
redescobrir sempre o lugar e a contribuição única desta fase da vida. Nascida
em 1792 em Cancale, na Bretanha, Jeanne Jugan preocupava-se com a dignidade dos
seus irmãos e irmãs em humanidade, que a idade tornou vulneráveis, reconhecendo
neles a pessoa de Cristo. "Olhai
para o pobre com compaixão, dizia ela, e Jesus olhará para vós com bondade, no
vosso último dia".
Este olhar de
compaixão sobre as pessoas idosas, baseado na sua profunda comunhão com Deus,
Jeanne Jugan levou-a através do seu serviço jubiloso e abnegado, exercido com
doçura e humildade de coração, querendo ser ela mesma pobre entre os pobres.
Jeanne viveu o mistério de amor aceitando, em paz, a obscuridade e o
despojamento até à morte.
O seu carisma é sempre atual, quando tantas pessoas
idosas sofrem múltiplas pobrezas e solidões, sendo por vezes até abandonadas
pelas suas famílias. O espírito de hospitalidade e de amor fraterno, fundado
numa confiança ilimitada na Providencia, no qual Jeanne Jugan encontrava a
fonte nas Bem-Aventuranças, iluminou toda a sua existência. Este impulso
evangélico prossegue hoje através do mundo na Congregação das Irmãzinhas dos Pobres, que ela fundou e que
testemunha no seu seguimento da misericórdia de Deus e do amor compassivo do
Coração de Jesus pelos mais pequeninos.
Que Santa Jeanne
Jugan seja para todas as pessoas idosas uma fonte viva de esperança, e para as
pessoas que se põem generosamente ao seu serviço, um estímulo poderoso a fim de
prosseguir e desenvolver a sua obra!
Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 11 de
outubro de 2009
A doação como apostolado
de caridade para com quem sofre por causa da idade, da pobreza, da solidão e
outras dificuldades, era a espiritualidade de Joana Maria da Cruz, nascida na
aldeia de Cancale na Bretanha francesa no dia 25 de outubro de 1792 e batizada
com o nome de Joana Jugan.
Filha do casal José
Jugan e Marie Horel, foi a sexta de oito filhos. Joana perdeu o pai aos quatro
anos de idade e sua mãe ficou responsável por toda a família. Aos dezesseis
anos começou a trabalhar como empregada doméstica na casa dos Viscondes de la
Choue em Saint-Coulomb. Ao mesmo tempo que ajudava a família, amparava também
os pobres, abandonados e idosos.
Ao completar
dezoito anos foi pedida em casamento por um jovem marinheiro, ao qual respondeu
afirmando: “Deus me quer para Ele, para
um trabalho ainda não conhecido e uma obra que ainda não está fundada.”
Em 1817 atuou como
enfermeira no hospital Santo Estevão em Saint-Servan e conheceu e participou da
Ordem Terceira da Mãe Admirável, fundada por João Eudes.
No ano de 1823
deixou suas atividades no hospital para dedicar-se aos cuidados de Marie Lecoq
com quem ficou por doze anos. Com a morte de Marie em 1835 Joana herdou os bens
de sua senhora e juntamente com sua amiga Francisca Aubert, alugaram um
apartamento em Saint-Servan para dar continuidade aos trabalhos de acolhimento
e cuidado aos pobres.
Em 1839 Joana
acolheu uma senhora cega chamada Ana Chauvin a qual fez surgir a inspiração de
uma congregação que inicialmente se chamou “Servas
dos Pobres”. A Joana uniram-se outras mulheres e no ano de 1842 deixaram o
apartamento e alugaram uma casa para acolher os idosos. Seu trabalho
sensibilizou uma rica comerciante que viabilizou a compra de um convento
abandonado. Ali foi consolidada a Congregação
das Irmãzinhas dos Pobres, sob a assistência da Ordem Hospedeira de São
João de Deus. Joana recebeu o hábito e adotou o nome de Joana Maria da Cruz.
Joana Maria da Cruz
faleceu na França no dia 29 de agosto de 1879 e sua congregação já contava com
cento e setenta e sete casas em mais de dez países e em torno de duas mil e
quinhentas irmãs. Foi beatificada em 3 de outubro de 1982 pelo Papa João Paulo
II e canonizada em 11 de outubro de 2009 pelo Papa Bento XVI.
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