Além, disso, para garantir o futuro da sua
obra, obteve de Clemente VI, em 21 de janeiro de 1344, a aprovação pontifícia
da nova Congregação beneditina, chamada "Santa Maria de Monte
Oliveto".
Por ocasião da grande peste de 1348, deixou a
solidão de Monte Oliveto para ir ao mosteiro de São Bento em Porta Tufi, em
Sena, a fim de assistir os seus monges atingidos pelo mal, e morreu ele mesmo
vítima da doença como autêntico mártir da caridade. Do exemplo deste Santo
chega até nós o convite para traduzir a nossa fé numa vida dedicada a Deus na
oração e ao serviço do próximo sob o estímulo de uma caridade pronta também
para o sacrifício supremo.
Papa Bento XVI –
Homilia de Canonização – 26 de abril de 2009
Bernardo em Sena, da nobre família dos Tolomei,
em 1272. Depois de estudar matérias jurídicas em sua cidade, entrou na
Irmandade dos Disciplinados de Santa Maria della Scala, porém, para realizar de
modo mais completo seu ideal ascético, em 1313, junto com outros nobres,
abandonou Sena e se retirou à solidão de Accona, uma propriedade de sua família
a uns 15 km ao sudeste da cidade.
Naquela austera paisagem, Bernardo e seus companheiros
levaram vida eremítica em algumas grutas que haviam escavado no tufo. Oração e
silêncio foram as características de sua vida penitente. Porém, outros se
uniram a eles, e para consolidar a posição jurídica do novo grupo o beato
recorreu ao bispo de Arezzo, Guido Pietramala, em cuja jurisdição se encontrava
então Accona, e obteve a ata de fundação do novo mosteiro de Santa Maria de
Monte Oliveto "sub regula sancti Benedicti" (26 de março de 1319).
Deste modo quis conciliar a primitiva escolha
eremítica com a adoção do cenobitismo beneditino. Extraiu a espiritualidade da
regra, contribuindo com algumas mudanças nas instituições. A decisão mais
importante a este propósito foi a de eleger o abade do mosteiro só por um ano.
Conseguiu afastar dos monges a sua eleição como
abade nos primeiros, mas em 1321 o beato teve que aceitar a nomeação de abade
que, posteriormente, foi se renovando ao longo de sua vida.
Durante seu mandato muitos acorreram ao novo
mosteiro de várias cidades, especialmente da Toscana. O número crescente
dos monges permitiu atender às solicitudes dos bispos e leigos que queriam ter
os novos monges em suas cidades e aldeias, pelo que o beato, antes de sua
morte, pode fundar ao menos outros 10 mosteiros, estreitamente ligados ao
mosteiro principal, cujo nome repetiam, e regidos por um prior.
O beato deixou a seus monges um exemplo de vida
santa, dedicada à contemplação, como atesta o primeiro cronista olivetano, frei
Antônio de Barga: "Foi um homem extraordinário e santo". Durante a
grande epidemia de peste de 1348, Bernardo deixou a solidão de Monte Oliveto
para transladar-se ao Mosteiro de Sena, fundado em 1322, e aí, assistindo aos
seus monges contaminados pela enfermidade, morreu em uma data que a tradição
fixou aos 20 de agosto. Foi sepultado no mosteiro situado fora da Porta Tufi.
Em 1554, durante a guerra entre Carlos V e a
República de Sena, o mosteiro foi destruído e seus restos mortais se perderam,
apesar das repetidas buscas nos séculos posteriores.
Dele restam algumas cartas que o retratam como
"um homem que se fez seguidor sincero e atento da Regra de são Bento";
a seu projeto monástico se referem as mais antigas constituições olivetanas,
redigidas entre 1350 e 1360, poucos anos depois de sua morte. De sua devoção
mariana são sinais a dedicação da igreja de Monte Oliveto à Natividade da
Virgem e a escolha do hábito branco.
Do culto rendido ao beato se tem testemunhos de
1462, quando Pio II visitou o mosteiro de Monte Oliveto, "onde se
veneravam suas relíquias", porém somente no século XVII os olivetanos
obtiveram da Congregação dos ritos a aprovação do culto ab immemorabili (25 de
novembro de 1644).
Em 31 de agosto de 1768 foi emitido o decreto
sobre a heroicidade de suas virtudes, porém os acontecimentos que agitaram
também os olivetanos na segunda metade do século XVIII não permitiram levar a
termo o processo de canonização.
Foi canonizado em 26 de abril de 2009, em Roma,
pelo Papa Bento XVI.
Atualmente, este ramo dos beneditinos tem
comunidades no Brasil, França, Grã-Bretanha, Guatemala, Irlanda, Israel,
Itália, Coreia do Sul e Estados Unidos.
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