terça-feira, 20 de agosto de 2019

20 de agosto - São Bernardo Tolomei

Em São Bernardo Tolomei, iniciador de um singular movimento monástico beneditino, sobressai o amor pela oração e pelo trabalho manual. A sua existência foi eucarística, toda dedicada à contemplação, que se traduzia em serviço humilde ao próximo. Devido ao seu singular espírito de humildade e de acolhimento fraterno, os monges reelegeram-no abade por vinte e sete anos consecutivos, até à morte.
Além, disso, para garantir o futuro da sua obra, obteve de Clemente VI, em 21 de janeiro de 1344, a aprovação pontifícia da nova Congregação beneditina, chamada "Santa Maria de Monte Oliveto".

Por ocasião da grande peste de 1348, deixou a solidão de Monte Oliveto para ir ao mosteiro de São Bento em Porta Tufi, em Sena, a fim de assistir os seus monges atingidos pelo mal, e morreu ele mesmo vítima da doença como autêntico mártir da caridade. Do exemplo deste Santo chega até nós o convite para traduzir a nossa fé numa vida dedicada a Deus na oração e ao serviço do próximo sob o estímulo de uma caridade pronta também para o sacrifício supremo.

Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 26 de abril de 2009

Bernardo em Sena, da nobre família dos Tolomei, em 1272. Depois de estudar matérias jurídicas em sua cidade, entrou na Irmandade dos Disciplinados de Santa Maria della Scala, porém, para realizar de modo mais completo seu ideal ascético, em 1313, junto com outros nobres, abandonou Sena e se retirou à solidão de Accona, uma propriedade de sua família a uns 15 km ao sudeste da cidade.

Naquela austera paisagem, Bernardo e seus companheiros levaram vida eremítica em algumas grutas que haviam escavado no tufo. Oração e silêncio foram as características de sua vida penitente. Porém, outros se uniram a eles, e para consolidar a posição jurídica do novo grupo o beato recorreu ao bispo de Arezzo, Guido Pietramala, em cuja jurisdição se encontrava então Accona, e obteve a ata de fundação do novo mosteiro de Santa Maria de Monte Oliveto "sub regula sancti Benedicti" (26 de março de 1319).

Deste modo quis conciliar a primitiva escolha eremítica com a adoção do cenobitismo beneditino. Extraiu a espiritualidade da regra, contribuindo com algumas mudanças nas instituições. A decisão mais importante a este propósito foi a de eleger o abade do mosteiro só por um ano.

Conseguiu afastar dos monges a sua eleição como abade nos primeiros, mas em 1321 o beato teve que aceitar a nomeação de abade que, posteriormente, foi se renovando ao longo de sua vida.

Durante seu mandato muitos acorreram ao novo mosteiro de várias cidades, especialmente da Toscana. O número crescente dos monges permitiu atender às solicitudes dos bispos e leigos que queriam ter os novos monges em suas cidades e aldeias, pelo que o beato, antes de sua morte, pode fundar ao menos outros 10 mosteiros, estreitamente ligados ao mosteiro principal, cujo nome repetiam, e regidos por um prior.           

O beato deixou a seus monges um exemplo de vida santa, dedicada à contemplação, como atesta o primeiro cronista olivetano, frei Antônio de Barga: "Foi um homem extraordinário e santo". Durante a grande epidemia de peste de 1348, Bernardo deixou a solidão de Monte Oliveto para transladar-se ao Mosteiro de Sena, fundado em 1322, e aí, assistindo aos seus monges contaminados pela enfermidade, morreu em uma data que a tradição fixou aos 20 de agosto. Foi sepultado no mosteiro situado fora da Porta Tufi.

Em 1554, durante a guerra entre Carlos V e a República de Sena, o mosteiro foi destruído e seus restos mortais se perderam, apesar das repetidas buscas nos séculos posteriores.

Dele restam algumas cartas que o retratam como "um homem que se fez seguidor sincero e atento da Regra de são Bento"; a seu projeto monástico se referem as mais antigas constituições olivetanas, redigidas entre 1350 e 1360, poucos anos depois de sua morte. De sua devoção mariana são sinais a dedicação da igreja de Monte Oliveto à Natividade da Virgem e a escolha do hábito branco.

Do culto rendido ao beato se tem testemunhos de 1462, quando Pio II visitou o mosteiro de Monte Oliveto, "onde se veneravam suas relíquias", porém somente no século XVII os olivetanos obtiveram da Congregação dos ritos a aprovação do culto ab immemorabili (25 de novembro de 1644).

Em 31 de agosto de 1768 foi emitido o decreto sobre a heroicidade de suas virtudes, porém os acontecimentos que agitaram também os olivetanos na segunda metade do século XVIII não permitiram levar a termo o processo de canonização. 

Foi canonizado em 26 de abril de 2009, em Roma, pelo Papa Bento XVI.
Atualmente, este ramo dos beneditinos tem comunidades no Brasil, França, Grã-Bretanha, Guatemala, Irlanda, Israel, Itália, Coreia do Sul e Estados Unidos.




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