segunda-feira, 12 de agosto de 2019

12 de agosto - Beato Boaventura García Paredes


Boaventura García Paredes nasceu nas Astúrias, Espanha, em 19 de abril de 1866. Foi batizado no mesmo dia de seu nascimento. De família pobre, humilde, trabalhadora e muito religiosa. Foram cinco irmãos. Outro, além dele, também foi sacerdote.

Boaventura sentiu muito cedo em seu coração a vocação à vida religiosa e sacerdotal. Conheceu os frades dominicanos e, impactado por seu estilo de vida, decidiu entrar na Ordem. Ingressou no Colégio Dominicano de Corias, Astúrias, para iniciar seu postulantado. Começou os estudos, porém, dois anos depois teve que deixá-lo por motivos de saúde.

Após recuperar-se, voltou a ingressar na Ordem, porém, não em Corias, mas em Ocaña, Toledo, no Colégio Apostólico do Convento de São Domingos. Este convento é muito importante para a história da Ordem na Espanha, pois, foi o único que permaneceu em pé após a desamortização de Mendizabal e, a partir dele, se pode levar a cabo posteriormente a restauração da Ordem na Espanha.

Também é memorável esse convento, pertencente à Província Dominicana de Nossa Senhora do Rosário, porque nele  se formaram dominicanos para as missões do Extremo Oriente, entre eles, quatro santos: São Valentín de Berrio Ochoa, São Pedro Almató, São José Maria Díaz Sanjurjo e São Melchior García Sampedro, mártires do Vietnã, canonizados por São João Paulo II em 1988.

Ocaña, a vida observante dos frades ali, a memória de seus mártires, causou uma grande impressão no jovem Boaventura e será sempre um lugar referencial em sua vida.

Em Ocaña, Boaventura nasce para a Ordem, tomando o hábito em 30 de agosto de 1883. No ano seguinte fez sua profissão religiosa e continuou em Ocaña estudando filosofia. Terminada a formação filosófica, passou ao convento de Santo Tomás de Ávila, onde fez sua profissão solene em 08 de setembro de 1887. Completou seus estudos teológicos complementando-os com a carreira civil de filosofia, letras e direito.

Em 1891 foi ordenado sacerdote. Foi um homem com uma formação humana e intelectual impressionantes, depois o destinaram a Manila, Filipinas, à Universidade Dominicana de Santo Tomás, para ensinar. Em 1901, regressou à Espanha, ao ser eleito o prior de Santo Tomás de Ávila. Depois, foi eleito reitor do colégio que os dominicanos tinham em Santa Maria de Nieva, Segóvia. Posteriormente, prior de seu querido convento de Ocaña em 1910 e, nesse mesmo ano, foi eleito prior provincial. Durante seu mandato como provincial da província de Nossa Senhora do Rosário, contribuiu decisivamente para impulsionar o apostolado missionário da Ordem no Oriente. Terminado seu mandato, em 1917, voltou à Espanha como superior da nova Casa do Rosário de Madri.

Em 1926, o capítulo geral da Ordem celebrado no convento de Santo Domingo de Ocaña, o elegeu Mestre da Ordem. O padre Boaventura, prostrado ao solo, pediu aos eleitores que o relevassem do cargo, porém, ao não ser aceita sua petição, assumiu o ofício com um profundo sentimento de obediência e responsabilidade. Seu mandato como sucessor de São Domingos à frente da Ordem durou dois anos e meio, nos quais trabalhou incansavelmente pelo bem da mesma.

Sua pouca saúde o levou a renunciar ao cargo. Ao terminar, lhe deram a possibilidade de escolher o destino: qualquer casa ou convento, e ele pediu para voltar ao convento de Santo Domingo de Ocaña, que ele amava de verdade.
Dedicado à pregação, ao estudo, à investigação e à atenção de muitas pessoas que se confiavam espiritualmente a ele, passou o resto de seus anos em Ocaña.

Em julho de 1936, viaja a Madri e, ali, lhe surpreendeu a perseguição religiosa e a guerra civil. Já não podia voltar a Ocaña. Detido em Madri, foi martirizado simplesmente por sua condição de religioso, morrendo exemplarmente e com valentia, dando testemunho de sua fé. Recebeu com grande serenidade os que pouco depois seriam seus verdugos, dizendo-lhes que o seu único crime era de ser religioso. Ao seu lado foi encontrado o rosário e o breviário.



Todos os que conheceram o Padre Boaventura destacam sua profunda simplicidade, sua autêntica humildade, sua fé arraigada e profunda, seu espírito de oração, sua grande capacidade para suportar as dificuldades e para perdoar as ofensas, sua caridade para com todos e seu caráter afável. Como superior, se mostrou sempre compassivo e humano. Era um homem plenamente identificado com o carisma da Ordem na busca da Verdade e no anúncio do Evangelho, manifestando sempre um grande sentimento de serviço e amor à Igreja.

Boaventura foi valente e disse: “sim”! Sua entrega, sua valentia e sua fé é o que a Igreja especialmente reconheceu naquele 28 de outubro de 2007, quando Frei Boaventura García Paredes foi beatificado em Roma, junto com outros 497 mártires do século XX na Espanha.

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