Há alguns momentos, com contida emoção e
em virtude de nossa autoridade apostólica, pronunciamos uma sentença solene,
acrescentando ao catálogo dos Santos, Santa Teresa de Jesus Jornet e Ibars,
fundadora das Irmãs dos Anciãos Desamparados. Nós a declaramos
Santa, isto é, digna de receber adoração universal na Igreja; nos
confiaremos a sua intercessão e poderemos tomá-la como orientação para nossa
vida espiritual.
Papa Paulo VI – homilia
de canonização – 27 de janeiro de 1974
Teresa nasceu na cidade de Aytona (Espanha), no
dia 9 de janeiro de 1843, em uma família profundamente cristã, filha de
Francisco Jornet e de Antonieta Ibars, agricultores. Desde cedo sentiu o
chamado para a vida religiosa.
Aconselhada por seu tio, o Beato Francisco
Palau y Quer, carmelita descalço, estudou em Lérida, se formando professora e
dava aula na cidade de Argensola. Com grande espírito de piedade, percorria dois
quilômetros a pé até Lérida para confessar-se.
O Beato Palau havia pensado em Teresa como uma
possível colaboradora de uma fundação que ele havia iniciado. Em 1862 Teresa de
associou as Terceiras Carmelitas dirigidas pelo tio, tornando-se diretora da
escola.
Nos primeiros dias de julho de 1868, desejando
maior perfeição, entrou no convento das Clarissas de Briviesca, perto de
Burgos. Lá fez o seu postulantado e noviciado com grande alegria, esperando o
dia tão sonhado de sua profissão religiosa. Quando já se preparava para emitir
os seus votos, uma ordem do governo republicano proibiu a emissão de votos
religiosos e Teresa não pode professar.
Como os desígnios de Deus são outros, um dia
surgiu no seu rosto uma ferida, que alarma toda a comunidade; não sabendo se
essa ferida era maligna, ou até contagiosa, por prudência a mandaram para casa
para se tratar.
Ela sentiu muito a partida do convento, sofreu
muito em ver seu grande sonho desvanecer, mais seguiu adiante, confiando na
Providência de Deus.
Em junho de 1872, Teresa e sua mãe chegaram de
passagem a Barbastro e encontram um amigo de seu tio, o Pe. Pedro Llacera, que
era muito amigo do Pe. Saturnino López Novoa, que nessa época estava
com planos de fundar uma congregação para o cuidado dos velhinhos pobres e
desamparados. Pe. Pedro, conhecendo a vida e o espírito de Teresa, convidou-a a
fazer parte dessa fundação que estava marcada para os primeiros dias de
outubro.
Teresa, vendo aí a mão de Deus, sem hesitar
respondeu o seu sim, e nos primeiros dias de outubro, foi para Barbastro, não
sozinha, mas com sua irmã, Maria Jornet, e uma amiga, Mercedes Calzada, frutos
de seu apostolado de amor.
No dia 27 de janeiro de 1873, juntamente com as
outras 11 aspirantes, vestiu o hábito tendo se iniciado oficialmente a Congregação
das Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados. Pouco tempo depois, foi nomeada
superiora do pequeno grupo e recebeu as primeiras Constituições, comentando: "Este
livrinho, padre, me salvará ou me condenará".
Em 25 anos de mandato, fundou 103 casas e
obteve a aprovação da Congregação pela Santa Sé, vivendo uma vida santa e
exemplar para todas as suas Irmãs.
Aos 54 anos, depois de uma longa e dolorosa
enfermidade, morreu santamente na cidade de Liria, no dia 26 de agosto de 1897,
deixando um rastro de santidade em toda a Congregação. Em 1904, seus despojos
foram transladados de Liria para a Casa-mãe de Valência.
O seu testamento espiritual foi esse:
"Cuidem com interesse e esmero dos anciãos, tenham muita caridade e
observem fielmente as Constituições, nisso está a nossa santificação".
Foi beatificada pelo Papa Pio XII no dia 27 de
abril de 1958, e canonizada por Paulo VI em 27 de janeiro de 1974, ano
centenário da fundação da Congregação. É considerada a padroeira dos anciãos
e dos pensionistas idosos. Sua festa é celebrada no dia 26 de agosto.
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