Depois do episódio do jovem rico, o qual não
tinha tido a coragem de se desapegar das suas "muitas riquezas" para
seguir Jesus, Pedro pergunta ao Senhor qual a recompensa que caberá a eles, aos
discípulos, que ao contrário deixaram tudo para estar com Ele. A resposta de
Cristo revela quanto é imenso o seu coração: aos Doze promete que participarão
da sua autoridade no novo Israel; depois, garante a todos que "todo aquele
que tiver deixado" os bens terrenos pelo seu nome, "receberá cem
vezes mais e terá por herança a vida eterna".
Quem escolhe Jesus encontra o tesouro maior, a
pérola preciosa, que dá valor a tudo o resto, porque Ele é a Sabedoria divina
encarnada, que veio ao mundo para que a humanidade tenha a vida em abundância.
E quem acolhe a bondade, a beleza e a verdade superiores de Cristo, nas quais
habita toda a plenitude de Deus, entra com Ele no seu Reino, onde os critérios
de valor deste mundo são caducos e até invertidos.
Uma das definições mais bonitas do Reino de
Deus encontramos na Carta aos Romanos. O apóstolo Paulo, depois de ter exortado
os cristãos a deixarem-se guiar sempre pela caridade e a não ser motivo de
escândalo para quantos são débeis na fé, recorda que o Reino de Deus "é
justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Rm14, 17). E
acrescenta: "Quem deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e
estimado pelos homens. Procuremos, portanto, aquilo que leva à paz e à
edificação mútua" (Rm 14, 18-19).
As "obras da paz" constituem uma
expressão sintética e completa da sabedoria bíblica, à luz da revelação de
Cristo e do seu mistério de salvação. Quem reconheceu n'Ele a Sabedoria
encarnada e deixou tudo por Ele, torna-se "realizador de paz", quer
na comunidade cristã quer no mundo, isto é, torna-se semente do Reino de
Deus que já está presente e progride para a plena manifestação.
Na perspectiva do binómio Sabedoria-Cristo, a
Palavra de Deus oferece-nos portanto uma visão completa do homem na história: quem,
atraído pela sabedoria, a procura e a encontra em Cristo, deixa tudo por Ele
recebendo em troca o dom inestimável do Reino de Deus e, revestido de
temperança, prudência, justiça e fortaleza as virtudes "cardeais"
vive na Igreja o testemunho da caridade.
Papa Bento XVI – 06 de
maio de 2006
Hoje celebramos
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