Papa Francisco – Homilia de Canonização – 17 de
maio de 2015
Madre
Maria Cristina Brando nasceu na cidade de Nápoles, no dia 1° de maio de
1856, seus pais foram Giovanni Giuseppe e Maria Concetta Marrazzo, que morreu apenas
alguns dias após o nascimento da sua filha.
De
índole humilde e dócil, recebeu da família uma frutuosa e sólida educação
religiosa que lhe permitiu mostrar logo os sinais de uma clara inclinação à
oração e à continência.
Atraída
pelas coisas de Deus, fugia de todas as vaidades mundanas e amava a solidão;
confessava-se com frequência e, diariamente, recebia a santa comunhão acolhendo
o ensinamento do Redentor, costumava repetir: “Devo ser santa, quero ser santa”.
Com
apenas doze anos de idade, diante de uma imagem do menino Jesus, fez voto de
castidade perpétua.
Quando
se sentiu chamada à vida consagrada, ao manifestar o desejo de querer entrar na
congregação das sacramentinas de Nápoles, foi impedida pelo pai.
Conseguiu afinal o consentimento e foi recebida como aspirante pelas Clarissas
do Mosteiro das Fiorentinas. Por motivo de doença, por duas vezes, foi
obrigada a regressar à família para curar-se. Depois de curada, recebeu o
consentimento para entrar no mosteiro das Sacramentinas.
No
ano de 1876 vestiu o hábito religioso e recebeu o nome de Irmã Maria Cristina da Imaculada Conceição. Mas também aí adoeceu e
foi forçada a deixar o caminho que havia iniciado com tanto fervor.
A
esta altura pôde perceber que tinha chegado o momento de dar vida ao Instituto
que, de muito tempo, se sentia chamada a fundar. Assim, no ano de 1878,
enquanto morava em uma acomodação provisória junto às Teresianas de Torre del
Greco, lançou os fundamentos da nova família religiosa que atualmente se chama Congregação das Irmãs Vítimas Expiadoras de
Jesus Sacramentado que cresceu rapidamente, apesar das escassas economias e
das oposições, sem mencionar a precária saúde da Fundadora.
Depois
de ter passado por várias sedes, a comunidade, seguindo os conselhos do servo
de Deus Michelangelo de Marigliano e do beato Ludovico de Casoria, se
transferiu para Casoria, não muito distante de Nápoles O novo Instituto
encontrou não poucas e ligeiras dificuldades que o levaram a fazer, de todos os
modos, a experiência da Divina Providência e a contar com a ajuda de muitos
benfeitores e sacerdotes, dentre os quais se sobressai o sacerdote Domenico
Maglione. O Instituto se enriqueceu com novos membros e casas; sempre
testemunhou uma grande devoção para com a Eucaristia; e sempre primou por um
diligente cuidado na educação de meninos e meninas.
No
ano de 1897 a serva de Deus emitiu os votos temporários; no dia 20 de julho de
1903 a congregação obtém a aprovação canónica da Santa Sé; e, no dia 02 de
novembro do mesmo ano, a Fundadora, junto com muitas irmãs, emitiu a profissão
perpétua.
Ela
viveu com generosidade, com perseverança e alegria espiritual a sua consagração
e assumiu o encargo de superiora geral com humildade, prudência e amabilidade,
dando às co-irmãs contínuos exemplos de fidelidade a Deus e à vocação e de zelo
pela causa do Reino de Deus.
Trilhou
a via da santidade com vontade solícita e generosa Com a ajuda da graça,
progrediu, sem descanso, na imitação do Senhor, na obediência ao evangelho e na
perfeição cristã.
A
serva de Deus, no dia 20 de janeiro de 1906, tendo-se preparado com muita
diligência desde a sua juventude, entrou na vida eterna que sempre desejou.
A
vida de Madre Cristina sempre foi iluminada por uma fé simples, sólida e viva
que era alimentada pela escuta da Palavra de Deus, pela frutuosa participação
aos sacramentos, pela assídua meditação das verdades eternas e por uma
fervorosa oração Cultivou uma particular devoção para com os mistérios da
Encarnação, da Paixão e Morte de Cristo e da Eucaristia. Com a finalidade de
aproximar-se mais intensa e profundamente do Tabernáculo, com o espírito e o
corpo, mandou construir uma cela — chamada, à imitação do presépio, de
“grutinha” — contígua à Igreja que tinha construído em Casoria. Nesse lugar,
passou todas as noites de sua vida, sentada em uma cadeira, fazendo companhia,
nas vigílias e nos repousos, a Jesus Eucaristia.
A
sua espiritualidade expiadora foi muito forte, tanto que se tornou o carisma do
instituto. Entre os fragmentos autografados que nos restam de sua
autobiografia, escrita por obediência ao diretor espiritual, podemos ler:
“A
finalidade principal desta obra é a reparação dos ultrajes que recebe o S.
Coração de Jesus no Santíssimo Sacramento, especialmente as irreverências e
desprezo, as comunhões sacrílegas, os sacramentos recebidos sem preparação, as
santas missas pessimamente escutadas e o que mais amargamente traspassa este
coração santíssimo é que muitos dos seus ministros e muitas pessoas a Ele
consagradas se reúnem a esses desconhecidos e mais ainda ferem o seu coração
(...) às Perpétuas Adoradoras, o divino Coração de Jesus quis confiar o caro e
sublime encargo de Vítimas de perpétua adoração e reparação ao Seu Divino
Coração horrivelmente ofendido e ultrajado no Santíssimo Sacramento do amor
(...) Às Perpétuas Adoradoras de vida mista (...) o Sagrado Coração de Jesus
confia o caro encargo de Vítimas da Caridade e da reparação; da caridade porque
nos vem confiado o cuidado das meninas”.
Deste
segundo aspecto, nasceram as obras como os conservatórios femininos,
educandários, orfanatos, escolas internas e externas: tudo para reparar assim,
levando ao conhecimento de Deus onde é desconhecido, fazemos de tudo para que
Ele seja amado e ajudamos aos irmãos para que evitem de cometer as ofensas que
Madre Cristina viveu para expiar.
Evidenciamos
assim as duas linhas sobre as quais se implanta o carisma que Madre Brando
transmitiu às Irmãs Vítimas Expiadoras: o amor a Deus e ao próximo. A beata Fundadora
as definia como “os dois ramos que saem do mesmo tronco”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário