"Trabalha
durante seis dias e faz todas as tuas tarefas. Porém, o sétimo dia é o sábado
dedicado ao Senhor, teu Deus". A leitura do
Êxodo, recorda-nos o dever de trabalhar, para colaborar com o nosso esforço na
obra do Criador e, assim, construir um mundo melhor e mais humano. Contudo, no
século XIX a inserção da mulher no trabalho assalariado, fora do lar, aumentou
os perigos para a sua vida de fé e a sua dignidade humana.
Deu-se conta disto
a Beata Joana Maria Condesa Lluch, impelida pela sua extraordinária
sensibilidade religiosa. Ela teve uma juventude profundamente cristã:
participava na missa todos os dias, na igreja do Patriarca, revigorando a sua
fé com a oração assídua. Assim, preparava-se para se entregar totalmente ao
amor de Deus, fundando a Congregação das Servas de Maria Imaculada que, fiel ao
seu carisma, continua a comprometer-se na promoção da mulher trabalhadora.
Papa
João Paulo II – Homilia de Beatificação – 23 de março de 2003
Nasceu
em Valência (Espanha), no dia 30 de Março de 1862 e foi batizada no dia
seguinte.
Recebeu
uma esmerada formação humana e cristã, que contrastava com a mentalidade
racionalista da sociedade local dessa época, caracterizada também por um
aumento de descristianização.
Na
juventude, reforçou a sua vida cristã com a devoção a Jesus sacramentado, à
Imaculada Conceição, a São José e a Santa Teresa e, depressa descobriu o dom do
amor de Deus que se derramava abundantemente no seu coração, manifestando o
desejo de ser "morada do Espírito", conseguindo "viver a vida
ordinária de modo extraordinário".
Com
18 anos de idade descobriu que a vontade de Deus para si era a entrega total à
causa do Reino e, assim, começou a comprometer-se na tarefa de evangelização e
de serviço às operárias, interessando-se pelas condições de vida e de trabalho
das jovens. Depois de vários anos de dificuldade, em 1884 obteve do Arcebispo
da sua terra natal a autorização para abrir uma casa onde dar acolhimento,
formação e dignidade às operárias que, no crescente processo de
industrialização, eram consideradas como meros instrumentos de trabalho.
Em
seguida, inaugurou uma escola para as filhas das operárias e outras jovens começaram
a unir-se ao seu projeto, compartilhando os seus mesmos ideais e criando um
espaço que dava a possibilidade de despertar novas vocações. Assim, persuadida
de que a sua obra era fruto do Espírito, queria organizar-se como Congregação
religiosa para servir Cristo, dando a vida por Ele no serviço às operárias e
levando uma vida de castidade, obediência e pobreza radicais, obtendo a
aprovação diocesana do Instituto em 1892 e emitindo a profissão perpétua em
1911.
Seguindo
o exemplo da Virgem Imaculada, levou uma vida de entrega incondicional à
vontade de Deus, fazendo suas as palavras de Maria ao anjo: "Eis
a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra", palavras
estas que se transformaram na chave da sua espiritualidade, a ponto de se
definir a si mesma como "serva da
Serva do Senhor" na Congregação das Servas da Imaculada Conceição,
cuja aprovação definitiva obteve a 27 de Janeiro de 1947.
Joana
Maria Condesa Lluch faleceu no dia 16 de Janeiro de 1916, alcançando o seu
anseio de santidade, manifestado inúmeras vezes às irmãs, com estas
palavras: "Ser santas no céu,
sem levantar o pó na terra", expressão esta que denota uma existência
vivida segundo o Espírito de Jesus Cristo, unindo as experiências mais sublimes
e a intimidade com Deus ao compromisso em ordem a fazer com que as operárias
fossem verdadeiramente imagem e semelhança do Criador.
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