Hoje o evangelho
nos fala de um leproso curado, que se aproximou de Jesus e, de joelhos, lhe
suplicou: "Se queres, tens o poder de purificar-me". Movido de
compaixão, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: "Eu quero, sê purificado".
Verificou-se imediatamente a cura daquele homem, ao qual Jesus pediu que não
contasse o que aconteceu, e que se apresentasse aos sacerdotes para oferecer o
sacrifício prescrito pela lei moisaica. Mas aquele leproso curado, não
conseguiu guardar o segredo e proclamou a todos o que tinha acontecido, de modo
que narra o evangelista os doentes acorriam de todas as partes em grande número
à procura de Jesus, obrigando-o a permanecer fora das cidades para não ser
assediado pelo povo.
Jesus disse ao leproso:
"sê
purificado". Segundo a antiga lei judaica, a lepra era considerada
não só uma doença, mas a forma mais grave de "impureza". Competia aos
sacerdotes diagnosticá-la e declarar imundo o doente, o qual tinha que ser
afastado da comunidade e estar fora do centro habitado, até à eventual e bem
certificada cura. Por isso, a lepra constituía uma espécie de morte religiosa e
civil, e a sua cura uma espécie de ressurreição. É possível entrever na lepra
um símbolo do pecado, que é a verdadeira impureza do coração, capaz de nos
afastar de Deus. Não é de fato a doença física da lepra, como previam as normas
antigas, que nos separa d'Ele, mas a culpa, o mal espiritual e moral. Por isso
o Salmista exclama: "Feliz aquele cuja ofensa é absolvida, cujo pecado é coberto".
E depois, dirigindo-se a Deus: "Confessei a ti o meu pecado, a minha
iniquidade não te encobri; eu disse "Vou ao Senhor confessar a minha
iniquidade!" E tu absolveste a minha iniquidade, perdoaste o meu
pecado".
Os pecados que
cometemos afastam-nos de Deus e, se não forem humildemente confessados na
misericórdia divina, chegam até a causar a morte da alma. Este milagre assume
então um grande valor simbólico. Jesus, como profetizara Isaías, é o Servo do
Senhor que "levava sobre si as nossas enfermidades, carregava as nossas dores”.
Na sua paixão, será
como um leproso, tornado impuro pelos nossos pecados, separado de Deus: fará
tudo isto por amor, a fim de nos obter a reconciliação, o perdão e a salvação.
No Sacramento da Penitência Cristo crucificado e ressuscitado, mediante os seus
ministros, purifica-nos com a sua misericórdia infinita, restitui-nos à
comunhão com o Pai celeste e com os irmãos, dá-nos em oferenda o seu amor, a
sua alegria e a sua paz.
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Papa
Bento XVI – 15 de fevereiro de 2009
Hoje celebramos:
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