Panaceia foi uma jovenzinha que viveu na segunda metade do século 13,
cuja existência histórica e cujo martírio são bem documentados a partir de
registros antiquíssimos, e que ao longo dos séculos tem estimulado a imaginação
de artistas e escritores.
Panaceia nasceu em Quarona (cidadezinha entre Borgosesia e Varallo), em
1368, e logo perdeu a mãe. O pai se casou novamente com uma certa Margarida,
também ela viúva com uma filha, e para a pequena começaram os problemas. A
madrasta e a meia-irmã se coligaram contra ela, reservando-lhe os trabalhos
mais duros e humildes, zombando dela por sua piedade, contestando seus atos de
caridade.
As biografias de fato concordam em descrever Panaceia como uma jovem que
rezava muito, cuidava dos doentes e socorria os pobres: uma autêntica cristã,
portanto, que além disso suportava com paciência heroica os maus tratos que
recebia todos os dias ao voltar para casa. Panaceia é vítima de um ciúme
familiar ou de
Contra essa jovenzinha que vive com simplicidade, mas também com
intensidade, a sua fé, se desencadeia uma verdadeira perseguição
"doméstica" que atingiu o seu clímax em uma noite de primavera de
1383. Panaceia, que tinha 15 anos, naquela noite não voltou do local de
pastagem do rebanho com a pontualidade que a madrasta reivindicava. Com raiva
no coração e o ressentimento de sempre, esta última foi procurá-la e
encontrou-a nas pastagens que circundam Quarona e a sua ira se desencadeou ao
observar que Panaceia estava rezando.
A raiva é sempre má conselheira. A mulher passou facilmente das palavras
aos atos, batendo repetidamente na jovem com um objeto pontiagudo,
possivelmente um fuso ou um pedaço de pau encontrado no local, até matá-la.
Talvez não tenha sido realmente um homicídio intencional, isso é demonstrado
pelo fato de que a madrasta, levada pelo desespero, após o ocorrido foi imediatamente
cometer suicídio pulando de um barranco nas proximidades.
Para Panaceia iniciou-se uma devoção popular, porque as pessoas viam na
sua morte um verdadeiro martírio. O seu corpo foi trazido para Ghemme e ela foi
sepultada ao lado de sua mãe, que a tinha deixado órfã muito cedo. Nesse túmulo
porém pouco restou, porque as suas relíquias foram logo levadas para a igreja,
cercadas de veneração e meta de peregrinações.
A devoção por Panaceia atravessou os séculos e se transformou em culto
popular que recebeu a confirmação papal em 1867. Em todo o Vale do Sesia ela é
indicada simplesmente como "a Beata", sendo comemorada com cerimônias
religiosas e festas seculares, enquanto os bispos indicam Panaceia como um
modelo de santidade de uma leiga, enfatizando sua fé vivida no dia a dia, capaz
de superar adversidades e incompreensões, fé que é alimentada pela oração e
testemunhada pela caridade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário