Pensemos num grão de trigo ou numa semente pequena, que cai
no terreno. Se permanecer fechada em si mesma, não acontece nada; mas se se
quebrar, se se abrir, então dá vida a uma espiga, a um broto, depois a uma
planta que dará fruto.
Jesus trouxe ao mundo uma
esperança nova e fê-lo como a semente: fez-se pequeno, como um grão de trigo;
deixou a sua glória celeste para vir entre nós: caiu na terra. Mas ainda não
era suficiente. Para produzir fruto Jesus viveu o amor até ao fim, deixando-se
despedaçar pela morte como uma semente se deixa romper embaixo da terra.
Precisamente ali, no ponto extremo do seu abaixamento — que é também o ponto
mais elevado do amor — brotou a esperança. Se algum de vós perguntar: Como
nasce a esperança? Da cruz. Olha para a cruz, para Cristo Crucificado e dali
chegar-te-á a esperança que nunca acaba, que dura até à vida eterna. E esta
esperança brota precisamente pela força do amor: porque o amor que «tudo
espera, tudo suporta (1 Cor 13, 7), o amor que é a vida de Deus renovou
tudo o que alcançou. Assim, na Páscoa, Jesus transformou, assumindo sobre si
mesmo, o nosso pecado em perdão. Mas, ouvi bem como é a transformação que a
Páscoa realiza: Jesus transformou o nosso pecado em perdão, a nossa morte em
ressurreição, o nosso medo em confiança. Eis porque na cruz nasceu e renasce
sempre a nossa esperança; eis porque com Jesus toda a escuridão pode ser
transformada em luz, as derrotas em vitórias, as desilusões em esperanças.
Todas: sim, todas. A esperança supera tudo, porque nasce do amor de Jesus que
se fez grão de trigo na terra e morreu para dar vida e daquela vida plena de
amor vem a esperança.
Quando escolhemos a esperança
de Jesus, aos poucos descobrimos que o modo vencedor de viver é o da semente,
do amor humilde. Não há outro caminho para vencer o mal e dar esperança ao
mundo. Podeis dizer-me: Não, é uma lógica perdedora! Pareceria uma lógica
perdedora, porque quem ama perde poder. Pensastes nisto? Quem ama perde poder,
quem doa deixa a posse de algo e amar é um dom. Na realidade a lógica da
semente que morre, do amor humilde, é o caminho de Deus, e só ele dá fruto.
Vemos isto também em nós: possuir impele sempre a desejar mais: obtive algo e
imediatamente desejo mais, e assim por diante, nunca me sinto satisfeito. É uma
sede terrível! Quanto mais tenho, mais quero. Quem é voraz nunca se sacia. E
Jesus diz isto de maneira direta: Quem ama a própria vida perde-a (Jo 12,
25). És voraz, procuras obter muitas coisas mas... perderás tudo, inclusive a
tua vida, isto é: quem ama a si próprio e vive pelos seus interesses
só se enche de si mesmo e perde. Ao contrário, quem aceita, é disponível e
serve, vive da maneira de Deus: então é vencedor, salva-se a si mesmo e aos
outros; torna-se semente de esperança para o mundo. É bom ajudar os
outros, servir os outros... Talvez cansemo-nos! Mas a vida é assim e o coração
enche-se de alegria e esperança. Isto é amor e esperança juntos: servir e doar.
Certamente, este amor
verdadeiro passa através da cruz, do sacrifício, como para Jesus. A cruz é a
passagem obrigatória, mas não é a meta, é uma passagem: a meta é a glória, como
nos mostra a Páscoa.
Papa Francisco – 12 de abril de 2017
Hoje celebramos:
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